Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 23
Find my way back to you


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos e esse é o adeus oficial a Falling in Love. Nem sei explicar o quanto dói em mim, dizer adeus às minhas histórias, porque acreditem elas fazem parte de mim, eu passo horas com o pensamento longe apenas pensando nesses personagens, convivendo com eles e me despedir deles é como me despedir de um bom amigo.

Eu já imaginava a reação de vocês no capítulo anterior, afinal depois da bomba que foi a Fel perder o bebê e novamente se separar de Oliver, eu não esperava receber um “amei esse capítulo”. Mas como eu disse em notas anteriores, tudo o que eu busco em minhas histórias são sentimentos, quero compartilha-los, fazê-los sentir todas as emoções, sejam boas ou ruins!

Não vou dizer muito sobre o epílogo, ele já está planejado há um bom tempo e esse sempre foi o final que imaginei para essa história. Amei escrevê-lo e espero muito mesmo que vocês o amem! Cada capítulo, parágrafos e frases dessa história foram escritos pensando unicamente nesse momento. E sim, como em toda despedida eu me debulhei em lágrimas ao escrever, esse final foi muito especial para mim e espero que seja igualmente especial para vocês.

Obrigada a todos os leitores, esse epílogo foi feito especialmente para cada um de vocês que acompanharam essa jornada de FiL, até o fim!

Com carinho,
Luna

Ps.: Eu escrevi o capítulo escutando Find my way back do Eric Arjes no modo repeat, quem quiser ler escutando segue o link da música: https://youtu.be/bjWvxCKFG4U

Ps(2): Quase dividi o epílogo em dois, porque novamente ficou enorme! Mas achei mais fácil postar tudo de uma vez porque aí não preciso ficar prolongando o sofrimento!



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One step closer

Closer to the light no matter where we're going

I'll be by your side

And everything we used to know

Crashed into the great I know

 

One step closer

We'll gonna be alright

Cause even underneath the waves

I'll be holding on to you

And even if you slip away

 

I'll be there to fall into the dark

To chase your heart

The distance could never tear us apart

There's nothing that I wouldn't do

I'll find my way back to you

(Find my way back - Eric Arjes)


Oliver Queen

Dizem que vingança é um prato que se come frio.

Sou obrigado a discordar.

Nos últimos cinco meses eu me comprometi com uma única missão: Amanda Waller. Eu procurei por ela, eu queria fazê-la pagar por todo o sofrimento que causou em sua busca desenfreada pelo poder. Ela  matou, ela roubou, destruiu tudo o que havia de bom em minha vida e se continuasse livre provavelmente causaria ainda mais destruição. Eu pensei que quando finalmente fizesse isso eu me sentiria melhor, que leva-la a justiça traria algo de volta, eu teria uma espécie de encerramento que preencheria aquele vazio dentro de mim, mas isso não aconteceu.

Quando a encontrei tentando vender o projeto de James Smoak eu quase a matei. Apenas a imagem de um par de olhos azuis em minha mente me impediu de fazê-lo, aquele olhar me dizia que se eu fizesse isso, eu me tornaria tão monstro quanto Amanda. É claro que Amanda riu da minha incapacidade de matá-la, riu da minha fraqueza e novamente disse-me que eu era o seu maior fracasso. Que nem ao menos uma vingança da forma correta eu conseguia fazer. Não me importei com suas palavras, porque naquele momento eu percebi que pegar Amanda Waller nunca tinha sido a resposta.

Nada disso aliviava a dor que eu sentia, nada disso mudava  aquele buraco oco que crescia dentro de mim e cada vez tomava mais espaço. Só havia uma cura para a dor, só isso era capaz de preencher o vazio da minha vida: Felicity Smoak. A mulher que eu amo e que eu passaria os últimos dias da minha vida amando. Mas ela simplesmente desapareceu. Eu também não a procurei. Aliás, porque eu deveria fazê-lo? Não queria encarar seus olhos e ver ali a acusação, ver que ela me culpava pela perda do nosso bebê.

Mas a vida continuou, mesmo depois de eu ter entregado Amanda para o FBI, ela seria julgada e talvez até mesmo executada por seus crimes. Eu não podia me importar menos com o seu destino. A minha dor ainda estava lá  pulsante, me lembrando diariamente que eu havia perdido tudo o que mais amava e que não havia forma de obter isso de volta. Eu teria sucumbido à dor de bom grado, teria deixado a amargura ser minha amiga mais intima, porém John e meu pai jamais permitiriam isso. Ambos me ajudaram em minha busca por Amanda, depois que finalizei aquela missão eles surgiram com a ideia de montar uma empresa de segurança e então nasceu a Queen & Diggle Security.

