Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 21
It’s too Late


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores! Podem me perdoar pela demora? Eu tive dois problemas com esse capítulo: 1) tem muita ação, que é um gênero que considero bem difícil e complicado de escrever, preciso ser bem atenta; e 2) Eu fiquei numa briga imensa com esse capítulo. Não conseguia decidir se deixava em um único, ou dividia em duas partes, no fim deixei que a escrita seguisse seu curso e tomasse a sua própria decisão escrevi até que sentisse que o capítulo estava pronto. Então, por enquanto iremos nos despedir de FiL apenas no próximo.

Agora, Pequena Queen *-----* a leitora com os comentários mais fofos/surtados/engraçados/loucos como eu posso te agradecer? Eu honestamente não sei! Não posso dizer um simples “muito obrigada” por essa recomendação, porque parece tão pouco diante do carinho que você sempre mostrou as minhas histórias! Por isso meu agradecimento vai em forma de capítulo :) esse final (parte 1 e parte 2) são dedicados à você! Obrigada pelo carinho sem fim, pelos surtos, comentários que iluminaram o meu dia e me estimularam a escrever!

Eu espero que você, e todos os meus leitores aprovem esse capítulo.

E obrigada também a quem comentou no capítulo passado, já já eu respondo ;)

Ps.: Não sei como escrever capítulos menores, eu tento, mas não consigo. Sorry :(



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I'm holding on your rope

Got me ten feet off the ground

I'm hearin' what you say but I just can't make a sound

You tell me that you need me then you go and cut me down

But wait

You tell me that you're sorry

Didn't think I'd turn around and say

 

It's too late to apologize

It's too late

I said it's too late to apologize

It's too late

I'd take another chance, take a fall, take a shot for you

I need you like a heart needs a beat, but it's nothing new

Yeah

I loved you with a fire red now it's turning blue

And you say

"Sorry", like the angel

Heaven let me think was you

But I'm afraid

 

It's too late to apologize

It's too late

I said it's too late to apologize

It's too late

(Apologize - OneRepublic)

 

Oliver Queen

Eu não conseguia me concentrar. Eu tinha aquela voz constante em minha cabeça, dizendo que não era certo manter Felicity no escuro, que omitir coisas para ela seria como voltar aonde todos os nossos problemas começaram, seria o mesmo que mentir mais uma vez. Mas eu não conseguia lidar com a mera ideia dela se envolvendo nisso, com a possibilidade dela se ferir, porque eu a envolvi em toda essa história. Já havia sido o suficiente, toda a dor, ela já tinha se machucado demais. Era meu dever protegê-la, depois de trazer essa guerra até ela, era minha obrigação garantir que ela e o nosso bebê ficassem em segurança, e que nossa família tivesse a chance de ser feliz. Era errado esconder as coisas dela por isso?

Eu tentava não pensar muito na reação dela quando eu retornasse para a nossa casa e explicasse. Ela ficaria brava, brigaria comigo, mas eu apenas esperava que no fim, as minhas boas intenções prevalecessem, que ela entendesse que o que fiz foi pensando unicamente nela, no bem estar dela. Depois de tudo o que passamos, o nosso amor havia se fortalecido e solidificado, eu sabia que uma pequena mentira não o destruiria, mas eu temia que isso abrisse velhas feridas e eu perdesse a confiança dela mais uma vez.

Quando entrava na van com John, eu cogitei desistir,  dar meia volta e voltar para o corpo quente de Felicity que eu havia deixado solitário na cama, iria abraçá-la, segurá-la firme em meus braços, sentir a maciez da sua pele contra meus lábios e fazer amor com ela mais uma vez. Eu não sabia o que me esperava nessa missão de resgate, eu não sabia o que eu enfrentaria para trazer o pai dela de volta, mas ainda assim eu faria. Eu faria isso por ela, para ver seu sorriso brilhar em contentamento. Por nosso filho que teria mais um avô presente. E por mim, para provar a Felicity que todo o meu ódio pelo pai dela era passado, e que tudo o que eu me importava era com a felicidade dela.

E ainda que eu resolvesse a questão do pai dela, eu tinha problemas maiores para lidar: Amanda Waller.

