Namorado de Aluguel escrita por Andye


Capítulo 3
Visitando o Matadouro


Notas iniciais do capítulo

Oi queridos leitores, não me apedrejem por meu sumiço... Não to tendo muito tempo, mas vim aqui me redimir postando um capítulo enorme :D
Espero que não tenham abandonado a fic, porque eu não abandonei e se acharem que devem, comentem. Eu adoro ler o que acham dos capítulos.
Beijocas e boa leitura.



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Aquela semana estava, definitivamente, acabando com o resto de juízo que ainda existia na cabeça de Astoria Grengrass. Dormiu na noite que antecedeu a viajem para a casa dos pais de maneira confusa, na verdade, ela mal dormiu.

O dia anterior havia sido agitado. Recebera a ligação do tal acompanhante e em seguida, correu para a agência de aviação onde trabalhava reservando mais uma passagem. Não conseguiu nada melhor que na cadeira atrás da sua, e se tivesse sorte, poderiam conversar a respeito durante a viagem de 3 horas.

Passar no banco foi para ela o mais complicado. Desembolsar £3.000,00 por um namorado de mentira era o mais baixo que ela poderia ter chegado. Adeus economias.

Poderia se auto flagelar por estar naquela situação, na verdade, poderia se jogar do avião durante a viajem e não faria a menor diferença. Perdera o respeito e a dignidade contratando um prostituto. Por mais bonito e atraente que parecesse naquela revista, aquilo era algo que ela não conseguia aceitar.

Já estava com as passagens, na verdade, já até havia mandado as passagens para o namorado de mentira e, se já gastara com elas, iria até o fim. Sacou o valor em dinheiro vivo, colocou em uma bolsa de papel, lacrou com um grampeador e saiu decidida para o apartamento.

Era apenas um fim de semana. Um longo, doloroso e humilhante fim de semana do qual ela agradeceria eternamente se conseguisse passar por ele, ao menos, viva.

Uma mala com suas roupas era o que ela levaria, o maldito vestido de madrinha, as roupas para os ensaios, roupas de dormir, roupas de passeio, sim, precisaria de roupas de passeio para colocar o plano do namorado em ação. Precisariam passear a sós.

"Eu sou uma completa idiota mesmo."

Em uma maleta, um pouco menor e de encaixe, colocou os pares de sapato. O maldito par de sapatos que fazia par com seu maldito vestido de madrinha, mais uns dois pares para os ensaios e dois para possíveis passeios.

"Idiota, idiota... Mil vezes idiota!"

Se maldisse mentalmente enquanto finalizava a necessaire com seus produtos de higiene pessoal. Tomou um banho e deitou com o corpo mais pesado que uma tonelada de concreto sobre o seu colchão tão relaxante, mas que esta noite, parecia de pedra e urtigas.

Acordou na manha de sexta com cara de “morri e fui enterrada, mas ressuscitei dos mortos e agora sou um zumbi”. Seria mesmo melhor se fosse um zumbi, quem sabe, poderia sugar o cérebro daquele monte de gente sem noção que fazia parte de sua família e poderia se livrar de uma vez por todas daquilo.

Tomou banho na vã esperança de melhorar de aspecto. E enquanto penteava os cabelos diante de sua penteadeira, observou seu rosto e admitiu que não era uma mulher feia. Tinha olhos escuros, castanhos na verdade, e a pele branca, sem sardas ou manchas. Não tivera espinhas na adolescência, e isso era maravilhoso para sua fase adulta. Os cabelos eram quase negros, ondulados, brilhantes até. Tinha um rosto proporcional, embora não fosse o mais belo do país, mas estava longe de ser feio. O corpo também estava em ordem, nem precisava se preocupar com dietas para ter uma silhueta saudável.

"Por que tanta dificuldade em encontrar um amor de verdade?"

Dafne sempre teve mais sorte com essas coisas. Talvez ter nascido com cabelos dourados e olhos azuis a tenha ajudado. Ser simpática e popular também é uma grande vantagem. Ter um corpo perfeito e um sorriso lindo pode ser que a tenham ajudado também.