Eu aceitei, não que eles tivessem me dado a chance de recusar. Pensavam que eu precisava de algo para me distrair, algo para manter a minha mente sã. Então eu os enganei, menti para eles, para minha mãe e Thea também, fingi que eu estava bem. Apenas para que eles parassem de me importunar.

O novo trabalho fazia com o que eu viajasse constantemente, hoje eu estava em Coast City. A cidade me trazia lembranças, e deixava as feridas ainda mais abertas. Como eu poderia me esquecer de que foi aqui que ela se refugiou depois que descobriu a verdade sobre mim? Eu tinha vindo aqui para salvá-la, mas como sempre eu havia falhado.

Eu sempre falhava com ela.

Entrei na cafeteria que meu pai havia marcando de me encontrar pela manhã, ele queria discutir algo sobre a reunião que teríamos mais tarde com dois clientes em potencial. Quem diria que Robert Queen seria um responsável homem de negócios? Eu tinha em minha mente que ele estava tentando mostrar outro lado dele, um lado comprometido e confiável principalmente para minha mãe. Thea aceitou sua volta quase que imediatamente ansiosa para conhecer mais do pai que conviveu tão pouco tempo e que tinha histórias emocionantes de uma vida de fugitivo, mas Moira Queen manteve-se desconfiada, disposta a não deixa-lo se aproximar tanto.

Eu estava me dirigindo ao balcão da pequena cafeteria quando algo me pegou. Um cheiro floral, perturbadoramente conhecido. Sem que eu percebesse me vi virando naquela direção.

E então eu a vi, sentada em uma mesa ao canto, o queixo apoiado sobre uma das mãos e o olhar perdido na paisagem do lado de fora da  janela.

Minha memória não fazia jus a sua beleza. Felicity Smoak não estava simplesmente bela, ela estava radiante. Em um movimento deliberado ela passou uma mecha de cabelo para trás da orelha me permitindo vê-la melhor. Seu rosto parecia um pouco mais redondo, as bochechas continham um tom rosado adorável.

Eu não conseguia parar de olhá-la, de tentar gravar cada detalhe dela, de comparar sua visão com a que eu tinha dela em minha mente. Eu estava  completamente fascinado por cada mínimo movimento dela, tentando decifrar se ela estava realmente tão bem quanto parecia. Felicity estava pensativa, seu olhar caiu para a folha de papel a sua frente e após escrever algo ela suspirou, parecendo chateada. Eu sabia que isso a estava deixando preocupada, porque ela mordia distraidamente a tampa da caneta e havia um pequeno vinco entre suas sobrancelhas. Aquilo me frustrava! Eu queria saber o que a incomodava, eu queria colocar meus dedos naquela pequena ruga e força-la a desaparecer.

Eu queria ser aquele que tornava a sua vida melhor.

Eu queria a chance de viver o nosso amor mais uma vez.

Eu queria tantas coisas com ela.

Mas eu não podia.

Eu nunca poderia ter isso de volta, não depois de  como as coisas terminaram entre nós.

Eu deveria me afastar agora, ir embora antes que ela me visse. Felicity parecia bem, eu diria até mesmo feliz, eu não queria que ela me visse aqui e apenas isso fizesse toda a luz dela se apagar. Eu tentei me mover, mas de repente, como se percebesse que alguém a olhava, ela se virou focalizando os seus belos olhos em mim. E então era tarde demais para fugir da força do seu olhar, tarde demais para ter qualquer pensamento racional. Seus olhos encontraram os meus, e depois de um longo tempo inativo, meu coração  acordou e voltou a bater, acelerado, forte, vivo.

Bastou um único olhar para que todo o amor que eu sentia por ela se manifestasse dentro de mim. E o sentimento era arrebatador! Eu o havia prendido, atrás de paredes de amargura e autocomiseração, mas agora ele estava novamente livre e sobrepondo a qualquer outro sentimento. Eu a olhei de volta, busquei em seu rosto qualquer sinal de mágoa ou tristeza. Mas não, Felicity sorriu. Deus! Depois de tudo, como ela poderia sorrir para mim? Era um sorriso tímido, pequeno, porém o suficiente para me fazer me arriscar a sorrir de volta emocionado demais por reencontra-la, por ela achar que eu era merecedor do seu sorriso. Meus músculos estranharam aquele movimento. Sorrir não era algo que eu fazia com frequência, ouso dizer que é algo que eu não faço desde quando eu perdi o que mais amava.

