Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 6
Only Human


Notas iniciais do capítulo

Hello people! Não me matem =D voltei e agora pra ficar... Desculpem o atraso, mas After all this time? e Lost Stars tem consumido o pouco tempo que tenho para escrever.
Esse capitulo é especialmente para Isa, que me xingou, me cobrou e encheu o saco por causa dele! Amo você garota! Se não fosse a sua insistência, provavelmente eu teria demorado muito mais. Espero que gostem, porque esse capitulo me deu um trabalho danado!
Não estou particularmente orgulhosa desse capitulo. Porem, não posso adia-lo eternamente, enfim tentei o meu melhor aqui :/ espero que seja suficiente!
Boa leitura!



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But I’m only human
And I bleed when I fall down
I’m only human
And I crash and I break down
Your words in my head, knives in my heart
You build me up and then I fall apart
'Cause I’m only human
I can turn it on
Be a good machine
I can hold the weight of worlds
If that’s what you need
Be your everything
I can do it
I can do it
I'll get through it
(Human - Chistina Perri)

 

 

Felicity Smoak

Eu quero saber de tudo. falei, e o homem de chapéu sorriu satisfeito.

***

— Eu pensei que você demoraria um pouco mais para me procurar. — falou sentando-se ao meu lado no banco, retirando o seu chapéu e colocando-o sobre o colo — O que a fez mudar de ideia tão rapidamente? Porque agora você decidiu confiar em mim? — questionou em um tom leve, porém evidentemente interessado na minha súbita mudança.

— Eu ainda não confio em você. — avisei, e ele deu um sorriso presunçoso como se dissesse que aquilo era apenas uma questão de tempo — Eu apenas percebi que você pode estar certo sobre Oliver. — respondi e senti meu coração dar uma falhada quando assumi isso em voz alta. Os olhos de “J” buscaram em meu rosto por uma explicação melhor, mas eu não podia dá-la, não ainda, não queria confessar tanto e, além disso, eu vim atrás dele em busca de respostas e não o contrário.

— Bem, você está no comando aqui. Por onde deseja começar? — olhou-me com expectativa.

Milhares de questões rondavam em minha cabeça. Porque Oliver teria uma arma em nosso quarto? Porque “J” tinha um cartão com um cubo mágico desenhado nele? Ele conhecia meu pai? Porque ele estava tão interessado em mim? Mas em meio a tantos questionamentos eu escolhi começar pela mais urgente, pela dúvida que fazia meu coração sangrar. Era melhor arrancar o curativo todo de uma só vez do que morrer aos poucos.

— Eu quero saber... Eu preciso saber... Quem é Oliver Queen? — J suspirou e me lançou um olhar piedoso antes de começar a falar. Aquilo não me fez sentir melhor, pelo contrário eu sabia que de que agora em diante tudo mudaria, eu tinha essa certeza de que depois que obtivesse as respostas que tanto precisava eu não poderia mais voltar a vida que eu conhecia.

— Oliver Queen ingressou como agente na ARGUS há dez anos. Ele era apenas um jovem, um pouco indisciplinado e com raiva da vida — falou em um tom monótono, mas que parecia estar encobrindo outra emoção.

— Agente? Como em um agente secreto? — questionei um pouco incrédula, minha mente viajou imediatamente ao filme missão impossível 3, onde Tom Cruise era casado com uma mulher que desconhecia a dupla vida dele — E o que é essa tal de ARGUS afinal?

— A ARGUS é uma agência  governamental  responsável pelo monitoramento dos avanços científicos. — respondeu, fitando a minha reação. Não pude deixar de notar o quão vago era essa definição.

— Eu não entendo — disse balançando a minha cabeça — então ele trabalha para os mocinhos, certo? — lancei lhe um olhar repleto de dúvidas. Aquilo não parecia ruim, se essa tal de ARGUS era uma agência governamental tipo a CIA ou o FBI, então eu não devia me preocupar. Meu coração se encheu de esperanças e me permitir suspirar aliviada. Eu não podia odiá-lo por mentir sobre o trabalho dele, já que talvez fosse obrigado a guardar esse segredo.