Apesar de todos os cuidados que tomei para deixar Felicity segura, mas apesar disso eu ainda estava estranhamente nervoso. Havia aquele frio que subia por minha espinha me dizendo que algo não parecia certo. Eu estava receoso com Waller. A sua falta de agir, o seu silêncio me incomodava, porque não combinava com ela. Eu sabia que isso não era algo bom. Amanda tendia a ser uma exímia jogadora, e no momento atual ela estava perdendo, Isabel  havia roubado o seu jogo e até agora Amanda não fizera nenhum movimento.

Eu tinha medo de quando ela o fizesse. Porque seria o movimento que colocaria tudo em cheque.

A mulher não tinha escrúpulos e jogava sujo. Meu atual plano era me livrar de Isabel salvar James e desaparecer com Felicity, tirá-la de toda essa confusão. Iríamos para um lugar remoto longe de tudo e todos, era um plano tolo, ingênuo e cheio de falhas, mas era um plano que a manteria segura, até que conseguíssemos neutralizar Amanda.

— Você está bem Oliver? — escutei a voz preocupada de John. Ele estava concentrado em dirigir a van até a Stellmor International, onde James estava sendo mantido. Ele ia devagar, era madrugada, e apesar das ruas estarem vazias a essa hora, seria bom não chamar a atenção indesejada de ninguém.

— Eu só preciso acabar logo com isso. — Resmunguei com certa urgência. — Dig? — chamei — Tem certeza que seus amigos são bons e de confiança? — Questionei pela enésima vez. John havia conseguido alguns amigos da época em que prestara serviços para o exército americano, para fazerem guarda em frente ao meu prédio, apenas para garantir que Felicity ficaria bem.

— Eu tenho certeza Oliver. — afirmou — Sei que está preocupado com Felicity, mas eu preciso que se concentre no nosso plano, se você o seguir tudo dará certo e logo você estará nos braços da sua amada. — John  tentou me tranquilizar, mas era difícil, apenas estar longe de Felicity me deixava aflito.

— Ok. — respirei fundo buscando concentração, mas era impossível. Todos os meus pensamentos estavam inundados de Felicity. Preocupados com o que ela pensaria caso acordasse e não me encontrasse ao seu lado da cama. Eu rezava para que ela não interpretasse isso da forma errada.

John estacionou em frente a empresa e entramos pela porta da frente. Eu não podia negar que o nosso plano era ousado, mas não conseguimos criar um melhor dentro de um espaço de tempo tão curto.

— Olá, nós somos da empresa de manutenção dos elevadores. — eu disse caminhando em direção à recepção da empresa e mostrando rapidamente o falso cartão de identificação ao homem da segurança.

— Graças a Deus vocês chegaram! — O homem gordo e careca exclamou parecendo aliviado — Os elevadores enlouqueceram. — falou indicando as portas que abriam e fechavam rapidamente. — Segurei um sorriso, John cuidara de tudo ao forçar a falsa pane no sistema.

— Não se preocupe, vamos consertar tudo. — John respondeu com o semblante sério.

— Eu preciso que sejam rápidos, não quero ter problemas se a “toda poderosa” chegar e não conseguir usar o elevador. — O segurança falou — Apenas me digam que fica pronto dentro de uma hora?

— Eu não sei.  — respondi e vi o rosto do homem se alarmar — Porque precisa com tanta pressa? — questionei.

— Minha chefe não é muito... — começou a dizer, olhou para ambos os lados verificando se havia alguém próximo — Ela é uma bruxa, — confidenciou — e sempre chega cedo na empresa. — Eu e John trocamos olhares, isso não era bom, limitava nosso tempo.

— Vamos dar o nosso melhor! —John garantiu colocando a mão sobre o ombro do homem e lançando lhe um olhar de pura confiança  — Quando acabarmos, ela nem saberá que estivemos aqui. — Meu amigo piscou e eu sorri ao perceber o real sentido da frase.

Caminhamos até o elevador, John usou um dispositivo que fez as portas se manterem abertas por tempo suficiente até que pudéssemos entrar, fazendo-as se fecharem logo em seguida.

— Ok Oliver, você vai ter que ser rápido. — assenti  enquanto o escutava atentamente. — Eu vou te deixar no quinto andar, já que os elevadores são programados para não pararem no sexto sem o código correto, o restante você terá que subir pelo fosso. — disse erguendo os olhos para cima — Eu ficarei lá embaixo mantendo a ilusão de que estamos trabalhando no  problema aqui, mantenha-me informado da situação Oliver. Qualquer problema, me avise e eu subo para te ajudar. — garantiu.

