Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 17
High Hopes


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores! Não vou me demorar muito aqui, só gostaria de agradecer pelos comentários no capítulo anterior! Vocês são uns amores =D

Beijinhos e espero que curtam esse capítulo!



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Broken bottles in the hotel lobby

Seems to me like I'm just scared of never feeling it again

I know it's crazy to believe in silly things

But is not that easy

 

I remember it now it takes me back to when it all first started

But I've only got myself to blame for it and I accept that now

It's time to let it go, go out and start again

But it's not that easy

 

But I've got high hopes

It takes me back to when we started

High hopes

When you, let it go, go out and started again

High hopes

When it all comes to an end

But the world keep spinning around

(High Hopes - Kodaline)

 

Oliver Queen

Por um momento eu pensei que tudo tinha voltado ao normal.

As pernas de Felicity estavam entrelaçadas nas minhas, sua cabeça repousava sobre o meu peitoral e seus braços estavam ao redor do meu corpo me abraçando. Sorri com aquela imagem, não importava a forma como dormíamos sempre acordávamos assim, com Felicity aninhada em meus braços, com seu corpo quente junto ao meu porque simplesmente não conseguíamos ficar afastados um do outro. Eu não queria me mover. Porque sabia que no instante em que fizesse isso o encanto se quebraria, Felicity acordaria e se afastaria de mim novamente por isso fechei meus olhos e apenas aproveitei um pouco mais aquele instante. Minha vida tinha se resumido a isso, pequenos instantes com ela, toques e momentos  roubados... Mas eu queria mais, precisava de muito mais. Era frustrante ter seu corpo junto ao meu e não poder tê-la para mim da forma que eu desejava!

Eu pensei que estava sonhando quando Felicity começou a se remexer, sua respiração parecia pesada e entrecortada, suas mãos delicadas subiam e desciam pelo meu torso nu enquanto sua língua deslizava pelo meu peitoral subindo até que seus lábios pararam próximos à curva do meu pescoço beijando-o deliciosamente... O que ela estava fazendo? Tentando me enlouquecer?

— Felicity... — gemi seu nome num tom rouco quando num único movimento ela montou sobre mim, eu já tinha ficado excitado apenas por sentir seu corpo quente junto ao meu, seus beijos e seus toques, mas com Felicity rebolando sobre mim eu fiquei ainda mais duro. Minhas mãos se prenderam ao redor de seus quadris a puxando para baixo e aumentando ainda mais a pressão entre nossas regiões íntimas.

Então seu corpo se curvou sobre o meu, seus lábios caíram sobre minha boca num  beijo quente e apaixonado, daqueles cheios de desejos reprimidos. Foi como se por muito tempo eu estivesse perdido em um deserto escaldante e quando a sua boca encontrou a minha eu encontrasse meu oásis particular, e eu precisava saciar a minha sede de seus lábios e minha fome de seu corpo. Eu nunca parecia satisfeito, eu precisava de mais dela, apoiei uma de minhas mãos em seu pescoço deixando que meus dedos se afundassem em seus cabelos macios na medida em que eu impedia sua boca de se afastar da minha. Suguei seu lábio inferior mordendo-o suavemente puxando-a para mim, Felicity respondeu beijando-me com igual fervor. Como eu senti falta disso! Da forma como o corpo dela respondia a cada toque meu, como cada carícia ganhava proporções intensas, simplesmente porque era ela. Nenhuma outra mulher no mundo possuía o poder que ela tinha sobre mim.

Por um momento tudo o que se escutava era o som de nossas respirações ofegantes, de nossos lábios se encontrando, de nossas mãos acariciando o corpo um do outro, de nossos gemidos abafados. Isso somado aos movimentos de vai e vem que Felicity fazia sobre mim, causando uma fricção maldita estava me levando à loucura. Tudo o que eu conseguia pensar naquele momento era em beijar cada parte do seu corpo, e amá-la até que o mundo explodisse e não sobrasse mais ninguém exceto nós dois.

