Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 1
The Only Exception


Notas iniciais do capítulo

Eu deveria estar atualizando Loving Can Hurt Sometimes, ou Burning it Down ou até mesmo Loving- Como tudo começou. Mas estou aqui postando fic nova.O que eu posso dizer em minha defesa? Essa história precisava sair da minha mente para que eu pudesse escrever as outras!!!Espero que vocês gostem!



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Maybe I know somewhere

Deep in my soul that love never lasts

And we've got to find other ways

To make it alone or keep a straight face

And I've always lived like this

Keeping a comfortable distance

And up until now I had sworn to myself that I'm content with loneliness

Because none of it was ever worth the risk

Well, you are the only exception

(The Only Exception - Paramore)

 

 Felicity Smoak

O voo para Paris duraria aproximadamente oito horas, sem escalas. Eu olhava pelo pequeno cubículo da janela observando apreensiva o nevoeiro que cobria boa parte da minha visão, se tinha algo do qual eu tinha verdadeiro pavor era voar, e voar quando todos os canais do tempo previram uma tempestade parecia uma péssima ideia. A aeromoça deu suas instruções usuais e logo eu senti aquela coisa gigante feita unicamente de metal estremecer. Eu já checava o cinto de segurança pela terceira vez com as mãos tremendo, não que fosse de muita ajuda que a porcaria estivesse bem presa, se o avião caísse todos nós morreríamos, com cinto ou sem cinto, mas enfim... Respirei fundo várias vezes, tentando me acalmar e retirar aquele pensamento ruim da minha mente. Por mim, Oliver e eu teríamos passado nossa lua de mel em qualquer outro lugar, de preferência um no qual pudéssemos fazer todo o percurso terrestre. Mas ele insistira que esse era um momento muito importante das nossas vidas, e que merecia ser especial. E, quando ele me pedia eu simplesmente não conseguia negar, tinha algo de irresistível naqueles olhos azuis tão profundos, algo que me fazia sempre querer dizer sim para ele.

Apenas para ele.

Minha exceção.

Ele havia me mudado. Eu sei que parece bobo dizer isso, ninguém tem tanto poder sobre o outro que o faça mudar quem ele é, mas sonhos mudam a todo momento. A cada instante ao lado de alguém novo fazemos novas descobertas, descobrimos novas emoções, novos jeitos de sorrir, aprendemos mais sobre nós mesmos, nos reinventamos, amadurecemos, e sim, mudamos. Não pelo outro, mas por nós mesmos, porque temos em nós essa necessidade de mais. De sermos mais. De viver mais. De sentir mais.

Se há um ano alguém me dissesse que eu estaria hoje eu estaria nesse avião rumo a Paris, não apenas enfrentando meu medo de voar, mas sobretudo o meu medo de amar, eu diria que esta pessoa só poderia estar maluca. Eu não era a melhor pessoa com relacionamentos, eu não permitia que eles evoluíssem, eu não queria amar, porque eu costumava pensar que o amor era destrutivo. Eu tinha tanto medo de me apaixonar, que sempre me mantinha afastada e evitava qualquer situação em que eu pudesse, sem querer, me ver refém desse sentimento.

Depois de ver o quanto a minha mãe havia sofrido com a partida abrupta do meu pai há vinte anos, o quanto de dor que isto lhe causou e principalmente, a parte dela que foi tomada sem seu consentimento. Eu jurei que nunca deixaria alguém me destruir a tal ponto, nunca seria tola o suficiente para arriscar, eu manteria meu coração seguro. Porque eu a vi chorar todas as noites escondida no quarto dela, ela sempre fingia que tudo estava bem no começo e disfarçava dizendo que era um resfriado, e então forçava um sorriso para me convencer, mas aquela luz e vivacidade em Donna Smoak havia se apagado e nunca mais se acendera.

Eu me orgulhava de dizer que controlava meu coração, que eu nunca me apaixonaria, que eu seria a única pessoa que controlaria a minha felicidade. Até conhecer Oliver Queen.

Ele foi a minha perdição.

E ao mesmo tempo meu bote salva-vidas.