— Vamos ficar bem. — afirmei tentando me convencer de que o plano daria certo, enquanto John apertava o botão do quinto andar. Subimos e logo o elevador parou indicando que estávamos no andar desejado. Bem, não exatamente no andar desejado.

— Boa sorte garoto. — desejou enquanto eu me erguia para abrir a pequena passagem no teto do elevador, em um único salto me lancei nela e coloquei-me de pé assim que me vi no fosso, a distância até a porta do sexto andar era relativamente pequena. Subi pelo cabo de aço lateral até me ver de frente para a porta do elevador, firmei meus pés na pequena base de concreto e usando uma das mãos forcei a porta a se abrir.

— Eu estou dentro John. — informei pelo comunicador — Mas há um pequeno problema. Ou melhor, dois e não são tão pequenos. — falei quando vi dois homens grandes e armados virem em minha direção. Para minha sorte eles tinham péssima mira, mas ainda assim uma arma é uma arma, e dá a quem a  possui certa vantagem. Eu poderia atirar de volta, mas eu não queria entrar em uma luta armada e chamar ainda mais atenção. Por isso parti para a luta corporal, os desarmando tão logo consegui.

Apesar de grandes eles eram lentos, o que me deu certa vantagem na luta contra ambos. Eu era mais rápido, meus golpes eram mais precisos, graças aos anos de treinamento da ARGUS, não foi difícil golpeá-los e deixá-los inconscientes.

— Oliver? Oliver? — John chamou, seu tom exprimia preocupação.

— Eu estou bem John. — garanti, indo em direção à porta a qual os brutamontes faziam guarda, e suspirei frustrado ao me deparar com mais um obstáculo — Mas a passagem está bloqueada, parece que precisa de credenciais para ter acesso. — falei olhando para o painel eletrônico a minha frente. Sorri ao pensar que se Felicity estivesse aqui,  ela teria sido capaz de desbloqueá-la em menos de cinco segundos.

— Verifique se alguns dos guardas as tem. — sugeriu e assim o fiz, apenas para me frustrar ainda mais com a mensagem de acesso negado que piscava na pequena tela a minha frente.

— Merda! — disse frustrado, dando chutes a porta de metal a minha frente. — Não acredito que seremos parados por uma porcaria de porta!

— Se acalme homem! — veio a ordem de John — Você apenas vai ter que abrir o dispositivo e desativá-lo manualmente.

— Mas isso vai custar tempo. — retruquei irritado, não queria pensar na possibilidade de não conseguir resgatar James, eu precisava fazê-lo! Eu devia isso a Felicity, não poderia falhar agora.

— Demoraria menos se você  se concentrasse mais nisso, ao invés de discutir comigo. — chamou a minha atenção. E eu detestei que ele estivesse certo, eu estava deixando o desespero e a preocupação me dominarem, ao invés de me concentrar. Demorei quase dez minutos para desativar o dispositivo, teria demorado mais se John não me disse o que fazer. Para a nossa sorte, ele era muito bom com eletrônicos em geral.

Quando a porta finalmente se abriu, me surpreendi com o ambiente, Felicity dissera que aqui ficava o setor de pesquisa científica e que havia sido fechado há dois anos. Mas não parecia com algo abandonado, muito pelo contrário havia computadores modernos espalhados por todo o setor, algumas coisas que eu sequer sabia para o que serviam, na verdade o lugar lembrava muito o setor científico da própria ARGUS. Caminhei por um corredor me mantendo em alerta, o local estava silencioso demais. Abri as portas uma a uma, me deparando sempre com estoques ou salas de pesquisas. Até que a encontrei, mais uma porta com que exigia credencial de acesso.

Tentei segurar um suspiro frustrado, eu estava começando a me irritar com o tempo que essas coisas me tomavam. Mentalmente eu calculava o tempo que já tinha se passado, o guarda havia dito que Isabel  chegaria mais ou menos dentro de uma hora. Já havíamos perdido fácil uns quarenta minutos, eu precisava ser mais ágil. Assim que destravei a porta, me deparei com um homem sentado ao chão, brincando com um pequeno cubo mágico em suas mãos.  Franzi o cenho, ele era realmente obcecado por essas coisas.

