O Acordo Perfeito escrita por Mila Karenina


Capítulo 13
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pessoal! Rsrs, este será bem curtinho, mas explicará o que vocês tanto queriam saber, UHAUSHA
Novamente, perdoem os erros de Português, eu sempre reviso, mas alguns erros eu não percebo, caso encontrar algum, deixe nos comentários...
Beijocas queridos



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O sol brilhava fora da pequena casa de madeira feita em cima da mais alta árvore do bairro, era ali que costumávamos nos encontrar, naquele dia Matt estava atrasado, ele sempre gostou de jogar vôlei, mesmo quando era um pirralho de 13 anos.

Eu estava deitada no chão de madeira, vestia um florido vestido de verão e usava um horrível aparelho odontológico, sem contar os meus "pneus" laterais e as minhas coxas maiores que o mundo, eu era a clássica menina feia e sem atrativos.

Batidas na porta fizeram com que eu levantasse, logo a porta se abriu revelando o senhor Hamilton, tinha um boné branco em sua cabeça e vestia uma blusa de beisebol, ele não era musculoso na época, era um simples menino magrelo com bochechas coradas e lindos olhos azuis.

Ele sorriu assim que me viu e eu corri até ele o abraçando, nós éramos melhores amigos, melhores amigos tão íntimos que eu não ligava de contar para ele o quanto eu achava o dono da casa ao lado lindo e ele me contava sobre como Molly parecia uma boneca de porcelana, ninguém acreditaria no quanto éramos amigos.

Porém havia algo que nos separava, a maldita hierarquia do colégio, ele andava com os populares e eu era uma fracassada que visitava a biblioteca mais de cinco vezes por dia, que era apaixonada por livros e que tinha a melhor amiga do universo, Angela Ventura.

Angela sabia da minha amizade com Matt, porém sentia ciúmes, pois ela sempre fora apaixonada por ele, tanto que chegou a escrever seu nome diversas vezes em seu fino braço, eu havia prometido ajudá-la com ele.

O cheiro de Matt era uma mistura de shampoo capilar infantil com uma pontada de perfume que eu apostaria que ela havia roubado de seu pai, ele afastou meus cabelos de meu rosto, naquela época meus cabelos ainda não possuíam tantas ondas, eram mais lisos e curtos.

Então ele fez o que eu não esperaria nem em um milhão de anos, colou seus lábios aos meus, eu saí daquele beijo em um impulso, eu sentia que estava beijando o meu irmão, mas ele parecia estar gostando daquilo.

— Matt sabe que não podemos fazer isso, você é o meu melhor amigo e eu não quero estragar a nossa amizade. — eu falei ainda confusa pelo beijo.

— É me desculpe... Mel... é só que... — ele começou a se desculpar, suas bochechas estavam rosadas e ele parecia muito nervoso.

— Você gosta da Molly! Não de mim! — exclamei desesperada.

Foi aí que aconteceu o que até hoje me causa dores no peito e é o que me faz odiar Matt com todas as minhas forças, a porta se abriu e Angela e Dereck, um menino que não mora mais aqui, entraram ali.

Angela vestia uma saia jeans e uma blusa rosa com a foto de uma banda qualquer e calçava um all star branco, naquela época ela ainda não era estilosa.

Dereck vestia o uniforme do time de vôlei da escola e tinha os cabelos loiros molhados de suor, eu revirei os olhos quando os vi, por quê eles tinham de chegar naquela hora?

— Então você anda se encontrando com essa fracassada todos os dias? Estão namorando? — Dereck zombou e Angela continuou parada, ela não disse uma palavra.

Eu encarei Matt, esperava por uma resposta sua, uma resposta que nos salvasse daquela humilhação, mas assim como Angela, ele continuou parado. Minha cabeça doía naquele momento e eu sentia vontade de sumir da face da terra.

Decidi que eu mesma resolveria aquilo tudo, me aproximei de Matt que ainda tinha os olhos azuis fitando o chão, Angela parecia petrificada e eu nunca a perdoaria por estar ali e não fazer nada, me ver sendo humilhada e apenas observar tudo calada.