A cada passo que dava até ela era uma batida a mais do meu coração. Nunca uma distância tão pequena pareceu tão longa.

— Felicity... — Quase ri internamente, apreciando o prazer que era dizer seu nome novamente. — Essa é uma incrível coincidência.

— Você não faz ideia de quanto — respondeu, parecendo... Eu não queria me iludir, mas ela parecia tão emocionada quanto eu. — Justamente  em uma cafeteria? — Ergueu uma das sobrancelhas, como se achasse engraçado. Nós havíamos nos conhecido em um lugar assim, embora tenha sido algo planejado por Amanda, eu percebi que não mudava nada. Porque o que senti por Felicity foi algo sincero, real e inesperado, e nenhum erro do passado poderia manchar isso.

Fiz menção para me sentar no banco a sua frente e Felicity assentiu. Ela parecia nervosa, ela havia deixado a caneta de lado e agora encarava suas próprias mãos sobre a mesa.

— Se a minha presença estiver te incomodando pode me dizer e eu irei embora. — ofereci, mesmo sabendo o quanto aquilo iria doer se ela me pedisse para partir mais uma vez.

— Não vá Oliver. — pediu. A voz dela suave quando dizia o meu nome, fez com que uma enxurrada de lembranças viessem até mim. Lembranças de momentos felizes e tristes que compartilhamos. Lembranças da nossa primeira noite juntos e de quando ela me disse adeus, de quando eu quase a perdi, de quando nos perdemos... Minhas lembranças eram um emaranhado de sorrisos e lágrimas, mas ainda assim de momentos que eram nossos, que faziam parte da nossa história. E que independente do caminho que a vida seguisse, eu carregaria para sempre comigo como prova de que um dia eu vivi um amor único e sem igual.

— Você nunca a tirou. - A voz dela me tirou de meus pensamentos e me fez concentrar nela, percebi que o olhar de Felicity tinha ido para a minha aliança que ainda reluzia em meu dedo.

— Nunca. - Confirmei convicto. Eu nunca poderia tira-la, mesmo que não estivéssemos mais juntos, meu coração sempre pertenceria a Felicity Smoak, isso não era sobre era sobre nosso casamento, eu sabia que tinha acabado e eu nunca me permiti ter esperanças de que essa situação se revertesse. Isso era sobre me manter leal aos meus sentimentos.

— Porque não me procurou Oliver? — Sua pergunta me pegou de surpresa, porque ela estava me perguntando isso, quando tinha sido ela que me disse para ir embora?

— Porque você me odeia. — respondi, amargando o gosto da verdade.

Felicity não negou nem confirmou a minha afirmação, mas ela abaixou a cabeça e suspirou profundamente, como se tomasse coragem para fazer algo. Com uma das mãos ela deslizou para mim o papel no qual ela escrevia mais cedo.

— O que é isso? —  questionei olhando rapidamente para a folha de papel contendo sua caligrafia.

— Apenas leia. — pediu e imediatamente fiquei preocupado, eu via em seus olhos o brilho das lágrimas que ela se esforçava para segurar. Ela estava triste? Preocupada? Eu não conseguia definir ao certo, mas atendi o seu pedido na ilusão de que talvez isso pudesse deixa-la um pouco contente. Além disso, eu sempre fui incapaz de negar qualquer coisa a ela.

Querido Oliver,

Respirei fundo ao ler meu nome, aquela carta era para mim? Encarei Felicity não contendo a minha surpresa, esperando encontrar dicas do que ela tentava me dizer, mas ela apenas se encolheu, mordiscando o lábio inferior,  se negando a me dar mais informações, mas seus olhos permaneciam temerosos. Voltei meus olhos para a carta em busca de respostas.

Querido Oliver,

Eu tentei escrever essa carta tantas e tantas vezes, mas é tão difícil organizar em palavras tudo o que eu preciso te dizer, toda a confusão de sentimentos que se passa em mim. Você deve estar confuso também, se perguntando por que uma carta, quando eu poderia simplesmente fazer uma ligação ou aparecer à porta da sua casa.