— Eu não sei se podemos definir a ARGUS como os mocinhos da história. — vi um brilho de raiva nos olhos de J enquanto ele tencionava a mão em forma de punho — Você precisa entender Licity, só porque eles trabalham para o governo não significa que eles não fazem coisas ruins. Eles nem sempre protegem as pessoas.

— Mas ainda assim... — tentei, me agarrando a essa mínima possibilidade.

— Não se iluda Licity, esse é um jogo perigoso e você precisa entender algo logo — J segurou a minha mão entre as dele e seu olhar ergueu até o meu, havia carinho em sua voz. Respirou fundo antes de continuar e notei que ele temia que suas próximas palavras fossem me machucar. E com razão, pois elas machucaram, tão profundamente que eu sequer sei descrever com precisão — Oliver se casou com você porque você era a missão dele.

Primeiro eu ri nervosamente, diante do absurdo da coisa. Mas então eu vi o semblante sério de J, seus olhos cheios de compaixão e percebi que ele não estava brincando.

Sabe a sensação de ter seu coração arrancado do peito? Era assim que eu me sentia, meu coração não estava ali mais batendo como o de uma pessoa normal. Não, parecia ter sido substituído por apenas dor. Na verdade eu me sentia assim por todo o meu corpo, apenas dor, em todos os meus músculos, células e terminações nervosas.

— Você está dizendo que o meu casamento é uma mentira? Que Oliver nunca me amou? — a pergunta amargou em minha garganta, a voz saiu trêmula e eu senti aquela ardência nos olhos tão característica das lágrimas que se preparavam para cair. Eu não consegui impedi-las de cair. Eu sequer queria impedi-las de cair. Porque se o choro servisse de algum alívio, eu precisava dele. Eu precisava colocar para fora, tirar a dor que ameaçava me consumir por dentro.

Eu não podia aceitar isso. Porque tudo em minha vida ficou melhor desde o momento em que acidentalmente nossos cafés foram trocados. Oliver foi meu amigo, meu confidente, meu amor. Eu nunca tinha contado tanto de mim a alguém antes eu nunca me permitir ser de alguém da forma que eu era de Oliver, inteira e completamente, de corpo, alma e coração. Eu pensei que o nosso amor tivesse sido construído aos poucos, mas pensando agora talvez tenha sido apenas um planejamento. Tudo uma grande mentira, o nosso casamento, a nossa lua de mel, nossas juras de amor, nossos beijos...

Nosso relacionamento era um maldito castelo de cartas, era bonito e tinha sido construído cuidadosamente colocando cartas sobre cartas. Mas o menor movimento, o mínimo soprar de uma brisa era capaz de jogar todas as cartas ao chão.

Senti o braço de J me envolver em um abraço terno. Suas mãos descendo e subindo por minhas costas num movimento confortador. Respirei fundo algumas vezes, deixei-me ser consolada por ele. Eu senti que, apesar de todo o ar sarcástico de “J” de certa forma ele entendia a minha dor.

— O que eu estou dizendo Licity, é que Amanda Waller ficou muito contente com essa união, eu não posso afirmar nada sobre os sentimentos de Oliver por você — falou delicadamente, tentando amenizar a situação, mas o estrago já havia sido feito — Embora devo dizer que ele é bastante protetor com você, a forma que ele ficou preocupado depois que eu pedi para invadirem o quarto de hotel em que vocês estavam em Paris, o jeito que ele de colocou para trás disposto a não sei... Te proteger a todo custo. — falou lentamente parecendo perdido em seus próprios pensamentos, os olhos de “J” tinham um brilho diferente, algo como orgulho.

