Namorado de Aluguel escrita por Andye


Capítulo 11
Acertando Ponteiros


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... Eu realmente queria estar feliz aqui. Estava animada revisando esse capítulo antes de postar e recebi essa notícia devastadora. Estou em choque, chorando... Que coisa terrível.
Não consigo crer que nosso maravilho Alan Rickman se foi. Minha mente não está bem estruturada pra essa perda. Sinto como se tivesse perdido um parente muito próximo. Terrível mesmo.
Eu apenas deixo minha singela homenagem, mesmo que nada tenha a ver com ele, postando esse capítulo. E que os dias que precedem esse ano sejam menos terríveis.
#Luto #AlanRickman



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Isto não pode ser verdade.

Astoria ainda estava parada, fitando a maldita porta fechada à sua frente como se Draco fosse voltar, lhe pedir desculpas, dizer que tinha sido estúpido com ela e que ela não merecia ser tratada com tamanha grosseria.

Caminhou, resignada, voltando para o banheiro, mortalmente indignada. Abriu o chuveiro e respirou fundo, colocando a cabeça embaixo do forte jato de água sentindo as gotas escorrerem por seu corpo enquanto seus próprios olhos despejavam grossas e pesadas lágrimas.

Como posso exigir que ele me trate bem depois dessa pergunta idiota? Mas por que ele não confirmou? Droga!

Bateu com as mãos no rosto, o escondendo entre as palmas em seguida.

Não pode ter sido um sonho. Não outro. E por que eu estava nua? Que droga, Draco. Por que não me disse? Idiota. Estúpida. Como pôde esquecer algo como isto, sua idiota?

Respirou fundo. Profundamente.

Então... Caraca! Sorriu presunçosa. Ele não cobrou. Eu não acredito. O sorriso morreu. Por que não cobrou? E por que não me disse a verdade? Será que sou tão ruim de cama assim? Se for isso, mamãe tem razão.

Bateu novamente no rosto.

Não foi um sonho. Não pode ter sido um sonho. Eu sei que não foi... Detalhado demais pra ser um sonho. Profundo demais para ser um sonho. Meu corpo sente que não foi um sonho.

Respirou profundamente novamente. As lágrimas não caiam mais.

Preciso me desculpar.

...

Bom dia, Draco. - o rapaz foi recebido pelo senhor Greengrass que lia seu jornal enquanto tomava café.

Bom dia, senhor. - respondeu automaticamente. O sorriso disfarçava a desilusão que carregava agora. Sentou-se à mesa para tomar café, de frente ao mais velho.

Dormiu bem, meu filho? - o homem pareceu preocupado, perguntando por cima do jornal.

Sim. Dormi. Obrigado.

Um silêncio seguiu os dois. Draco tomava seu café lentamente. Estava concentrado pensando nas muitas coisas que vivera neste fim de semana. Irritado com o turbilhão de sentimentos que vinha sentindo. Revoltado com o fato de Astoria estar tão embriagada ao ponto de não se lembrar de nada.

Não deveria me sentir assim. É o meu trabalho. Minhas clientes não têm a obrigação de lembrar de uma transa, de mim ou da minha cara. Muito menos, de se apaixonar por mim... Minha obrigação é satisfazer e ponto. Isto eu fiz, tenho certeza. Depois, receber e esquecer. Receber... Não posso…

Draco? - o homem o olhava curioso.

Oi - ele respondeu como quem acaba de acordar de um transe. Desorientado.

Estava perguntando como vai com Astoria.

Ah... Estamos bem, obrigado.

Sabe, Draco - o mais velho começou e o loiro o ouviu atentamente Fiquei muito satisfeito com a atitude que tomou ontem. Finalmente acredito que Tory terá a oportunidade de conviver com alguém que a merece.

Farei o possível pra que isso aconteça - não conseguiu conter um sorriso sincero.

As mulheres dessa família são um pouco complicadas - o senhor continuou e Draco não pôde deixar de concordar intimamente Acredito que já tenha percebido isto.

