Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 9
Everybody Lies


Notas iniciais do capítulo

Hello leitores!

Então, eu deveria ter dividido esse capitulo em dois, porque passou um pouco do tamanho usual dos capitulos dessa fic. Mas decidi deixar como um só já que eu demorei um pouquinho para postar :)

Espero que gostem!



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We do what we have to when we fall in love
We say what we need to get out when it's not enough
Whether it's to yourself, or lookin' at someone else

Everybody lies, lies, lies
It's the only truth sometimes
Doesn't matter if it's out there
Somewhere waiting for the world to find
Buried deep inside

Everybody lies
Just being honest, we're playing for both sides
It's easy to decieve but it's hard
When the trust that's broken is mine
For better or for worse
For the happy, for the hurt

Everybody lies, lies, lies
It's the only truth sometimes
Doesn't matter if it's out there
Somewhere waiting for the world to find
Or buried deep inside
Yeah, everybody lies

( Everybody Lies - Jason Walker)

 

Oliver Queen

Isso contém a verdade sobre a morte do nosso pai, ou pelo menos parte dela. 

***

— O que você quer dizer sobre verdade Thea? — questionei cauteloso, minha mãe e eu tínhamos concordado em não contar nada a Thea, ela era muito jovem na época e não precisava carregar o peso de uma morte tão brutal.

— Nosso pai foi assassinado! Cruelmente pelo colega de trabalho — suspirei e levei ambas as mãos às têmporas fazendo movimentos circulares com os dedos, precisava tentar me manter calmo para ter essa conversa com Thea. — Você não parece surpreso. — constatou e seus olhos passaram a me analisar minuciosamente — Oh Deus! Você sabia! Há quanto tempo você sabe disso?

— Desde quando aconteceu. — optei pela verdade e recebi um olhar magoado como resposta.

— E você e mamãe não acharam que eu deveria saber? — revoltou-se — Ele era meu pai também Oliver! Eu o amava tanto quanto vocês. Porque me esconderam a verdade?

—Você era muito nova e nós estávamos apenas tentando te proteger Thea —  tentei explicar.

— Me proteger de quê?

Respirei fundo, era hora da verdade.

— Thea, o homem que matou o nosso pai ainda está por aí, solto.

— Eu sei que ele está. — retrucou.

— Como você sabe disso? — estreitei meus olhos na direção dela.

— Eu disse que a verdade estava nesse cubo mágico, eu pedi ajuda de um amigo na faculdade e quando ele o resolveu, o cubo se desmontou e isso estava dentro nele. — mostrou-me um cartão de memória, ela retirou da bolsa seu tablet e minutos depois eu olhava abismado os arquivos que estavam dentro daquele dispositivo.

— Vê? Aqui estão todos os relatórios sobre a morte do nosso pai, todas as informações sobre esse tal de James, que parece simplesmente ter desaparecido da face da terra.

Olhei todos aqueles arquivos um por um, eu os reconhecia com perfeição, na verdade talvez eu os soubesse até mesmo de cor, dada a quantidade de vezes que os li. Aqueles eram arquivos restritos da ARGUS.

— Thea... Como você conseguiu isso? — inqueri em voz baixa.

— Isso me foi entregue pelo correio. — Estreitei meus olhos. Isso não era algo bom, só alguém de dentro da ARGUS teria acesso àquilo ou um hacker inteligente o suficiente para invadir o servidor, o que eu sabia que James era. Mas ainda assim qual era o ponto em dar toda essa informação à minha irmã?

— Agora clique nessa pasta. — Thea pediu, e assim o fiz, mas para acessar o repositório era exigido uma senha. — Você não sabe a senha?

— Porque eu saberia? — O rosto dela caiu em frustração.

— Porque junto com o cubo eu recebi um pequeno bilhete dizendo “Oliver sabe a senha”, é por isso que eu vim até aqui! Oliver, esse arquivo pode ter as respostas sobre onde esse tal James está! Ou sei lá mais o quê!