Suspirei e ergui a minha mão esquerda observando a aliança dourada que agora reluzia em meu dedo anelar esquerdo. Dizer sim ao Oliver foi o momento mais feliz da minha vida, eu nunca tive tanta certeza de algo como eu tinha de que o amava e que ele me faria imensamente feliz.

Minha mãe costumava dizer que a vida não era generosa com as pessoas, que a felicidade tinha um preço, e que ele seria cobrado. Da mesma forma que vinha assim de repente, ela ia embora com a mesma rapidez, tirava tudo de você e te deixava sem chão. Agora eu entendia que esse era o pensamento de uma pessoa amarga, alguém que se magoou tão profundamente que já não acreditava no amor. Eu costumava pensar assim também, mas Oliver conseguiu vencer todas as minhas barreiras, ele me mostrou que amar era algo mais. Amar era encontrar alguém que te olha como se você fosse a pessoa mais importante do mundo. Alguém que não te julga, alguém com que você pode desabafar depois de um dia ruim, e se apoiar nos piores momentos da vida. E eu tinha tudo isso e muito mais em Oliver.

— Alguma coisa errada? — Oliver me perguntou ao sentar-se na poltrona ao meu lado e ajeitar o seu próprio cinto de segurança.

— Não, estou apenas ansiosa, sabe? Esse é o começo. Nós somos oficialmente Senhor e Senhora Queen. — falei sorrindo.

Ele correspondeu meu sorriso com um ainda mais belo e reluzente, entrelaçou as nossas mãos e me analisou com seus olhos azuis que sempre me tiravam o fôlego.

— Eu também estou ansioso, há tantas coisas que eu quero te mostrar em Paris. Tantas coisas que eu quero fazer com você em Paris... — sussurrou sugestivamente, com um sorriso sexy pendendo nos lábios enquanto desenhava pequenos círculos no interior do meu pulso.

Aquele toque, aquele olhar me fizeram hiperventilar. Eu podia sentir o meu rosto se esquentar e engoli em seco. Oliver tinha esse efeito sobre mim. Ele, ao ver a minha reação, deu uma risada alta, e todos no avião imediatamente se viraram para nós nos lançando olhares curiosos ou irritados. Oliver sempre fazia essas insinuações para mim, ele dizia que esse era o segundo maior prazer dele: Me fazer corar. O primeiro era... Ok. Essa linha de pensamento não estava me ajudando a diminuir o tom de vermelho em minhas bochechas.

— Você pode parar? — tentei soar brava, mas acabei sorrindo quando vi o semblante divertido na face dele. — Todos estão olhando para nós, você não tem o direito de fazer isso comigo com tantas pessoas olhando. — finalizei, mais séria dessa vez.

— Eu pensei que colocar essa aliança no seu dedo me dava o direito de fazer qualquer coisa. Todas as coisas, senhora Queen.

Ai Deus, como eu iria sobreviver a um homem desses?

— Você tem um ponto. — senti minhas bochechas esquentarem um pouco mais, e desviei os olhos do sorriso de matar que ele exibia. — Eu apenas não quero que todos achem que nós dois iremos confirmar o clichê dos filmes. — Oliver me encarou sem compreender o que eu dizia — O casal recém-casado que faz sexo no banheiro do avião.

 O sorriso sem vergonha dele se tornou maior, sua mão livre se apoiou ao redor da minha, seus dedos roçando a pele delicada da orelha enquanto brincavam com algumas mechas de cabelo, me deixando ciente da sua proximidade e me fazendo esquecer todo o resto.

— Está é uma excelente ideia, querida esposa. — seu tom sugestivo e seu semblante sério me fez engolir em seco enquanto eu apenas imaginava. Para minha surpresa, Oliver riu novamente e se afastou, fazendo a áurea sensual ao redor de nós se dissipar. — Fazê-la corar é sempre um bônus, mas eu estava sendo nobre e tentando te deixar mais relaxada. Você estava com medo do voo, não estava? — só então que eu reparei que já havíamos decolado. Como ele conseguia perceber essas mínimas coisas em mim?

— Obrigada. — agradeci sinceramente, a decolagem era a parte que mais me aterrorizava.

— Foi um prazer! — exclamou com o usual sorriso sexy escorregando no canto seus lábios — Ainda com medo? — perguntou apertando minha mão mais firme junto a sua.

