Namorado de Aluguel escrita por Andye


Capítulo 15
O Perdão


Notas iniciais do capítulo

Olá bonit@s, cheguei!
Como prometido, mais um capítulo, e o penúltimo, que está bem lindo!
Espero que gostem.

Boa leitura!



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Algumas horas depois...

Ela não podia negar que estava bonita. O vestido lilás com decote reto era longo e tinha alças para sustentá-lo e lhe impedir de cair. Seu cabelo estava amarrado em uma espécie de banana com vários cachos soltos em torno do rosto e pescoço. Segurava um buquê em uma das mãos e tinha uma tiara com flores e brilhantes ornamentando a cabeça.

Treinava, diante do espelho, os mais variados sorrisos e expressões para serem usados naquele dia. Haviam acabado com o seu casamento, com sua confiança e, quem sabe, com um futuro romance, mas ela não faria o mesmo com a irmã. Estava resignada e cansada de nutrir sentimentos e esperanças vãs. Não iria se afundar em um poço cheio de mágoas e vinganças.

—---

Draco se aprontava para ir embora. O terno cinza escuro só mostrava o quão nebuloso ele estava. Suspirou fundo ouvindo os carros da propriedade se afastarem em direção à igreja. Se perguntava como as pessoas eram capazes de mentir daquela forma, enganar alguém com tanto cinismo.

Poderia, sim, ter acabado com aquela farsa abrindo o jogo com Ed, mas isto não era de sua responsabilidade. Como poderiam compactuar com algo tão baixo e mesquinho? Como ela pôde acusa-lo? Por que não foi procura-lo? Será que avisaram onde ele estava?

Não podia negar que dormira mal. A visão do rosto de Astoria tão decepcionado lhe impediu de descansar, mas não perdeu a esperança de que ela fosse procurá-lo e que pudessem conversar, se acertar. Não sabia como ela estava, mas imaginava que a resposta era apenas uma: mal.

—---

Astoria estava parada, sentada na escadaria ao fundo da Igreja, esperando que sua mãe a chamasse para o início da cerimônia. Estava tão compenetrada em seus pensamentos que não viu o homem que se aproximava, percebendo sua presença apenas quando ele sentou ao seu lado, lhe olhando fixamente.

— Esta tudo bem? - ele perguntou carinhosamente.

— Ah… Oi papai. Sim, está - falou sem muita convicção, em meio a um profundo suspiro.

— Tem certeza? - ela o fitou atenta. Seu pai era, definitivamente, a única pessoa sensata daquela família. Se perguntou se ele sabia o que acontecera, mas preferiu ficar em silêncio — Por que não se permite falar a verdade, minha filha? Por que não assume o que realmente está sentido?

— Eu não sei… - olhou para as mãos, confusa.

— Por que deixou que ele fosse embora?

— Porque sou fraca.

— Não, minha filha. Você pode ser muita coisa, menos fraca. - ela o olhou surpresa.

— Não sei se o senhor tem razão, papai. A cada dia tenho mais certeza do quão covarde eu sou.

— Sabe… Uma vez eu li em uma entrevista numa dessas revistas femininas que dizia que toda mulher tem exatamente a vida amorosa que ela deseja - Astoria o fitou espantada com a menção da frase de Draco.

— Papai, onde o senhor viu essa revista? - o senhor sorriu brincalhão, compactuando com ela, e prosseguiu.

— Eu concordo com essa frase. - ele parou um pouco antes de continuar — Você sempre se importou demais com a opinião dos outros… Desde criança, e eu te pergunto se em algum momento isto te fez realmente bem? - ela negou com a cabeça — Acho que já está mais do que na hora de parar com isso e se preocupar com o que te faz bem.

Ela não conseguia encará-lo. Era um choque estar ouvindo aquelas palavras, embora ela soubesse que eram totalmente certas e verdadeiras. Ele continuou.

— O que você quer, Astoria? Acha que, com ele, poderia dar certo? - ela o olhou e confirmou com a cabeça — Não se importa com o que ele fez até hoje? - ela negou sinceramente, balançando a cabeça — Nem se importa com o que as pessoas vão falar?

—Não, papai. Nunca - ela foi convicta em suas palavras e o senhor sorriu.

— Ele está em casa, no anexo. Vá atrás dele.

O homem sorria ainda mais. Ela sorriu junto, levantando e saindo correndo em busca de um carro. Se desequilibrou com o salto, quase caiu, mas continuou.

Se apressou, entrou em um carro qualquer que estava com a chave engatada, ligou e fez a curva, saindo do estacionamento, quase atropelando Ed que, por algum motivo, corria enraivecido atrás de Jason.

Ela sorriu sentindo-se vingada, enfim, ao compreender o que acontecia, mas não tinha tempo para isso agora. Não perdeu o foco e acelerou o carro em direção ao anexo da casa onde passaram a noite.

Desceu do carro tão ou mais desesperada quanto quando entrara nele. Sorriu ao levantar a barra da saia e tirar os sapatos para correr mais rapidamente. Não tinha nenhum segundo a perder.

