Radioactive escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem vindos! Dedico essa fic á minha fofíssima amiga Minii_Dri, cuja música no jornal me inspirou a fazer essa oneshot, e á todos vocês que estiverem lendo, por que cada leitor é muito importante para mim! *u* Boa leitura!



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Algum tempo após o fim da batalha, a garota se via caminhando entre os destroços do que um dia fora a entrada de um imponente e seguro lar.

Estou acordando em cinzas e pó
Enxugo minha testa e suo minha ferrugem
Estou inalando os produtos químicos

Ela ergueu o olhar para o céu que sangrava nuances de cinza. O pó que se desgarrava do chão grudava em suas mãos, ainda úmidas com as lágrimas que secara.

Quantos pés não deviam ter passado por ali nas últimas horas, emitindo gritos e conjurando feitiços? Quantos deles ainda mantinham seus donos erguidos?

Estou invadindo e tomando forma
Verificando o ônibus da prisão
É isso, o apocalipse, oh

Seu coração batia, apressado, parecendo reduzir e acelerar de acordo com o que seus olhos abarcavam. Olhou ao redor, tentando identificar, em vão, que degraus pertenceriam á entrada. Só havia fragmentos do que havia, anos antes, sido o palco de calorosas e animadas conversas entre os intervalos das aulas.

O sangue havia secado em seu rosto, fazendo-o adquirir um aspecto obscuro. Parecia uma criatura arredia, de olhos saltados e expressão paranoica, encarando os archotes, que ainda ardiam jazidos no chão.

Cada batida em seu peito parecia recitar o nome de alguém que não estava mais naquele plano de existência.

Uma batida. Tonks.

Outra batida. Lupin.

Nova batida. Fred.

Dumbledore, Dobby, Sirius. Várias pancadas dentro de si.

Havia sacrificado tudo pelo que sabia ser certo.

Mas aquilo custara caro demais para que ela pudesse suportar.

Uma filha sem pais. Uma menina com vários amigos mortos.

A única coisa que parecia sustentar o peso de seu corpo capengante era o fato de ainda estar viva.

O fato deles estarem vivos.

O fato dele estar vivo.


Estou acordando, sinto isso em meus ossos
O bastante para explodir meus sistemas
Bem-vindo à nova era, à nova era
Bem-vindo à nova era, à nova era

Sabia que tudo que acontecera permitira que, finalmente, as Trevas fossem derrotadas.

Mas olhar para o castelo destruído fazia tudo que havia visto nas últimas horas ressurgir em sua mente, trazendo-a de volta para o horror do próprio passado.

Quantos corpos jaziam caídos em seu percurso para ir até o cais? Quantos colegas havia visto duelando com Comensais? Quantas macas vira ocupadas no Salão Principal?

Cada um tinha família. Sonhos, lembranças, esperanças...

Tudo, agora, incinerado pelo fogo do fanatismo e violência.

Seu sofrimento só não era maior por questão de bom senso. Sabia que, enquanto estava divagando, seu melhor amigo, que havia tido muito mais perdas que ela, devia também estar encarando o céu cinzento, e se perguntando o que faria agora.


Oh, oh, sou radioativo, radioativo
Oh, oh, sou radioativo, radioativo

E, enquanto se lamuriava, como se fosse a única a sentir as pontadas que lhe atingiam o corpo machucado, lembrou-se do quanto ele, o garoto que dominava seus sentimentos, continuava a verter copiosamente as lágrimas pelo irmão que nunca mais veria.

Aquela dor... ela sabia. Nunca iria compreender.

E por isso havia se afastado um pouco. Sabia que ele, talvez, precisasse de um tempo para pensar.

E ela também talvez precisasse.

Sua vida parecia, agora, procurar desesperadamente por um motivo que a regesse.

Nada seria como antes.

Nunca mais.


Eu ergo as minhas bandeiras, tinjo minhas roupas
É uma revolução, eu suponho
Estamos pintados de vermelho para ficar bem, oh
Estou invadindo e tomando forma
E então verifico o ônibus da prisão
É isso, o apocalipse, oh

Levou os dedos aos lábios, recordando-se, inesperadamente, da boca quente, macia e urgente que os cobrira algum tempo atrás.

