13 – O trapaceiro.

Sinto algo tocar os meus lábios, reclamo um pouco, mas não abro os olhos, o cansaço da noite anterior estava me consumindo. Novamente sinto algo morno e macio tocar os meus lábios, só que desta vez, viera acompanhado de uma voz, uma doce voz.

– Acorda! – Pediu com uma manha em um grau muito superlativo.

Abri os olhos bem devagar e me deparei com a garota mais linda do mundo, Elena, sorri espontaneamente, não esperava a visita dela.

– Bom dia, meu bem... – Desejou ela toda meiginha enquanto me dava outros selinhos.

– Bom dia... – Respondi com a voz totalmente rouca. – Veio sozinha? –Perguntei preocupado, ela morava longe e parecia ser bem cedo.

– Sim, estava com saudade! – Deu um meio sorriso e depois bocejou.

– É? – perguntei com uma voz engraçada e franzi o cenho. – Coisa linda! – A puxei pra cima da cama, ela gargalhou e me abraçou apertado, fiz exatamente a mesma coisa com ela. – Tá com sono? – Ela assentiu se deitando.

– Muito! – Proferiu.

Cobri-a com o edredom, já que o quarto estava fazendo muito frio por conta do ar-condicionado. Papeamos por algumas coisas aleatórias e depois nós dois pegamos no sono.

[...]

Já tínhamos acordado a bastante tempo, já tínhamos almoçado, estávamos vendo tevê.

– O que você acha de eu chamar nossos amigos? – Perguntei enquanto afagava os cabelos dela. Ela assentiu, mandei mensagem para todos eles, é claro... Todos iriam vir.

– Convenceu a Caroline a ficar no mesmo ambiente que o Stefan? – Elena perguntou achando graça da situação dos dois.

– No fundo no fundo, ela quer estar com ele, só que está em fase de negação! – Expliquei.

– Fase de negação? – Perguntou curiosa.

– É, tudo ela diz que não, mesmo que seja sim! – Ela franziu o cenho. – É, é confuso... Mas vocês, mulheres fazem isso! – Ela ergueu a sobrancelha.

– Nós? – Dei um meio sorriso.

– Sim, inclusive a senhorita! – Apertei a bochecha dela, como a minha tia mais chata faz.

– Ai... – Reclamou passando a mão no local apertado. – Não tenho essa tal de fase de negação! – Fez bico e cruzou os braços.

– Tem certeza? – Me fiz de bobo e ela assentiu ainda emburrada. – Você me deu vários foras ontem antes de nos dois fazermos as pazes! – Declarei. – Você não queria ter feito aquilo, mas fez, por orgulho... – Ela deu de ombros e começou realmente a pensar sobre o assunto. – Eu estava tentando me aproximar e você estava na sua fase de negação!

E nem adianta debater, você sabe que é verdade! – Ela revirou os olhos e teve que concordar.

– Sim, eu estava na minha fase de negação! – Admitiu dando um meio sorriso envergonhado no final. – Não estava querendo ter ver nem pintado de preto!

– Viu? – Ela sorriu franqueável e eu a puxei para um beijo calmo, que logo se tornou intenso... E beijos intensos eram um tanto quanto perigoso, ainda mas quando estamos sozinhos em casa... E eu sei que ela ainda não está pronta!

[...]

Alguns minutos se passaram e o primeiro a chegar fora Stefan, seguido por Bonnie, Kai e Caroline. Conversamos todos, sobre coisas nada interessantes e depois fomos assistir um filme... Romance, claro, Caroline sempre conseguia tudo o que queria.

Nem eu, nem muito menos a Elena estávamos prestando a atenção no filme, talvez por ele ser muito cheio de frescuras.

Elena olhava de cara fechada para a tevê, a escolha da Caroline não tinha agradado ela, nem um pouco. E eu olhava pra ela.

Fiquei durante minutos a encarando, fora então que ela percebeu... Me olhou de rabo de olho e sussurrou.

– Que foi? – Não respondi nada, apenas neguei com a cabeça. Ela cerrou os olhos, mas não falou mas nada, apenas voltou a olhar pra tevê.

Eu não parei de fita-la, e ela estava percebendo, e estava ficando sem graça.

– Você está me deixando sem graça! – Diz ela, mas eu continuo a encarando. – Para Dam... – Pede envergonhada.

– Como pode? – pergunto encarando-a nos olhos.

– O que? – Pergunta ela, curiosa.

– Você ser tão linda! – Respondi, ela corou um pouco, mas depois abriu um sorriso enorme. – A mais linda de todas!

Quando eu me aproximei para beijá-la.

– Ai, que fofo! – Caroline quebrou todo o clima.

– Desculpe meu caro amigo, Damon, eu tenho que descordar! – Stefan disse isso olhando para Caroline que revirou os olhos.

– Será que vocês, por favor, poderiam voltar a prestar atenção no filme? – Elena pediu sem interromper o contato visual comigo.

Stefan e Caroline não disseram nada, apenas voltaram a olhar pra tevê... Pelo visto o filme era mesmo chato, até porque nem a atenção da Care, ele estava conseguindo prender.

– Onde paramos? – Elena sussurrou. Dei um meio sorriso fofo e então me aproximei, beijando-a.

[...]

– Você acha que devemos contar? – Elena perguntou.

Eu e ela na verdade, desistimos de tentar ver aquilo... Fomos para a área externa, estava meio frio, Elena estava apoiada ao meu peito.

– Você acha?

– Perguntei primeiro! – Afaguei os cabelos dela.

– Acho que sim...

– Acha? – Suspirei meio receoso.

– Sim, não sei se eles vão aceitar numa boa! – Mordi o lábio, ela se sentou a minha frente.

– Vão aceitar? – Ela franziu o cenho. – Aceitar o que? – Perguntou. – Eles iriam me enganar também, não tem a mínima lógica eles ficarem bravos. – Balancei a cabeça positivamente.

– Eles não vão ficar bravos, eu sei... Só que... Vai ser constrangedor... – Ela deu uma risada alta.

– Damon, não tem nada de constrangedor... – Mentiu na cara dura.

– Claro que tem, e você sabe! – Suspirei. – Será que não dá pra deixar do jeito que está? – Acariciei a bochecha dela.

– Claro que não... – Falou um pouco alto, e então abaixou de novo o tom de voz. – Eu sinto que a Bonn e a Care não confiam em mim, e eu sei que é porque elas acham que eu não sei dessa aposta idiota... – Ela torceu os lábios. – Você não tem outra escolha, vamos ter que abrir o jogo. – Ela deu de ombros, como se não se importasse.

– E você diz isso... Assim? Calma? – Questionei tentando enrolar ela. – Aposto que você também deve estar morrendo de preocupação! – Ela revirou os olhos e me deu um tapa no braço.

– Não tenta me enrolar! – Me repreendeu e eu achei graça. – E conta logo pra eles! – Fez bico, eu respirei fundo e assenti...

Eu sabia que eles não ficariam bravos, mas eu sabia qual seria a reação deles em saber que eu tive que pagar a Elena pra me namorar... Pra eles poderia até ser engraçado, mas pra mim, não seria, não seria mesmo!

– Será que eu posso contar, outro dia? – Cocei a nuca.

– Não! – Respondeu de imediato. – Hoje! – Ela me deu um beijinho no rosto e se levantou, andando até a entrada da casa.

– Puta merda! –Praguejei, pra que eu tinha começado com aquilo? Agora eu seria uma piada, uma piada por quem sabe... ANOS, ou até mesmo pra SEMPRE. Mas pelo menos, eu tinha realmente conquistado a garota!