— Oliver Queen. — Sua voz soou amargurada ao dizer meu nome, seus olhos azuis claros tão parecidos com o da filha, vieram em minha direção desconfiados — Será que estou enxergando bem? Depois de anos me caçando, você veio aqui para me salvar? — Olhei bem para o homem a minha frente, eu aprendi a odiar esse rosto, passei anos culpando-o pela morte de meu pai. Mas olhando-o agora era difícil ver o assassino insensível que Amanda Waller me vendeu, sobretudo quando eu fitava em seu rosto cansado, sua tez sem brilho. Ele parecia um homem destruído, um homem que havia perdido tudo e principalmente as esperanças. Mas havia algo, seus olhos azuis eram exatamente iguais aos da mulher que eu amava. Acho que se eu nunca tivesse descoberto a verdade, ainda assim eu não teria conseguido fazer mal a esse homem. Quando eu olhasse em seus olhos eu veria Felicity em minha mente, e apenas isso seria o suficiente para me dobrar de joelhos.

— Eu devo isso à Felicity. — respondi e vi seu olhar duro se iluminar ao escutar o nome da filha — Ela não merece ficar sem o pai, e nosso filho merece a chance de conhecer o avô. — Observei a surpresa passar por seu semblante e logo em seguida ser substituída por algo próximo da adoração. — Agora vamos, estamos ficando sem tempo. — falei esticando a mão e o ajudando a se levantar.

— Apenas vamos deixar algo claro Oliver, você pode ter vindo me salvar, pode ser filho do meu melhor amigo e se casado com a minha filha. — Seu tom era repressivo e duro — Mas ainda  assim eu não gosto de você. — afirmou estreitando os olhos para mim, e eu segurei um sorriso. James Smoak estava agindo como um pai ciumento.

— Entendido senhor Smoak. — devolvi formalmente e com certo prazer enquanto deixávamos a sala em direção ao elevador. Não pude deixar de pensar em como seria se tivéssemos nos conhecido em circunstâncias normais.

— John? — chamei pelo comunicador e me coloquei em alerta quando não obtive resposta — John? Por favor, me diga que está tudo bem. — insisti mais preocupado.

— Preste atenção Oliver. — fiquei atento ao escutar o tom de voz mais baixo, quase sussurrado — Você precisa sair dai agora! Desça pelas escadas porque Isabel está subindo de elevador nesse exato momento e ela está levando alguns seguranças.

— Merda! — xinguei puxando James em direção as escadas, tive que arrombar a maçaneta e rezei para que não notassem nossa rota de fuga enquanto descíamos os degraus rapidamente. John nos instruiu a irmos para a garagem que ficava no subsolo, não havia como sair com James pela porta da frente. Agora precisávamos esperar, John desceria e então nós sairíamos pela entrada de carros.  — Vamos lá John anda logo! — disse em voz alta, impaciente.

— Hey homem! — respirei aliviado ao ver John, saindo pela porta que dava às escadas. — Nós precisamos ir agora! A essa altura Isabel  já percebeu que James não está mais lá. — alertou enquanto corríamos em direção à saída.

O som de tiros ecoou pelo ambiente, nos fazendo parar e imediatamente nos protegermos abaixando atrás de um carro. John  se ergueu, apenas o suficiente para analisar a situação.

— Não é bom. — disse com o ar preocupado, ela tem meia dúzia de homens armados com ela. — Se tentarmos ir em direção a saída, vamos nos expor e seremos alvos fáceis. Estamos presos aqui. Pelo menos eu trouxe alguns brinquedos. — disse tirando duas pistolas, ficando com uma delas e passando a outra para o pai de Felicity. Retirei a minha a arma também.

— Pelo menos não seremos abatidos sem lutar. — James disse, e me surpreendi com a rapidez com a qual destravou a pistola atirando precisamente em um dos homens de Isabel que se esgueirava em nossa direção. John e eu o encaramos chocados — O quê? Eu posso ser velho, mas também recebi meu treinamento na ARGUS.

— Vocês acharam que poderia invadir a minha empresa e eu não perceberia? — Os tiros cessaram e eu virei em direção à voz de Isabel, ela estava parada à alguns metros de distância — Eu quero de volta o que vocês me roubaram, apenas isso. Ninguém mais precisa se machucar.

— Eu não diria que libertar alguém que está sendo mantido contra a sua vontade seria considerado roubo. Eu adoraria ficar e conversar um pouco mais sobre isso, mas eu tenho ir embora. — falei erguendo-me atrás do carro, de certa forma eu sabia que Isabel  não atiraria, eu a conhecia de missões passadas ela era esperta demais, gostava de jogar com o perigo, mas preferia não fazer nenhuma carnificina. Banhos de sangue eram mais o estilo de Amanda.

