Margarida! escrita por Ramyse


Capítulo 1
Único - Margarida!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Me inspirei pra fazer essa one depois de ver fotos de margaridas no tumblr e um vídeo muito lindo, mas muito triste. E aviso que só postarei one-shots.



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“Minha filha, deixe-me ir, você tem mais o que aproveitar. As margaridas a voar pelos campos dourados, em homenagem ao seu pai.”

A história de meu nome resumido em um poema feito por meu pai antes de ir embora para um lugar desconhecido.

Eu me repreendia por pensar em meu pai. Eu sabia que ele não voltaria. Ele havia me deixado em um orfanato com esse simples poema.

Mas eu acho que ele tinha seus motivos. Todos temos. E acho que estou melhor do que antes.

— Margarida, querida, desça. Nathan está aqui.

Ah Nathan! Ele era meu melhor amigo desde que Sarah e Valentim me adotaram. Eu vivo com eles desde os cinco anos de idade. E Nathan chegou em minha vida em um ótimo momento. E vamos falar a verdade, eu tive e continuo tendo uma pequena queda pelo meu melhor amigo.

— Hey florzinha! – ele me abraçou. — Pensei que fosse me deixar esperando igual a um bobo.

— Querido, você é um bobo. Isso é questão de prestar atenção. – eu ri da cara que ele fez.

— Margarida, ah, Margarida. Como você vai sofrer nas minhas mãos hoje.

Hoje nós havíamos combinado e ter um dia só nosso. Como estávamos de férias ele decidiu passar maia tempo comigo, não sei por quê. E como amanhã é meu aniversário, ele me prometeu que me faria uma surpresa.

— Nath, me espera, vou pegar minha bolsa. – corri escada acima para o meu quarto, peguei a bolsa que se encontrava na escrivaninha e me olhei no espelho.

Calças esfoladas, sapatilhas claras, cabelo cacheado – natural, não sou de ligar para o que acham de meu cabelo –, a blusa amarela clara, que se contrasta na minha pele quase negra. Muitas vezes sou vítima de racismo e preconceito por culpa disso, mas não levo a sério os comentários.

Coloco um sorriso no rosto e vou para o andar de baixo. Nathan me espera na porta e sorri quando eu volto.

— Madame está pronta para o melhor aniversário da sua vida?

— Sim. Eu estou! – digo mais animada do que deveria estar. – Mas Nath, meu aniversário é amanhã.

— É eu sei. – ele responde meio cabisbaixo.

— OK. Agora coloca um sorriso no rosto e vamos.

Ele sorriu e eu avisei meus pais que estava indo. Nathan me segurou pela cintura e eu passei meus braços por cima de seus ombros.

Fomos ao ponto de ônibus e esperamos o que ia em direção ao shopping da cidade. Algumas pessoas que estavam no local me olhavam com superioridade e outras me davam breves sorrisos.

Eu e Nathan esperamos o ônibus em um silêncio gostoso, enquanto sua mão se firmava cada vez mais em minha cintura, como se quisesse deixar uma marca.

O ônibus que queríamos chegou e nós sentamos em um dos bancos vazios. Nathan estava sério.

— Ei, Nath, o que foi? – ele me olhou e sua face suavizou.

— Nada minha pequena, espero que não fique decepcionada de eu não estar aqui amanhã.

— Nath, você está aqui hoje, comigo. E isso não tem como me deixar mais feliz. – ele sorriu e me abraçou meio sem jeito.

Parecíamos namorados, bem que podíamos, mas desde que nos conhecemos temos esse ”carinho especial” um pelo outro.

O ônibus parou na entrada do shopping e esperamos todos descerem para descermos.

Tudo foi tao divertido. Nath me deu um urso de pelúcia gigante e como nós não tínhamos onde guardar, a senhora da loja disse que guardaria para nós. Enquanto Nath pagava eu fui para fora da loja olhar as pessoas se divertindo. Vi que Nath conversava amistosamente com a senhora.

Quando saiu estava sorrindo do mesmo jeito de antes.

— Que tal almoçar agora? – ele disse com a mão na barriga.

— Claro. Estou faminta. – disse e ele riu.

Comemos lanches enquanto jogávamos batatas um no outro com o objetivo de um conseguir pegar a batata com a boca. As risadas saiam loucamente e as pessoas que passavam nos olhavam e sussuravam, umas nos olhav feio e outras riam junto com a gente.

— Ai, Ma. Não aguento mais rir. – ele disse ofegante.

— Nem eu. – coloquei a mão na barriga que doía.

Nós jogamos os lixos e descemos de escada rolante.

— Que tal depois irmos no cinema? – ele perguntou a mim.

— Claro. Ótima ideia. – sorri enquanto ele me guiava a mais uma surpresa.