Estava quente, precisávamos tirar nossas roupas constatei. Uma de minhas mãos subiu por dentro de sua camiseta tocando sua barriga lisa e parando sobre os seus seios firmes que pareciam um pouco maiores, Felicity soltou um gemido rouco quando meus dedos encontraram o bico de seu seio e o acariciaram lentamente.  Eu a queria, eu precisava dela desesperadamente.  E se Felicity estava me dando uma nova chance eu não iria desperdiçá-la. Distribui uma série de beijos molhados em seu pescoço, parando apenas para dar pequenas mordidas até que cheguei a sua delicada orelha.

— Amor... Obrigado por essa nova chance, eu não irei te decepcionar. — sussurrei ao seu ouvido. Mas quando meus lábios voltaram em busca dos delas, senti Felicity se retrair,  seu corpo se ergueu e ela se afastou ficando sentada sobre mim. Seus olhos se focalizaram sobre os meus e a vi prender a respiração.

— Oh Merda! Merda! Merda! Desculpe-me eu pensei que... — disse aturdida saindo rapidamente do meu colo e cambaleando para fora da cama.

— Pensou o quê? —  questionei confuso e frustrado, ela estava em meus braços há dois segundos atrás, meu corpo ainda vibrava esperando pelo dela. Qual era o problema? Porque ela se afastou?

— Que eu ainda estava sonhando! — confessou exasperada. Pisquei confuso com aquela informação.

— Você estava tendo um sonho erótico comigo? — questionei sem saber se deveria sentir raiva ou achar aquilo engraçado. Se bem que naquele momento a minha vontade era de convencê-la de que tudo era um sonho e fazê-la voltar para os meus braços.

— Não! — negou rapidamente, percebi que suas bochechas se tingiram de um vermelho intenso — Quero dizer... Talvez um pouco. — arregalei meus olhos em sua direção enquanto Felicity apertava fortemente os seus mostrando o quanto estava envergonhada com aquilo — Eu acho que preciso sair daqui... — continuou confusa enquanto corria para a porta do quarto.

Joguei meu corpo de volta na cama enquanto eu tentava desacelerar meu ritmo cardíaco, e me concentrar em coisas que não fossem o corpo quente de Felicity sobre o meu, ou os seus beijos deliciosos, ou ainda a forma como ela rebolava  sobre mim... Levantei-me abruptamente, quando percebi que meus pensamentos não estavam ajudando a aliviar a minha situação, eu precisaria tomar um banho bem gelado, talvez fossem necessários dois.

***

Felicity Smoak

Deixei o quarto o mais rápido que consegui e me tranquei no banheiro. Meu coração pulsava tão acelerado que parecia que iria pular para fora do meu peito a qualquer instante. Encostei a porta e deixei meu corpo escorregar lentamente até o chão frio, sentando-me com a cabeça apoiada em meus joelhos tentando respirar um pouco mais devagar.  O que estava acontecendo comigo? Meu corpo ainda queimava onde Oliver havia me tocado, ainda sentia o gosto de seus lábios sobre os meus, eu o queria tanto que chegava a ser insano! Eu havia passado dos limites, mas em minha defesa eu estava tendo um sonho tão intenso que ficou difícil separar o que era real e o que não era...

Ok. Pensar sobre o sonho ou no que quase fizemos essa manhã não estava sendo de grande ajuda. Levantei-me do chão, joguei um pouco de água fria no rosto para tentar diminuir o calor do meu corpo. Foi em vão é claro, nada conseguia tirar aquela sensação de ter meu corpo junto ao de Oliver, de queimar com cada carícia, cada beijo, olhei para meu reflexo no espelho: olhos brilhantes, cabelo bagunçado, lábios inchados de tanto beijar, e para completar o visual pós-sexo meu pescoço exibia pequenas marcas vermelhas no local onde seus lábios estiveram há minutos atrás. Cogitei voltar ao quarto e terminar o que começamos, eu precisava dele,  tanto que chegava a me assustar, girei a maçaneta da porta pronta para ir até ele. Mas meu lado racional se manifestou em tempo, sexo não resolveria nossos problemas, não tornaria verdadeira cada mentira contada, não mudaria nada entre nós, apenas complicaria tudo um pouco mais.

Sai do banheiro depois de alguns minutos me controlando e fui para a cozinha apenas para ver o objeto do meu desejo ali, lindo como sempre, numa tranquila conversa matinal com a mãe. Como ele podia parecer tão inabalável depois do que quase aconteceu?