Cartas são mais fáceis e úteis, elas nos permitem dizer o que queremos sem medo de sermos interrompidos ou termos de encarar a reação da pessoa enquanto ela a lê. Talvez seja um pouco covarde, mas nesse momento uma carta foi a melhor ideia que tive para falar com você.

Você entenderá melhor quando chegar ao final dessa carta.

Eu sei que a nossa história foi marcada por muitas mentiras, desde o começo. Foram tantas que houve momentos em que eu me questionei o que era real e o que era apenas mais uma mentira. Eu culpei todas as mentiras por corromperem algo tão belo, por deixarem a nossa história de amor manchada.  Eu te disse adeus por causa delas,  eu tentei me manter longe de você, eu tentei com todas as minhas forças te odiar por estragar algo tão bom com tantas mentiras. Mas quanto mais eu me afastava, mais determinado você ficava. Você Oliver, me fez acreditar novamente, você provou em cada momento que passamos juntos o quanto me amava, o quanto estava disposto a sacrificar por esse amor. E que apesar de cada mentira contada, me amar nunca foi uma delas.

 Então quando tudo estava finalmente entrando nos eixos novamente, quando estávamos mais felizes do que pensávamos ser possível, quando a nossa vida não era apenas mais eu e você. Tudo desabou sobre nós novamente.

Eu sei que assim como eu, aquela noite ficará marcada em sua memória. Mas o que você não sabe é que será por motivos bem diferentes.

Talvez a nossa história tenha começado com uma grande mentira, e isso é algo que nunca poderemos mudar. Mas o que sentimos e vivemos foi real, o sentimento, o amor, as promessas, cada momento em que estivemos juntos foi verdadeiro e especial. Eu me apaixonei por você de uma forma tão plena e intensa, e sinto que para você Oliver foi assim também. Não importam as mentiras, você me amou.

Tive vontade de consertar aquela sentença, eu não a amei simplesmente. Eu ainda a amava, e sempre amaria, não importa o que acontecesse a seguir, sempre seria ela a única mulher que chegou ao meu coração, a única que sempre seria a dona dele.

Você me mostrou que quando o amor é verdadeiro, estamos dispostos a sacrificar tudo por ele, por mais que isso machuque o nosso coração e até mesmo o de outras pessoas, nós estaremos dispostos a tudo para protegermos quem amamos.

Por isso não seria certo deixar uma história como a nossa  terminar por causa de mais uma mentira. Eu menti para você Oliver, eu menti para proteger algo que eu amo tanto que eu não sei sequer como explicar esse amor. Sim, eu abri mão do nosso relacionamento por causa desse amor.

Pisquei confuso, apenas para segundos depois ser tomado por uma emoção sem igual ao ler a linha seguinte.

Eu nunca perdi o nosso bebê...

Por um instante eu pensei que o oxigênio tivesse desaparecido da terra, mas tinha sido apenas eu, que ante a surpresa daquelas palavras, havia me esquecido de como respirar. Meu coração também tinha sido outro órgão que não estava agindo como sempre, ele tinha voltado a vida no momento em que eu vi Felicity, mas agora ele estava quente, batendo tão forte e acelerado que percebi que finalmente ele estava inteiro outra vez.

Eu estava imensamente emocionado.

Nosso bebê estava bem.

Deixei as lágrimas caírem, era alívio, felicidade, tantas emoções boas juntas que eu sequer as conseguia identificar, sequer me importava. Tudo o que conseguia pensar naquele momento era que tudo o que mais me importava estava a salvo. Os pesadelos, o peso da culpa, o vazio, tudo isso podia  ir embora.

Olhei para Felicity novamente, finalmente enxergando o motivo de toda a luz que parecia irradiar dela, o motivo para sua aparente felicidade. Ela murmurou um pequeno “sinto muito”, seu rosto demonstrando tanta tristeza e culpa  por ter mentido para mim. Eu assenti, apenas porque não gostava de vê-la assim. Mas ainda assim era muito difícil entender aquilo. Porque Felicity me deixara tanto tempo afundando em luto e culpa? Porque conscientemente ela me machucara com essa mentira? Eram coisas que me para mim não faziam o menor sentido.

— Por quê? — verbalizei minha duvida, minha voz saiu completamente desestabilizada, eram muitas emoções, eu não conseguia contê-las, eu não queria conte-la, era bom senti-las novamente depois de um tempo tão nebuloso.

