O Acordo Perfeito escrita por Mila Karenina


Capítulo 16
Acordo Desfeito.


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, tudo bem? Primeiramente gostaria de dedicar esse capítulo à uma leitora linda que fez a maior declaração de amor possível por uma história que é recomendá-la. Você mesma Gigi Lavigne, conseguiu me fazer sorrir de uma forma incrível!
Foi a primeira recomendação da história



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Saí correndo pelo corredor. Lágrimas insistiam em brotar em meus olhos e eu estava cansada de guardá-las, por isso elas caíram pelo meu rosto.

Sorte a minha eu não estar maquiada, do contrário eu estaria completamente borrada. Não passar maquiagem até que foi uma boa escolha.

Katherine não havia me dado um tapa, havia feito pior. A sua vingança acabou por ser pior do que eu imaginava, ela destruiu o começo de meu sonho e isso era imperdoável. Se ela antes se julgava minha inimiga, agora ela pode se considerar mais ainda.

Roubar os sonhos de alguém é um golpe muito baixo e que machuca demais. Pensar que será incapaz de realizar um desejo é tão terrível quanto não realizá-lo.

Continuei caminhando sem rumo, não iria entrar no banheiro ou em qualquer outra sala. As minhas pernas doíam e eu sentia uma moleza em mim, aquilo era o que acontecia comigo quando eu estava extremamente chateada com algo.

Passei pela biblioteca e pela quadra, ambas pareciam vazias. Então finalmente pensei em um lugar bom para ficar, o estacionamento.

Por fim cheguei ao estacionamento, que tinha poucos carros agora e poucas pessoas conversando. A maior parte delas eram professores que tinham aulas a partir desse horário.

Encostei-me em meu carro, não quis me dar o trabalho de entrar. Porém fui supreendida por uma voz conhecida, a voz que era a combinação perfeita de sutileza e masculinidade, Mike estava ali.

— Você não deveria acusar a Katherine daquela forma. Mesmo que você esteja certa, o que não duvido muito, pega mal para uma garota como você — Mike exclamou e recebeu de mim um olhar confuso, não entendia o motivo de sua presença ali.

Revirei os olhos. Cada dia que passava a minha admiração por Mike diminuía e eu começava a pensar se aquele acordo valheria de algo.

Mike estava se mostrando um completo babaca. A minha ideia de príncipe encantado estava começando a mudar e cada segundo perto dele, agora parecia uma tortura. Ele era um enjoado, isso sim.

Respirei fundo. Eu já estava pilhada e a presença de Mike ali estava piorando, mas acabei por me acalmar com apenas um gesto seu. Ás vezes pessoas que gostamos nos acalmam involuntariamente.

Olhei para seus olhos e eles pareceram tão lindos com a luz do sol refletindo, que acabei por esquecer de minha raiva e mudei a minha atenção toda para eles. Me senti bipolar, pois a minha raiva e receio se transformaram em desejo de repente. Ele havia voltado a ser meu príncipe encantado apenas por olhar daquela forma profunda em meus olhos.

— Você está certo — concordei mesmo discordando, que bipolar não? — Me tire daqui e te prometo amor eterno — concluí com um leve sorriso nos lábios, aquele tipo de sorriso malicioso que me lembrava Matt.

Ah o Matt! Por que lembrar dele justo agora? Por que lembrar do meu inimigo mortal quando estou sozinha com o meu amor platônico? Eu não entendia o motivo de meus pensamentos simplesmente voarem até Matt.

Aquele parecia o momento perfeito para beijar Mike. Não seria traição, já que meu namoro é de mentira, mas seria uma enorme traição da parte de Mike como amigo.

Coisa que eu não me importava muito. Já que Matt era meu inimigo mortal, por que me importar se ele é apunhalado pelas costas? Não faz sentido. Afinal o inimigo do meu inimigo é meu amigo não é?

— Te levo para onde quiser — Mike respondeu sorrindo, seu sorriso era lindo, mas nada sexy, o do Matt com certeza era mais.

E cá estou novamente pensando no indivíduo, isso parece ser uma éspecie de castigo! Como posso pensar no meu inimigo dessa forma? Tudo bem que eu não deveria beijá-lo daquele jeito, mas a culpa não é minha se ele beija muito bem.