— Um pouco. — confessei.

— Apenas encoste-se em meu ombro e descanse. Eu manterei você segura. — E eu fiz o que ele pediu, mas não consegui dormir, estava ansiosa demais para isso. Então fiquei apenas ali, aninhada em seu corpo, sentindo o cheiro do perfume dele, aproveitando aquela sensação de proximidade.

Fechei meus olhos e pensei em toda a nossa história. O quanto eu tinha sorte de ter o encontrado. Oliver Queen havia mudado a minha vida, sobretudo a minha concepção do amor. Eu sempre seria grata a ele por isso, por me mostrar o que eu teria perdido se continuasse a me fechar.

***

Eu costumava ir à mesma cafeteria todos os dias impreterivelmente às sete horas da manhã. Cafeína era algo essencial para mim, sem a minha dose diária eu tendia a ficar um pouco rabugenta. E bom, para aturar a minha nem um pouco adorável chefe eu precisava de muita cafeína.

Eu o havia notado há algumas semanas atrás. Como não notar? Alto, corpo musculoso embaixo da blusa social, a qual ele sempre puxava as mangas até a altura dos cotovelos, dando um ar mais casual. Seus cabelos loiros escuros tinham um corte curto, num estilo militar e a barba por fazer completava o visual. Ele era a definição de lindo, e o melhor: ele tinha e os olhos mais azuis que eu já havia visto na vida. Era impossível ficar alheia a presença dele, bastava que entrasse no recinto e minha respiração mudava, a pulsação acelerava, eu tinha que me controlar para não virar a cabeça na direção dele a todo o momento. Ele sempre se sentava a duas mesas de distância da minha, com o jornal do dia em uma mão e uma xícara de café preto e sem açúcar na outra, ele sempre comprava bagel ou um bolinho, mas nunca o comia, o deixava perfeitamente enrolado dentro do saquinho e depois o entregava para o morador de rua que ficava naquela esquina. Eu sabia de todos esses detalhes porque constantemente me pegava olhando para ele sem querer. Nossos olhares se cruzaram algumas vezes, e ele sempre me lançava um pequeno sorriso simpático e eu desviava o rosto o mais rápido possível. Aquilo era constrangedor. Eu já estava ficando quase boa em ignorá-lo ou pelo menos em fazê-lo não me pegar o espiando, até o dia em que tudo mudou.

— Com licença — ele se aproximou da minha mesa ficando de frente para mim, percebi que sua voz combinava perfeitamente com ele.  Era encorpada e ligeiramente sexy, daquele jeito que fazia os pelos da nuca se arrepiarem. —, eu acho que nossos pedidos foram trocados. — falou me entregando sua xícara de café — O seu é com leite e açúcar extra, não é?

— Como você sabe? — perguntei estreitando os olhos na direção dele.

— Você pede o mesmo todos os dias. — respondeu um pouco sem graça, e eu fiquei surpresa por ele saber o que eu pedia todos os dias, isso significava que ele andava prestando atenção em mim. Tentei, sem muito êxito, tirar minha cabeça das nuvens depois dessa declaração e me focar na conversa.

— Forte e sem açúcar. — falei devolvendo o café dele, vi um pequeno sorriso se formar. Acho que ele notou que eu também havia decorado o pedido dele. Quando ele pegou o copo da minha mão nossos dedos se tocaram minimamente, mas ainda assim eu senti um arrepio percorrer meu corpo e posso dizer que pela reação dele ele sentiu o mesmo. Eu estava imaginando isso? Quase me belisquei para ter certeza de que não estava sonhando acordada. Pequenos sorrisos e um um momento em que dedos se esbarravam sem querer?

Não. Eu jamais seria capaz de imaginar aquela voz com tamanha perfeição.

Ficamos sem saber o que dizer ou fazer por um momento, ele se despediu com um aceno de cabeço e eu pensei que este era o fim do meu pequeno interlúdio romântico. Mas, para a minha surpresa, ele não chegou a dar dois passos quando se virou, um pouco incerto, e voltou para mim.