Levantou-se, vestiu-se e chamou o taxi. Sentia-se prestes a entrar em um matadouro, onde ela seria o animal a ser abatido. Respirou novamente pensando seriamente em inventar uma doença contagiosa, sua morte, talvez. Pesou em ligar para o rapaz da revista, cancelar tudo. Desistir de uma vez e se dar por vencida. Era uma perdedora. Mas quando tocou no telefone com o intuito de fazê-lo, ouviu a buzina do taxi na frente de sua casa. Correu. Apressou-se. Não poderia mais fugir e deveria enfrentar isto de frente, ou pelo menos, usar o resto de dignidade que ainda existia nela.

Chegar ao aeroporto foi ainda mais difícil. Foi ajudada pelo motorista do carro, mas estar ali como cliente, e não como uma funcionária era, no mínimo, esquisito. Prendeu as três malas e seguiu para o sheking para despachar as malas o quanto antes.

“356 para Londres Heathrow - Todos os passageiros, apresentem-se para o embarque”

— Astoria... Por favor, preciso de sua ajuda... - o rapaz se aproximou afobado dela. Parecia nervoso.

— James, por favor. Não vim trabalhar hoje - ela falou tentando não dar atenção enquanto se encaminhava ao check-in.

— Eu sei. Mas estamos com problemas com o Sr. Joshua. Não sei o que fazer, Astoria.

— James, eu preciso despachar a minha bagagem e entrar naquele avião. Eu tenho um pedido de licença para hoje e para segunda-feira. Não vim trabalhar. Sou cliente hoje. Terão que se virar sem mim.

— Por favor, Tory. Eu despacho as bagagens, mas se o Sr. Pilsburn descobrir que houve um erro com as passagens do Sr. Joshua, eu estou ferrado. Ainda temos 3 voos atrasados e 3 funcionários doentes. E tem um cara na linha 2 reclamando porque não tiramos ele do voo de Heathrow.

— James... Eu... Adoraria te ajudar, de verdade, mas há anos que não vejo a minha família e meu voo sai em 15 minutos.

— Por favor...

— Tudo bem - falou vencida suspirando forte pelo nariz — mas você segure aquele avião e não o deixe sair sem ter a certeza que eu estou dentro dele. Suba 4 temporários pra recepção. Libere minha bagagem.

— Com certeza, farei isto. Eu te amo. Te adoro. Você é maravilhosa.

— Certo. Tudo bem.

Ela sorriu enquanto foi resolver o pequeno problema. James era, de fato, uma graça. Sempre corria para pedir ajuda e há tempos estava na corda bamba. Mas ela, idiota como sempre fora, não permitiria que o colega de trabalho se desse mal. Não, Astoria Greengrass, a idiota, jamais se negaria a ajudar alguém, mesmo que isso lhe custasse passagens de avião e um prostituto caro.

Quando voltou, tudo já estava no seu devido lugar. Estava com as malas embaladas e encontrou facilmente seu acento junto à janela. Olhou em volta, mas não reconheceu o seu acompanhante, então, dirigindo-se a aeromoça, localizou-se.

— Boa tarde.

— No que posso ajudar?

— Eu quero saber se o passageiro da poltrona D7 já embarcou.

— Ah sim - a moça falou depois de olhar rapidamente os passageiros — Ele está sentando-se nela agora.

Ela sentiu um soco profundo no estômago. Já havia se rebaixado demais e precisava ser forte e firme o suficiente para ir até o fim agora. Virou-se calmamente e após reconhecer uma cabeleira loira, tão clara que era quase branca, caminhou discretamente até a sua própria poltrona, sentando-se, respirando profundamente e virando-se para ele em seguida, por cima do encosto.

— Draco Malfoy? - perguntou constrangida sem fitar o passageiro ao lado de seu acompanhante.

