Estava muito quente dentro do carro, tirei a jaqueta e deixei no chão, percebi que Tobias me olhava enquanto o sinal estava fechado
– Vai me levar pra onde? - perguntei
– Não sei, só queria te tirar daquela festa- respondeu, ele parecia um pouco bêbado
– Quatro você está bêbado, você não pode dirigir
– Para de me chamar de Quatro, e sim, eu estou bem.
– Não está, para o carro, eu vou dirigir - ele me olhou assustado- Eu sei dirigir, já vou fazer 17, não tenho carro porque não gosto.
– Tudo bem- ele saiu do carro deu a volta e sentou no Banco do passageiro enquanto eu sentei no Banco do motorista. Eu não sabia pra onde a gente estava indo, apenas segui reto por uns 5 minutos e depois virei pra direita e fui reto mais uns 5 minutos. O silêncio estava no ar até que Tobias o quebrou- Você dirige bem rápido- ignorei- Pra onde a gente vai?
– Sei lá Quatro, você que me tirou da festa, você deveria dizer, não eu - respondi com raiva
– Para de fazer doce Tris - Respondeu debochado
– Não estou fazendo doce.
– Então para de ficar me chamando de quatro- Tobias me olhava o tempo todo enquanto eu dirigia
– Quatro é seu apelido, todos te chamam assim
– Mas eu gosto que VOCÊ me chame de Tobias, os outros são os outros- me interrompeu- Para aqui! - ele apontou para a vaga que tinha na frente do laguinho que por sinal não estava muito vazio e então eu estacionei. Descemos do carro e fiquei parada olhando pro laguinho
– É bonito né?
– Sim, fica mais bonito no pôr do sol - ele olhou pra mim - vem aqui- segui ele - senta aí, vou pegar alguma coisa pra gente beber ali naqueles quiosques, quer comer alguma coisa?
– Não, obrigada- sentei no Banco de madeira e fiquei olhando Tobias enquanto ele ia no quiosque. Ele é muito bonito e charmoso, poderia ter todas em seus pés, mas está na minha. O que será que ele viu em mim? Olho pra frente e vejo uma menininha de mais ou menos 5 anos, ela parece perdida então vou até ela
– Ei... o que faz uma garotinha tão bonitinha sozinha aqui?
– Meu papai- Ela estava com lágrimas nos olhos e me agarrou. Peguei ela no colo
– O que foi princesa? Onde está seu pai?
– Eu não sei- Seus olhos eram verdinhos e seu cabelo era castanho bem claro, ela parecia uma boneca e me dava pena vê-la abandonada daquele jeito.
– Se acalma, a gente vai achar o seu pai - abracei a garotinha- qual é o seu nome?
– Meu nome é Júlia- Ela me olhou- qual é o seu?
–Beatrice! Vem, vamos sentar aqui- coloquei ela sentada no banco
– Tris?? - Tobias chegou com uma Heineken e uma ice na mão e me olhou confuso- quem é?
– Ela está perdida, não acha o pai dela. Não podia deixar ela sozinha aqui.
– Não, não mesmo- Tobias me entregou as garrafas e se abaixou ficando de frente pra ela- Qual seu nome?
– Júlia- Ela chegou bem perto de mim como se estivesse com medo e agarrou meu braço
– Não precisa ter medo, não vou te fazer mal, so quero te ajudar- Ela olhou pra mim e eu sorri pra ela. Júlia soltou meu braço e sorriu pra Tobias - Você fugiu? Ou se perdeu?
– Eu fui ao banheiro e meu pai ficou me esperando e quando voltei ele não tava mais lá - Ela fez bico
– Que irresponsável! - reclamei
– Vem aqui, vamos dar uma volta pra ver se você não encontra ele- Tobias se levantou e pegou na mão de Júlia e saiu andando entre as pessoas que estavam em volta do laguinho e dos quiosques, eu os acompanhei.
– Olha! -Julia apontou para um carro- o carro do papai estava ali, acho que ele já foi embora- vi uma gota escorrer do seu rosto, Tobias se abaixou e falou que a gente ia encontrar ele.
– JÚLIA! MINHA FILHA! - uma mulher loira e um pouco velha gritou e viramos para trás. Júlia saiu correndo e abraçou a mulher que se aproximou de nós e se desculpou dizendo que o pai tinha saído com a menina, ficou bêbado e esqueceu ela ali. Nos despedimos de Júlia e voltamos para o banco. Entreguei a garrafa de Heineken para Tobias e fiquei com a de ice
– Não acredito que um pai consegue esquecer um filho no banheiro - Tobias
– Nem eu, tem que ser muito irresponsável... Quatro - ele me olhou assustado- quer dizer, Tobias, você leva jeito com criança - olhei pra ele e ele me olhou
– Gosto de crianças
– Não parece- dei uma golada

–Quero ser um bom pai, bem Diferente do meu - Tobias olhou pra frente e me pareceu triste
– Você não se dava bem com o seu?
– Nunca. Tanto que hoje moro sozinho.
– E sua mãe?
– Eles são separados, minha mãe é casada e Eu não gosto do marido dela, minha única companhia é o Max- ele riu
– Você pelo visto não gosta de ninguém-rimos- está meio bêbado em... - apoiei meu cotovelo no encosto do banco e meu rosto na minha mão enquanto olhava Tobias
– Você também.
– Ninguém fica bêbado com ice e red bull- ficamos calados por um tempo observado as pessoas que estavam lá, muitas foram embora e muitas chegaram, era incrível como em plena quinta-feira de noite tanta gente saia pra se divertir. Conversa vai conversa vem e o céu está cada vez mais escuro e mais cheio de estrelas
– Bonito né - concordo com a cabeça enquanto olho pra cima. Tobias olha o relogio em seu pulso
– Quantas horas?
– As horas não importam
– Importam sim, não foi você que fugiu de casa- ele me olhou e começou a rir
– Sério tris? - confirmei com a cabeça - são 23:40
– Eita, preciso ir
– Então vamos, mas você vai dirigir - ele me entrega as chaves, vai até o lixo joga as 3 garrafas de Heineken que tomou e uma de ice que tomei fora e me segue até o carro.
Tobias está bem ruim. Decido deixá-lo em sua casa. Estaciono o carro e subo com ele no apartamento
– Pronto, você está entregue. Toma uma ducha e um remédio pra dor de cabeça porque amanhã tem aula
–Uhum - Tobias me dá um beijo na bochecha e sai cambaleante lá pra dentro, acho que vai tomar um banho. Me pego sorrindo e ouço ele gritar " obrigada tris" la de dentro. Fecho a porta e vou embora sem que ele perceba, se não ia querer me levar em casa.
O caminho é bem curto, em menos de 6 minutos estou em casa.
Tiro o salto, e jogo no tapete. Vou à cozinha e pego um pedaço de pizza que já deve estar ali à uns dois dias. Pego o sapato para não deixar rastros de que sai de casa e vou para o meu quarto tomar um banho. Coloco uma camisola que minha vó me deu de aniversário quando eu tinha 14 anos que por sinal é horrorosa e deito. Já são 1:03 e eu ainda não dormi, vou estar um caco amanhã na aula. Olho para a jaqueta dele, levanto, pego ela e coloco sob meu travesseiro e consigo pegar no sono.