— Oliver Queen... — ela pronunciou meu nome com sarcasmo — Porque precisa ir tão cedo? Vai ao encontro da sua adorável esposa, Felicity? — falou com falsa doçura — Ela ficou em casa sozinha? — começou com seu tom debochado. — Isso não combina com você, geralmente é sempre tão atencioso com ela. — Eu sabia que Isabel estava apenas tentando me irritar e tirar o meu foco, mas inferno! Bastava dizer o nome de Felicity, ameaçá-la ainda que levianamente, para que eu perdesse o controle — Faremos o seguinte, você me entrega James Smoak e eu deixo você e seu amigo irem embora, e prometo que depois que o Senhor Smoak me der a informação que preciso eu o deixo ir, sem nenhum arranhão. — ofereceu.

— Pare Isabel. — exigi ao vê-la dar passos em minha direção, apontei a arma.

— Ou o quê? Nós dois sabemos que mesmo após anos trabalhando para Amanda Waller, você é incapaz de matar alguém a sangue frio. — Sorriu para mim.

— Ele é incapaz de matar, mas eu não. — prendi a respiração ao escutar a voz seguida de um assobio fino de um tiro, nem tive tempo de absorver muito da situação. Em um momento Isabel estava sorrindo e no outro seu corpo caia inerte ao chão, sangue escorria em sua testa no local onde a bala  perfurara.

— Merda, as coisas ficam cada vez piores. — Abaixei-me novamente atrás do carro  e compartilhei um olhar de desespero com John e James. Amanda estava ali, e pela forma como ela havia se livrado de Isabel e seus homens, eu podia dizer que ela não estava com muita paciência.

— Olá senhor Queen e é claro, senhor John Diggle, seu fiel escudeiro. — A voz de Amanda fez-se alta e clara — Não precisam se esconder, eu apenas quero ter uma conversinha, de chefe para agente — tentou um tom suave que não combinava nem um pouco com ela — Ok, eu tentei ser boazinha. Tragam ela! — exigiu, e imediatamente senti um frio estranho percorrer a espinha, fui tomado por uma sensação de desespero, observei a cena pelo retrovisor do carro e o que vi me fez perder todas as cautelas e me por de pé na mesma hora.

Felicity.

A minha Felicity estava ali. Um homem a tinha presa em seus braços, ela não chorava, mas eu vi o medo em seus olhos. Tentei acalmá-la com o meu olhar, queria dizer-lhe que tudo ficaria bem, que nós sairíamos dessa, que venceríamos no fim. Mas eu não podia lhe dizer mais mentiras.

— Se você machucar ela eu juro que... — comecei a ameaçar, cada gota de sangue do meu corpo fervia de ódio por Amanda naquele momento.

— Jura o quê? — devolveu-me parecendo divertida — Eu estou curiosa Oliver, me ilumine com suas ideias vingativas! Sabe, você foi um dos meus maiores investimentos e no fim se mostrou a maior decepção! Tudo arruinado por causa de uma garota, essa garota. — Ela se aproximou de Felicity parecendo curiosa, colocou a mão sobre o queixo dela erguendo o seu rosto. Felicity não titubeou, nem mesmo se afastou, apenas retribuiu com um olhar altivo.

Apontei a arma na sua direção quando vi que a tocou, Amanda virou-se para mim achando graça do meu comportamento.

— Ninguém precisa se machucar ainda, contando que vocês me entreguem o que eu quero. — Isabel dissera a mesma coisa, era engraçado, em Isabel eu cogitaria acreditar, mas em Amanda? Nunca. Aquela mulher era uma serpente em forma de gente, apenas expelia veneno e se exaltava com a destruição. Ela nunca nos deixaria sair inteiros dessa, ela acharia uma forma de nos causar mal, nem que fosse por mera diversão.

Mas que alternativa eu tinha? Era Felicity quem ela fazia de refém.

 Fechei meus olhos, me sentindo culpado. Se eu fizesse isso Felicity nunca me perdoaria, mas era ela. Era o amor da minha vida ali na minha frente, ela carregava o nosso bebê no ventre, e eles estavam correndo risco de vida. Eu faria qualquer coisa para mantê-la viva e segura. Não importa o quão baixo, condenável ou mesquinho isso fosse, eu faria isso por ela.