— Astoria Grengrass? - ele sorriu e ela relaxou um pouco. Ele era muito mais bonito ali, diante de seus olhos, do que naquela revista. Cabelo curto, loiro, olhos acinzentados, lábios desenhados, corpo aparentemente definido por baixo do terno cor de chumbo, dentes perfeitos e aparentemente simpático.

— Sou eu - ela lhe deu a mão por cima da poltrona e ele a apertou em seguida.

— Desculpe não ter entrado em contato com você antes. Imagino que quisesse se preparar para o casamento.

— Tudo bem. Seu trabalho deve ser uma loucura. Eu entendo - falou compassiva.

— Não se preocupe com isso - ele sorriu e ela novamente se sentiu relaxada.

— E como será? - se preocupou em seguida.

— Você terá um final de semana inesquecível - ele sorriu abertamente e ela se desconcertou um pouco.

— Espero que positivamente inesquecível.

— Será.

Ela sorriu sem muita confiança e sentiu o corpo escorregar pelo assento. Ele era realmente bonito, e sua autoconfiança a deixou mais tranquila. Tinha certeza que aquela não era a solução correta a tomar, mas, pelo menos, ele era bonito e firme em suas palavras.

—Ah... - ergueu novamente o corpo o visualizando —Um aviso! Sabe aquelas famílias que são bem malucas mas que você ama só porque é a sua família?

— Sim.

— A minha não é assim.

...

“Senhores passageiros, estamos chegando a Heathrow. Permaneçam sentados até o sinal lhes permitir abrir os cintos. A hora local é 14:22h. A temperatura é 17 graus acima de zero. Gostaríamos de agradecer por voarem conosco e em breve gostaríamos de vê-los novamente.”

Astoria acordou com um leve balançar em sua cabeça. Parecia que havia dormido durante séculos. Sentia uma preguiça desproporcional ao seu próprio tamanho além do pescoço dolorido e não se lembrava ao certo onde estava.

Limpou um pouco da saliva que sentia escorrer da lateral do lábio, um pouco ressecada e graças à má posição e a boca aberta, a manga do casaco que usava estava fedida. Passou as mãos nos cabelos e os amassou agilmente, coçando um dos olhos em seguida e acordando, finalmente, ao perceber pela janela que o avião estava pousando. Lembrou-se vagamente de tudo e pediu aos céus que nada do que ela imaginava estar acontecendo estivesse realmente acontecendo.

Então, de esguelha, enquanto a maioria dos passageiros levantava-se e pegava suas bagagens, ela olhou por cima do encosto da poltrona e escorregou em seguida, envergonhada por tudo. Ele estava lá e lhe sorria. Perdedora, isso era, definitivamente, como ela se sentia.

— Precisamos conversar antes de qualquer coisa - ela falou enquanto seguiam para o estacionamento.

— Sobre o que quer conversar?

— Minha família é assustadora. - ela falou ansiosa — Minha mãe parece uma bruxa e minha irmã é incrivelmente perfeita em tudo que me dá medo. Meu pai, na verdade, não é meu pai, é meu padrasto, e eu o amo como meu pai, mas como é meu padrasto, tecnicamente não é da família. Acho que ele se enquadra em refém. É o único são. E meus tios, primos e avós se alegram em me humilhar... E ainda tem o...

— Astoria, não se preocupe. Sua família não vai rir de você, muito menos te humilhar. Eu estarei lá com você e vou te proteger de tudo. E quanto ao seu ex-noivo, ele vai se arrepender e maldizer o dia em que resolveu te deixar.

— Obrigada, eu acho... - ela sorriu um pouco encabulada.

— Sou um profissional. Você não vai se arrepender - ele falou e os dois entraram no taxi.

— Temos um problema aqui - ela falou de repente, depois de fazer uma careta para Draco.

— O que houve?

— Sua gravata.

— O que tem minha gravata?

— Parece que cortaram um pedaço do meu vestido e fizeram ela. Não vejo problema em combinarmos, mas eu acho que isso seria...