Digamos que sim - os dois sorriram.

Mas elas são igualmente fortes.

Sim. Claro. Não duvido, senhor.

Sim. E é verdade. Cada uma delas tem qualidades incríveis.

Também não duvido.

Sei que não - sorriu para o jovem dobrando o jornal e o descartando sobre a mesa Astoria é uma garota maravilhosa, mas ela tem medo, muito medo de mudar, de ousar, do diferente. E isso lhe prende muito. Ela fica sem saber o que fazer ou o que esperar quando sai de sua zona de conforto, e isso a apavora.

Eu percebi... - Draco falou pensativo, voltando à atenção ao homem em seguida.

Vou te pedir uma coisa, Draco - o senhor Greengrass falou em um tom mais baixo, aproximando o rosto para o jovem.

Sim, senhor...

Não deixe que os medos dela afastem vocês. Releve. Você é um bom homem, e precisa de uma boa mulher.

Draco o olhava atentamente.

Se você for esperto o suficiente, será capaz de retirar dela tanta doçura e carinho que irá se surpreender. Não desista dela nem de vocês e tenha em mente que mal entendidos podem acontecer sempre, problemas e até mesmo discussões, mas que será a forma como lidam com isso que irá solidificar o sentimento, o envolvimento de vocês.

Draco pensava se havia a possibilidade de ele saber o que aconteceu na noite passada e nesta manhã ou se era apenas o senso de um bom pai que ama e conhece muito bem a filha que tem ao ponto de lhe dizer o que ele precisava ouvir.

Eu tenho certeza que este fim de semana será responsável por uma grande mudança na vida de vocês dois...

O homem sorria animado ao mesmo tempo que mostrava a certeza de todas as suas palavras em seu olhar.

Claro que sim. - Draco confirmou sorrindo. Não teria como não confirmar. Já havia mudado muita coisa em sua vida, de fato Espero mesmo que seja assim...

Bom dia, papai! - Astoria apareceu pondo fim à conversa.

Beijou a testa semi careca do senhor e foi até a geladeira pegar iogurte, se sentando ao lado de Draco, que a acompanhava com o olhar, se perguntando como ela conseguia ser tão bonita sempre.

Usava um vestido roxo ajustado ao corpo suportado com duas alças finas que se cruzavam nas costas praticamente nuas. A saia era rodada e tinha um movimento envolvente, próprio para danças. O cabelo estava solto, ainda molhado, e lhe caia sobre os ombros deixando um delicado caminho úmido por onde tocava. O tom roxo do vestido deixava sua pele ainda mais corada. Ele observava tudo com admiração e não percebia que era observado por trás do jornal.

Onde está a mamãe? Não vão ao ensaio? - ela perguntou displicentemente.

Sua mãe foi fazer a última prova do vestido - ele falou voltando a ler o jornal.

Ah... Sei. E o Ed e a Dafne? Onde estão?

Dafne foi com sua mãe. Vai ao ensaio de lá. Sua mãe volta pra cá.

Não vão ensaiar? - Draco perguntou ao homem enquanto Astoria devorava rapidamente uma generosa fatia de bolo.

Não - ele sorriu observando a filha e desviando os olhos para Draco Com toda a franqueza, os noivos são os únicos que realmente precisam de ensaio. Nunca vi dois seres tão duros.

Sim, eu consegui perceber que não são os melhores pés de valsa que já conheci - Draco brincou terminando seu café.

É verdade - Tory confirmou enquanto tomava um copo de iogurte empurrando a fatia de bolo Vamos então, Draco?

– Claro. - ele não sabia o que pensar dela. Não sabia como estavam depois de tudo e resolveu ser cauteloso Bom dia senhor.

Bom dia crianças. Peguem o carro.

Obrigada papai. - ela falou e novamente houve um beijo Eu te amo.

As palavras e gestos eram tão sinceros que o envolveu. Caminhou até a namorada e, após lhe pegar na mão, saíram.