— Eu realmente não sei Thea. — o semblante dela mostrava decepção — Mas eu prometo que vou olhar isso depois. — assegurei, mas a verdade é que eu suspeitava qual seria a senha, eu só não podia fazer isso na frente de Thea, porque seja lá o que estivesse ali eu tinha certeza de que aquela mensagem era apenas para mim.

— Oliver... — pediu.

— Eu prometo que vou cuidar disso Thea. Mais tarde. — falei segurando sua mão com a minha — Agora eu preciso que você me prometa que vai ficar fora disso. — Ela bufou em resposta, e me lançou um olhar irritado. — Hei, aquela não é médica que deveria estar no quarto de Felicity? — Thea desviou o olhar para onde eu havia indicado.

— Parece, eu não sei ao certo Oliver. Porque você está com essa cara apavorada?

— Porque algo está errado. — levantei-me de uma só vez e corri em direção ao quarto da Felicity.

***

Felicity Queen

— J. — cumprimentei. — Essa roupa de médico combina com você. — elogiei — A verdade é que era bom o ver vestindo algo diferente de seus trajes de fugitivo.

— Como você está se sentindo Licity? — perguntou-me sentando à beirada da cama e me analisando com o semblante repleto de pesar.

— Bem. — respondi, e fui sincera, tirando uma pequena dor de cabeça eu me sentia bem melhor — E você está com um olhar preocupado. — apontei.

— É claro que estou preocupado! Você sai de casa por alguns momentos e é atropelada. Há algo de muito errado nessa história. Aliás, o que você estava fazendo tão longe de casa assim Licity?

— Eu vi meu pai hoje. — falei ignorando as perguntas dele, eu não estava com vontade de explicar à “J” que eu tinha saído para evitar Oliver.

— James? Ele esteve aqui no hospital? Quando? — inqueriu J parecendo um pouco nervoso.

— Não aqui, no local do acidente. Acho que foi ele quem me trouxe até o hospital, eu me lembro dele me carregar no colo e me colocar dentro de um carro e depois disso tudo ficou escuro.

— Você acha?

— Eu tenho certeza. — confirmei seguramente e o semblante de J se tornou ainda mais sério — Sabe o que é engraçado? Vocês dois tem o mesmo guarda-roupa. — apontei — Sobretudos e chapéus por acaso são requisitos para quem está se escondendo de uma organização governamental que deveria proteger os cidadãos, mas que na verdade os caça quando eles roubam algum tipo de informação super perigosa? — obtive um sorriso de J com o minha pequena tagarelice.

— Licity, você não deveria sair por aí sozinha. O que estava pensando? — me repreendeu e eu suspirei, estávamos voltando ao tópico que eu tanto queria evitar.

— Eu só precisava andar um pouco, pensar um pouco em tudo. — expliquei vagamente — É difícil estar próxima ao Oliver — confessei, e logo as palavras começaram a sair de mim, eu precisava desabafar me livrar um pouco daquele peso — Há momentos em que eu me esqueço que para ele todo o nosso casamento não passa de uma farsa, um modo de se aproximar do meu pai, há momentos em que eu quero fingir que eu não sei de nada. — recebi um olhar de compaixão de J — E eu me odeio por isso, eu me odeio porque apesar de tudo o que ele fez, de todas as mentiras que ele contou, eu ainda o amo, ainda sou completamente apaixonada por ele. Esse sentimento é mais forte do que eu. Eu só queria um jeito de não sentir mais isso...

J inesperadamente me puxou para um abraço confortador.

— Eu proíbo você de se odiar. — sua frase me fez sorrir — Licity, eu sei que toda essa situação é complicada. —falou enquanto ainda me abraçava. — Oliver e você, começaram tudo do jeito errado, se as circunstâncias fossem diferentes... — Eu não queria ouvir isso, eu não queria saber como a nossa história poderia ter sido. Pensar nisso só tornava tudo pior.

— Eu conheci a irmã de Oliver hoje. — mudei abruptamente de assunto, e J me soltou me encarando curiosamente.