— Nós não somos apenas amigos. — falei e peguei na mão de Matt. — Somos melhores amigos.

Matt fez o que eu nunca esperaria dele, soltou sua mão da minha e saiu pela porta da casa da árvore, me deixando ali sozinha, com Angela e Dereck que parecia se divertir.

— Você deveria ser mais esperta, o Matt provavelmente só te usou. — Dereck falou e também saiu.

Angela então simplesmente despetrificou, ela veio até mim, mas eu não queria falar com ela, primeiro por ela ter levado Dereck até lá e segundo por ter assistido tudo isso sem dizer nada.

— Não quero saber, saia daqui! — gritei e ela se afastou. — A partir de hoje, você e o Matt morreram para mim ok? Você se tornou tudo que eu mais temia!

A pequena magrela de cabelos escuros também saiu pela porta e eu continuei ali sozinha, chorando como um bebê sem sua mãe, aprendendo finalmente o que é odiar.

E desde então eu nunca mais fui íntima de Matt, amiga muito menos, mas as coisas mudaram tanto que estava na mesma cama que ele no momento.

Abri os olhos lentamente, eu tinha tido um pesadelo, mas ele pareceu não acabar, pois quando olhei para o lado encontrei Matt com os olhos fechados e sem camisa e quando olhei para baixo, vi que vestia uma camisola que estava suja de sangue, fiquei desesperada no mesmo instante, eu não podia ter feito aquilo.

Não com o meu inimigo mortal, não com o garoto que me humilhou anos atrás, não com Matt Hamilton, por isso assim que juntei os fatos me desesperei.

— Nãoooooooooooooooo! — gritei muito alto e o moreno abriu os olhos azuis e me fitou.

— Fumou maconha Melanie? — Matt perguntou se espreguiçando, eu ainda estava nervosa.

Olhei novamente para as evidências, estávamos em um quarto sozinhos, ele só vestia uma calça jeans e eu uma camisola suja de sangue, e suja bem perto de onde ficava a minha calcinha, aquilo só podia ser um pesadelo.

Um pesadelo que parecia não acabar, mesmo que eu fizesse anos de tratamento, provavelmente não esqueceria daquela cena e muito menos de acordar ao lado de Matt.

Para ajudar a minha cabeça e o meu corpo doíam, mais um sinal de que havíamos feito coisas erradas na noite anterior, Matt ainda me encarava com os olhos arregalados, ele parecia tão confuso quanto eu, não pude deixar de reparar em como ele era bonito até com cara de sono.

Talvez tenha sido uma bebida que tomei e tenha me feito dormir profundamente e só acordar agora, mas mesmo assim, aquilo não explicaria a camisola e muito menos o sangue no local estratégico.

Continuei parada, agora estava sentada em um "coque" na cama, eu olhava a parede sem parar, como se ela pudesse me contar o que havia presenciado naquele quarto e eu tinha a leve impressão de que não eram coisas legais e muito menos adequadas para menores de idade.

Matt se levantou e foi até o banheiro, eu me levantei e destranquei a porta, meu corpo ainda estava dolorido, a minha cabeça estava doendo muito, foi aí que me dei conta de que estava de ressaca.

Lembrei dos inúmeros copos que tomei e então ali estava a resposta para que eu não lembrasse de nada.

Eu ainda não podia acreditar que tinha feito aquilo e feito aquilo com Matt, eu não poderia ter perdido a virgindade com o meu inimigo, não mesmo! Aquilo era um pesadelo e eu precisava sair dele, pelo menos eu tinha o benefício da duvida.

Eu poderia perguntar a ele e logo isso tudo estaria resolvido, mas assim que pensei isso, o otário saiu do banheiro secando o rosto com uma felpuda toalha branca, ele ainda tinha o peitoral perfeito à mostra e eu involuntariamente tive pensamentos inadequados sobre ele, se eu estivesse tendo esses tipos de pensamentos ontem, claramente eu teria feito sexo com ele.