— Parecer que somos um casal falso - ele completou sorrindo.

— Exatamente. Parece que quisemos muito, muito mesmo combinar nossas roupas.

— Tory, eu vou te ensinar um truque. Se olhar as pessoas nos olhos, elas não notarão o que você está vestindo.

Astoria parou por um breve instante. Olhou profundamente nos olhos daquele homem e se deparou com muitos segredos mergulhados naquele azul acinzentado. A voz dele era tão melodiosa que quase a desconcentrou.

— Eu sei, mas eu não vou aparecer assim no coquetel - falou interrompendo aquele momento — Se não vai mudar a gravata, vou mudar o meu vestido. Moço - se dirigiu ao motorista do táxi — o senhor poderia parar em algum lugar, por favor?

Pararam em um Pub no meio do caminho que os levaria para a casa dos pais e o coquetel de Dafne. Era um local aconchegante, e Draco lia o jornal local enquanto Astoria provava todos os vestidos que poderia usar naquele momento.

— Desculpe. Eu prometo que este será o último - Astoria falava do banheiro depois de ter se trocado quatro vezes — Deve estar pensando que eu...

— Sei o quanto isto é importante para você - ele respondia ao folhear uma revista — Mas precisa se lembrar que não importa o que esteja usando, você é muito bonita e tudo dará certo.

— Não puxe o meu saco, por favor - ela falou saindo do banheiro — Eu estou me sentindo um lixo, mas quero estar bonita mesmo assim.

— Missão cumprida! - ele falou sorrindo olhando para ela de cima a baixo.

— Sério? - ela assustou-se — Não se envolva muito. Apenas um aviso - falou altiva e voltou para o banheiro.

— Eu prefiro o vermelho que ela colocou antes - o garçom que limpava o bar comentou com Draco após ela sair.

— Eu falo pra ela - ele sorriu e em seguida ela reapareceu com mais um dos vestidos. Este era verde, muito justo em seu corpo.

— Hum... - Draco a olhou de cima a baixo, avaliando.

— Hum de vestido bonito ou hum de maravilhosa, estava maluco quando te deixei?

— Aumenta seu quadril - o garçom falou chamando a atenção dos dois enquanto fitava o quadril dela de forma assanhada. Ela corou. - Faz sua bunda parecer maior.

Ela espantou-se e após virar e flagrar Draco também olhando para seu quadril decidiu que aquele, definitivamente, não era o modelo certo. Correu novamente para o banheiro e deixou os dois sorrindo maliciosamente.

— Acho que deveria usar o vermelho - ouviu Draco falar, e optou por ele.

...

— Não sei se vou conseguir - ela falou em frente a casa, temendo dar mais um passo.

Sentia-se bem com aquele vestido, realmente Draco e o garçom tinham bom gosto. O vestido de alcinhas tinha uma saia rodada, escorrida até um pouco acima de seus joelhos e o cinto marcando a cintura lhe deixou com um ar bonito. O tom vermelho lhe deixou mais saudável.

— Não temos certeza de nada, mas precisamos tentar. Vamos entrar.

Ele falou convicto e lhe deu a mão, sorrindo. Ela sentiu-se incrivelmente mais confiante ao segurar a mão do rapaz. Os passos pareciam pesados, a sensação era estranha, e quanto mais avançava, mais desejava retroceder, mas ela avançou.

— Astoria, querida. - foi cumprimentada assim que abriu a porta com um abraço apertado.

— Olá tia Beth.

— Sei que você deveria ter se casado, sei que foi humilhante - a mulher falava compadecida segurando as mãos da moça — Mas não precisava ter devolvido o presente que lhe mandei... E pensar que o Jason será o padrinho é tão conflitante e...

— Tia Beth, já conhece o Draco? ela interrompeu envergonhada.

— Senhora - Draco beijou a mão da senhora enquanto ela o olhava curiosamente.

— Draco? Que nome estranho.