— Thea está aqui? Ela deveria estar em New York, o que ela veio fazer aqui? — questionou parecendo ligeiramente preocupado.

— Eu não sei, eu conversei só um pouco com ela, acredito que deva ter vindo visitar Oliver. Ela é uma garota adorável, deve ter puxado a mãe. — alfinetei recebendo de J um sorriso quase imperceptível.

— Definitivamente puxou a mãe.

Eu gostava de conversar com J, porque era o único momento em que eu podia desabafar um pouco, e isso me deixava aliviada. Eu não precisava mentir para ele.

— Amanda esteve aqui. — contei em um tom baixo, o clima no quarto imediatamente mudou, dava para sentir toda a tensão que aquele nome trazia, era como eletricidade cortando o ar. Os olhos de J se arregalaram na mesma hora e ele pegou uma de minhas mãos a segurando fortemente.

— Ela fez algo a você?

— Não. — neguei de pronto — Ela veio conversar com Oliver, eles pensaram que eu estava dormindo — esclareci —, mas ela disse que meu acidente foi um plano para chamar a atenção do meu pai. — J fechou os olhos por um tempo longo de mais, a respiração dele estava um pouco alterada, ele estava com raiva.

— Amanda fez isso com você. — ele disse depois de alguns momentos analisando o curativo na minha testa.

— Parece muito pior do que realmente é. — respondi tentando consolá-lo com um pequeno sorriso, mas não obtive o efeito desejado uma vez que J permanecia impassivelmente sério.

— Felicity. — Estranhei quando “J” disse meu nome e não meu apelido, aquilo me dizia que eu deveria prestar muita atenção nas próximas  palavras dele — As coisas estão ficando muito sérias agora. Eu pensei que Oliver fosse te proteger da Amanda, eu pensei que ele realmente te amava — senti uma pontada no coração pelo uso do verbo no passado —, talvez eu esteja enganado, eu acho que deixei minhas opiniões pessoais nublarem meu julgamento. Eu vou entender se você quiser desaparecer por um tempo até tudo ficar seguro,  eu te ajudo.  — ofereceu — Esqueça seu pai, Oliver e até mesmo eu, esse problema não é seu. Você não tem que ficar no meio dessa guerra. Eu não quero que você seja um acidente colateral disso, eu não posso conviver comigo mesmo se algo ruim acontecer a você por minha culpa. — sorri com as palavras carinhosas de “J”, ele podia não ser meu pai, mas havia todo esse carinho paternal com o qual ele sempre me tratava — Eu posso tirá-la daqui nesse momento, te levar para um lugar tão longe e remoto que ninguém a encontrará, e você poderá voltar assim que toda essa bagunça tiver o seu fim. O que me diz Licity, você quer fugir de toda essa loucura?

Aquela definitivamente era uma proposta tentadora. Deixar tudo para trás, meu pai desaparecido, meu marido que só havia se casado comigo por uma vingança pessoal contra esse mesmo pai que ele acha ter matado o pai dele. Viu só a confusão? E ainda tinha Amanda, a mulher cujo apenas o nome tinha o dom de me amedrontar, e ela estava disposta a me expor a qualquer tipo de perigo se isso significasse que ela conseguiria colocar as mãos em meu pai. Eu deveria aceitar a proposta de “J”, seria inteligente aceitar, e eu me orgulhava de dizer que era uma garota muito inteligente.

***

Oliver Queen

Eu sentia que algo não estava certo, chame de sexto sentido ou apenas intuição, mas havia um agito dentro de mim, uma sensação dizendo que eu precisava estar com Felicity nesse momento. Eu corria pelos corredores do hospital esbarrando nos médicos e nas  pessoas sem sequer me dar ao trabalho de me desculpar, eu precisava chegar até ela isso era o mais importante, precisava tê-la em meus braços e não soltá-la nunca mais, eu precisava vê-la e  acalmar esse agito dentro de mim.