— Eu... ãhh... bem, você... — ele estava se enrolando com as palavras, aquilo era tão estranho. Eu era a pessoa que se enrolava, ele tinha aquele jeito confiante, eu não entendi o porquê dele estar tão nervoso, mas ainda assim era adorável, ainda mais adorável o ver respirar profundamente parecendo tomar coragem — Você se importaria se eu me juntasse a você? Eu estou um pouco cansado de ficar ali sozinho todas as manhãs. — indicou o lugar em que se sentava todos os dias. — Seria bom ter alguém para conversar.

Prendi a respiração com aquele pedido. Ele queria se sentar? Aqui? Na mesma mesa que eu? Ao mesmo tempo? E falar? Sobre o quê?

— Claro. — respondi, tentando conter o meu sorriso e falhando miseravelmente.

— Eu sou Oliver Queen, a propósito. — falou estendendo a mão e eu lhe dei a minha. Senti novamente aquela sensação, como se calor líquido percorresse meu corpo.

— Prazer, Felicity Smoak. — consegui responder sem soar como uma adolescente deslumbrada.

E foi assim que começou. Logo tomar café juntos fazia parte da nossa rotina diária, conversávamos bobagens e nos conhecíamos cada dia um pouco mais. Ele me contou que havia se mudado para cidade há pouco tempo, e que ainda não conhecia ninguém e eu contei que também não era dali, mas que o pouco que eu conhecia eu ficaria feliz de apresentar para ele. Descobri que Oliver trabalhava como arquiteto, em uma empresa não muito próxima a cafeteria, mas que como aquele era o melhor café que ele encontrou, não se importou de andar algumas quadras a mais.

Eu estava apavorada com tudo o que eu estava sentindo. Eu comecei a sentir a falta de Oliver nos finais de semana nos quais não tomávamos nosso café juntos, das nossas conversas ou apenas de ver o ar feliz e amigável do morador de rua quando ele lhe entregava o bagel e conversava com o senhor sobre a família dele. Eu me via tendo pensamentos tolos sobre o que eu iria vestir para trabalhar e se Oliver iria gostar. Se eu deveria usar meu cabelo solto para que ele pudesse colocá-lo para atrás da minha orelha, ou num rabo de cavalo para que ele ficasse com aquele olhar perdido em meu pescoço por alguns segundos.  Mas acima de tudo, eu me pegava sorrindo o tempo todo e do nada sempre pensando nele.

Não demorou muito para que começássemos a sair juntos, como amigos primeiramente. Eu deveria lhe apresentar um pouco da cidade, e então veio um almoço, um cinema na sexta à noite, teatro, um pequeno happy hour que acabou evoluindo para um jantar... Até que tudo mudou. Oliver se declarou. Eu me assustei, não porque eu não me sentisse do mesmo modo que ele, mas porque eu tinha medo de me apaixonar e de sair com o meu coração ferido no final dessa história. Eu contei a ele sobre o abandono do meu pai, sobre como eu tinha medo de me apaixonar e no fim terminar tão triste e desiludida quanto a minha mãe. Oliver por sua vez foi compreensivo e paciente, ele não se afastou e nem insistiu. Ele fez o impensável. Esperou. Sem me pressionar ou me abandonar. Ele apenas esperou até que eu decidisse que estava pronta. E quando eu lhe dei essa chance, ele a tomou com unhas e dentes. Aos poucos com seu jeito carinhoso fez cada uma das minhas defesas caírem. Ele me mostrou que nem sempre o amor machuca, e que o meu medo de amar estava me impedindo de ser feliz.

Sem sequer notar eu fui me entregando cada dia um pedaço maior de mim, permitindo que Oliver entrasse em meu coração e fizesse nele sua morada. Quando eu percebi eu já era dele, estava em um caminho sem volta, perdidamente apaixonada e absurdamente feliz. Quando Oliver me pediu em casamento eu sequer hesitei, eu respondi um eufórico sim e me joguei em seus braços. Eu sabia que Oliver Queen jamais me magoaria, não do modo que o meu pai fizera com a minha mãe. Eu sabia que ele me amava, pelo sorriso que me lançava, pela forma como nossos corações batiam em uníssono quando estávamos juntos. Pela forma que ele cuidava de mim, até mesmo com algo simples quanto meu medo de voar. Por aquela sensação de mil borboletas batendo asas na boca do meu estômago quando ele me beijava. A forma como ele me segurava firme em seus braços, como se temesse a minha partida.