Eu estava completamente desesperada, saí pela porta correndo pelo corredor, não queria ficar perto de Matt e ouvir as suas zoações, meu Deus! Ele contaria isso para todos e contaria nos mínimos detalhes, Cory iria me zuar para o resto da vida e o quê as pessoas pensariam sobre mim?

Ainda correndo pelo corredor bati em Angela que pareceu confusa, ela tinha uma expressão de confusão em seu rosto e assim que olhou para o sangue na minha camisola sorriu, parece que a minha vida social acabou de acabar, Angela provavelmente estava pensando a mesma coisa que eu, mas ela não se pronunciou, apenas me olhou com um olhar para lá de malicioso.

— Que horas são? — perguntei olhando para a janela e percebendo os raios solares adentrando a casa, parecia tarde e provavelmente os outros "convidados" já tinham ido embora.

— Onze e meia. — ela respondeu e eu revirei os olhos, parece que o Matt me deixou mesmo cansada, para eu dormir esse tempo todo.

— Parece que perdi a hora. — respondi fitando o chão de porcelanato.

Angela caiu na gargalhada e eu não entendi ao certo o motivo, suspirei e já ia virando até que ela pegou em meu braço e olhou no fundo dos meus olhos.

— Parece que perdeu outra coisa também. — ela observou e eu senti as minhas bochechas queimarem.

— Por favor, não comente sobre hã... sobre isso com ninguém. — pedi e ela sorriu mostrando os dentes.

— Tudo bem, minha boca é um túmulo! — ela brincou e eu corri de volta para o quarto.

Matt agora já vestia a sua blusa cinza do dia anterior e estava parado em frente a janela enquanto mexia nos cabelos, assim que entrei ele se virou para mim e sorriu malicioso.

— Dormiu bem? — ele falou debochado e novamente senti minhas bochechas queimarem, ele estava brincando comigo ou o quê?

— Não seja idiota. — respondi ríspida e em seguida entrei no banheiro e tranquei a porta, precisava de um tempo para respirar e um tempo longe de Matt.

Lavei o meu rosto com cuidado e olhei no espelho, minha maquiagem estava completamente borrada e meus olhos pareciam mais que nunca olhos de drogados.

Escorri aquela roupa para fora de meu corpo e vesti o meu vestido do dia anterior, liguei a torneira e lavei a maldita camisola, ninguém saberia daquela catástrofe.

Abri a lixeira e joguei a camisola branca ali dentro, não faria falta para Angela ou para seus pais, eles eram ricos.

Depois disso saí do banheiro e caminhei calmamente até a porta, ignorando a presença de Matt, ele parecia vitorioso e eu não demonstraria qualquer reação que pudesse fazê-lo acreditar que tinha me dado por vencida.

Porém o idiota pôs seu corpo à frente da porta, impedindo a minha passagem, aquele pesadelo parecia sem fim, cada segundo daquele dia parecia estar sendo feito para me irritar, me irritar de uma forma desumana.

— Onde pensa que vai? — ele perguntou sorrindo.

— Para longe de você. — respondi irônica e ele segurou o meu braço.

— Você não vai a lugar nenhum. — ele respondeu e me deu um rápido selinho, mas dessa vez eu não me deixaria levar pelo seu charme, nós éramos inimigos e seríamos eternamente, mesmo que eu tivesse perdido a virgindade com ele e mesmo que não me lembrasse de nadinha.

— Não vai rolar Hamilton. — respondi e saí pela porta, o deixando perplexo.

Desci as escadas rapidamente, assim que saí pela porta respirei aliviada, e quando encontrei meu carro fiquei ainda mais feliz, finalmente o pesadelo teria um fim e eu estaria em casa e o melhor, longe de Matt, nem tanto pois éramos vizinhos.

Entrei no meu Voyage e dei a partida, precisava sair dali, aquela noite me custou várias coisas e eu não estava afim de perder mais nada, nem mesmo um fio de cabelo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da piração da Melzinha? Vocês pirariam no lugar dela?