— Eu mesmo me entrego Amanda. — James Smoak se prontificou saindo de trás do carro, me livrando de ter que tomar aquela decisão — Tudo bem Oliver, você tentou, eu reconheço o seu valor por isso. — disse colocando sua mão sobre o meu ombro, engoli em seco diante da sua aprovação.

— Não é fofo Felicity? Seu pai e Oliver se deram bem afinal. — Amanda ironizou — E James, já faz muitos anos. — ela comentou enquanto James ia em sua direção — Você parece velho.

— E você não mudou nada, continua a mesma megera de sempre, sem consideração a nada que não seja poder e você mesma — Ele parou no meio do caminho, seu olhar se perdeu por segundo no corpo de Isabel  até que ele se desviou — Agora, liberte a minha filha, Amanda. — exigiu e Amanda fez um sinal para o capanga libertá-la, assim que se viu livre Felicity correu em minha direção.

— Você está bem? Ela te machucou? — cochichei as perguntas em seu ouvido, enquanto a abraçava apertada em meus braços. Me senti um pouco melhor quando ela sacudiu a cabeça dizendo que não, beijei seus cabelos e por um momento tudo o que senti foi alívio por tê-la em meus braços novamente. — Me perdoe, amor. Tudo isso é minha culpa. — disse à ela quando seu rosto se ergueu até o meu, seus olhos estavam tristes e seu semblante magoado. Eu a vi fechar os olhos ao escutar minhas palavras, porém antes que pudesse me responder John nos interrompeu.

— Oliver, nós precisamos ir antes que Amanda mude de ideia e decida matar a todos nós — alertou-me.

Eu não gostava da ideia de ir embora e largar James com Amanda, a adrenalina se rebelava dentro de mim, eu queria voltar e lutar. Eu queria vencer. Eu queria que essa história pudesse ter um final feliz, não é assim que acontece em livros e filmes? O bem sempre vence. Mas infelizmente não é assim que funciona no mundo real.

— Vamos Felicity. — disse enquanto enlaçava a sua mão, e a puxava comigo em direção à saída. Ela estava calada, seu olhar triste perdido na imagem do pai que nesse momento era algemado por Amanda. Eu só podia imaginar o que se passava na mente dela, ela perdeu o pai uma vez, e eu a fiz perdê-lo mais outra.

Travei quando percebi que uma nova pessoa chegava, era fácil saber quem ele era já que usava seu tradicional chapéu.

— Parece que eu cheguei atrasado. Mil desculpas, o trânsito estava horrível à essa hora. — meu pai disse caminhando despreocupadamente — Me desculpe Isabel, não vi você aí! — disse ao pular o corpo dela e parando exatamente em frente à Amanda.

— Robert Queen. — Amanda disse o nome sem esconder o sarcasmo — Isso parece com aquelas reuniões escolares, que os alunos fazem dez anos depois.

— Eu teria passado para tomar um chá e bater um papo, mas você está sempre tão ocupada manipulando pessoas e matando inocentes. Então eu achei melhor não atrapalhar. — devolveu com deboche.

— John, tire Felicity daqui em segurança. — pedi. Eu não sei o que meu pai pretendia aparecendo justo nesse momento e confrontando Amanda de maneira tão despretensiosa. Mas eu não podia abandoná-lo também.

— Não! — Felicity teimou, seus olhos faiscavam de raiva na minha direção — Pare de tomar decisões por mim Oliver! — exigiu furiosa. — Eu sou sua esposa, você deve no mínimo ouvir o que eu quero, você disse que somos uma família, e que resolveríamos isso como uma família. Juntos. — jogou a acusação na minha cara.

Respirei fundo. Eu sabia que não poderia lidar com ela nesse momento, Felicity estava furiosa, triste, e disposta a debater comigo.

— Apenas fique afastada. — pedi vencido e contrariado, mantendo-a atrás de mim e John, enquanto observávamos a cena de longe.

— Então a que devo a honra da sua ilustre presença? Veio salvar seu amigo? — questionou — Seria uma boa mudança já que você sempre preferiu fugir e se esconder.

— Eu vim oferecer uma troca. — Amanda ergueu uma sobrancelha.

— O que você pode ter que desperte tanto o meu interesse? — Amanda questionou, mas parecia interessada.

—  Me diga, para quê você quer tanto o projeto Hórus? Para vender aos Russos como sempre fez com os arquivos da defesa nacional? — Eu não entendia o tipo de jogo que meu pai estava fazendo.