— Você fez isso? — me afastei de seu abraço, tentando me recompor. Sequei as lágrimas quentes com as costas das minhas mãos.

— Sim. — assumiu sem nem um pingo de culpa em sua voz — Eu precisava testar Oliver. E devo dizer que fiquei contente com o resultado. — Sorriu.

— Tudo isso é loucura! — exclamei me lembrando do pânico que havia em Oliver naquele dia — Porque você faria isso?

— Eu queria testar qual era o nível de segurança em você. — falou, mas parecia ser algo mais — Eu sei que é difícil de entender Licity — A voz dele era compreensiva.

— Difícil? — ironizei. — Impossível é a definição correta. Porque eu? Não é como se eu fosse uma espiã, uma ladra, uma assassina em série ou algo assim! — exclamei, o máximo que eu já tinha feito era hackear o sistema da faculdade apenas para mudar as datas de algumas provas. Embora eu soubesse que para mim não seria difícil entrar no sistema do FBI, NSA ou qualquer outra rede governamental eles eram bem relapsos com segurança. Mas eu era uma cidadã modelo! Eu não jogava o meu lixo no chão, eu reciclava! Eu sequer avançava no sinal vermelho! — Porque diabos eu seria a missão de alguém?

— Por causa do seu pai Licity. — essas palavras me deixaram alerta.

— Você está me dizendo que o meu pai era uma espécie de agente secreto também? Ou um anti-agente secreto? — questionei um pouco incrédula arrancando um ligeiro sorriso de J. Pelo pouco que eu me lembrava do meu pai, ele podia se chamar James, mas era ai que a semelhança dele com o 007 terminava.

— Não. James Smoak trabalhava para a ARGUS no setor de desenvolvimento cientifico. — absorvi as palavras, isso fazia sentido. Meu pai era um homem muito inteligente — E ele pegou de volta algo que eles querem.

— Quando você diz pegou de volta... Você quer dizer roubou? — estreitei meus olhos na direção dele.

— Não exatamente, se você cria algo isso te pertence, não é mesmo? — inqueriu erguendo uma das sobrancelhas.

— Ele roubou — conclui um pouco amarga, eu estava nessa confusão toda por culpa dele.

— É um jeito de ver as coisas, não necessariamente o mais correto. — fez pouco caso.

— Então Oliver — dizer o nome dele fez a dor em meu peito aumentar em um nível quase sufocante — O que ele quer comigo? O paradeiro do meu pai? Para pegar de volta seja lá o que ele roubou? Isso é insano. Brincar com a vida de alguém, brincar com os meus sentimentos por isso! Eles teriam outros meios e métodos de achar o meu pai sem me envolver! Aliás, não é como se ele tivesse sido muito presente na minha vida... — A essa altura eu já dizia as palavras como um desabafo.

— Eu te disse que a ARGUS não se importa com quem está no caminho deles. — falou com a voz tão séria que senti um arrepio de medo percorrer em minha espinha — Eles tem um objetivo, eles vão até o fim do mundo por ele, não importa quantas pessoas eles vão massacrar no caminho. Não importa se o coração de uma jovem será destruído por isso. — falou me encarando com seus olhos azuis intensos e erguendo o meu queixo fazendo que eu o encarasse de volta, e por mais que eu quisesse ignorar suas palavras e acreditar que esse homem era apenas um louco viciado em teorias da conspiração, eu vi no semblante de “J” que ele estava sendo sincero, naquele momento eu tive certeza que a ARGUS havia destruído a vida dele também.

— Isso tudo parece horrível.

— Mas não é apenas isso querida. Essa história é muito mais complexa do que parece. Seu pai também está sendo acusado de matar o colega de trabalho anos atrás.

— Esse colega seria Robert Queen. — deduzi estreitando os olhos me lembrando da história de Oliver, isso explicaria que talvez Oliver estivesse em sua própria missão de vingança e eu era o bode expiatório necessário para obtê-la.

