Namorado de Aluguel escrita por Andye


Capítulo 6
Pratos Sobre a Mesa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, bom dia ainda!!! Passei rapidinho pra deixar vocês com o nosso novo capítulo.

Espero que gostem e, como sempre, que comentem.

Beijocas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632728/chapter/6

...

— Eu disse pra você deixar o Jason ganhar – Astoria falou irritada, entre os dentes, mantendo um sorriso forçado..

— Astoria, eu sei o que estou fazendo… - ele respondeu com toda a sua confiança, deixando a garota descompassada por breves instantes.

— Não Draco – ela o interrompeu e o fitou com intensidade — Você deveria estar do meu lado. Deveria estar me ajudando.

— E eu estou, Tory – disse ele correspondendo o olhar — Tenha certeza disso.

Os olhos dela se tornaram curiosos. "Desse jeito?" Pensou, mas não comentou. A verdade era que ele parecia mais preocupado em se exibir de que em ajudá-la. Foi por isso que ela aceitou, a contragosto, a mão que ele lhe ofereceu e sorriu sem sinceridade quando chegaram à mesa onde todos os aguardavam para o lanche.

Ela aproveitou que a família estava distraída, conversando sobre o jogo, para voltar a fitar o loiro. Draco permanecia irritantemente calmo e sereno, e isto fazia com que ela se sentisse verdadeiramente irritada.

Ela respirou fundo, permanecendo calada e tentando entender o que se passava pela cabeça dele. Ficou ruminando o fato de ele achar que a estava ajudando, mas definitivamente, ela não conseguia entender como.

Foi quando uma confusão a invadiu. Não sabia mais se devia se sentir irritada ou feliz com Draco, pois, por pior que tudo lhe parecesse, não poderia reclamar. Draco era uma excelente companhia e ela se sentia muito bem ao ver como ele a olhava e como as outras mulheres a invejavam pela bela companhia que trazia ao seu lado. Sim, disso ela não poderia reclamar.

Sua atenção foi atraída pela voz do pai.

— Pensamos que não viriam mais – ele tinha um amigável e convidativo sorriso nos lábios.

— Ah! O jogo estava emocionante - Pansy falou enquanto sentava à mesa —Ganhamos de virada! O gatão da Astoria é mesmo pau para toda obra… E que obra. - suspirou encarando o loiro que sorriu em resposta.

Astoria ficou ainda mais confusa ao perceber que aquilo não a agradava e tentou se acalmar dizendo a si mesma que o motivo era que por Draco ser seu namorado – mesmo falso – não devia agir assim.

— Verdade Draco? - o senhor sorriu.

— Não acho que seja tão bom quanto a sua sobrinha diz, mas foi um ótimo jogo – seu sorriso se espalhou para todos a mesa.

— Ah! Então, finalmente, alguém conseguiu vencer Jason? - a mãe de Astoria perguntou.

— Finalmente! - Pansy confirmou empolgada ao se reclinar e encostar à cadeira.

— E você Astoria, não tem nada a dizer? - a mãe comia um sanduíche enquanto esperava a resposta da filha.

— Ah, mamãe. Digo o mesmo que os dois – respondeu Astoria. Ela tentava se manter neutra na disputa que obviamente havia se iniciado aos olhos de todos: seu ex contra seu atual. Jason contra Draco — Foi um bom jogo - A mãe a fitou por alguns segundos antes de voltar a falar.

— Não é o que parece, minha filha. Pansy parece estar muito mais orgulhosa de seu namorado que você.

Todos a encararam. Draco permaneceu impassível, comendo, e Jason sorriu presunçoso. Astoria corou violentamente, encarando as mãos em seguida, claramente envergonhada. Dafne foi em seu socorro.

— Claro que não, mamãe. Devia ter visto como ela vibrou no último lance – e emendou empolgada — Sei que estava no time adversário, mas o Draco foi formidável. O loiro sorriu para ela em agradecimento.