Abri a porta do quarto de uma única vez, eu arfava pela corrida e implorei ainda mais por ar quando me deparei com o quarto: A cama estava vazia e arrumada, não havia sinal de Felicity em lugar algum, eu olhei no banheiro e na varanda anexa. Nada. Ela havia desaparecido, eu a havia perdido. Comecei a entrar em pânico. Será que o pai dela havia estado aqui? Será que ele a havia tirado de mim? Ou teria sido Amanda que se cansou de esperar? Ela seria capaz de fazer isso, ela sabia que eu não estava de acordo com o plano de usar Felicity.

Não. Eu não queria sequer pensar na possibilidade de não vê-la mais, de não acordar ao seu lado pelas manhãs, de não tocá-la. Eu precisava encontrá-la, precisava do calor que ela trazia para minha vida.

— Oliver onde está Felicity? — Thea apareceu a porta me lançando um olhar assustado, o que não era para menos dada a forma desesperada com a qual corri até aqui.

— Eu não sei. —  respondi derrotado.

— Oliver, você tem que me explicar o que está acontecendo. Felicity está com algum problema?

— É complicado Thea. — respondi, eu não poderia explicar à ela toda aquela história, era confusa demais, e vamos combinar eu estava errado.

— Então descomplique. — falou se aproximando e sentando-se na cama ao meu lado. — Eu a conheço há apenas um dia e já percebi o quanto ela é importante para você Ollie, eu não sei que tipo de confusão você se meteu, mas eu gosto de quem você é quando ela está por perto, é como se tudo em você se iluminasse. Ok, você fica com a maior cara de bobo apaixonado! É ridículo, mas ainda assim é algo muito bom. — explicou sorrindo.

— Eu a amo, Thea. — falei — De uma forma que eu nunca pensei que fosse possível amar alguém, ela é a mulher da minha vida, eu não quero sequer pensar o quanto os meus dias seriam monótonos sem a presença dela. Eu a amo. —  repeti novamente.

— Interrompo algo? — me levantei no momento em que vi Felicity de pé encostada ao batente da porta com um olhar diferente.

— Onde você estava? — inqueri duramente recebendo um arquear de sobrancelhas de Felicity, eu minha defesa a ausência dela tinha me feito surtar a alguns instantes atrás.

— Eu tive que deixar o quarto para fazer alguns exames.

— Me assustei quando vi que não estava mais aqui. — falei me aproximando dela — Nunca mais me assuste assim. — pedi, puxando-a para meus braços e deixando um beijo casto em sua testa. Eu precisava senti-la perto de mim, mantê-la segura comigo só assim eu conseguia manter minha mente sã.

— Eu não vou a lugar algum sem você. — Aquelas palavras fizeram meu corpo inteiro relaxar.

— Awn, vocês dois são tão fofos que me deixam enjoada. — minha irmã falou interrompendo o momento.

— Então? Está tudo bem com você? — questionei Felicity e ignorei Thea propositalmente.

— Tão bem que eu posso ir embora para casa agora mesmo. —  mostrou-me o papel com a alta assinada pelo médico. — Eu só preciso descansar e tomar alguns analgésicos para a dor e logo estarei novinha em folha. Então, podemos ir embora agora? — pediu, com olhar ansioso. Definitivamente havia algo de diferente nela.

Eu concordei, porque eu queria Felicity na nossa casa, perto de mim, em um lugar onde eu poderia manter meus olhos sobre ela e garantir que nada mais lhe acontecesse. Thea se recusou a ir para o apartamento conosco, ela disse que ficaria em um hotel, que queria que Felicity e eu tivéssemos um tempo para só para nós, depois desse pequeno susto. Entretanto, prometeu que passaria no apartamento no dia seguinte, para que pudéssemos passar um tempo de qualidade juntos antes que ela tivesse que voltar para New York.  Thea se despediu de Felicity com um abraço caloroso, e quando se despediu de mim me entregou o cartão de memória me disse para tentar acessá-lo.