— Felicity! — Moira pronunciou meu nome com um sorriso assim que me viu, ela usava um avental e parecia bem a vontade cozinhando no meu fogão — Eu estou fazendo o café da manhã, panquecas, você gosta?

Neste instante os olhos de Oliver vieram na minha direção e eu prendi a respiração. Seu olhar era como fogo intenso e quente sobre meu, ele não parecia mais inabalado, muito pelo contrário havia tantas perguntas em seu olhar, desejos e emoções.

— Eu a vi correndo para o banheiro essa manhã. Está se sentindo enjoada?  Talvez panquecas não seja uma ideia muito atrativa para o café da manhã... — divagou consigo mesma quando notou que eu não a respondi — Vou preparar um chá.

— Eu estou bem — assegurei — E essas panquecas parecem ótimas. Na verdade estou faminta! — constatei me sentando à mesa ao lado de Oliver que soltou um leve suspiro. 

— Gravidez é assim mesmo. — disse-me com um sorriso cúmplice — Eu nem perguntei... — Moira desligou o fogão, colocou as panquecas em pratos individuais e nos serviu. Aquilo parecia delicioso, nem esperei muito e logo ataquei o café da manhã — Que horas vocês vão ao trabalho? — perguntou, agradeci mentalmente por estar com a boca cheia de panqueca e ter um tempo maior para responder aquela pergunta.

— Bem... Felicity não está trabalhando no momento. — Oliver respondeu por mim — A chefe dela não era alguém muito confiável. – Não consegui evitar erguer minhas sobrancelhas com aquele comentário de Oliver.

— E a sua chefe por acaso era? — devolvi irritada assim que terminei de engolir, Isabel  era uma megera não iria negar isso, mas Amanda Waller merecia o título de vilã suprema dessa história.

— Era? Você não está trabalhando Oliver? — Moira inqueriu preocupada, sentando-se a mesa conosco e encarando Oliver diretamente.

— Eu trabalho em casa. —Semicerrei os olhos na direção dele. Como ele conseguiu pensar numa mentira tão rápido? Devia ser algum treinamento especial da ARGUS “como mentir rapidamente em momentos de tensão”, levei mais uma garfada da panqueca à boca. Eu preciso ressaltar, Moira Queen cozinha muito bem já sei de onde Oliver herdou o talento da culinária...

— Então agora sabemos de onde vocês tiraram tanto tempo livre para fazer esse bebê! –—Thea interferiu na conversa assim que entrou na cozinha, a insinuação dela me fez engasgar o que eu estava comendo.

— Você está bem? — Oliver rapidamente se virou para mim com um olhar preocupado me entregando um copo de suco, que eu bebi de uma única vez.

— Thea!  — Moira a repreendeu.

— O quê?! — respondeu com humor. — Eu só estou ressaltando que ambos são jovens e sexualmente ativos! Mamãe, eu não acredito que as cegonhas trazem os bebês há um bom tempo. E, além disso, como a senhora acha que Felicity conseguiu aquelas marcas vermelhas no pescoço dela? — Meu rosto ardeu com o comentário de Thea e não pude evitar cobrir aquele lado do pescoço com meus cabelos.

— Apenas sente-se Thea, e tome seu café. — ordenou Moira e Thea a obedeceu com um sorriso matreiro.

Nesse exato momento o telefone de Oliver começou a tocar ele olhou para a tela e  sua feição se tornou mais séria, ele pediu licença saindo da cozinha dizendo que era algo do trabalho. Foi inevitável, meus olhos o seguiram desconfiados enquanto ele nos deixava.

— O quê? — respondi quando Thea me chamou pelo o que deveria ser a enésima vez.  Eu estava distraída, quem seria ao telefone? Amanda talvez? Aquela parte de mim estava tensa com a possibilidade de Oliver estar mentindo outra vez.

— Eu estava perguntando se você já marcou um médico? — Thea perguntou com os olhos brilhando em expectativa.

— Ainda não... — respondi e seu sorriso caiu um pouco — É tudo muito recente, nós descobrimos apenas ontem... — tentei enrolá-la.

— A primeira consulta é muito importante Felicity. — Moira disse num tom maternal — Você já sabe de quantas semanas está?  O médico lhe irá dizer como você deve se alimentar, sua vida inteira irá mudar agora, sua rotina também, terá que tomar alguns cuidados...