Felicity respirou fundo, parecendo aliviada com a minha reação.

— Amanda. — trinquei os dentes ao ouvir aquele nome — Ela apareceu no hospital aquele dia, ela nos ameaçou. — Aquela raiva já conhecida queimou dentro de mim — Ela disse que se eu não tinha perdido o bebê ainda, ela iria dar um jeito de consertar a situação. Eu sinto muito Oliver, eu estava assustada apenas estava tentando...

— Proteger o nosso bebê. — completei por ela buscando a sua mão por cima da mesa, na tentativa de acalmá-la. Mesmo não gostando que Felicity tenha mentido para mim eu a entendia, ela fez isso por amor ao nosso bebê. Quantas vezes eu mesmo não tinha  feito isso? — Eu posso...? — Deixei a pergunta no ar, mas eu não precisei dizer mais para que Felicity entendesse.

Ela deslizou sobre o banco vindo até a extremidade, enquanto eu me levantei, e fui até ela. Me surpreendi com a barriga redonda e proeminente. Ela devia estar com seis  meses, mais ou menos. Me abaixei à sua frente e colocando ambas as mãos sobre a sua barriga. Era estranha aquela sensação, quando entrei nessa cafeteria mais cedo eu era um homem amargurado e sem esperanças, mas agora eu tinha em minhas mãos tudo o que precisava para ser feliz, a mulher que eu amava e nosso bebê.

— Ele chutou! - Exclamei emocionado. Ergui os olhos para Felicity que sorriu abertamente, colocando suavemente uma das mãos sobre a minha.

— Na verdade, Thea estava certa. — A encarei confuso — É uma menina Oliver, nós teremos uma menina Oliver.

— Nós teremos uma menina. — Repeti feliz, fechei meus olhos gravando em minha mente aquele momento. Só faltava mais uma coisa para deixar tudo ainda mais perfeito.

— Obrigado Felicity, por não me privar de ser pai. — agradeci sinceramente.

— Eu te prometi que nunca tiraria isso de você, sinto muito por tê-lo feito pensar esse tempo todo que nosso bebê... — fechou os olhos não conseguindo dizer a palavra - Eu só queria ter certeza de que Amanda não iria o tirar de nós, e eu sempre me arrependerei de tê-lo feito sofrer por tanto tempo.

Dei-lhe um sorriso, eu deveria estar bravo com ela por mentir para mim, mas principalmente por desaparecer. Felicity poderia ter vindo até mim antes, confiado em mim e juntos teríamos lidado com o problema. Mas eu não iria julga-la por isso, tão pouco eu queria que ela mesma se julgasse. Nós dois já havíamos tido a nossa cota de dor e de erros. Simplesmente era algo que não valia a pena perder tempo lamentando.

— Sem mais arrependimentos, amor. — falei, não queria ver seus olhos nublados de culpa ou qualquer sentimento negativo. Já era tempo de deixarmos isso para trás, ergui um pouco do chão, apenas  o suficiente para acariciar suavemente seu rosto. Como eu senti saudades de tocá-la!

— Você acha que depois de tudo isso nós ainda podemos voltar ao que tínhamos antes? - Perguntou parecendo insegura.

— Voltar? — repeti a palavra  fazendo-a prender a respiração — Amor, eu não acho que podemos voltar, porque o único caminho que me vejo seguindo com você  e nosso bebê é adiante. - ela soltou aliviada o ar que prendia - A não ser que você não me ame mais, ai nesse caso eu terei todo o trabalho de fazê-la se apaixonar por mim novamente.

— Eu amo você Oliver! Não houve um dia em que passamos separados que eu não tenha pensado em você. — Achei graça da forma apressada em que tratou de esclarecer aquela questão.

—  E eu amo você também. Não importa o que acontecer de agora em diante, nós três ficaremos juntos, como a família que sempre planejamos ser. — Felicity assentiu emocionada enquanto eu me aproximava de seus lábios, tocando-os delicadamente com os meus arrancando um suspiro saudoso de Felicity.

Foi um beijo simples, mas que significava tantas coisas e marcava o fim de tantas outras. Era um beijo de adeus à todas as mentiras e sofrimentos que ficariam no passado,  era um beijo de recomeço e repleto de expectativas para o futuro.