O caminho para casa foi silencioso, Felicity passou a maior parte dele olhando pela janela do carro. Eu não queria pressioná-la questionando o que estava acontecendo, por isso decidi deixá-la em paz por alguns momentos ou pelo menos pelo tempo em que eu consegui me segurar, o que foi até chegarmos ao apartamento.

— Ok. — falei assim que  fechei a porta atrás de mim — Você está muito pensativa. Você não falou nada durante a nossa volta para casa, e eu sei o quanto você costuma ser falante. Isso é sobre Thea? Sobre eu não ter contado a ela sobre o nosso casamento?

— Não é sobre Thea, sua irmã é incrível. — falou se jogando no sofá —  É só algo que quero conversar com você depois.

— Está tudo bem amor? — a questionei sentando ao lado dela e segurando uma de suas mãos com minha, eu sabia que tinha algo a incomodando já fazia algum tempo, só gostaria que ela se abrisse comigo, gostaria de poder fazer algo.

— Não, as coisas não estão nada bem Oliver. — respondeu sinceramente se aproximando de mim, sua mão que estava livre foi até meus cabelos onde ela apenas brincou um pouco com os fios curtos. Seus olhos olharam tão profundamente nos meus que eu pensei que ela talvez estivesse vendo todos os meus segredos, as minhas inseguranças, e então eles se fecharam e seu rosto se aproximou do meu, nossos lábios se tocaram lentamente, foi um beijo simples, mas a sensação de ter os lábios dela nos meus me aquecia, era quase como se felicidade líquida percorresse minhas veias. Felicity suspirou tão logo nossos lábios se separaram. — Mas vai ficar tudo bem. — falou, e percebi um sorriso em seus lábios enquanto ela se levantou indo para o quarto e eu a seguia.

Eu gostaria de tentar entender o que se passava em sua cabeça, aquele dia inteiro tinha sido uma grande confusão, desde ela saindo pela manhã com aquela desculpa esfarrapada de comprar o jornal, ao seu “acidente”.  Mas Felicity dissera que tudo ficaria bem, então decidi acreditar nela.

— Vou tomar um banho. — Felicity disse tão logo chegou ao quarto, e eu assenti.

— Faça isso e descanse um pouco. Eu vou preparar algo para você comer e volto logo para ver como você está amor.

Quando voltei Felicity já estava dormindo, ver o semblante leve em seu rosto me acalmava, embora eu ainda me sentisse culpado por cada mínimo hematoma em seu corpo, tê-la ali sob o meu olhar me tranquilizava um pouco, troquei de roupa vestindo uma calça de moletom confortável, quando o fiz cartão de memória que Thea havia entregado e que eu guardei na outra calça caiu ao chão.

Eu poderia tentar abri-lo agora, eu estava quase certo de qual era a senha. Mas não. Não queria pensar nisso por hoje, não queria pensar em coisas ruins. Deixei o cartão de memória na gaveta do criado mudo. Optei por  me juntar à Felicity na cama,  aquele tinha sido um dia estressante,  eu precisava ter a respiração dela próxima a mim, do seu corpo quente junto ao meu. Só isso me traria um pouco de paz, puxei o corpo dela para o meu assim que me deitei ao seu lado, acomodei sua cabeça delicadamente sobre o meu peito e brinquei cuidadosamente com seus cabelos evitando a área que estava com curativo, adormeci quase que instantaneamente, minha mente estava leve e livre de preocupações, eu estava bem porque sabia que Felicity estava segura em meus braços e isso era o mais importante para mim.

***

O dia amanheceu e logo estranhei a falta do corpo quente de Felicity junto ao meu. Essa ausência me deixou em alerta me fazendo acordar de uma única vez. Meus olhos varreram o quarto buscando um indicativo de onde ela poderia estar, eu já me preparava para me levantar e procurá-la quando a vi deixar o banheiro com um de seus tradicionais vestidos de trabalho. Eu tinha que convencê-la a usar calças no trabalho, não gostava da ideia de outros homens olhando para suas pernas bem torneadas.

— O que você está fazendo? — questionei aborrecido por vê-la de pé tão cedo.