— É verdade. - Ed completou - O jogo foi difícil e o Draco já é fixo no meu time, com certeza.

— E o que acha disto tudo, Astoria? - a mãe insistiu como se quisesse provar algo.

— Que o Draco foi maravilhoso - falou olhando da mãe para Draco.

Ela abriu o sorriso falso novamente, mas assim que o olhar de Draco prendeu o seu ela percebeu que ele sabia que ela encenava e isto não o impediu de lhe sorrir de volta.

— O que está achando da cidade, Draco? - o pai perguntou mudando o rumo da conversa.

— Posso dizer sobre o pouco que vi que se trata de uma belíssima cidade.

— Vai ficar encantado com a Igreja, Draco. É em meio as árvores, flores… os esquilos aparecem sempre, é tudo tão lindo e perfeito, parece coisa de filme, de conto de fadas! - Dafne completou empolgada.

— Sim, a Igreja é linda. Ainda consigo lembrar como ficou linda para o quase casamento da Astoria - a mãe falou e todos se calaram.

Dafne, Pansy e Ed olharam diretamente para a senhora que falara. O semblante era distinto em cada um deles, intercalados entre o espanto, a raiva e o desconforto, respectivamente. Astoria não conseguia entender porque a mãe insistia em fazê-la recordar daquele dia, de como ela não fora capaz de prender o homem que desejara.

O pai e Draco seguiram o olhar para Astoria. Tristeza e empatia banhavam os dois. Ela tinha, agora, a face ainda mais rubra, entrelaçava os dedos sob a mesa, ansiosa, enquanto olhava de um para outro. Jason se encolheu em sua cadeira, como se fosse um intruso.

— Você se lembra, minha filha? Lembra de como nos motivamos a fazer tudo como em um conto de fadas, do jeitinho que você queria? Lembra das rosas que combinavam com a cor do vestido das damas? Lembra da música, da beleza do seu vestido?

— Sim mamãe, eu lembro. - ela permanecia atordoada. Seus olhos se esbugalharam e os ombros ficaram tensos.

— Pois é. Tudo teria sido perfeito, mas no fim das contas acho que casamento não é algo que funcione pra você.

— Acho que a senhora está esquecendo de quem é realmente a culpa de tudo o que houve, titia - Pansy meteu-se claramente irritada, lançando o sanduíche violentamente sobre o prato e fitando Jason como se fosse saltar sobre ele.

— Sim, sim. Jason. Mas eu não o culpo totalmente. Nem mesmo culparei o Draco quando fizer o mesmo.

— Mamãe! - exclamou Dafne.

— É verdade. Por que vou esconder? Astoria é minha filha e eu me orgulho dela, mas relacionamentos não é o seu ponto forte. Ela é certinha demais, inteligente demais, boazinha demais, perfeccionista demais…

Astoria viu a mãe fita-la e, por mais que tentasse, não conseguia desvia o olhar enquanto a mãe prosseguia.

— Não sabe e nunca saberá amar se continuar deste jeito. Não sabe se deixar amar. Não sabe ser feliz com as pequenas coisas que a vida lhe proporciona. Tudo tem que ser sempre perfeito demais. Sem falhas, sem erros, e isto irrita. Irrita qualquer pessoa. Quem seria capaz de suportar tudo isto por muito tempo? Jason apenas desistiu em tempo.

Quando a Sr. Greengrass terminou todos permaneceram calados. Digerindo suas palavras. Draco fitou Astoria e se perguntou o porquê de ela não se defender. Ela apenas respirou fundo, seus olhos arderam quando ela se esforçou para não chorar. O que ela mais temia estava acontecendo, ela era o centro das atenções e da forma mais cruel possível.

— Olha titia, não inverta valores – Pansy se meteu novamente — Ele a abandonou no altar. Ele é o fracassado. Ele a magoou…

— Mas eu também sofri - Jason defendeu-se.