— Isso soou como votos de casamento. — brincou, sorrindo para mim quando nossos lábios se separaram, Felicity se arrastou no banco dando mais espaço para que eu me sentasse ao seu lado.

— Bem, - as palavras dela me lembraram de algo — Considerando que um de nós não usa mais a aliança... — O semblante de Felicity caiu um pouco, e imediatamente me senti mal por trazer aquilo. Eu esperava que meu próximo ato trouxesse um sorriso aos seus lábios, e compensasse esse pequeno instante de tristeza. Levei minhas mãos até a corrente que eu sempre mantinha pendurada em meu pescoço e a puxei pela cabeça.

— Você guardou. — exclamou, seus olhos brilhavam em pura felicidade ao ver sua aliança ali.

— Era tudo o que eu tinha de você. — esclareci, e Felicity sorriu satisfeita esticando a mão para mim. Deslizei a aliança por seu dedo anelar, me lembrando de outro momento em que fiz a mesma coisa.

— Dessa vez ela não sairá desse dedo. — Felicity me garantiu enquanto olhava feliz para a própria mão - Do que você esta rindo? - Virou-se para mim quando deixei escapar um pequeno riso.

— Você vai gostar de contar essa história a nossa filha. — Nossa filha, eu gostava de como aquilo soava e de repente me vi novamente colocando a mão sobre a barriga de  Felicity. Acho que não conseguiria mais parar de fazer isso. - Não é você que sempre diz que histórias de amor precisam ter algum tipo de coincidência? Quer algo melhor do que reencontrar o grande amor da sua vida, em uma cafeteria qualquer, e ainda escrevendo uma carta para você?  - Apontei.

— Você realmente acha que tudo é uma coincidência? — Felicity me devolveu com um sorriso, de quem sabe algo que eu não sei.

— Você não?

— Nenhum pouco. - Respondeu e percebi que seu olhar tinha se desviado para a janela, o segui finalmente compreendendo o porquê de Felicity estar sendo tão enfática em não acreditar que nosso encontro tinha sido uma simples coincidência.  Ali do outro lado da vidraça eu via meu pai Robert Queen com um grande sorriso, ele assentiu inclinando seu característico chapéu e logo em seguida nos deu as costas.

Eu nunca o agradeceria o suficiente por me ajudar a encontrar o caminho de volta a Felicity.

***

CINCO ANOS DEPOIS

Felicity Smoak

Da janela da cozinha eu olhava a nossa pequena Lily brincar despreocupada em seu balanço no quintal, apoiando os pés pequenos no chão e dando impulso para ir cada vez mais alto. Eu estava um pouco distraída como sempre ficava quando a observava, e só me tornei consciente da presença de Oliver quando senti seus braços fortes me abraçarem por trás, sua barbar roçar por meu pescoço, onde ele deixava pequenos beijos.

Era curioso como nada havia mudado entre nós com o passar dos anos. Nós nos amávamos ainda mais do que antes. Acredito que cada obstáculo, cada provação colocada a nossa frente foi no intuito de fortalecer o nosso amor. Eu era grata, por termos conseguido superar tudo. Por provar que o nosso amor era e sempre seria maior do que qualquer mentira.

Girei meu corpo entre seus braços ficando de frente para ele, Oliver puxou meu corpo ainda mais para o seu, eles se moldavam um ao outro com perfeição. Sua boca provou da minha, com a delicadeza e o desejo de sempre. Suspirei assim que seus lábios tocaram os meus, eu sempre suspirava quando ele me beijava. Eu era inconsciente desse meu reflexo até que Oliver me confessou que essa era uma das coisas que mais amava quando me beijava. Mas como eu podia não suspirar se eu estava nos braços do meu grande amor?

O beijo aos poucos se aprofundou, Oliver me pressionou contra o balcão da cozinha. Minhas mãos subiram por seu peitoral encontrando o caminho até seu pescoço. Nossas línguas se tocavam calmamente, buscando pelo sabor uma da outra.  Seu beijo tinha gosto de lar. Gosto de amor.

— Nunca vou me cansar de beijar você. — Oliver disse contra meus lábios. — Mas talvez nós tenhamos que parar por enquanto. — Acrescentou se afastando um pouco, segui a linha de seu olhar apenas para encontrar o pequeno rostinho com bochechas rosadas nos encarando curiosa.