— É sim, senhora. Mas minha mãe gosta de ousar bastante.

— É realmente um jovem encantador... O que você faz?

—Com licença tia... Nos encontramos depois.

Ela saiu puxando-o das garras da velhota, levando-o para a saleta onde poderia guardar o seu casaco.

— Isso é um pesadelo - falava despindo-se de seu próprio casaco e pendurando-o em algum lugar qualquer enquanto Draco permanecia calmo, sereno e tranquilo, a seguindo por todos os lugares com os olhos — Mas tudo bem, precisamos de uma história. Você pode ser terapeuta. Isto, terapeuta... E nós começamos a sair e você se apaixonou por mim - ela não percebeu que ele achava tudo muito engraçado enquanto ela parecia desesperada — Tome. £3.000,00. Conte.

— Não preciso contar. Confio em você.

— Não. Por favor. Conte. Eu preciso que você conte - falou ansiosa, com um olhar nervoso.

— Tudo bem - ele abriu e contou o maço de dinheiro constrangido enquanto ela o observava. Era a primeira vez que se sentia encabulado ao receber pagamentos — Isso cobre os custos, mas se quiser intimidade é mais caro - tentou parecer normal. Se sentiu estranho.

— Não... Isso não vai acontecer - ela falou taxativa — A ideia de sexo por dinheiro é repugnante. Ah... Desculpe - se repreendeu em seguida — Por favor, não se ofenda.

— Me faça um favor. Pare de se desculpar por tudo. Se vê isso como um simples negócio, talvez não devesse se sentir tão compelida a se desculpar. - ele falou tranquilo.

— Desculpe.

— Sabe... Isso é realmente irritante. Vamos - ele falou saindo daquele lugar.

— Sim - mas ao invés de segurar a mão que ele estendera, ela limpou a possível poeira no vestido nervosamente e ele a olhou — Desculpe - falou ao perceber que ele estendeu a mão e ele olhou lhe repreendendo com o olhar - Desculpe.

Aceitou sua mão e se calou. Sentia algo bom quando ele entrelaçava os dedos nos dela. Era como se encaixassem. Acreditava que a confiança que ele exalava por todos os poros pousava sobre ela quando se aproximavam. Colocou uma nota mental de segurar a mão dele mais vezes durante aquele fim de semana. Se sentia mais segura.

— Olá minha querida... - uma senhora de cabelos castanhos se aproximou —Onde estava? Ocupada numa rapidinha? - a mulher piscou o olho para Draco.

— Mãe, por favor, agora não é hora de ser inconveniente - Astoria falou sentindo o peso do mundo sobre os ombros. Era quase uma Atlas de tanto peso sobre as costas.

— Hum... E quem é esse?

— Senhora - ele tomou a frente muito galanteador, segurando a mão da mãe dela — Eu sou o cara novo. Prazer em conhecê-la - sorriu antes de beijar sua mão.

— Que adorável. - sorriu —Venham... Estamos em uma maratona esses dias e nada é rápido o suficiente. Hoje é o coquetel, amanhã haverá um jogo no parque e um piquenique, à noite o ensaio para o casamento. Por favor, mantenham-se hidratados.

— Claro - Astoria respondeu sem graça à piadinha da mãe.

— Olá princesa - Draco ouviu uma voz masculina se fazer em uma figura que aproximava-se. Pelo sorriso que ela tinha, pôde perceber que ele era seu pai.

— Papai... - abraçaram-se — Que saudade... - foi a primeira vez desde que conheceu a morena que a viu realmente relaxada. Sorrindo com a alma.

— Minha querida... Como está linda...

— Obrigada... Tive tanta saudade, papai... - abraçaram-se novamente — E este é o Draco.

— Victor Grengrass. Como vai? - o homem lhe estendeu a mão amigavelmente.

— Muito bem, senhor. Obrigado.