— Ah…! Faz-me rir, idiota. Não vem com essa historinha de Madalena arrependida pra mim que não cola mesmo. - Pansy falava com um tom de voz muito áspero agora.

— Astoria sempre foi demais pra mim…

— Nisso você tem razão, porque você é um Zé ninguém, seu paspalho... - a moça continuou, vermelha de irritação.

— Pra você, pra o Draco e pra qualquer ser humano que ouse se aproximar dela - a mãe continuou — Ela assusta. Afugenta qualquer um.

Astoria não conseguiu mais se segurar e Draco viu o brilho de uma lágrima solitária correr tímida pela face, quase que escondida pelos cabelos. Falavam como se ela não estivesse presente, como se fossem os responsáveis por sua vida. "Será que não percebem que estão lhe machucando com esta situação?" Ele sentiu-se mal e percebendo que Astoria não falaria, tomou a palavra.

— Acho que sou a melhor pessoa para decidir isto, senhora. - Draco falou e todos se calaram, olhando espantados para ele, como se, só agora, lembrassem que ele fazia parte da conversa e que estava sentado com eles à mesa.

— É verdade que a Astoria é muito perfeccionista e o seu jeito pode realmente assustar pessoas que se imaginam adultas, mas que na verdade, não passam de um bando de crianças grandes preocupadas apenas com o seu próprio umbigo.

Draco prosseguiu deixando claro que não gostara do que estava acontecendo ali.

— Muito obrigado pela consideração e preocupação, senhora, mas se um dia chegar a terminar o meu relacionamento com a Tory, não será pelos motivos que a senhora acredita.

Depois se voltou para Jason.

— Quanto a você, terá de viver e conviver com o seu remorso e culpa por tê-la abandonado – seu sorriso de lado se abriu — e eu o agradeço, porque se não tivesse cometido esta idiotice eu não a teria conhecido e não estaria aqui, agora, com alguém realmente especial.

O riso ficou ainda maior.

— Mas como dizem, uns riem e outros choram – ele estendeu a mão para Astoria — Agora, se nos dão licença, gostaria de levar minha encantadora namorada para dar um passeio.

Em seguida, sob os olhares surpresos de todos, ele levantou-se e a tirou do lugar. Quando já haviam dado alguns passos ela o fitou nos olhos e sentiu o coração quente. Sorriu levemente acanhada e aumentou a pressão no aperto de mão que davam.

Caminharam pelo parque, de mãos dadas e em silêncio, por um bom tempo. Draco queria falar, mas temia parecer intrometido demais, afinal, não estava ali para isto. Mas ela precisava dele, parecia tão desamparada e indefesa. Sentiu um desejo enorme de envolver seus braços ao redor dela, de lhe proteger. Mas optou por ficar em silêncio, em deixá-la em paz com os seus próprios pensamentos.

— Obrigada. - ela falou, enfim.

— Não há o que agradecer.

— Claro que há - ela olhava para o chão enquanto falava — Enfim, obrigada por me ajudar… Por me defender.

— Não é nada, Tory. Fiz o que deveria ter feito. O que qualquer um faria nesta situação.

Ele sorriu. Ela sorriu de volta.

A verdade é que ninguém, além de seu pai, jamais a defendeu assim. Nem mesmo Jason em seus melhores tempos de relacionamento ousou desafiar ou enfrentar sua mãe, sair em seu socorro.

"Pensando bem, Jason nunca se importou de verdade comigo."

Este era um fato inédito e ela não sabia como agir ou reagir. Enquanto sua mente vagava por estes pensamentos, Draco a trouxe de volta a realidade.

— Aceita um sorvete? - perguntou ao avistar um carrinho.

Ela aceitou concordando com a cabeça. Compraram e continuaram caminhando pelo parque, lado a lado, novamente em silêncio até ele não resistir mais e finalmente expressar a duvida que o abalava.

— Por que faz isto, Tory? Por que deixa que te tratem assim?