Lily nos observava com um sorriso sapeca nos lábios, o rostinho ligeiramente inclinado, como se achasse a cena a sua frente muito fofa.  Oliver não cansava de dizer o quanto ela era parecida comigo,  mesmos olhos, mesmos traços, mas eu era obrigada a discordar. Seu sorriso era o mesmo sorriso de Oliver, e sempre que eu o via me fazia querer sorrir de volta. E ainda havia o comportamento! Lily era impossível, sempre cheia de energia, era difícil acompanhar nossa pequena.

Não demorou muito para que Oliver se afastasse de mim indo até ela. Ela apenas ergueu os braços para o pai que a pegou e colocou uma Lily risonha sobre os seus ombros levando-a para a sala, os acompanhei me encostando no batente na porta deixando um sorriso feliz escapar. Isso era algo que eu nunca me cansaria de observar, Oliver e nossa filha. Havia tanto dele que havia mudado com a chegada dela. O instinto protetor permanecia igual, na verdade chegava a ser até mesmo muito maior. Mas Oliver havia se tornado alguém muito mais leve e despreocupado. E ele a amava tanto! Era visível o quanto seu semblante se iluminava e seu riso vinha fácil quando estava com ela.

Lily preencheu nossas vidas de risadas e alegrias. Ao ver seu rostinho pela primeira vez eu soube que ela mudaria tudo, eu soube naquele momento que o passado conturbado que vivemos havia ficado no passado, e eu cheguei a uma conclusão ainda mais surpreendedora:

E eu viveria tudo de novo.

Eu cometeria os mesmos erros de novo e de novo, eu teria meu coração quebrado quantas vezes fossem necessárias, porque se esse era o nosso futuro, cada lágrima, cada coração partido, cada momento angustiante de dor valeu  a pena ser vivido.

— Mamãe? Vem brincar com a gente! — Lily chamou, sua vozinha me tirando do meu pequeno devaneio. Sorri para ela que agora estava sobre o sofá recebendo cocegas de Oliver.

— Mais tarde. — respondi. E aquele tinha sido o meu erro, Oliver e Lily dividiram um olhar cúmplice, e sorriram ao pensar na mesma coisa.

— Resposta errada, amor. — Oliver respondeu divertido, num movimento rápido ele correu até mim me pegando pela cintura e me colocando sobre o sofá onde ele e nossa filha se esforçaram para me fazer rir.

A vida não poderia ser mais perfeita.

***

— Eu não estou cansada. — Lily reclamou fazendo um biquinho enquanto eu colocava um pequeno urso de pelúcia ao seu lado na cama. Era assim toda a hora de dormir, não sei como depois de tanto brincar a nossa garotinha ainda conseguia energia para protestar.

— Mas você precisa. — insisti. — Amanhã vai ser um dia muito ocupado! - A lembrei.

— Porque vai ser meu aniversário e todos vão vir aqui! — respondeu animada  e logo em seguida começou a contar em seus dedinhos gordinhos — Vovó Donna, vovó Moira, vovô Rob, tia Thea... Será que ela vai trazer o tio Roy? — assenti, achando graça por Lily chamar Roy de tio, ele e Thea namoravam há pouco tempo, mas o garoto tinha ganhado fácil o carinho de Lily — ... Tio Dig e tia Lyla, e eles vão trazer a Sarinha para brincar comigo! E nós vamos brincar no balanço, de esconde-esconde, de...

Parei de prestar atenção no que Lily falava quando notei um pequeno objeto sobre o criado mudo próximo a cama, um objeto que eu sabia que não era de Lily, e por um momento senti um aperto no meu coração e lágrimas apareceram em meu rosto. Era um cubo mágico.

— Lily onde você conseguiu isso? — interrompi a tagarelice da nossa filha, que a propósito tinha herdado o hábito de falar demais de mim. 

— Vovô me deu esta manhã. — Estranhei sua resposta, mas não comentei nada. Permaneci, apenas olhando o objeto em minhas mãos. — Ele disse que é um cubo realmente mágico! Que esse cubo fará com que o vovô venha mais vezes me visitar. — sussurrou em confidência enquanto choque passava por mim, meu pai havia me dito algo similar quando eu era uma criança.

— Está tudo bem amor? —  A voz  de Oliver me despertou, ele sentou-se ao meu lado na beirada da cama de Lily, seus olhos se focalizaram no objeto em minhas mãos e eu não precisei dizer nada, ele simplesmente entendeu. Puxou-me para seus braços e beijou  o topo da minha cabeça, para me consolar.