Isso definitivamente era amor.

***

Chegamos a Paris às quatro horas da tarde de um sábado. O quarto do hotel era incrível, sofisticado, imenso com uma cama king size no meio e o melhor: tinha uma varanda com vista para torre Eiffel. Eu queria apreciar mais, conhecer a cidade luz, porém eu  não tinha percebido que estava tão cansada e a primeira coisa que fiz foi cair na cama cheia de pétalas de rosas e dormir.

Que péssimo jeito de começar uma lua de mel: desmaiando de roupa e tudo na cama! Nenhum pouco romântico.

Acordei horas depois ouvindo o barulho do chuveiro. Vi Oliver sair de lá com apenas a toalha enrolada na cintura. Corei com aquela imagem. Será que algum dia eu me acostumaria com ela? Com o que me fazia sentir? Provavelmente não.

— Boa noite, bela adormecida, pensei que teria que despertá-la com um beijo. — falou deixando um rápido beijo sobre meus lábios, aquele simples contato fez meu corpo inteiro ficar em alerta, acordado e desejando mais.

— Se quiser posso voltar a dormir para que possa me beijar novamente. — brinquei, desejando sentir seus lábios nos meus, mas ganhando seu riso nervoso em resposta.

— Eu pensei que você acordaria com fome, então reservei uma mesa em um lugar especial ­— seus olhos brilharam na minha direção — você deveria vestir aquele vestido vermelho, fica muito sexy em você — finalizou num tom rouco, e começou a se vestir.

Levantei-me e fui em direção ao chuveiro tentando ignorar o arrepio no meu corpo quando Oliver disse aquelas palavras e claro, sua evidente nudez. Depois da ducha, sequei meus cabelos rapidamente e os deixei soltos, apliquei uma maquiagem leve, não queria demorar muito, pois Oliver havia deduzido corretamente: eu havia acordado faminta. E claro, vesti o vestido vermelho.

Os olhos de Oliver varreram meu corpo com deliberada luxúria, o vestido em si não era tão curto ou colado, ele sequer tinha um decote revelador. Era bem básico. O que o deixava sexy era a forma como a seda parecia aderir suavemente a cada curva do meu corpo sem as marcar, apenas as insinuando.

— Vamos? — falei assim que terminei de calçar meus saltos.

— Você é tão linda. — Oliver elogiou com evidente admiração, me rodopiando e puxando para os seus braços — Como eu consegui uma mulher tão perfeita como você? Eu não a mereço. — divagou, seu semblante ficando levemente triste e o olhar se perdendo para longe por um momento.

Eu já o tinha visto assim outras vezes. Era uma espécie de tristeza misturada com culpa. Como se algo estivesse errado, como se ele estivesse feito algo do qual se arrependia.

— Oliver... — comecei, disposta a desvendar o que estava acontecendo, mas fui interrompida por seus lábios exigentes.

Ele puxou meu corpo em direção ao dele e me prendeu ali firmemente. Oliver me beijou com vontade e eu o correspondi com a mesma fome, desfazendo-me em seus braços. Como um beijo poderia demonstrar tanta coisa? A forma como a língua dele traçava o meu lábio inferior e o fato de suas mãos estarem ao redor do meu rosto o segurando delicadamente. Aquilo era sexy e carinhoso ao mesmo tempo. Com ele eu tinha tudo: a delicadeza do amor e luxúria da paixão.

Eu consegui sentir suas mãos quentes por cima da seda fina, quando elas deixaram meu rosto e deslizaram pela coluna se acomodando possessivamente ao redor da minha cintura. Do jeito como ele prendia meu corpo junto ao dele, pensei que talvez tivesse desistido de sair e decidido passar a noite no quarto. Para mim estava tudo bem! Podíamos pedir o serviço de quarto depois de eu saciar essa outra fome. Escorreguei minhas mãos por seu peitoral e comecei a abrir os botões da camisa dele, mas Oliver se afastou me deixando ali querendo mais.