— Na realidade, eu mesma não sei. - o tom de voz estava triste — Acho que cansei de contestar, de me defender inutilmente. Minha mãe sempre encontra algo para apontar e os outros acabam achando que devem se envolver também, você acabou de ver como é.

— Sim… Bem chato.

— Se é. Sempre foi assim. Depois do fracasso do casamento, piorou. Ao invés de me apoiar e me ajudar, minha mãe me culpou. Talvez até ela tenha razão.

— Claro que ela não tem…

— Você não me conhece…

— Conheço o suficiente para perceber que a culpa do fim entre você e Jason não é sua.

— Não acredito – ela admitiu e depois respirou profundamente — E eu cansei, sabe? Eu me acostumei a ser diminuída e a sempre ter a culpa… Cansei de ouvir e por isso fugi.

Ela parou e ele esperou que ela continuasse.

— Em três anos, esta é a vez que mais passo algum tempo aqui. Só costumo vir em visitas rápidas, ou nem isto. Nosso convívio praticamente não existe. Nosso contato é por telefone, por e-mail, sms… - ela o fitou — Simplesmente não aguentei, e pode me julgar também. Pode me recriminar por isto. Eu sei que mereço.

Draco viu naquela afirmação a força que a própria Astoria não conseguia ver em si mesma.

— Não deveria pensar assim.

— Mamãe tem razão. Sou irritante e perfeccionista demais. Assusto as pessoas. Quem seria realmente capaz de suportar tudo isto? Para estar com alguém ao meu lado, tive que pagar.

Draco sentiu-se realmente mal com aquelas palavras. De repente lhe deu vontade de dizer que ele seria capaz, e que isso não tinha nada a ver com sua decisão. Repreendeu-se por este pensamento estúpido e fitou os próprios pés. Quando voltou a olhá-la, percebeu que ela contemplava algumas crianças que brincavam em um balanço pouco a frente de onde estavam. Estava distraída e levava a colher com sorvete a boca mecanicamente.

— Tenho certeza que existe alguém capaz disto, Tory, mas só depende de você.

— Como assim? - ela o encarou e ele sentiu, estranhamente, seu sangue pulsar mais agitado.

— Precisa parar de sentir tanta pena de si mesma. Parar de ficar esperando que os outros vejam como você é de verdade, e sim, passar a mostrar o quão maravilhosa você é.

Ela desviou o olhar e ele continuou.

— Você precisa se dar conta do que quer e do que é melhor para você e parar de implorar amor… - era obvio que ele falava de Jason — Parar de implorar amor de quem não te valoriza e que nunca será capaz de te dar o amor que você merece.

Ele parou e a forçou delicadamente a voltar a fita-lo.

— Precisa dar mais valor a si própria e viver a sua vida sem se importar com o futuro, com o amanhã ou com o que vão pensar de você.

Outra lágrima solitária rolou pela face dela, mas esta ele deteve tocando-lhe de leve o rosto. Ela lhe sorriu e depois voltou a observar as crianças a sua frente

— Eu sei que essas palavras são duras, Tory… - concluiu ele — Mas você é incrível e precisa se dar conta disto.

— Obrigada, mas... - a face dela avermelhou — eu não sei se sou tudo isto.

— Sim, você é. E quando se der conta disso, sua vida vai mudar completamente.

— Você acha? - perguntou olhando para ele, ansiosa.

— Tenho certeza. - ele sorriu para ela.

— Você é um cara legal. - ela o olhava com ternura.

— Não sou não. Eu sou um prostituto, lembra? – ele brincou tirando sarro da reação dela à sua profissão.

Ela riu, mas insistiu.

— É sim.

— Você acha realmente? - ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

— Sim. - afirmou simplesmente.

— E por que acha isso? – ele demonstrava curiosidade.

— Não sei explicar, mas você me passa confiança. Não sei se é porque você não espera nada de mim, mas eu me sinto à vontade com você.

— E acha isso ruim? - ele tinha um sorriso discreto nos lábios.