— Eu venderei, aos russos, aos afegãos... Quem quiser pagar mais, exatamente como sempre fiz com as informações privilegiadas que tenho. — disse sem o mínimo de culpa — Você me conhece bem Robert, comandar a ARGUS é divertido. Tenho muito poder em minhas mãos, mas tem sido pouco, eu quero mais e essa pequena invenção pode deixar o mundo em minhas mãos.

— Oh, então é apenas o clássico de todo o vilão... Dominação mundial! — Meu pai soltou uma gargalhada displicente, enquanto se aproximava dela sem temor — E se eu dissesse que posso dar isso a você Amanda, não precisará passar horas torturando James Smoak para obter as respostas que tanto quer. Eu posso dá-las à você.

— Você é inteligente, mas nós dois sabemos que o Senhor Smoak aqui é o único que tem todas as informações guardadas dentro do cérebro dele. — devolveu parecendo entediada.

— Ele pode ser o único, mas não significa que não tenha salvo a informação em outro lugar — ele mostrou o pendrive que tinha em seu bolso, prendi a respiração ao perceber que meu pai havia nos roubado.

— E eu deveria simplesmente confiar na sua palavra?

— É claro que não! Mas você pode ver — ele retirou um notebook da pasta que carregava, conectou o pendrive e começou a abrir os arquivos, Amanda parecia fascinada com o que via a sua frente — Todas as especificações estão aqui. Tudo o que precisa fazer é deixá-lo ir embora, e isso é seu, para vender à quem quiser.

Amanda sorria diabolicamente.

— Obrigada, foi bom fazer negócio com  você.  — Disse tirando o pendrive de suas mãos ao mesmo tempo que mandava soltarem James, senti Felicity suspirar momentaneamente aliviada com o novo rumo da história — Mas sabe, não gosto da ideia de ter alguém por aí que tem a mesma informação que eu. Não é nada pessoal, apenas me irrita ter qualquer tipo de competição.  — Sorriu, e junto ao sorriso  veio o som da pequena explosão, do baque do corpo ao cair no chão e o grito desolado de Felicity atrás de mim.

Amanda deu as costas e partiu sem se importar com a cena que deixara para trás. James Smoak caído ao chão, meu pai ao lado dele parecendo em choque com o que havia acontecido. E Felicity.

Ela correra para o pai, se ajoelhara diante do corpo dele.

— Me perdoe Licity. Eu nunca quis deixar você. — Sua voz saia falhada e com muita dificuldade.

— Pai. — senti uma onda de dor rasgar meu coração ao escutar a voz Felicity, ela estava transtornada. Eu queria me aproximar dela, abraçá-la e confortá-la, mas senti que ela precisava ter aquele momento com o pai. — Não fale muito ok, apenas poupe energia para se manter acordado. A ajuda já esta vindo. — falou com lágrimas nos olhos.

— Todos esses anos, eu sempre me mantive perto, a observando. Eu não a abandonei Licity, como alguém poderia abandonar você? Minha pequena tão perfeita e inteligente! — ele continuou a falar com ela, lutando contra dor — Eu a vi crescer e se tornar essa mulher incrível, eu estou tão orgulhoso de você, feliz que você vai ter uma bela família com Oliver. — Suas mãos se colocaram ao redor do rosto da filha e o homem sorriu parecendo feliz de que a última imagem que ele viu antes de fechar os olhos tenha sido ela. — Eu amo você, Licity.

E então ele fechou os olhos.

Assisti impotente, Felicity se jogar sobre o corpo inerte do pai e implorar para que ele não a deixasse. Ela chorava tanto! E a dor dela era a minha dor. Eu queria consolá-la, secar suas lágrimas e dizer que tudo ficaria bem. Mas eu não conseguia tirar de mim que isso era culpa minha, essa morte tinha sido consequência dos meus atos impensados.

— Oliver! Tire-a daqui. — meu pai comandou firme, me demovendo de meus pensamentos de auto piedade — O FBI vai chegar em minutos e eu não quero nenhum de vocês aqui.

— O FBI? — questionei confuso.

— Eu não tenho tempo para explicar, mas eu fui até eles e contei tudo. Eu vim aqui hoje para fazer Amanda confessar alguns de seus crimes, e eu consegui, eles estão indo atrás dela prendê-la.

— John, leve Felicity daqui! Eu os encontrarei logo. — pedi e o vi assentir, acompanhando Felicity para fora. Eu precisava ficar com ela, mas eu ainda não sabia como, eu tinha medo de que ela sempre me visse como a pessoa responsável pela morte do pai.