— Melhor irmos ou vamos nos atrasar. E eu acho que é melhor deixar a sobremesa para o final, Sra. Queen. — falou com o sorriso que eu tanto amava voltando a iluminar seu rosto.

— Você está amando me chamar de Sra. Queen, não está?

— Por que acha isso, Sra. Queen? — devolveu com falsa inocência me fazendo rir, enquanto ele entrelaçava nossas mãos e seguíamos para fora do quarto.

O restaurante escolhido por Oliver ficava próximo ao hotel, por isso nós decidimos ir caminhando de mãos dadas sob o céu límpido e estrelado de Paris. Eu não sei se era porque eu estava feliz, mas tudo parecia mais bonito essa noite. A lua estava maior e reluzente, as estrelas mais brilhantes e o ar tinha um cheiro delicioso de orvalho e flores exóticas que me deixavam inebriada. Talvez essa fosse a sensação que Paris nos causava, a cidade parecia simplesmente vibrar em sintonia com as minhas emoções.

Ou talvez fosse apenas Oliver.

Ele tinha feito reserva em um restaurante ao ar livre, que ficava de frente para o rio Sena, e com uma vista de tirar o fôlego da torre Eiffel. Nós tínhamos acabado de nos sentar quando o celular de Oliver começou a tocar, ele praguejou irritado ao olhar para tela.

— Amor, você se importa se eu atender essa ligação? É do trabalho, eu prometo que serei rápido, e depois desligarei o telefone. — perguntou-me.

— Claro. — concordei sorrindo para ele que se levantou e se afastou.

Fiquei o observando de longe, Oliver parecia estressado durante o telefonema. Pela forma que se movia de um lado para o outro, eu podia dizer que ele estava discutindo com alguém, eu não podia recriminá-lo, se alguém do meu trabalho me ligasse enquanto eu estivesse em lua de mel, eu iria querer arrancar cabeças. Mas quando retornou a mesa, ele não era o mesmo Oliver sorridente que eu estava acostumada. Alguma coisa tinha acontecido, algo que o deixara preocupado.

— Oliver, está tudo bem? Você parece um pouco desligado. — inqueri, eu queria que ele dividisse comigo os seus problemas, afinal era isso que um casal fazia. Os votos eram na alegria e na tristeza!

— Me desculpe, é só um problema que surgiu no trabalho. Não deixarei que uma bobagem dessas atrapalhe a nossa noite. — falou decidido, mas seu sorriso forçado não me enganava, algo ainda o estava incomodando.

O restante do jantar transcorreu perfeitamente, Oliver foi atencioso, romântico, como sempre, mas aquela pequena ruga de preocupação entre os olhos dele ainda estava lá. Ele podia disfarçar o quanto quisesse, mas eu sabia que algo estava errado. Ao final do jantar o telefone de Oliver tocou novamente. E outra vez ele se afastou para atender. Fiquei apenas o observando e vi de longe quando uma mulher o abordou assim que ele desligou o celular. Notei pela forma que ela se aproximou que eles deviam se conhecer.

Mas havia algo estranho na forma como eles se comportavam, Oliver parecia tenso, receoso e a mulher por sua vez, tinha uma altivez que era um pouco assustadora, na verdade ela inteira me dava arrepios. A forma como o cabelo escuro estava preso em um coque rígido acima da nuca, a roupa sóbria, e os lábios que estavam apertados em uma linha fina em claro sinal desagrado. Tudo aquilo me passava a ideia de que aquela era uma pessoa a qual eu não gostaria de contrariar.

Ainda assim, me vi levantando e caminhei na direção deles.

— Oliver, não vai me apresentar a sua amiga? — cheguei suavemente enrolando o meu braço no dele, percebi que ele se assustou com a minha presença.

— Claro. — respondeu parecendo um pouco tenso — Esta é minha esposa, Felicity. — Estiquei minha mão para a mulher que correspondeu com um aperto de mão firme, a observei bem, ela parecia um pouco velha demais para ser alguma ex de Oliver, e o sorrisinho de satisfação no rosto ao me ver me confundia — Felicity, essa é Amanda Waller, minha chefe.

 


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Notas finais do capítulo

Então me digam se gostaram (se não gostaram podem falar também)! Adoro saber a opinião de vocês! Bjs!