Sorri educadamente enquanto Moira falava sobre como transcorria uma gravidez, mas minha mente estava em outro lugar. Mais especificamente em Oliver que voltava a cozinha, eu estava tentando decifrar a razão da expressão tensa em sua face.

— Eu vou precisar sair. — Oliver anunciou, notei que ele havia vestido uma jaqueta. — Há um problema no trabalho e eu preciso ir agora —  explicou vagamente enquanto  deixava um pequeno beijo de despedida sobre a testa da mãe e da irmã, e por fim tocando meus lábios com os seus suavemente.

— Eu preciso falar com você antes, querido. —  eu disse me levantando e indo até ele. Eu percebi que Thea e Moira se entreolharam naquele momento notando a estranha tensão entre nós, talvez eu tenha exagerado um pouco na forma como eu havia dito querido.

— Aonde você vai? — inqueri cruzando os meus braços assim que fechamos a porta do nosso quarto  — Quem ligou Oliver?  — exigi saber.

— John Diggle — pisquei com aquele nome, talvez eu estivesse pensando muito mal de Oliver porque imaginei que ele fosse dizer Amanda — Ele conseguiu um notebook da ARGUS, acha que se conseguirmos um bom hacker podemos entrar no sistema e rastrear os passos da Amanda. — explicou rapidamente.

— Eu vou com você.

— Felicity... — falou com aquele tom de quem iria negar.

— Eu não estou pedido Oliver, eu estou apenas te informando que vou com você. — decretei — Você me prometeu que não me manteria no escuro. — lembrei e ele suspirou irritado. — E, além disso, eu sou uma excelente hacker.

— Felicity, isso não é brincadeira. Não é como invadir o sistema da biblioteca e mudar a data de entrega de um livro. — Ergui uma sobrancelha, ele estava duvidando de mim? — Nossos pais dependem disso e é muito perigoso.

— Eu sei. Mas eu consigo, não vai ser a primeira vez que hackeio um sistema do governo americano. — Dei de ombros, Oliver semicerrou os olhos na minha direção e uma ruga fina surgiu entre suas sobrancelhas, eu podia dizer pela sua expressão que ele estava curioso — Longa história eu te conto no caminho. — Falei com um sorriso.

— Tudo bem. — deu-se por vencido — Vista um casaco, está frio lá fora.

***

Oliver não estava mentindo quando disse que estava frio.

Encontraríamos o senhor Diggle em uma cafeteria não muito longe do apartamento. Em circunstâncias normais ele iria até nós, mas Oliver e eu concordamos que seria melhor se Thea e Moira ficassem longe de toda essa história, em poucos dias elas iriam embora, nós salvaríamos nossos pais e tudo voltaria ao normal. Ou quase. O que Oliver e eu faríamos depois? Ele insistia que eu precisava ficar perto dele para que ele nos protegesse, e quando não houvesse mais perigo? Eu sairia do apartamento, nos divorciaríamos e então Oliver veria o filho nos finais de semana? A perspectiva parecia ruim, na verdade aquele pensamento fazia meu estômago embrulhar.

— Suas mãos devem estar congelando. — A voz de Oliver interrompeu minhas divagações.

— Eu esqueci minhas luvas. — comentei, esfregando uma mão na outra esperando que a fricção ajudasse a esquentá-las. 

— Me dê suas mãos. — Oliver pediu e antes que eu me desse conta minhas mãos já estavam ambas unidas e embaladas pelas dele.  Oliver as aquecia com o calor de suas mãos, e aos poucos eu senti  a quentura  se espalhar passando de sua pele para a minha.  Me surpreendi quando num movimento ele levou minhas mãos até seus lábios, sua respiração quente me aquecia ao mesmo tempo que seus lábios sobre minha pele me faziam estremecer.

— Obrigada.  — Sorri tolamente e ele sorriu de volta, um sorriso igualmente tolo devo acrescentar. Oliver precisava de muito pouco para fazer meu coração  se derreter por ele.