— Não, na verdade - falou sentando-se em um banco. Ele sentou ao seu lado. — Sabe que até me sinto bem por não precisar mentir pra todos. Nunca imaginei ter de contratar um acompanhante e isto me deixou ainda mais deprimida comigo mesma. Me fez acreditar que eu não fosse capaz de conquistar alguém por meus próprios méritos, por ser quem eu sou, entende? Por isso, acredito que minha mãe tem razão.

— Tory, não é bem assim…

— É assim sim, Draco. E obrigada por tentar me ajudar, mas não acredito que uma mulher abandonada na porta da igreja, beirando os trinta anos e que precise contratar um acompanhante de luxo para não passar por uma solteirona encalhada no casamento da única irmã seja um exemplo de dignidade e auto-realização.

— Você só fez isso para que não te cobrassem ainda mais.

— É… Pode ser. Sabia o que me esperava aqui desde que aceitei ser a madrinha da Dafne e imaginei que se tivesse alguém ao meu lado poderia ser mais fácil.

— E está sendo mais fácil?

— Sim - ela o fitou e sorriu. Ele sorriu de volta.

— Não costumo me meter em assuntos de família, mas no caso, eu me senti no dever de fazê-lo. Me desculpe se acabei sendo intrometido demais, mas não suportei te ver daquele jeito sem abrir a boca.

— E eu realmente te agradeço – ela suspirou novamente — Mas ela é minha mãe. Bem ou mal, esta é a única família que tenho.

— Eu te entendo. Mas eu tenho certeza que você é capaz de conquistar quem bem quiser.

— Eu sei que está falando isto só porque eu estou emocionalmente abalada. E eu te agradeço. Preciso agradecer. Você é o primeiro, além do papai, que enfrenta minha mãe pra me defender.

— Sério?

— Sim. Sempre fiquei em segundo plano. A mamãe sempre deu mais atenção a Dafne – ela deu de ombros, fingindo não sentir tanto quanto sentia — Acho que o fato dela ter se separado do papai e de ele ter sumido com outra mulher a deixou entristecida comigo. Acho que ela me liga ao papai. Talvez ela se lembre dele e de tudo o que passou com ele quando me vê, por isto me trata mal, e eu não a julgo.

Draco não entendia como ela podia defender a mãe depois de tudo que ela fizera, mas achou melhor não falar nada.

— Também acho que é esse o motivo do papai me dar tanta atenção - continuou — Ele vê que a mamãe nunca foi realmente presente na minha vida como na da Dafne e tenta repor essa falta… Pode ser isso – ela parecia tentar explicar mais para si mesma — Eu não posso simplesmente me colocar contra a minha mãe. Ela teve seus problemas, tem os seus defeitos, que são muitos, mas quem de nós não tem?

Então ele sentiu um sentimento estranho crescer em seu peito. Respeito. Astoria podia não ser forte para revidar as palavras terríveis que recebera, mas era forte o suficiente para tentar aguentar o ‘tranco’ em prol da família. E, às vezes, isso exigia uma força ainda maior.

— Apesar de tudo Draco, de todas as palavras tristes e de suas atitudes, eu amo a minha mãe, amo minha irmã e eu queria realmente que nosso convívio fosse melhor, mas não consigo fazer com que as coisas entre nós melhorem – continuou ela ignorando o modo terno como ele a fitava — Ninguém parece ser realmente franco ou sincero, ninguém parece querer o mesmo que eu. Posso estar enganada, mas é o que eu sinto em relação a tudo.

Ela ficou em silêncio por um longo tempo, remoendo o próprio discurso. Depois se virou para ele.

— E quanto a você… Você tem sido um anjo na minha vida. De princípio me senti uma tola, uma estúpida que contrata um acompanhante por ser estupidamente incapaz de conquistar alguém, mas agora vejo que foi a coisa mais acertada que fiz – ela sorriu sincera — Ter vindo com você tem me dado forças. Você faz com que eu me sinta forte quando está perto de mim.