Eu me sentia usada. Eu me apaixonei por ele, eu nunca tinha me permitido apaixonar antes. E quando finalmente o fiz olha só onde eu estava?

— Exato. — J confirmou.

— É por isso que Oliver se casou comigo? — precisava ter essa resposta — Tudo o que ele quer é se vingar do meu pai?

— Eu não sei das motivações pessoas do Senhor Queen, mas creio que isso me parece ter sido um grande estímulo. Mas novamente Licity, eu não posso dizer o que se passa no coração dele. Ele é um agente treinado, mas eu não duvido que você tenha mexido com ele.

— Talvez devêssemos falar com ele. Explicar as coisas... — falei, sabendo que estava sendo ingênua.

— Explicar o quê? — J me questionou claramente confuso.

— Que meu pai não matou Robert Queen.

— Você não pode provar isso, e até onde todos nós sabemos o seu pai é o responsável pela morte dele. — retrucou não parecendo muito a vontade com aquele assunto.

— Nós dois sabemos que isso não é verdade. — Pela primeira vez “J” vacilou e vi que desviou o seu olhar do meu.

— Seu pai pode não ter o matado, mas isso não muda o fato de Robert Queen estar morto. — sentenciou num tom cortante.

Ficamos ambos calados por alguns momentos. Acho que a forma firme como J encerrou aquele assunto deixou as coisas entre nós um pouco tensas. Eu estranhamente confiava em J, porém apenas até certo ponto. Ele tinha seus próprios segredos, seus próprios fantasmas para enfrentar e ele não iria dividir isso comigo. E ainda tinha essa relação de J de James, e eu precisava saber mais sobre isso. Bufei de frustração, quebrando o clima tenso e chamando a atenção de J.

— Vamos lá Licity, pergunte longo! Eu vejo essa questão rondando em sua mente. Ela vem até a ponta dos seus lábios e você se retrai. Pergunte logo, vamos arrancar o curativo de uma só vez!

— Porque você insiste em me tratar como sua filha? Porque você fingi ser meu pai? — ele não se surpreendeu com meu questionamento, apenas deu um sorriso fraco.

— Eu não finjo isso.

— Você me chama de Licity, assim como ele. Você diz que quer me proteger, exatamente como um pai faria.

— Porque há muito tempo atrás eu fiz uma promessa. — Isso não respondia a minha pergunta, mas eu sabia que não tiraria mais do que isso de J. Suspirei, olhando para o meu relógio de pulso. Estava ficando tarde, eu precisava dar um rumo a minha vida. Mas não sabia o que faria agora, sabendo que Oliver e eu não era algo real. Varri esse pensamento para um cantinho escuro da mente, não queria enfrentá-lo agora. Tentei outra coisa que pudesse ocupar momentaneamente meus pensamentos.

— Se você não é meu pai, você ao menos sabe onde ele está? — questionei J, e minha voz soou diferente. Quando eu era criança eu sonhava que meu pai iria voltar, até perceber que isso nunca aconteceria. Talvez ele quisesse voltar e apenas não pudesse.

— Eu não faço ideia Licity. Mas eu quero encontrá-lo! Eu preciso encontrá-lo. — Havia uma urgência em sua voz, me preocupei que houvesse algo mais ali. Algo que J estava deliberadamente me escondendo.

— O que o meu pai roubou? Porque eles simplesmente não compraram um novo?

— Seu pai pegou algo que não pode ser replicado tão facilmente. — uni minhas sobrancelhas em desentendimento — Conhecimento Licity. — Bem, aquilo ao menos sugeria que a ARGUS queria o meu pai vivo.

— O que eu faço agora? — Olhei para o céu negro e todo estrelado sob nossas cabeças, meus pensamentos subitamente voltando a Oliver, meus olhos novamente lacrimejando e toda a dor da qual eu tentei fugir estava voltando. Por mais que eu tentasse não pensar nele, exilar esse pensamento e um recanto escuro, minha mente tinha vontade própria. E era sempre em Oliver que ela pensava.