— Me desculpem o atraso. — O Senhor Diggle disse assim que chegou e imediatamente puxei minhas mãos das de Oliver  — Oh, eu interrompi algo? — Questionou, mas ambos negamos com um balançar de cabeça — Ok, eu vou fingir que acredito em vocês dois, mas só porque assim será mais fácil — Sentou-se retirando da mochila o notebook — Esse notebook é da ARGUS, então Felicity acha que consegue nos dar acesso ao sistema interno deles?

A descrença de Oliver e agora do Senhor Diggle estava começando a me irritar.

— É claro que consigo Senhor Diggle. — afirmei ainda emburrada com a falta de fé deles em mim.

— Por favor, me chame apenas de John. — pediu com um sorriso amigável, — Boa sorte. — desejou ao me entregar o notebook.

A dúvida deles estava machucando o meu ego, as coisas estava se tornando pessoais agora. Por isso não perdi tempo, peguei o notebook e comecei a trabalhar,  derrubei alguns firewalls de defesa, instalei meu pequeno vírus e pronto. Para ser honesta hackear a ARGUS nem tinha sido tão desafiador, me diverti muito mais quando invadi o sistema da Nasa por diversão quando estava na faculdade.

— Prontinho — falei após alguns minutos.

— Já? Mas você não demorou nem dez minutos! — Oliver falou surpreso enquanto eu virava o notebook na direção dele, mostrando que agora tínhamos acesso a qualquer arquivo da ARGUS.

— É que eu aproveitei o tempo extra para grampear o telefone da Amanda e rastreá-la pelo GPS, assim sempre saberemos onde ela está. — ressaltei orgulhosamente recebendo dois pares de olhos impressionados na minha direção —  Pode ser útil. Na verdade eu deveria fazer isso com Isabel também. — comecei a fazer o mesmo com minha antiga chefe.

— Eu não conhecia esse seu lado negro Felicity. — Oliver falou soando divertido e charmoso ao mesmo tempo.

— Eu tenho alguns segredos também, agente Queen. — respondi entrando na brincadeira.

— Eu acho que estou em desvantagem,  você conhece todos os meus segredos. — Seu olhar estava preso em meus olhos e nós sorriamos um para outro. Talvez fosse a cafeteria que me fazia lembrar do dia em que nos conhecemos, ou talvez fosse simplesmente Oliver e seu dom de  me fazer agir como uma tola apaixonada.

Ai. Meu. Deus. Oliver e eu estávamos flertando! Constatei aturdida. Diggle nos observava com um sorriso de quem estava assistindo a novela e finalmente o casal principal iria ficar junto. Infelizmente (ou felizmente) o celular de Oliver começou a tocar interrompendo o nosso nada inocente flerte.

— É minha mãe. — disse olhando para o visor do celular — É melhor eu atender. — assenti enquanto Oliver se afastava e me deixava a sós com  o Senhor Diggle, corrigindo John.

Eu estava ficando muito confusa, o que estava acontecendo com Oliver e eu? Esses pequenos momentos aconteciam cada vez com maior frequência, apesar da nossa briga e consequente separação continuávamos a agir como um casal apaixonado. Talvez fosse a presença de sua família em nossa casa, talvez fosse o bebê, ou talvez fosse porque eu  não conseguia não amá-lo.

— Você não consegue evitar não é? — John me questionou com um ligeiro sorriso e por um momento pensei que ele estivesse lendo meus pensamentos.

— Evitar o quê?

— Levar suas mãos a barriga a cada segundo. — disse com um sorriso — Minha esposa Lyla fazia isso o tempo todo. — Só então notei que minhas mãos estavam sobre minha barriga ainda lisa, tinha sido um ato impensado, percebi.

— Oliver te contou? — Semicerrei os olhos na direção dele, eu queria parecer um pouco ameaçadora, mas havia algo naquele homem algo e musculoso que me fazia associá-lo a um grande urso de pelúcia, fofo e incapaz de machucar uma mosca.

— Sim. — afirmou — E se, me permite eu gostaria de te dizer algo. —  apenas assenti com a cabeça e John assumiu uma postura mais séria —  Eu sei que Oliver fez muitas escolhas erradas, ele mentiu, ele escondeu coisas de você e essa não é a forma correta de começar um relacionamento. Mas ele realmente a ama. Nunca duvide disso, ele faria tudo por você e por esse bebê Felicity.