O clima que estava entre mim e Mike havia se quebrado. É, eu sou o tipo que consegue quebrar o clima com o seu próprio "crush". A culpa daquele clima quebrado era de Matt, ele consegue me atrapalhar até de longe, incrível não?

— Duvido que consegue me levar para Nárnia — zoei e Mike sorriu novamente. Ele percebeu a minha piadinha ridícula.

— Depende... se você me arranjar um guarda-roupas e prometer me proteger da feiticeira de gelo! — ele falou e eu fiquei pasma. Ele conhecia "As Crônicas de Nárnia"?

— Você já leu Nárnia? — perguntei confusa enquanto me desencostava de meu carro.

Mike enfiou os dedos em seus cabelos loiros que eu tanto amava e que me faziam babar há alguns anos. Eles pareciam sempre lindos, bagunçados ou não.

— Já, mas não espalha — ele afirmou divertido. — Principalmente com seu namorado. — ele falou a palavra namorado de uma forma engraçada.

Estreitei os olhos para ele e sorri em seguida, ele se aproximou de mim devagar e em seguida alisou meu rosto. Meus olhos estavam em seus olhos e eu não consegui conter a vergonha por aquele ato, abaixei a cabeça.

Cabisbaixa pensei no que estava fazendo. Aquilo era o que eu queria não era? Mesmo assim parecia tão errado que não conseguia continuar.

Minha mente viajou novamente para Matt, não o Matt alto e forte, capitão do time de vôlei e o mais mulherengo de toda a escola. Pensei no Matt de anos atrás, o magrelo que gostava de bolinhos recheados com chocolate e costumava me chamar de "Mel Melado".

Ele havia me magoado sim, mas éramos crianças e talvez o meu ato o magoasse agora que somos adultos e temos consicência do que fazemos. Não perdoá-lo era uma coisa, fazer o mesmo outra muito diferente.

— Não podemos fazer isso. O Matt é seu melhor amigo e é meu namorado... — comecei a falar e ele gargalhou. Isso é alguma doença ou o quê? Que tipo de garoto tem essa reação?

Mike estava vermelho de tanto rir e eu revirei os olhos. Que porra é essa? Era a única coisa que eu conseguia pensar no momento.

Eu ainda estava confusa e finalmente Mike parou de rir. Eu ainda queria saber o que foi engraçado.

— Desculpe, mas é só que... — ele começou, mas o riso o tomou conta novamente. — Eu sei de tudo — ele afirmou e eu fiquei ainda mais confusa.

— Sabe sobre o quê? — perguntei claramente alterada, ele havia me irritado.

— Sobre o seu acordo com o Matt. — ele respondeu e eu arregalei os olhos. Como ele poderia saber daquilo?

*---------------------*

O tempo parecia ter parado no instante que Mike havia dito aquelas palavras. Eu não conseguia parar de pensar em como Matt pôde ser capaz de contar sobre aquilo para Mike. Confiar nas pessoas ás vezes dá nisso.

E pensar que deixei de beijar o meu amor platônico por causa dele! Ele não merecia nada daquilo. Sabe o que ele merece? Um tapa muito forte em seu rosto.

Ainda estava com muita raiva, mas não havia dito nada. Pensei em mil e uma formas de me vingar daquilo, porém sabia que não seria capaz de fazer nada contra Matt.

A única coisa que eu poderia fazer era tentar me redimir com Mike, e eu sabia exatamente como fazer isso.

— Eu tenho mil e uma perguntas para fazer, mas acho que isso não importa agora — afirmei e colei meus lábios os seus.

É, eu finalmente estava realizando o meu desejo. O motivo para aquele maldito acordo, o meu sonho, a minha vontade máxima.

Meus dedos deslizavam pelos macios cabelos loiros de Mike e nossas línguas se mexiam em uma dança lenta que senti vontade apressar, o beijo de Mike era muito diferente do de Matt.

Enquanto o beijo de Matt era fogoso, o de Mike era meio parado. As mãos de Mike estavam em minha cintura e eu não tinha que levantar muitos os pés para alcançá-lo.

Seus lábios eram macios e gostosos de beijar, mas parecia faltar algo ali. Aquilo parecia muito pouco para o meu tão sonhado beijo, parecia de alguma forma menos do que eu havia imaginado.