— Não sabia que Robert já havia chegado na cidade. - Comentei com Oliver, essa era a única explicação lógica.

— Ele não está na cidade. — Sua negação não fazia sentido para mim — Ele e minha mãe pegarão um voo de New York para cá amanhã pela manhã.

Se não foi Robert que deu isso a Lily então... Me lembrei das últimas palavras de meu pai para mim, dizendo que nunca havia me abandonado e que sempre esteve por perto me observando, se certificando que eu era feliz.

Seria possível? Meu coração palpitava rápido dentro do peito dizendo que sim. Talvez o cubo fosse realmente mágico, ou talvez...

— Papai, eu quero a história de como você e mamãe se apaixonaram! Eu já tenho quase cinco anos, já sou grande o suficiente para ouvi-la! — O protesto de Lily me deixou mais atenta a conversa no quarto. Coloquei o cubo mágico de volta ao seu lugar com um pequeno sorriso ao pensar no significado daquilo, e então voltei a atenção para a minha família.

— Bem querida, essa é uma história um pouco longa. — Oliver tentou dissuadi-la. Sorri, Lily era uma garotinha curiosa Oliver não conseguiria dobrá-la tão fácil.

— Então é melhor começar logo. — Lily retrucou cruzando os bracinhos e negando a se dar por vencida.

— O que me diz amor? Devemos contá-la? — Oliver devolveu para mim, olhei para o rostinho cheio de expectativa da nossa filha. Como eu poderia dizer não?

— Bem querida, essa não é uma história de amor comum. É uma história de mistério, ação e romance! Para você ter ideia quando seu pai e eu nos casamos ele guardava segredos muito importantes da mamãe. — Lily arregalou os olhos e encarou o pai — Segredos como o fato dele ser um agente secreto! - Revelei e Lily imediatamente levou as mãozinhas à boca abafando um “oh” de surpresa. Não contive o meu riso diante de sua reação!

— Hey, não foi exatamente assim! — Oliver tentou se justificar.

— Podemos alternar a história e assim ela saberá o lado de cada um. — propus, e Oliver assentiu não muito certo se isso seria uma boa ideia.

— Você começa mamãe! — Lily pediu.

— Hum... Eu já te disse o quanto odeio voar de avião? — Lily sacudiu a cabeça em negativa, e se arrastou pela cama até encontrar o colo do pai onde se aconchegou para ouvir a nossa história. — O voo para Paris duraria exatamente nove horas. E eu já estava apreensiva, se tinha algo do qual eu tinha verdadeiro pavor era voar...

 
FIM


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Notas finais do capítulo

VOCÊS NÃO APRENDERAM NADA COM AS MINHAS FICS ANTERIORES? GENTE EU FAÇO DRAMA, MAS NÃO TENHO CORAGEM DE MATAR NEM UMA MOSCA! VOCES ACHAM QUE EU DEXARIA A FEL PERDER ESSE BABY? E DEIXAR OLICITY SEPARADO? PELO AMOR DE DEUS EU TENHO UM CORAÇÃO!

De qualquer forma meu lado malvado se divertiu muito trollando vocês! =D

Mas diversão não foi o motivo para eu ter feito isso. Bem, eu sei que a atitude da Fel em mentir para o Oliver, foi contra tudo o que ela sempre pediu para ele no relacionamento: honestidade. Mas nesse ponto, a nossa protagonista começou a entender as atitudes de Oliver. As vezes você se vê obrigado a tomar decisões que contrariam o que é certo, em prol de algo que vale a pena ser protegido. E no momento que ela o entendeu, eu garanto que o amor cresceu ainda mais.

Então, o que acham de deixar seus últimos comentários me dizendo como estão se sentindo com esse final feliz?

Ps.: Esperando o pedido de desculpas depois de tantos “eu odeio você Luna”...

Ps.(2): Sim, a história termina exatamente da mesma forma que começou! Então FiL é basicamente Oliver e Felicity contando a história de como se apaixonaram para a Lily! E galera, levem para o lado simbólico tá?!

Ps (3): Para você que está lendo esta fic depois de concluída, eu espero que tenha amado essa história tanto quanto eu amei escrevê-la. Foi um prazer dividi-la com você! Fique a vontade para deixar seu comentário e me dizer o que achou!