— Draco, me desculpe…

Entrou afogueada no cômodo e soltou a saia em surpresa. Os sapatos caíram das mãos. Sentou-se desolada sobre o sofá e olhou para o chão, vencida pelas circunstâncias.

Ele já foi.

O loiro dirigia rumo ao aeroporto local perdido em seus pensamentos. O desejo era de voltar, correr até ela e pedir desculpas por tudo que a atormentava.

Parou o carro no meio-fio e depois de alguns poucos instantes pensando em silêncio, deu a volta e dirigiu rumo ao vilarejo, entrando depois de alguns minutos em uma ruela calma e acolhedora onde a Igreja na qual seria realizado o casamento surgiu adiante.

Ele não sabia o que pensar ao contemplar aquela cena: Ed proferia palavrões de tão baixo calão enquanto perseguia Jason pelas ruas da cidade que ele achou que seria necessário lavar seus ouvidos para limpá-lo por completo.

Ele fez a volta novamente e acompanhou, em baixa velocidade, o noivo de perto, apostos para ajudá-lo ou socorre-lo quando se fizesse necessário.

— Não aguento mais - Ed falou muito cansando para Draco, quase parando sua corrida atrás de Jason.

— Por que não para? - Draco respondeu do carro.

— Preciso pegar aquele traidor safado - falava cansado, quase sem ar. As pernas quase desistindo.

— Ed, na velocidade que o Jason passou por mim, ele já deve está cruzando a França. Vamos… Venha. Entre no carro. 

Ed parou e Draco fez o mesmo. O noivo se aproximou cansado e entrou no carro, sentando-se no lado do passageiro enquanto respirava profundamente. 

— Ele teve um caso com a Dafne - soltou como se aquelas palavras pesassem toneladas — Ela me contou agora há pouco.

— Mas vocês não estavam juntos quando aconteceu - tentou remediar.

— Não… Mas a Tory sim. Como puderam fazer isso com ela? - ele parecia indignado.

— Eu… Realmente não sei, Ed. Mas o que você vai fazer agora?

— Não sei - ele baixou os olhos em direção às mãos. Estava com o terno do casamento.

— Você a ama? 

— Sim.

— Então, o melhor é tentar. Por mais que ela tenha errado e escondido essa verdade por tanto tempo, ela fez questão de não começar o casamento de vocês baseado em uma mentira.

— Não sei, Draco…

— Vale mesmo a pena deixar que o Jason também estrague a felicidade de vocês? - ele continuou e Ed o olhou — Ela errou, mas parece ter se arrependido e… Te ama de verdade. Se não amasse, não teria colocado o casamento de vocês em risco pra te contar a verdade.

— Eu sabia que existia alguém quando a gente começou a sair, mas eu não me importei, de verdade. Ela disse que era errado, que tinha que terminar, até que terminou e eu relevei... Relevei porque poderia ser qualquer um, menos o Jason.

— As coisas nem sempre funcionam como queremos...

— Ontem eu tive pena de você. Entrou na história de paraquedas e ainda levou a culpa... Agora eu entendi porque a Tory ficou daquele jeito. Foi muito injusto. Injusto com vocês dois.

— É… Foi meio injusto mesmo - Draco concordou pensativo.

— Ela só estava nervosa... A Tory. As coisas vão se resolver - Ed continuou esperançoso.

— É... Pode ser… - Draco, porém, não parecia convicto.

— Quando eu vi vocês ontem, eu fiquei lá, do lado dela, pensando no quanto eu tinha sorte por ter uma mulher como a Dafne comigo.

— Ela é a mesma, Ed. Ela não mudou. Cometeu erros no passado, mas se arrependeu.

— Não sei se devo considerar.

— O mais difícil na vida não é simplesmente amar, mas não ter medo de se permitir ser amado.

Ele respirou fundo pensando na seriedade e profundidade daquelas palavras, usando-as para si mesmo e se dando conta de que não poderia desistir tão facilmente e que deveria, sim, se permitir. Continuou.

— É complicado conviver. Somos pessoas diferentes, mas se ela te conhece e você a conhece também, e se no final do dia você preferir desistir do que tentar… Nada nunca vai valer a pena, realmente.

Ed o olhou atentamente e o loiro prosseguiu.

— Se acha que pode tentar no final do dia, por que não tenta algo novo?

— Algo novo…?

— Sim. - o loiro sorriu com uma lembrança — Você pode simplesmente desistir ou voltar e passar o resto da vida fazendo sexo para fazerem as pazes. 

Ed sorriu, talvez analisando as possibilidades. 

— Draco, meu chapa. Vamos para a Igreja - ele sorria — Minha noiva está me esperando.

— É assim que se fala - Draco sorriu e novamente deu a volta com o carro.

… 

— Dafne. Você está bem? 

A noiva chorava e estava triste de verdade. Astoria não controlou o impulso de ir vê-la. De lhe consolar. Se achava uma estúpida por sentir-se assim, mas não podia simplesmente se afastar da irmã.