— Hoje é segunda feira, eu ainda tenho que ir trabalhar e estou atrasada.

— Você não vai trabalhar hoje. — a informei, me sentando na cama.

— Oliver — Felicity disse meu nome em tom de reprimenda —Eu tenho que ir,  Isabel dará um chilique se eu não aparecer hoje, eu já te disse que aquela mulher me odeia.

— Eu não me importo com a sua chefe — falei duramente.

— Mas eu me importo em ser demitida!

— Você sofreu um acidente ontem e ainda está se recuperando, não está em condições de ir trabalhar.

— Eu estou bem. — afirmou.

— Está? — arqueei minhas sobrancelhas. — Eu quero fazer um teste então. — disse sugestivamente, e rapidamente puxei Felicity para cama comigo deixando o corpo pequeno dela cair sobre o meu enquanto eu a segurava firmemente pela cintura.

— Que tipo de teste? — perguntou num tom divertido.

— Um teste muito, muito bom. — falei antes de girar o meu corpo sobre o dela e capturar seus lábios com os meus. Beijar Felicity era uma das coisas que eu mais gostava de fazer. Eu amava a forma como seus lábios cheios pareciam moldados para beijar os meus, ou os pequenos suspiros que ela dava sempre que eu afastava ainda que minimamente a minha boca da dela. Eu amava o gosto da boca dela, a forma como nossas línguas se tocavam provocantemente sempre brincando uma com a outra. E havia algo mais, com Felicity sempre havia. Nada era puramente sexual, embora meu corpo simplesmente seguisse um comando próprio quando estava com ela, haviam aquele misto de sensações e sentimentos se agitando dentro de mim: carinho,  amor,  paixão. Eu queria amá-la, eu queria cuidar dela e protegê-la de todo mal, inclusive de mim mesmo. Eram tantos sentimentos e sensações que apenas ela tinha o poder de despertar em mim.

— Eu a amo Felicity Smoak Queen. — eu disse entre um beijo e outro, olhando em seus olhos. Será que ela via a sinceridade de meus sentimentos? O quanto eu estava disposto a sacrificar e abdicar por ela?

— Eu o amo também. — me respondeu aquecendo o meu coração e eu voltei a beijá-la ainda mais impetuosamente. Separei suas pernas com o meu joelho e me encaixei entre elas, senti Felicity arfar com aquele contato mais íntimo. Passei a dar atenção ao seu pescoço raspando meus dentes em sua pele pálida e delicada, eu tinha certeza que estava fazendo um belo estrago ali, enquanto isso minhas mãos desciam e subiam pela extensão de suas coxas.  As mãos de Felicity por sua vez arranhavam minhas costas com força, ela puxava o meu corpo ainda mais para o dela deixando claro que ela me queria.

— Você me enlouquece — eu disse, e logo em seguida voltei a capturar sua boca com a minha em um beijo desesperado que ela respondeu avidamente. Subi minhas mãos por suas coxas até alcançar o tecido de sua calcinha, mas antes que eu pudesse deslizá-la um barulho estridente chamou a minha atenção.

— A campainha. — Felicity falou quase sem fôlego.

— Vamos deixar tocar. — sussurrei, eu não queria parar agora. Mas seja quem estivesse do outro lado da porta estava decidido a não ir embora, pois a tocava incessantemente. — Mas que inferno! — expressei minha frustração me levantando — Você não saia dessa cama eu vou despachar quem está a porta, e volto para terminar o que começamos. — falei sugestivamente, enquanto tentava me recompor e seguia para a porta da sala.

— O que vocês estavam fazendo que demoraram tanto para atender? — Thea recriminou, mas logo seu olhar se direcionou para Felicity que aparecia logo atrás de mim com seus cabelos desgrenhados e o rosto de Thea assumiu um tom avermelhado — Oh, merda isso foi uma pergunta estúpida. Então... Que tal ignorarem que eu interrompi algo muito importante e tomarmos café? Eu trouxe rosquinhas com creme. — minha irmã falou dando um sorriso sem graça e esticando uma sacola.

