– Beatrice? O que faz aqui? - ele me olha de cima a baixo
– O mesmo que você - respondo observando a roupa dele, apenas uma bermuda preta da adidas e um springblade. Passo por ele como se estivesse indo embora e ele segura o meu braço me colocando de frente pra ele - O que você pensa que está fazendo Tobias?
– A gente precisa conversar.
– Não a gente não precisa.
– Sim a gente precisa.
– Ah é? E sobre o que a gente precisa conversar? Eu não tenho nada pra falar com você! - digo teimosa
– Eu que deveria estar com raiva! -ele cruza os braços e me olha sério
– Porque? Porque eu te deixei pra correr atrás do meu sonho? Saiba você que não me arrependo de nada.
– Disso eu já sei- ele fala debochado
– Então tá, me poupe desse papo careta.
– Será que dá pra me levar a sério? - Um cara passa assobiando pra mim e Tobias encara ele furioso
– Ninguém merece... - falo baixo
– Olha do jeito que você se veste, quer o que? Você é mãe, deveria se vestir como uma mulher não como uma adolescente!
– Nossa Tobias, quanta hipocrisia! Você é um ótimo pai né pra está falando merda de mim? Me visto do jeito que eu quiser - reviro os olhos bufando e ele me olha, depois desvia o olhar- Agora você está fumando? -sinto o cheiro de cigarro
– Algum problema? - semicerro os olhos e cruzo os braços
– Fala logo o que quer falar, não tenho a tarde toda.
– A sua filha é minha filha?
– Não, é filha do bozo. - digo puta com ele, que vontade de bater nessa cara de pau
– Caramba, ta difícil conversar com você poxa!
– Me deixa em paz que resolve tudo.
– Não. Não vou te deixar em paz enquanto não terminar... Tris... eu quero fazer um exame de dna e saber se a sua filha é mesmo minha, estou disposto a reconhece-la como minha- ele começou tão bem me chamando de Tris, falando com aquela voz grossa e gostosa de se ouvir, me olhando com aquela cara... mas terminou tão mal que eu não me segurei, fiz com ele o mesmo que fiz com a mãe e ele me olhou assustado com metade da face vermelha, assim como ela
– Você ficou louca!?
– Você me respeita Tobias! É claro que ela é sua filha, mas quer saber de uma coisa? Ela não precisa de você! Eu não preciso de você! - grito com ele- Eu tenho um ótimo emprego, uma ótima casa, um carro, sou cercada de pessoas que me amam e quê gostam muito de mim! E o mais importante de tudo isso... eu tenho uma filha que eu amo mais que tudo nessa vida! Não precisa de dna, nem precisa de fingir que se interessa pela menina. Esquece que a gente existe é o melhor que você pode fazer! - meus olhos marejam, ele me olha com culpa e desvia o olhar.
– Me desculpa Tris - Fala baixinho
– É isso o que você tem a dizer? Desculpa Tris?
– Não foi fácil pra mim perder você caramba! Você foi a única que eu amei em toda a minha vida e eu me senti a pior pessoa do mundo! - ele se exalta
– Você é a pior pessoa do mundo e nada que você fizer vai limpar sua Barra Tobias - olho pra ele furiosa e deixo uma lágrima escapar, ele está olhando pra outro lado e não percebe
– Deixa eu conhecer a menina então.
– Tobias não inventa- o silêncio hediondo perturba meus ouvidos; olho nos fundos dos olhos dele- Nunca achei que fosse odiar você assim Tobias - ele me olha apavorado
– Então você me odeia?
– Achou mesmo que eu continuaria a amar alguém tão sem coração como você, que tem coragem de abandonar e rejeitar a própria filha? Não adianta fingir Tobias, eu sei muito bem que você sempre soube que ela existia - dou as costas e ele me puxa mais uma vez - O que foi agora ?
– Porque bateu na minha mãe?
– Porque ela me ofendeu... E quer saber? Bati mesmo e se pudesse bateria mais! - digo cínica e ele ri sarcástico
– O que ela disse?
– Simples, defendeu você dizendo que a culpa de você ter se tornado um galinha era minha! - começo a rir e ele me olha com a sobrancelha arqueada- Você puxou toda essa sua... - Tobias me pega pela cintura e cola meu corpo no seu, ficamos bem colados, quase nos beijando. O cheiro do perfume dele continua o mesmo, só que agora tem um toque de cigarro que tira todo o encanto
– Me deixa conhecer a menina Tris.
– Não. Não deixo - digo firme

–Porque não?