Me soltei dele de repente, eu estava um pouco zonza. Olhei em seus olhos e sorri em seguida, mesmo seu beijo não sendo tão bom, ele ainda era o meu amor platônico e amores platônicos são amores platônicos e ponto.

Mike tinha um sorriso bobo nos lábios e uma expressão perdida. Ás vezes o comparava com meu irmão, ambos tinham a mesma expressão infantil.

— Você é rara Melanie, não mude. — Mike falou e saiu em seguida, me deixando sozinha com o coração na mão e a mente nas nuvens.

Não, eu não havia sentido metade das coisas que sinto quando beijo Matt, mesmo assim Mike era o meu príncipe encantado e para a história fazer sentido eu deveria ficar com ele. Nunca vi nenhuma história em que a princesa fica com o vilão e a minha não será diferente.

Mesmo que o meu vilão seja lindo de morrer e beije excessivamente bem, ele não deixa de ser vilão.

*-----------------*

O sinal havia batido e a aula acabado, eu já esperava por Matt e ele logo apareceu. O que eu faria? O xingaria bastante e botaria um ponto final no nosso acordo.

— E aí Mel! — ele cumprimentou e eu o olhei com um olhar que meteria medo em qualquer um.

Ele pareceu confuso com o meu olhar e eu revirei os olhos e suspirei em seguida. Matt merecia uns bons tapas, mas achei que seria demais.

— Por quê você contou para o Mike sobre aquele maldito acordo!? — perguntei completamente irritada e ele pareceu surpreso com a notícia.

— Maldito fofoqueiro! — ele exclamou e eu cruzei os braços. — Eu posso explicar Mel...

Matt parecia sincero naquele momento, mas eu não caíria na sua mais uma vez. Eu confiei nele e o que ele fez? Contou para o meu amor platônico que eu havia aceitado fingir ser sua namorada para ter uma chance com ele.

— Eu não quero saber! Apenas suma da minha frente e considere o nosso acordo desfeito! — exclamei irritada e abri a porta do meu carro.

Matt continuou parado.

— Veja pelo lado bom! Pelo menos ele sabe o quanto gosta dele. — ele observou e eu levantei o meu dedo do meio.

O meu dia havia sido perfeito para não dizer o contrário. Eu havia passado vergonha no treino, minha peça havia sido cancelada e o meu tão sonhado beijo foi destruído porque o meu "parceiro" tinha a língua grande.

— Ser fofoqueiro não é uma coisa muito legal, para homens então! — observei irritada e fechei a porta do carro com força.

— Espera Melanie! — ele pediu e eu abri a janela do carro.

Os olhos de Matt estavam ainda mais azuis naquele momento e eu não pude deixar de achá-los incrivelmente lindos.

— Eu vou sentir sua falta — ele falou parecendo sincero e eu não pude perder a oportunidade.

— Você supera — respondi como a Hanna de PLL em um capítulo.

Dei a partida no carro e deixei o menino dos olhos azuis para trás. Não entendi o motivo, mas uma forte dor no peito me atingiu. Matt estava me deixando triste novamente depois de anos.

Quando estava quase chegando em casa parei em um local baldio e chorei.

Chorei por todos os motivos que eu tinha. As lágrimas rolavam rapidamente e eu não conseguia parar, era incontrolável.

Chorei por eu ter confiado em alguém que não deveria, chorei por raiva de Katherine, chorei por frustação com a peça. Eu tinha muitos motivos e enumerá-los seria difícil.

Me olhei no espelho do carro e eu estava vermelha. Meus olhos estavam tão vermelhos que eu parecia ter fumado maconha por horas sem parar.

Quando as minhas lágrimas finalmente cessaram, voltei para a estrada e continuei dirigindo para casa.

Passei por várias casas, inclusive a de Matt que estava fechada.

Desci do carro e dei de cara com a minha mãe, que a julgar pela sua expressão, notou logo que havia algo de errado comigo.

Ela vestia uma calça jeans escura e uma blusa verde. Minha mãe era bem menor que eu, a sua altura se comparada com a de meu pai era até engraçada. Mesmo assim ela conseguia ter o coração do tamanho do mundo e um jeito com as pessoas incrível.

— Vamos subir e você me contará o que aconteceu — ela afirmou me abraçando. Voltei a chorar.


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Notas finais do capítulo

Não me matem please '-'
Peço perdão pelos erros :D
E vocês leitores novos, sejam bem vindos!