Suspirei. Amor não era o problema, eu sentia que Oliver me amava e amava esse bebê, eu não duvidava disso. Mas ainda tinha aquele porém, que me obrigava a ser cautelosa quando estávamos juntos.

— Às vezes eu não sei quem ele é realmente. —  acabei confessando, havia algo que me fazia confiar nele  — Quando ele está comigo eu vejo esse Oliver amoroso e carinhoso e eu quero estar com ele. Mas aí eu me lembro de que ele é um agente treinado, ele sabe mentir, ele sabe fingir e eu simplesmente não consigo definir qual desses “Olivers” é o verdadeiro. — expliquei e John sorriu para mim compassivo.

— Você não vê a diferença, mas eu sim. Eu conheço Oliver desde que ele entrou na ARGUS, e tudo mudou no  momento em que ele te conheceu. Você diz não ter certeza de quem ele é, mas ele é a pessoa que você o fez ser. Você o tocou, o mudou. Esse é o verdadeiro. É o seu Oliver.

Suspirei com o seu modo de ver as coisas. Eu não podia negar que John o conhecia há mais tempo que eu e isso lhe dava um perspectiva diferente.

— Talvez seja. — disse, desviando o olhar de John para Oliver que agora caminhava de volta para a mesa.

— Minha mãe queria se iríamos demorar a voltar para a casa e claro qual o seu prato favorito para que ela prepare o almoço. —  Sorri, Moira e Thea tinham chegado como uma surpresa não muito agradável no começo, elas haviam chegado no pior momento possível, mas agora eu não podia negar que tinha me afeiçoado a elas.

— Está tudo pronto, já podemos ir. — Eu disse.

— Então o que fazemos agora? — John perguntou.

—  Agora nós esperamos.

***

Oliver Queen

Acordei novamente com Felicity aninhada em meus braços. Tinha sido assim no último par de dias, e como sempre eu esperava pacientemente até o momento em que ela acordava e se desvencilhava de mim, só porque eu sabia que ela ficaria constrangida com a situação, e também porque eu gostava de aproveitar mais a sensação de tê-la em meus braços. Eu estava sendo masoquista em mantê-la assim tão perto sabendo que não poderia tê-la para mim da forma que eu queria, mas saber que ela estava segura comigo me tranquilizava, era um tipo diferente de prazer. Mas hoje ela estava demorando um pouco mais para acordar.

— Eu espero que vocês não estejam pelados porque eu estou entrando. — A voz de Thea preencheu o quarto e assim que abri meus olhos encarei seus olhos travessos nos fitando.

— Thea, o que esta fazendo aqui? — Felicity a questionou, curiosamente a voz dela não parecia nenhum pouco sonolenta, pela estabilidade dela eu diria que Felicity estava acordada há alguns minutos.

— É tão fofo! Vocês dois dormem abraçadinhos. — comentou com um sorriso bobo no rosto.

 — Vá direto ao ponto. — falei um pouco emburrado me sentando a cama, Felicity tinha se desvencilhado de mim e isso por si só já tinha me deixado mal humorado.

— Vocês estão atrasados. Felicity tem médico marcado hoje daqui uma hora.

— O quê? Mas eu não marquei nada. — afirmou, mas parecia um pouco confusa.

— Eu sei, você sempre muda de assunto quando mamãe e eu tentamos te convencer a marcar um médico. — comentou sentando-se na beirada da cama com um sorriso de quem havia aprontado algo. — Por isso eu peguei seu celular quando você não estava olhando, achei o número da sua médica na agenda, liguei e ela me indicou uma obstetra.  Então... temos um horário agendado! Aliás ela te desejou os parabéns!

Eu deveria repreender minha irmã pelo seu atrevimento, mas sendo bem honesto eu estava ansioso para isso. Saber mais sobre o nosso bebê.

— Você é uma cunhada muito enxerida. — Felicity disse, não parecendo realmente irritada com a atitude abusada da minha irmã, na verdade ela estava quase divertida.  Isso tinha sido algo interessante de observar nos últimos dias, a forma como Felicity parecia se encaixar perfeitamente em minha família. Minha mãe a adorava, Thea por sua vez parecia que era mais irmã dela do que minha.