***

Thea passou apenas a manhã conosco e disse que voltava a noite para jantar e se despedir, já que teria que tinha agendado seu voou de volta para New York ainda essa noite. Felicity passou a parte da tarde um pouco sonolenta devido aos analgésicos que havia tomado para a dor de cabeça,  por isso nós ficamos na sala, eu coloquei alguns filmes e deitamos no sofá. O  corpo de Felicity estava aninhado ao meu de uma forma que eu aproveitava para distraí-la com beijos em seus cabelos, tomando todo o cuidado para não esbarrar em seu ferimento, o qual eu constantemente ainda me sentia culpado. Vez ou outra ela erguia os lábios até os meus e eu me perdia em seus lábios cheios, em seu gosto viciante. Foi algo tão simples e ao mesmo tempo tão bom. Gostaria que nossos dias pudessem ser sempre assim, sempre com essa paz.

Já estava anoitecendo e Thea estava quase chegando, Felicity estava no banho e fui para o meu escritório,  eu precisava checar aquele cartão de memória, eu sei que Thea viria atrás de respostas e se aquele cubo tinha vindo de James Smoak... Eu não conseguia entender o que ele esperava contando a verdade para minha irmã, mas se ele havia escrito que eu sabia a senha só havia uma palavra que vinha a minha mente: Felicity.

Tão logo eu digitei o nome dela a pasta se abriu, havia ali apenas  um arquivo de áudio. Peguei meus fones de ouvido e escutei a mensagem ali contida. Senti meu sangue congelar com as palavras cruéis de um homem duro e sem coração:

Olá Oliver Queen — a voz na gravação disse, eu nunca havia escutado a voz dele, mas devo dizer que combinava perfeitamente com a imagem que eu tinha em minha mente, era uma voz apática, livre de qualquer emoção. Eu nunca o conheci, mas seu pai falava muito de você. Você deve sentir a falta dele não é mesmo? O tom de escárnio me deixava enjoado Mas eu não quero falar do seu velho morto, eu quero falar da minha família. Você está jogando um jogo perigoso, usar a minha filha dessa forma é doentio, não esperava isso de você. Mas sabe de uma coisa? Eu também sei usar pessoas... Foi tão fácil enviar isso à sua irmã em New York, imagine o que mais eu poderia fazer a ela, principalmente quando ela está tão longe da proteção do irmão? — fechei minhas mãos em punhos, o desgraçado estava me ameaçando? Essa é minha proposta para você: pare de me procurar, esqueça a minha filha, eu a trarei para o meu lado quando chegar a hora. Desista, enquanto eu lhe permito isso.

Eu não sabia o que fazer agora. Eu estava disposto a deixar tudo isso no passado, toda essa vingança contra ele. Tudo por Felicity, tudo por que eu a amava e ela merecia apenas o melhor em mim. Mas agora ele estava ali, ameaçando a minha irmã. O que sobrou da minha família, e eu não podia fugir disso e muito menos permitir que ele se aproximasse da Felicity. Ela não merecia um pai assim, eu não poderia permitir que esse homem colocasse toda a escuridão que havia em seu coração na vida de Felicity.

Mas ainda havia algo sobre aquela mensagem me incomodando, algo que não parecia certo, eu não tinha certeza se o mensageiro era quem dizia ser. Eu pensaria melhor sobre isso depois, agora eu precisava conversar com Waller.

***

Felicity Smoak

Eu fiquei tentada ir embora, a desaparecer  quando J me fez aquela oferta, para ser honesta num primeiro momento eu a aceitei. Mas algo me fez voltar e quando estávamos saindo do hospital eu simplesmente desisti. Algo me prendia a toda essa história complicada de pai desaparecido e agentes secretos, eu poderia tentar me convencer que era apenas o meu lado que gostava de resolver os mistérios.  Mas a verdade é que era Oliver, era por ele que eu que não conseguia ir embora.