Comemos chocolates, ele me deu um lindo colar com um pingente de coração cortado ao meio e a outra parte estava com ele. Nós parecíamos crianças em parques de diversão. Ele me deu um lindo vestido para usar na festa de amanhã, que seria um baile de máscaras. O vestido era preto de alças finas e tinha rendas lindas na ponta.

Fomos ao cinema e assistimos um filme de comédia onde demos mais risada com as palhaçadas um do outro do que com o filme.

O dia passou rápido e eu só fui perceber isso quando estava em casa e Nath estava ao meu lado.

— A dama está entregue. – ele disse e me deu um beijo na bochecha. – Não sei se vai gostar da surpresa de amanhã. Me desculpe se não gostar. Até logo, Margarida.

— Até logo, Nathan. – nos despedimos e eu fui direto para a cama.

Estava exausta e nem ouvi meus pais me chamando na sala de estar.

Me joguei na cama sem trocar de roupa e dormi.

Acordei cedo e vi meus pais com uma caixa grande na porta.

— Bom dia princesa. Feliz aniversário. – meu pai beijou minha testa e colocou a caixa no chão.

— Os pais de Nathan nos entregaram a caixa hoje de manhã. E Nathan me entregou esse bilhete ontem e pediu para ler. Se precisar de algo estamos na cozinha querida. – minha mãe disse me abraçando.

— Tudo bem. – sorri esfregando os olhos.

Eles saíram do quarto e rasguei o envelope do bilhete.

“Olá minha pequena flor. Desculpe não estar junto a ti neste dia tão especial. Mas é que eu não posso. Sabe? Eu estou em um lugar mais calmo agora. Acho que não tem outro modo menos doloroso de te contar isso minha princesa.

Se você está pensando no céu, acertou. Eu estou aqui em cima. Cuidando de ti, para que ninguém te machuque.

Agora sou teu anjo da guarda. Me perdoe por não te contar. Eu estava muito doente. Não teria coragem de te ferir e fazê-lá ter falsas esperanças.

A minha leucemia já estava em um grau muito avançado e meu médico me disse que eu teria mais um mês de vida e eu gastei esse mês muito bem ao seu lado. Hoje é dia 31. Seu aniversário e meu dia de felicidade. Não estou triste por estar morrendo, estou triste em te deixar sofrendo. Queria estar ai ao seu lado para te abraçar e dizer que tudo ficará bem. Mas é verdade. Tudo ficará bem. Um dia nos encontraremos novamente e eu vou poder te fazer sorrir com minhas piadas idiotas e você também me irá me fazer sorrir com sua beleza.

Sempre tive medo de admitir, mas Margarida, desde que nos conhecemos tudo o que eu sentia ia além da amizade. Eu te amava e não sabia. Ainda amo. Peço desculpas pelas vezes que te troquei por outra garota. Mas saiba que eu sempre pensava em você. Meus sonhos sempre foram em ter você ao meu lado, no altar dizendo em alto e bom som um simples ‘sim’.

Seu nome, Margarida é uma das coisas mais simples que já ouvi e espero que com essa margarida, você se lembre de mim até que não queira mais sofrer.

Até logo, Margarida.”

As lágrimas caiam livremente por meu rosto. Eu não conseguia acreditar que Nathan havia me escondido tudo isso durante todo o tempo. Mas o que eu nunca acreditaria é que ele havia ido. Eu nunca mais veria um sorriso dele na minha frente. Nunca mais ouviria as piadas idiotas que me faziam rir. E não sentiria mais seus braços ao meu redor. Seu cheiro no meu nariz. Sua voz no meu ouvido.

Corri para a caixa tropeçando nos pés e sem enxergar nada por conta das lágrimas. Abri de qualquer jeito, e encontrei os presentes que ele havia me comprado. As fotos que ele guardava todo esse tempo. As cartas que trocamos nas aulas. O primeiro e o último presente que dei a ele. E algo mais importante. A metade do colar que ele havia me dado ontem junto a um pequeno bilhete.

“Eu só posso te dar a metade, mas saiba que meu coração sempre foi seu.”

Abracei todas aquelas coisas e a tristeza tomou conta do meu corpo. Gritei mais o mais alto que meus pulmões aguentavam. Por que não eu? Por que ele não nós?

Meus pais entraram no meu quarto, mas se retiraram ao ver meu estado.

Tudo o que ele tinha dito ontem. Ele sabia que ia morrer. Ele ia me deixar e bem me avisar. Ele decidiu do jeito mais difícil.

Mas ele sempre soube. Se não, saberá agora, que meu “sim” sempre será dele.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Ok, eu não ligo, só comentem ai embaixo suas críticas, sejam construtivas, negativas ou positivas.
Vejo vocês logo.



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