— Tory? - o grito chamou a atenção dos três. Dafne a vira também e vinha entre os convidados ao seu encontro enquanto gritava — Eu vou me casar... Que saudade minha irmã... E quem é esse bonitão? - Aparentava estar um tanto embriagada, mas abraçou a irmã e se impressionou com Draco.

— Elas estão em nervos. Por isso gosto sempre de ter um drinque nas mãos - o senhor Grengrass comentou com o rapaz.

— Posso pegar um para o senhor? - Draco se prontificou percebendo que as duas não lhe davam mais muita atenção.

— Seria muita gentileza sua.

— Onde o conheceu Tory? - o homem perguntou enquanto se aproximavam do barzinho.

— Hum... Páginas amarelas... - Draco foi evasivo, mas sorriu ao observar a namorada de longe.

— Entendo... - o homem o observou enquanto tomava um gole de sua bebida, mas não continuou a conversa ao ouvir um som alto.

Olá... - o som chiado do microfone chamou a atenção de todos para o palco onde a mãe de Astoria estava agora.

— Minha nossa... Isso não dar certo - Astoria murmurou aproximando-se do palco enquanto Draco a observava. Parecia amedrontada.

Ah... Agora esta funcionando. - a mulher continuou — Bem... Espero que estejam todos com os seus drinques porque eu tenho algumas palavras a dizer. Bem vindos amigos e família. Victor e eu estamos felizes por estarmos aqui celebrando a entrada de Edward e dos Fletcher-Wooten em nossa família.

"É engraçado, pois pensávamos que Tory se casaria primeiro, afinal, ela sempre se deu bem com os rapazes desde a escola, mas acho que apenas como amigos... E ela é a mais velha. Como sabem, ela passou bem perto da última vez, mas não decolou, mas, por sorte conseguimos reaver nosso depósito de wiske e então aqui estamos nós de novo..."

Draco observava cada expressão de Astoria. Ela parecia afundada, em posição de defesa. As mãos estavam cruzadas sobre o peito e a cabeça estava baixa. Aquilo era realmente humilhante para ela, e o que ela imaginou acontecia, estava sendo, novamente, o centro das atenções por seu casamento desmanchado.

Ser abandonada na porta da igreja aparentemente seria a sina que levaria consigo até o túmulo. Ele resolveu se aproximar e ela olhava para o chão enquanto a mulher continuava, até que foram interrompidos por um homem que chamou a atenção de todo ao tocar o piano, gritando em seguida ao levantar a taça: — Aos noivos!

Sim, de volta aos futuros noivos– a mulher continuou — Edward, ficamos felizes por ter se apaixonado por nossa Dafne. Parabéns, pombinhos.

— Preciso ir ao banheiro - Astoria virou-se para Draco ao falar. Estava com a face avermelhada. Os olhos brilhavam de tristeza.

— Tudo bem. Quer que eu te acompanhe?

— Não. Não precisa. Eu encontro. Obrigada.

— Te espero aqui então.

Ela sorriu. Draco realmente fazia um bom trabalho, ela pensou enquanto subia as escadas rumo ao banheiro. Algumas mulheres, ou a maioria delas, suspiravam quando o loiro passava. Isso até lhe dava uma sensação agradável, mas agora, a única coisa que ela queria era chorar um pouco, sozinha.

Ao sair do banheiro, Astoria foi surpreendida. O mesmo homem que tocara no piano momentos atrás estava ali, na porta do local, esperando que ela saísse. E ela surpreendeu-se ao encontra-lo. Tudo parecia mais fácil quando ela tramou o encontro em sua cabeça.

— Jason - cumprimentou constrangida.

— Olá...

Ele aproximou-se, mesmo que desajeitadamente, embora continuasse perfeito aos olhos dela. Lhe deu um beijo demorado na bochecha, e ela flutuou como há muito não fazia. Definitivamente, tudo parecia bem mais fácil dentro de sua cabeça.

— Bem... Er... Você está linda. Maravilhosa... - ele falou se atropelando.