— Você volta para casa. — J respondeu, também fitando o mesmo céu.

— O quê? — perguntei alarmada. Ele acabara de me dizer que a minha vida era uma mentira, que meu marido era um completo estranho que havia se casado comigo apenas para encontrar o meu pai. — NÃO! — gritei exaltada me levantando rapidamente.

— Eu não acho que Oliver saiba de toda a verdade Felicity. — ignorei que aquela era a primeira vez que ele me chamava por meu nome e não meu apelido — Você ficará bem com ele.

— Você é louco! Me diz todas essas coisas e depois quer que eu finja que não sei de nada? Eu não posso fazer isso! Eu não posso vê-lo e fingir que não sei de nada. Eu não sou uma boa mentirosa. — A verdade é que eu não confiava em mim mesma perto dele.

— Você precisa voltar! Essa é a única forma de atraímos o seu pai. — Não gostei do jeito que ele falou, como se aquilo fosse uma armadilha — E, além disso, se você for embora agora Amanda dará um jeito de trazê-la de volta, e não hesitará em colocá-la em perigo para chamar a atenção do seu pai. — Assenti com a cabeça, me lembrando de Amanda Waller e do arrepio de medo que percorreu meu corpo quando a conheci, me lembrei de como Oliver dissera que me protegeria dela naquela época... — O segredo para uma boa mentira é acreditar na própria distorção da realidade que você criou. — o encarei, e mordi meu lábio antes de perguntar se era isso que ele fazia — E Licity? Não se preocupe, eu estarei sempre por perto. — falou se levantando do banco colocando seu chapéu tão característico, deu uma piscadela e partiu desaparecendo entre as sombras.

Aquilo era um aviso? Eu não estava certa se eu deveria me sentir bem com aquelas palavras. “J” saiu e me deixou naquela praça escura sozinha, fiquei ali por mais alguns minutos talvez horas, eu não estava realmente contando ou me importando. Eu chorei por um longo tempo, mas depois as lágrimas foram secando o sufoco em meu peito abrandando. Eu não podia ficar a vida inteira naquele banco me lamentando. Eu tinha uma decisão a tomar. Eu poderia voltar para casa, fazer as malas e desaparecer, esquecer que Oliver existia... Esquecer J, meu pai e todo o resto. Eu não pedi por essa vida, eu não queria viver uma mentira. Eu poderia fugir, ou poderia ir atrás da verdade. Esses eram os únicos dois caminhos. E um deles eu tinha certeza se mostraria incrivelmente difícil. Talvez eu estivesse entrando num jogo o qual eu não pudesse jogar. Talvez eu me arrependesse, mas eu estava cansada de ver outras pessoas brincando com a minha vida. Não importava o quão mais machucada eu ficaria com essa história, eu precisava fazer algo. E se J estava certo, talvez eu pudesse achar o meu pai.

***

A verdade é esclarecedora, eu me pergunto se não teria preferido viver na ilusão daquela bela mentira por mais algum tempo. Eu estava feliz, como nunca estive antes. Eu amava e ao mesmo tempo me sentia amada, era errado sentir isso? Era errado querer um pouco mais disso? Sim, era errado. Mas diga isso ao meu coração que acelerou assim que entrei no apartamento e dei de cara com Oliver. Eu não o controlava, eu não compreendia como mesmo sabendo de que tudo o que aconteceu entre nós meu coração ainda batia por ele aceleradamente, quando eu deveria odiá-lo, por me usar de uma forma tão cruel.

— Você chegou tarde. — Oliver disse vindo até mim, desviei de seus lábios antes que eles tocassem os meus, obrigando-os a tocar em minha bochecha. Não que isso ajudasse, o simples toque dos lábios dele em minha pele tinha o poder de me desfazer.