— Tem um pequeno Queen aí dentro e eu quero saber mais sobre ele antes de ir embora! — se justificou — Eu adoraria saber se é uma menina!

— Ok, é melhor nos arrumamos. — eu disse me levantando da cama rapidamente.

— Eu sugiro à vocês dois tomarem um banho juntos, mamãe está  se arrumando no outro banheiro. Vão logo, eu ficarei aqui esperando vocês. — afirmou.

— Você realmente não entende o conceito de privacidade não é?

— O quê? — Fez uma cara de inocente — Não me digam que vão fazer certas coisas no chuveiro? — provocou-me.

— Para fora Thea. — A expulsei, me certificando de trancar a porta antes que a danadinha resolvesse voltar.

***

Estávamos todos na sala da Dra. Caitlin Snow. E quando eu digo todos, eram realmente todos: Thea e minha mãe insistiram em nos acompanhar. E para a sorte delas Felicity era muito gentil para mandá-las esperar do lado de fora enquanto terminávamos a consulta.

— Algum sintoma? Enjoo? Tontura talvez? —  Felicity negou com a cabeça — Aumento da libido? — perguntou  a médica.

— Um pouco. — Felicity confessou e imediatamente suas bochechas se tingiram de vermelho. Eu escutei risadinhas vindas de Thea, que ao ver meu olhar duro em  sua direção tratou de disfarçar com uma tosse.

— Isso é normal. —  a médica  respondeu com um sorrisinho cúmplice — No seu teste consta que você está com três semanas e meia, ainda bem no comecinho da gestação. Alguns sintomas devem aparecer nas próximas semanas, então eu vou te receitar algumas vitaminas e nos vemos na próxima consulta. — Aquilo era engraçado, de acordo com a médica quando Felicity e eu nos casamos ela já estava grávida.

— Espera como assim já acabou? Não faremos um ultrassom? — Thea interrompeu parecendo indignada com a situação.

— Parece que você trouxe um time bem ansioso! — a médica sorriu— É sempre assim com o primeiro filho.

— E primeiro neto. — Minha mãe adicionou.

— E primeira sobrinha. — Thea afirmou e todos imediatamente olharam na sua direção — Eu tenho certeza que será uma menina!

Por fim a Dra. Snow nos indicou o ultrassom transvaginal que era mais adequado às primeiras semanas do bebê. Eu fiquei calado a maior parte do tempo enquanto a médica realizava os procedimentos para o ultrassom, queria mostrar a Felicity que estava ali para ela e o bebê, mas a verdade é que eu estava nervoso como nunca estive em toda a minha vida. Aos poucos o monitor que estava ligado ao aparelho começou a mostrar algumas imagens.

— Vocês veem esse pequeno pontinho branco aqui? — A Dra. Snow apontou com uma caneta — Esse é o bebê de vocês.

Não consegui me conter naquele momento, procurei  a mão de Felicity e a entrelacei na minha.

— Eu sei que não era mais do que um pontinho branco e quase imperceptível, mas... — comecei emocionado.

— É o nosso bebê. — Felicity completou sorrindo e erguendo seus olhos para mim.

— É sim amor. – confirmei beijando o topo de sua cabeça comovido demais, não apenas porque eu seria pai, mas principalmente porque Felicity tinha dito nosso bebê e não o bebê como ela vinha se referindo ultimamente. Essa simples palavra teve o poder de encher meu coração de esperança, por mais que tudo entre nós estivesse uma confusão só.  Eu sei que talvez toda a nossa situação parecesse um pouco impossível de consertar, mas talvez isso não fosse sobre consertar o nosso relacionamento, talvez fosse sobre superar os obstáculos, as mágoas, as mentiras e torná-lo algo melhor e mais forte. Sobre amar a minha família com todo o meu coração, e acreditar que esse amor é capaz de curar as feridas e trazê-los de volta para mim.

— Então só para confirmar, ainda não dá para saber se eu vou ter uma sobrinha né?

 


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Notas finais do capítulo

Hello de novo! Talvez, só talvez eu esteja protelando um pouco as coisas... Mas me dei conta de que esse casal merece uma folga antes de toda a tensão que espera por eles em capítulos futuros! Então aproveitem essa aparente calmaria (enquanto ela durar)!

Então, me digam o que acharam desse capítulo!