Já havia passado por algo parecido e sabia o quanto doía e por mais que achasse que Dafne merecia tudo aquilo, não podia fechar os olhos para o fato de ela ter contado tudo, e antes do casamento. Havia colocado o seu futuro em jogo para não precisar continuar mentindo, muito menos enganando.

— Eu… Acho que sim. Obrigada.

— Eu sinto muito, Dafne.  Eu…

— Não - a loira interrompeu - "Eu" sinto muito, Tory. Isso tudo é "minha" culpa. "Eu" não te respeitei, nem ao Ed, nem a mim mesma. Eu… Eu te traí e eu sinto muito por tudo, muito mesmo, Tory. Me perdoa.

— Dafne… - ela estava entorpecida — Não precisa pedir…

— Sim, Astoria. "Eu" preciso. Sempre fui eu. Sempre fui culpada de tudo. Eu te abafei, tentei te apagar. Sempre quis ser melhor que você. Achava que estivesse apaixonada pelo Jason e não pensei em mais ninguém além de mim mesma. E eu tenho uma raiva enorme de mim por isso.

— Dafne, eu...

— Não fala nada, Tory. Não fala nada. "Eu" estraguei tudo. Eu tenho convicção disso. Seu casamento, sua vida, seu namoro, a vida do Ed, meu casamento… É tudo minha culpa. Eu menti, eu enganei… Fui falsa. Devia ter dito pra você desde o início. Não devia ter deixado que as coisas chegassem naquele extremo, mas eu me arrependi. Quando te vi naquela igreja, chorando... Eu percebi o quanto tinha te feito mal. E eu me envergonhei daquilo. Eu me envergonhei de olhar pra você.

— Dafne…

— A Pansy descobriu quando eu terminei tudo com o Jason. Ela ouviu a conversa que tivemos no anexo. Eu pedi que ela não te contasse... Eu não queria te causar ainda mais dor, e não queria que você me odiasse, mas eu entendo que você me odeie agora...

— Não te odeio...

— Mas devia. Eu estraguei sua vida. Acusei o Draco na sua frente e ele não sabia de nada até aquele momento. Eu conversei com ele, contei tudo... Não estava aguentando tanta culpa e ele havia visto o Jason me pedindo pra abandonar o Ed... Pra desistir do casamento. Eu não poderia fazer isso. Eu amo o Ed, Tory...

— Eu sei que sim...

— Quando você me disse que minha vida seria baseada em uma mentira, eu não aguentei. O Draco já havia dito o mesmo e me aconselhado a contar tudo ao Ed, a ser sincera, mas eu não quis. Mas não suportei ouvir aquilo de você. Eu sou culpada por tudo de ruim que te aconteceu e não queria ser culpada por acabar com a vida do Ed também.

— Você fez o certo em contar.

— Sim, eu sei. Você jamais falaria algo que não fosse bom pra mim. Você sempre cuidou de mim e eu nunca agradeci. Eu sinto tanto, Tory. Se pudesse voltar no tempo, não faria nada daquilo.

— Mas não pode... Nem queria que você voltasse... Não teria conhecido o Draco se não tivesse sido sempre assim.

— Você é maravilhosa - a irmã estava em prantos — Até mesmo diante dessa mentira toda você encontra coisas positivas. O Draco é maravilhoso, Tory, maravilhoso pra você e eu sinto muito ter estragado tudo com ele também. Me desculpe, Tory. Eu sinto muito. Sinto muito mesmo e tenho convicção que não mereço uma irmã como você. Eu sinto muito mesmo.

— Dafne... - ela se aproximou, queria abraçar a irmã, mas foi impedida.

— Por favor, me deixa um pouco sozinha.

— Claro…

 Enquanto saia do anexo da capela onde Dafne estava, Astoria tombou com Ed que vinha correndo em sua direção. Ela rodopiou de leve e virou para a porta, vendo-o entrar como uma flecha, fazendo Dafne soluçar enquanto o abraçava. Ela sorriu e ficou tão comovida com a cena que não percebeu que outra pessoa se aproximava dela.

 — Oi. 

Ela ouviu a voz e pediu com todas as suas forças que não estivesse sonhando e que suas pernas parassem, por favor, de tremer.

 — Draco - ela falou ao virar-se para ele — Eu sinto…

 As palavras foram interrompidas. O beijo era tão cheio de sentimentos que ela imaginou que seu coração fosse explodir e estraçalhar a sua caixa torácica.

Sentiu as pernas ainda mais bambas e o corpo mole. Seu cérebro entrou em colapso e a única coisa que ela queria era que aquele momento durasse eternamente, então ele interrompeu o beijo.

— Bem. Preciso ir - falou com seriedade.

— Draco… - ficou nervosa — Não vai embora, por favor.

— Eu não vou embora…

— Então…?

— Preciso ir. Sou o padrinho do noivo.

 Ele sorriu. Ela sorriu incrédula e igualmente feliz. Ele estava ali. Tudo estava bem agora.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam de tudo? Da atitude do Ed, da Dafne?... E a conversa entre Tory e o seu pai? Me deem suas impressões. Preciso saber o que acham de tudo.
Um ótimo fim de semana e até sexta. Nosso último capítulo.



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