Tinha medo de que tudo que sentira, naquele momento trivial, não fosse mais do que apenas fruto da ansiedade e desespero. Temia que tudo tivesse sido um brevíssimo pedaço de paraíso, que se perderia para sempre nas chamas do Inferno da guerra.


Estou acordando, sinto isso em meus ossos
O bastante para explodir meus sistemas
Bem-vindo à nova era, à nova era
Bem-vindo à nova era, à nova era

A varinha saltou de seu bolso antes mesmo que o som de alguém se aproximando preenchesse seus ouvidos.

A garota se virou, atônita, apenas para recuar, surpresa, quando o reconheceu.

Para seu aturdimento, o sorriso torto que não esperava ver tão cedo se abriu no rosto manchado de fuligem. O rapaz ergueu as mãos em gesto de rendição.

– Calma... sou eu.

Ela o avaliou, mordendo o lábio, arrependida de sua reação exagerada.

– Você me assustou.


Oh, oh, sou radioativo, radioativo
Oh, oh, sou radioativo, radioativo

– Desculpa.

Ele se aproximou devagar, posicionando-se ao lado dela. Meneou a cabeça, fazendo seus cabelos ruivos se arrepiarem com a brisa suave que cortava o pátio.

– Vai ficar tudo bem – o garoto disse, olhando para os destroços.

Ela arfou baixinho, sentindo vontade de chorar. Como era idiota e covarde. Ela para ela mesma estar dizendo isso á ele. Devia ter ficado ao seu lado dentro do castelo, e não saído para andar entre os cascalhos.

– Vai sim – concordou, sufocando um soluço.

Antes que pudesse esperar, sentiu a mão dele segurando a sua.

A sensação da mão dele sob a sua era tão indescritível e confortante que, sem perceber, seu corpo envergou levemente, tentando sentir ainda mais a segurança que ele lhe proporcionava.

Tentou corrigir o espasmo, mas percebeu que sua reação não escapara do olhar espantado do rapaz.

Tudo que ele fez, simples e surpreendentemente, foi puxa-la para mais perto.

Ali, em meio á neblina negra de destroços, a garota abarcou-o num abraço forte e emocionado.


Todos os sistemas se vão, o sol não está morto
Profundamente em meus ossos, diretamente do interior
Estou acordando, sinto isso em meus ossos
O bastante para explodir meus sistemas

O ímpeto que a impulsionara a cometer o ato bárbaro e maravilhoso de horas atrás ameaçava engolfa-la outra vez. Não sabia dizer ao certo o que sentia. Em meio ao medo, pesar e tristeza, havia tanta gratidão, tanto amor e tanta alegria por vê-lo vivo, que se admirava por não explodir de dentro para fora, mergulhada como estava naquele espiral de emoções.

Sentiu os braços do garoto a apertarem contra si, e ergueu o olhar quando o sentiu estremecer.

– Rony... – ela ofegou, aflita.

Os olhos dele haviam voltado á verter lágrimas.

Mas a garota percebeu que não eram mais de pesar.

– Obrigado, Hermione.

– Pelo que?

Ela não sabia se queria ouvir a resposta.

Mas o que ele lhe respondeu, ainda abraçado á ela, pareceu recolocar as peças de sua alma no lugar, de uma vez por todas.

– Por estar viva.

Ela tentou sorrir, mas a necessidade de engolfa-lo ainda mais em seus braços falou mais alto.

Por ela, aquele momento poderia se estender pela eternidade.

Apenas os dois, ali, e mais nada no mundo.

Foi neste momento que a menina percebeu que ainda havia esperança.


Bem-vindo à nova era, à nova era
Bem-vindo à nova era, à nova era
Oh, oh, sou radioativo, radioativo
Oh, oh, sou radioativo, radioativo

Embora, por mais que os destroços de sua alma emitissem a radiação do luto e da tristeza dali em diante, sabia que um dia tudo poderia se recompor.

O Tempo curaria todas as feridas que haviam se aberto ali.

E, talvez, os escombros de ambos pudessem, á partir dali, se reconstruir como uma alma só.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Sou péssima com songfics, então, qualquer coisa, me perdoem. Beijinhos e espero que tenham gostado!



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