— Fico feliz em saber disto, Tory. Fico feliz de verdade. E eu posso te dizer que jamais imaginei aceitar um casamento. Nunca me imaginei compactuando de laços que, na maioria das vezes, são falsos e mentirosos. Mas agora, não me arrependo de ter aceitado.

Ele pegou a mão dela, virando o corpo até ficar quase de frente, antes de prosseguir.

— Você pode não perceber, mas também tem me feito muito bem. Tem me mostrado que algumas pessoas podem desejar coisas diferentes de mim e não apenas… você sabe – ele evitou dizer a palavra para não deixá-la sem jeito e ela sorriu — e você é uma mulher incrível porque alguém que se sujeita a contratar alguém apenas para que a família não se decepcione ainda mais merece os meus créditos.

— Pode ser…

— É sim.

— Então, acho que um está ajudando o outro, no final das contas…

— Sim, acho que é isto. - ele sorriu.

Ela o olhou profundamente. Não sabia por que, mas queria saber mais sobre o homem ao seu lado.

— Draco, me fala algo sobre você?

— Falar o que? – ele ficou surpreso por ele se tornar o alvo da conversa.

— Da sua vida, não sei… O que faz nas horas vagas, férias, família…?

— Bom, já te falei sobre as aulas. Gosto muito de ler, já deve ter percebido…

— Sim. - sorriu lembrando-se dos livros que ele havia trazido na viagem.

— E gosto de coisas simples, gosto de me sentir bem. Geralmente, não tenho férias, já que viajo bastante e sobre minha família, a verdade é que meus pais morreram quando era bem pequeno. Uma tia me criou com o marido dela em uma cidadezinha do interior e eu os considero como meus pais. Me mudei para estudar e acabei entrando no ramo depois de me meter em alguns problemas. Sempre que posso eu a visito. Eu os amo muito.

— E não namora?

— Sim, na verdade. Já tive algumas namoradas, mas o meu trabalho acaba me limitando.

— Entendo. Deve ser chato isto - ela parecia compassiva.

— Um pouco. Mesmo que não pareça, quero ter uma família um dia. Acredito nos laços. Fui muito bem criado pelos meus tios e eles sempre me mostraram o valor de uma família. Mas jamais poderia dividir minha vida com uma pessoa que tivesse vergonha de mim.

— Como alguém poderia ter vergonha de você, Draco? Que bobagem.

— Já parou para pensar em como eu ganho a vida? - ela o olhou atenta — Pois é. Não vou dividir a minha vida com uma mulher que não consegue compreender minhas escolhas. Sei que não foi a mais acertada, mas foi o que eu escolhi. Então, por que deveria ser julgado ou aceitar alguém que viveria me julgando pelo resto de minha vida?

— É… Faz sentido. Eu mesma te julguei - admitiu envergonhada.

— E não julga mais? – aquela pergunta era importante para ele, mesmo que não entendesse o porquê.

— Não -ela o olhou com firmeza antes de continuar — Você me fez entender que não devemos ser julgados por nossas escolhas. Que a pessoa mais certa pode ser a mais errada, e que aquela que consideramos errada, pode ser a melhor pessoa que já nos apareceu – sua vida era uma prova disso.

Draco sentiu novamente aquela quentura estranha no peito. Astoria voltou a questionar.

— E o que gosta de fazer?

— Ler, escrever, ver um bom filme… Cozinhar…

— Cozinhar? - ela surpreendeu-se e sorriu.

— Sim… Cozinho, toco violão, escrevo poesias e ainda tento cantar…

— Uau… - os olhos dela brilharam.

— Gosto de correr, não sei nadar, dei meu primeiro beijo aos 17, sou alérgico a crustáceos e... - lhe olhou nos olhos dela enquanto firmava o toque das mãos entre as dele.

— E…? - ela o olhou curiosa.

— Sentiria saudades suas mesmo sem ter te conhecido.

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Namorado de Aluguel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.