Permaneceram em silêncio por uns cinco minutos, enquanto ele dirigia. Ela o olhava de tempos em tempos, aflita. Ele percebeu, mas não falou nada. Ela falou, finalmente, enquanto olhava através da janela do carro para a rua ao lado de fora.

Por que não me disse a verdade? - o tom era suave.

Que verdade? - ele respondeu impassível.

Disse que não aconteceu nada esta noite - ela o olhou.

Mas não aconteceu - ele respondeu olhando rapidamente para ela e voltando a atenção ao caminho.

Sim, Draco. Aconteceu - ela falou convicta Por que está mentindo?

Não estou mentindo. Estou dizendo aquilo que você quer ouvir - ele foi duro, sem desviar os olhos do caminho.

Ah, Draco. Por favor... - parecia indignada Eu passei no banco, eu saquei muito dinheiro, eu... eu bebi demais e... acordei sem roupas - ela falava mais para si do que para ele Não é possível que tenha sido um sonho. Não pode ser... Foi diferente do sonho da noite passada...

Sonho da noite passada? - O sorriso cínico de lado apareceu em seu rosto e ele a olhou novamente, bem rápido.

Er... Não. Você ouviu errado... - tentou despistar.

Como quer que eu seja sincero com você se você mesma gosta de se enganar? - perguntou simplesmente.

Eu... Eu... Ah, Draco! Quer saber? Sonhei. - ela falava como se liberasse um peso enorme de sobre suas costas Sonhei com você noite passada. Sonhei que nós nos amávamos e pode me chamar de idiota ou do que bem quiser, não vou mais negar.

Após o desabafo, ela cruzou os braços infantilmente sobre os seios, virando o rosto novamente para a rua, respirando profundamente antes de continuar. Ele apenas ouvia, sem esboçar qualquer reação. Como se estivesse absorvendo as informações.

Sou uma estúpida mesmo - falava novamente para si mesma Sonhei com você esta noite novamente, ao que parece. Não sei o que está acontecendo. Como pude imaginar que...

Um silêncio pairou após ela interromper a frase.

Que...? - ele perguntou, curioso.

Nada. - ela parou de falar e ele estacionou o carro. Saiu e abriu a porta para ela em seguida, lhe estendendo a mão.

Astoria, eu não posso controlar os seus sonhos. Eu adoraria, mas não posso. Nem mesmo você pode controlar...

Ela o olhava atenta como se anotasse em seu cérebro cada uma das palavras que ele dizia.

Eu... - ele adoraria dizer que queria transformar seus sonhos em realidade, mas pensou mais a fundo sobre isso e mudou Acho que você é uma mulher incrível e não me sinto o máximo em saber que sonhou comigo ou que me deseja...

Não? - ela parecia confusa. Imaginava que esta seria a maior realização da vida dele como profissional da área.

Não. - ele foi firme ao olhá-la. Estavam de pé em frente ao salão Não preciso me vangloriar de seus desejos.

Não...? Por que não?

Porque eu também te desejo

Porque eu não sou assim - respondeu certeiro.

O que aconteceu esta noite? - ela perguntou novamente. A voz estava falha.

Você sabe o que aconteceu, Tory. Não preciso confirmar nada.

Draco, eu... Me desculpe. Não deveria...

Se arrepende? - a voz soou entristecida.

Não - falou rápida e certa Mas não deveria ter pensado em comprar... Não desse jeito... Não assim. Mal lembro do que fiz...

Vamos combinar algo então?

O que? - ela parecia uma menina indefesa.

Vamos esquecer, tudo bem? - falou com firmeza e começou a andar em direção á entrada.

Esquecer...? Esquecer? - ela permaneceu parada ainda absorvendo o teor da palavra que ele dissera. Parecia indignada Como você pode ser capaz de me pedir isto?

Mas é o melhor - ele falou ao vê-la irritada e ainda parada.

Não, Draco. Não é o melhor.

Mas se não queria que acontecesse é melhor esquecer.

Mas eu não quero esquecer - esbravejou.