Porque apesar de todas as mentiras, havia algo na forma que ele me olhava, na forma como seus braços me rodeavam protetoramente ou como quando ele me beijava e me entregava tanto de si mesmo. Não havia como fingir aquele olhar, não havia como fingir um sentimento assim tão grande.  Por mais que minha mente me dissesse que era tudo uma mentira, meu coração se negava aceitar. Eu não poderia estar tão engada sobre Oliver, poderia? E então eu voltei, apesar dos protestos de J, e assim que cheguei ao quarto do hospital eu vi Oliver falando de mim para Thea, confessando o quanto ele me amava, e aquilo mexeu comigo de uma forma inédita. O jeito com o quão ele falava de mim com tanto carinho e devoção fizera meu coração bater acelerado dentro do peito, e borboletas se agitarem dentro do meu estômago. Oliver poderia mentir para mim, mas ele não precisava mentir para Thea, e isso acendeu uma esperança que antes eu não me permiti ter.

Talvez ele realmente me amasse. Eu estava decidida a colocar um fim nessa história, eu falaria com Oliver contaria tudo. Diria que eu sabia sobre Amanda e o meu pai, sobre a razão do nosso casamento. Eu daria a ele a chance de ser honesto comigo, me contar toda a história do ponto de vista dele. Talvez assim ainda houvesse uma chance para nós.

Eu poderia estar sendo ingênua, mas eu precisava saber a verdade. Eu precisava saber se ele me amava.

Confesso que várias vezes durante aquele dia eu hesitei em começar o assunto, primeiro porque não havia forma certa de iniciar aquela conversa, e segundo porque estávamos tão bem, aquele dia inteiro tinha sido perfeito, nós dois estávamos em completa sintonia e eu não queria estragar isso. Mas já estava chegando a hora, eu precisava arrancar aquele curativo de uma única vez.  Sai do banheiro e me vesti, caminhei rapidamente até o escritório que estava com a porta apenas encostada, pensei em bater, mas travei tão logo percebi que ele estava ao telefone.

— Você está certa Amanda. — o escutei dizer e estremeci com aquela frase — Eu vou encontrar James Smoak, eu vou fazê-lo pagar por tudo, nem que para isso eu tenha que usar Felicity.

Meu coração congelou, o ar desapareceu e tudo ao meu redor parecia frio. O choque fizera com que eu sequer conseguisse me mover. É assim que você se sente quando todas as suas esperanças morrem? Como se seu coração fosse arrancado do peito e não restasse mais nada exceto o vazio? Eu me sentia uma tola por ter me permitido acreditar que talvez ele me amasse, que talvez ainda houvesse uma chance do meu conto de fadas não ser mais um drama com final infeliz. Comecei a me mover indo para sala, sem um plano exato do que fazer agora. Eu só queria chegar até a porta e partir sem nunca olhar para trás.

— Felicity, amor, você está bem? — escutei Oliver me perguntar, ele estava logo atrás de mim, senti seu toque firme eu meu braço me forçando a virar e encará-lo. E eu o fiz. Encarei seus olhos azuis intensos me fitarem de forma preocupada, ele havia voltado  a ser o meu Oliver amoroso e cuidadoso, o Oliver que eu amava, não o homem cheio de ódio que falava com Amanda no telefone a pouco, o homem que disse que me usaria para chegar até o meu pai. Como alguém conseguia ser assim tão diferente? Como ele conseguia mentir tão facilmente? Com certeza sofria de um distúrbio de múltiplas personalidades era a única resposta plausível. — Algo esta errado amor, você está me assustando. — falou em um tom baixo e sério, seus olhos nunca deixando os meus. Eu queria gritar que eu não estava bem e que tudo estava errado, eu queria ir embora, eu queria dizer na cara dele que eu o odiava. Eu teria feito isso, mas naquele momento uma Thea entrava sorridente pela sala e parou hesitante ao notar a tensão palpável na sala.

— Eu interrompi algo? Em minha defesa a porta estava aberta.

 

 


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Notas finais do capítulo

Hey, gostaram? Me contem! Beijos e até o próximo!



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