— Estava trabalhando. — tentei soar o mais controlada possível, desviei de seu olhar, antes de dizer essa mentira e logo completei com uma verdade tentando fazê-la soar um pouco mais verossímil — Sabe como minha chefe pode ser uma megera às vezes.

Oliver deu um pequeno sorriso que não chegou aos seus olhos, eu sabia que aquele era apenas um sorriso educado. Por mais que eu tentasse me manter impassível eu sentia o olhar dele me estudando. Ele via que algo não estava certo.

— Tem certeza que está tudo bem? — me inspecionou, pairando seus olhos nos meus que a essa altura deviam estar avermelhados pelo choro compulsivo de horas atrás.

— Está tudo perfeito — menti novamente, senti que minha voz subiu alguns oitavos. Deus! Eu era péssima nisso. Não conseguiria continuar nesse jogo por muito tempo. Como foi que J disse que eu deveria fazer? Acreditar na própria distorção da realidade que eu criei. Isso não funcionaria.

— Felicity... Você estava chorando? — A voz de Oliver me trouxe de volta, senti a mão dele sobre o meu rosto erguendo-o e forçando-me a encará-lo. Ele tinha aquela pequena ruga de preocupação entre seus olhos.

— É apenas uma alergia. — falei fingindo um espirro, que pelo menos não pareceu falso — eu só preciso tomar um banho e relaxar.

— Quer companhia? — Oliver disse maroto, ao mesmo tempo em que senti seus braços me abraçarem por trás. Meu corpo se arrepiou com aquele contato tão íntimo. Eu não conseguiria lidar com isso por muito mais tempo, era tortura demais.

— Eu realmente preciso de alguns momentos sozinha. — pedi e ele assentiu finalmente me soltando.

Se Oliver estranhou minha atitude, preferiu não comentar. Qualquer coisa eu poderia justificar isso como tpm me tranquilizei.

Eu passei mais tempo do que deveria debaixo do chuveiro. Tentando criar coragem de sair de lá, de encarar Oliver outra vez. Tentei me convencer de que ele era um estranho, que tudo o que ele me ofereceu foram apenas mentiras. Nada era real, nada. Ele apenas me usou, e ainda estava usando. Repeti isso em minha mente como um mantra, não podia permitir que os meus sentimentos por ele me impedissem de enxergar a realidade. Oliver não me amava, nunca me amou.

Quando sai do banho encontrei Oliver deitado em seu lado da cama. Ele me observava com curiosidade. Podia o ver analisando cada movimento meu, tentando entender minha atitude de mais cedo. Como péssima atriz que sou, eu me limitei a fugir do olhar dele apaguei a luz e juntei-me a ele na cama mantendo uma distância segura entre nós, e sem dizer nada além de um seguro “boa noite”.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? — Oliver sussurrou ao meu ouvido colocando suas grandes mãos em minha cintura e puxando possessivamente o meu corpo para mais perto do dele, enquanto roçava a barba por fazer em minha pele e distribuindo pequenos e tentadores beijos na curva entre meu ombro e pescoço. Meu corpo se aqueceu com aquele beijo sexy, minha pele se arrepiou. Resisti ao impulso de virar-me e beijá-lo de volta. Eu estava completamente perdida! Meu corpo ainda desejava o de Oliver desesperadamente, mesmo sabendo que era tudo uma farsa.

— Eu também amo você. — respondi sentindo uma única lágrima descer pelo meu rosto, senti o corpo dele relaxar com a minha resposta e ele me apertou ainda mais forte em seu abraço caloroso. Suspirei vencida, me deixei ser abraçada por ele e em pouco tempo acabei sucumbindo ao sono. Não pude deixar de perceber que aquela tinha sido a única frase verdadeira que eu disse para Oliver, e ainda assim a que eu mais desejava que tivesse sido uma mentira.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? Vocês gostaram? Confesso que esse demorou a sair porque nada me agradava então se vocês me puderem dizer o que acharam eu agradeço!