–Porque não. Voce não merece- retomamos o silencio e ficamos nos encarando por um tempo, nossos olhos passeiam pelos nossos rostos até que se encontram.
– Fala pra mim que já não sente mais nada, olha nos meus olhos e diz Beatrice-Faço o que ele pede, olho em sua olhos e digo
– Sim Tobias, sinto algo muito forte por você. Pena... é isso o que eu sinto- ele me larga
– Você nunca me amou né Beatrice? - ele põe uma mão no rosto e a outra na cintura. Fico encarando a barriga dele e esqueço a pergunta - Pode falar.
– Tobias te amei como louca. Aguentei a nojenta da sua mãe caladinha. Eu cuidei de você, me entreguei a você e nosso amor deu um fruto, um fruto que você se nega a acreditar que seja seu, Mas que eu amo com todas as minhas forças... Agora me diz Tobias, sou eu que nunca te amei?
– Beatrice você foi embora, começou a namorar com um cara e apareceu grávida. Como você acha que eu vou acreditar assim na lata que a criança é minha?
– Achei que você fossem bom de matemática Tobias, faz as contas. Uma gravidez dura nove meses, não sete. Eu saí daqui grávida! - Ele apenas me encara e desvia o olhar. Me sinto leve por ter tido a oportunidade de cuspir todas essas palavras na cara dele, espero que perceba o quanto está errado.
– Então, já que você diz que é minha, deixa eu ver ela e pagar um pensão... sei lá, ser um bom pai... - balanço a cabeça indignada e dou as costas- Beatrice- ele me puxa de novo mas continuo de costas pra ele
– Me deixa em paz Tobias
– Tris...
– Tris nada. Pra você é Beatrice! - me irrito e viro pra ele com lágrimas nos olhos- Sabe de uma coisa Tobias? Você é um sem coração igualzinho ao seu antigo pai- digo encarando ele de forma calma e provocante. Ele me olha incrédulo
– O que disse?
– Isso mesmo que você ouviu, você é um sem coração igualzinho ao seu antigo pai. Eu achei que tendo aquele exemplo de pai em casa, você seria diferente... Mas não! -me exalto- Você é um péssimo pai, igualzinho ao seu! - cuspo as palavras; ele segura meu braço e me olha furioso chega bem perto de mim e me olha nos olhos
– Nunca mais diga isso, não me compare com aquele homem - A medida que ele diz vai apertando mais meu braço
– Pelo visto não estava enganada- digo olhando para o meu braço e dou de costas, dessa vez ele não me impede de ir.
POV TOBIAS
Droga! Eu sou um péssimo pai; Eu sou igual ao Marcus. Ela tem razão...
Vejo ela se afastando cada vez mais, eu poderia ir atrás dela e me jogar aos seus pés, casar com ela e cuidar da minha filha. Seríamos uma família feliz, teríamos outros filhos... mas não, ela nunca vai me perdoar; Porque mulheres são tão complicadas? Confesso que por um lado eu até entendo ela, eu sei que eu estou errado.

Pego o Max e sento no Banco, ele cresceu muito desde que fui pra Califórnia e tive que deixá-lo com minha mãe, ele ainda lembra dela.
– Eita Max, que vida em! - faço carinho nele.
Fiquei no parque mais um pouco e deixei Max na casa da minha mãe; voltei pro hotel, decidido a conhecer minha filha, Tris não pode me impedir.
– Você sai assim, sem dizer porra nenhuma e só chega de noite... Onde estava? Pra que você tem celular se não atende? - entro no quarto e dou de cara com Paloma furiosa
– Você viu o Will?
– Will? Quem é Will!? Que se foda o Will! E quanto a mim Tobias?
– Me desculpa amor. É que eu estava cheio hoje. Precisava relaxar um pouco. Vem aqui - abraço ela- Precisamos conversar - ela me olha tensa.