Draco não sabia o que falar ou como reagir. Não sabia nem mesmo o que pensar. Não conseguia entender o que ela tentava dizer. Olhou ao seu redor e avistou um banco ali perto. Voltou a olhar para ela, que estava claramente confusa. Estendeu a mão. Ela aceitou. Caminharam até o banco. Sentaram-se em total silêncio.

Eu queria que isso acontecesse, de verdade - confessou sem encará-lo Desde o sonho que tive eu tenho desejado… Talvez até antes. Talvez desde o dia que li aquela matéria… Se não tivesse desejado, não teria sonhado... Mas dessa forma foi errado. Tive a intensão de te pagar e... Jamais pagaria por sexo, muito menos com você.

Nossa...

Não entenda mal. - emendou rapidamente olhando para ele, e desviando em seguida É que eu não te considero um objeto, não mais...

Fico feliz que esteja pensando assim - um pequeno sorriso brotou no rosto do jovem e ela o olhou firmemente.

Sim. É assim. E estou me achando suja por ter pensado isso. Consegue entender?

Acho que sim...

Você tem me mostrado coisas que eu não conhecia, Draco. Ou que não queria conhecer.

Tipo…?

Tipo… Que não devo julgar uma pessoa, muito menos sem conhecê-la antes. Que não deveria ter tanto medo de me arriscar às vezes. Que é muito mais fácil receber algo de boa vontade do que simplesmente implorar…

Ele não soube o que responder, apenas a observou.

Foi uma loucura ter passado no banco, mas eu queria tanto que isto acontecesse… Nem mesmo posso culpar a bebida. Era o que eu queria, realmente.

Mas por que pensou que eu te cobraria? - ele perguntou finalmente.

Ora, Draco, é o seu trabalho... - ela suspirou - Apesar de tudo. Eu... Pensei em pagar porque... - ela olhava para as mãos.

Por que...?

Porque acho que... - novamente o olhou Porque eu sei que jamais poderia te conquistar.

Como? - ele parecia espantado. Ela continuou..

— Como poderia ser capaz de te conquistar, Draco? Você é lindo… Educado, culto, atencioso… Já deve ter saído com as mulheres mais interessantes do planeta e eu... Olhe pra mim... Eu não passo de uma solteirona desesperada por um pouco de afeto e atenção capaz de pagar por um profissional pra não ser ainda mais ridicularizada por minha família.

Olhe pra mim... Astoria, já te falei e repeti inúmeras vezes que você e uma mulher incrível, capaz de conquistar quem bem quiser e... Para que tenha total certeza disto, eu não quero e nem vou te cobrar. Se fosse, avisaria.

— Não quero que faça nada por pena, Draco. É seu dinheiro, por direito.

— Não sinto pena de você. Nunca senti, na verdade.

— Não? - ela parecia atônita.

— Não. Passamos uma noite incrível e foi você quem me seduziu. Em nenhum momento te vi como uma cliente, e sim como uma mulher encantadora que mereceu e merece tudo o que um homem esperto for capaz de dar.

— Obrigada... Eu acho - ela sorria timidamente. A face enrubescida.

— Não agradeça. Eu... Bem, eu realmente não te vejo mais como uma cliente.

— Não? - ela o encarou, curiosa — E o que eu sou agora? Como me vê?

— Como...

— Ah... Astoria. Draco. Finalmente chegaram. Pensamos que também não viriam mais...

Astoria olhou para Draco apreensiva. Tensa. Curiosa. Draco apenas sorriu, agradecendo, de certa forma, ter sido puxado daquela saia justa.

Levantou olhando para Astoria que parecia entorpecida enquanto Dafne os puxava para dentro do salão. Ela falava, mas nenhum dos dois prestava real atenção em suas palavras, estavam compenetrados um no outro.

Compenetrados nas palavras ditas e não ditas. No desejo mútuo escondido. Ela aceitou a mão que ele lhe ofereceu, sorrindo de leve. Os olhos fixos por alguns instantes.

Caminharam lado a lado, ao lado da sua irmã, enquanto Astoria se perguntava como era vista por ele... Agora.


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