— Eu não acredito... - sua prima apareceu e lhe tirou daquele transe. Sentiu-se bem porque foi interrompida antes de falar qualquer bobagem — É a minha Tory... Ah que saudades - se abraçaram — Onde esteve? Tenho vários ginecologistas pra te indicar - Pansy estava bem mais bêbada do que a festa permitiria.

— Vai em mais de um? - Tory perguntou ainda confusa com tantos encontros.

— Tem que jogar um contra o outro ou pensam que você é fácil - sorriu e então se virou para Jason e falou áspera — Olá, babaca. Já que deixou minha prima sem motivo algum, não vai ligar se eu levá-la e te deixar aí. Obrigada. Vamos Tory - e saiu puxando a prima pela mão.

— Não precisava fazer isso, Pansy - ela falou enquanto bebia um gole de uma bebida qualquer.

— Não estava te salvando dele e sim de você mesma. Você é muito gentil, minha querida, podia fazer uma besteira a qualquer momento.

— Mas ele está com alguém? -perguntou curiosa.

— Por que quer perder tempo com aquele imbecil se está tão bem acompanhada, Tory? - então, ela lembrou que não estava sozinha naquele lugar e viu seu acompanhante cercado de senhoras risonhas e animadas, enquanto Pansy o admirava, mesmo que de costas, com a boca entreaberta — O que ele faz?

— É terapeuta - falou sem dar muita atenção à prima, o olhando também.

Ele se virou e a encontrou em seus olhos. Ela lhe sorriu e ele retribuiu, piscando-lhe o olho e sorrindo em seguida. Realmente, era muito bonito, e bem charmoso. Poderia aproveitar-se disso, afinal, o havia contratado mesmo.

Ele aproximou-se e lhe fez companhia. Não sabia porquê, mas sentia que deveria protegê-la e não ficar muito tempo longe daquela garota. Os dois caminharam de mãos dadas em meio a multidão que se divertia e pararam em frente ao barman.

— Obrigada - ela agradeceu a Draco por lhe servir uma bebida, mas antes de levá-la a boca, foi interrompida.

— Posso ficar com essa? - Dafne olhava com aquela cara que convencia a todos de fazerem o que ela queria enquanto apontava para a taça.

— Claro - Astoria sorriu amistosamente entregando-lhe a taça e olhando para Draco em seguida, que apenas a observava.

— Sabe do que mais gosto nisso tudo, Tory? - ela perguntou enquanto sorria.

— É mais um motivo para o mundo girar em torno de você? - Astoria respondeu sorrindo igualmente, recebendo de Draco sua própria bebida, enquanto ele pedia outra para si.

— Exatamente! - Dafne sorriu ainda mais.

— Aí está você. Como vai minha futura esposa? - o homem igualmente bêbado se aproximou.

— Estou perfeita.

Então mais um daqueles momentos extremamente constrangedores aconteceu enquanto Dafne e Edward se beijavam compulsivamente, deixando qualquer mero mortal que necessitasse pagar um acompanhante para não ser humilhantemente massacrado na festa de casamento da irmã com desejo de morrer e ser enterrado.

— Não sou o cara mais sortudo do mundo? - Edward perguntou, mas Draco não respondeu. Apenas abraçou e aproximou Astoria de seu corpo, o que a assustou, e depois de dar-lhe um beijo no pescoço, sorriu para os noivos que os observavam.

— Vamos dançar para comemorar. - Edward continuou, e após rodopiar a noiva, caíram ambos no chão, levantando-se em seguida.

— É isso que acontece por só ter aulas de dança 2 dias antes do casamento! - Dafne falou sorrindo.

— Quem tem aula de dança para se casar? - Edward questionou como se aquilo fosse inexplicável.

— Todo mundo. - Draco respondeu e Astoria o fitou.

— Vocês vão às aulas? - Edward perguntou interessado.

— Podemos ir com vocês. - o loiro respondeu.

— Nem conheço o seu bonitão e já o adoro. - Dafne falou sorrindo e ambos saíram.