— Diga pai, em que posso ajuda-lo? — perguntei. — Como podemos achar Amanda? — questionei, eu queria fazê-la pagar por todo o sofrimento que causara a Felicity.

— Filho — ele disse olhando-me seriamente, eu reconhecia esse olhar, ele o usava sempre que ia me reprender por algo quando eu era criança — Não faça isso, não se culpe pelos atos de Amanda e principalmente não sinta essa vontade de se vingar, isso apenas o afastara de Felicity.

— É minha culpa. — respondi simplesmente. — Felicity vai me odiar por isso.

— Não é sua culpa, não foi você que atirou nele. Foi Amanda, ela é a única responsável por essa morte. — explicou firmemente. — Felicity não vai te odiar por isso. Mas ser o marido que não está com a esposa num momento como esse, isso sim pode fazê-la o odiar.

Assenti fracamente entendendo o que ele queria dizer. O que estava feito, estava feito e não tinha mais volta ou conserto. Eu precisava me concentrar no que ainda tinha de bom nessa vida, Felicity e nosso bebê.  Caminhei para fora com certa urgência, ansioso por encontrá-la, para oferecer meu ombro para ela chorar. Eu queria quer ela dividisse sua dor comigo, eu queria estar lá para ela,  eu iria ajudá-la a se reerguer. Não seria fácil,  mas com o tempo, ela se recuperaria,  eu daria a ela todo o meu amor e eu esperava que isso fosse capaz de curar todas as feridas, que o nosso amor, a perspectiva da família que estávamos construindo fosse o suficiente para ela.

Ela era forte, e por pior que tenha sido ver o pai morrer a sua frente ela seguiria em frente. Meu coração estava de certa forma esperançoso, o dia inteiro tinha sido repleto de reviravoltas, James havia morrido, Amanda fugira. Mas eu ainda tinha Felicity, precisávamos um do outro num momento como esse.

Tudo aconteceu muito rápido no momento seguinte, eu caminhava para van, Felicity e John  estavam parados próximo ao automóvel, pareciam discutir sobre algo. E no instante seguinte, veio a explosão.

Não. Isso não podia estar acontecendo.

Corri até eles, mas em meio a foligem e a fumaça sufocante era difícil distinguir as coisas. Comecei a gritar desesperado, chamando por Felicity e John. Para meu alívio escutei a voz de Felicity, a segui desesperado por saber que ela estava ferida. A encontrei consciente, parcialmente embaixo do corpo de John. Eu devia muito ao meu amigo, ele se jogara na frente dela para protegê-la. A ajudei a se levantar e fiz uma análise rápida, para meu alívio ela não tinha nenhum machucado aparente. Fora o susto e a confusão do dia de hoje, ela parecia fisicamente bem.

Voltei minha atenção ao meu amigo, ele não tivera a mesma sorte. John estava coberto por escoriações, e algo pontiagudo parecia ter perfurado o lado direito do abdômen. Ele estava machucado, a consciência parecia ir e vir.

— Amanda deve ter plantado uma bomba na van, ela nunca pretendeu que saíssemos daqui com vida.  — John disse com muito esforço.

— Fique calmo John, eu estou ligando para ambulância apenas não se mexa. — falei tentando-o o acalmar enquanto tirava o celular do bolso e ligava para a emergência.

— Oliver? — escutei a voz alarmada de Felicity, virei-me para ela, pensando no que poderia ser de tão ruim dessa vez. Ela estava pálida e parecia tremer. — Eu estou sangrando. — falou com desespero, colocando as duas mãos sobre o ventre.

Demorei alguns segundos para entender sobre o que ela falava, eu não havia visto sangue, mas quando finalmente compreendi aposição de suas mãos eu perdi meu chão. Eu nunca fui um homem de muita fé, mas naquele momento eu já estava orando para que o nosso bebê ficasse bem.

 

 


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Notas finais do capítulo

Hi again! Bem, o capitulo teve muito mais ação, eu espero que tenha ficado no mínimo bom, cenas assim me deixam louca na hora de escrever, porque precisam ser ágeis e ao mesmo tempo explicativas sem deixar pontas soltas. Tivemos muitas informações, muitos diálogos, espero ter feito tudo da forma mais clara possível. Pouquinhas cenas olicity :( sorry
O próximo capítulo será mais emocional, acho que pela forma que esse terminou vocês já podiam deduzir isso né?