— Tory - ouviram Pansy chamar, muito mais embriagada do que antes — Vem aqui.

— Já volto. - ela sorriu para o rapaz desejando sair dali o mais depressa possível.

— Tudo bem. Vou caminhar um pouco por ai.

— Tudo bem, já volto.

Embora bêbada e aparentemente louca, Draco não achou a moça tão falsa quanto a maioria da família de Astoria. Aproximou-se de uma das varandas observando o grupo onde a garota estava no jardim a sua frente e, tomando o seu drinque, encontrou outro homem no local, o mesmo que tocara o piano momentos atrás.

— Oi - Draco cumprimentou o rapaz que parecia com o pensamento longe.

— Ah... Olá - ele respondeu meio sem graça. Parecia estar com o pensamento longe.

— Não é engraçado? Os casamentos são destinado para celebrar amor, comprometimento e utopia, mas para a maioria é apenas uma desculpa para beber demais e falar o que não deve.

— É um filósofo? - o homem o observou curioso.

— Terapeuta. - Draco sorriu lembrando da profissão que recebeu.

— Que chato.

— Como?

— Nada.

— Fale - Draco insistiu.

— Acho que terapia não passa de bobagem. Acho estranho contar sua vida para um estranho. Meu Deus... - ele se desconcentrou ao fitar o grupo de garotas. Draco olhou junto, reconhecendo Astoria, sua irmã, a prima alegre e mais algumas — Bem... Tem uma garota... Eu me importo com ela. Poderia dizer que a amo... O problema é que ela está com outro cara.

— E como você chegou a essa conclusão? - Draco perguntou, observando o homem.

— Quando perdemos é que realmente conseguimos compreender - ele falou triste — Foi assim comigo também. Me arrependo disso.

— E fez alguma coisa pra mudar o quadro? - ele continuou percebendo que aquele era o ex-noivo de Astoria.

— O que posso fazer? Não posso me meter na felicidade dela. Se ela está bem assim, só tenho que aceitar.

— Talvez devesse tentar mais um pouco e...

— Aí está você! - Draco foi interrompido e surpreendido por um beijo envolvente vindo de Astoria.

— Oi, Tory - Jason cumprimentou.

–— Ah... Vejo que conheceu o meu ex. - então Draco o fitou erguendo uma das sobrancelhas e sorrindo discreto e maliciosamente, comprovando suas suspeitas.

— Estava contando a ele como nos conhecemos.

— Ah sim... - ela sorriu, mas estava curiosa sobre o que ele contara.

— O jogo do Knicks - falou finalmente.

— Mas você odeia esportes. - Jason falou intrigado.

— Odeio vôlei - ela respondeu abraçando Draco possessivamente.

— Sim, claro. É melhor eu ir. - Jason falou — Obrigado pelos conselhos.

— Não há de que. Até mais - Draco despediu-se e o outro saiu.

— Nossa... Ele parece estar na pior - ela comentou após o ex sair — Que conselhos deu pra ele?

— Ele está meio bêbado, mas acho que ainda é louco por você.

— Sério? - ela pareceu interessada — Só por estar de brincadeira e foram interrompidos por uma mulher.

— Não te conheço de algum lugar? - a jovem senhora perguntou aproximando-se de Draco.

— Não! Não conhece não - Astoria foi enérgica, puxando-o para si, se afastando — O que ele disse? Acha que ele me quer de volta?

— Ele está sofrendo. A garota que ama está com outro. Só pode ser você, não é mesmo? - ele falou sem muita emoção.

— Que maravilha - ela realmente se alegrou.

— Realmente quer isto, Astoria? Voltar com uma pessoa que te abandonou sem nenhum motivo?

— Eu o amo, Draco. Ainda o amo depois de todo esse tempo.

— Tem certeza? Não seria um capricho?

— Pode ser. Mas o que eu quero é ficar com ele - falou com certeza.

— Certo - ele continuou — Então talvez exista uma esperança para vocês.


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