Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 41
41


Notas iniciais do capítulo

Quadragésima primeira drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XLI

Karin devolveu uma Sarada resmungona e manhosa para os braços ansiosos da mãe. Ora, podia ser pequena, mas a menina já demonstrava que tinha um gênio forte como o do pai. Ou como o da mãe. Talvez de ambos. Sacudindo a cabeça, sorriu para Sakura, que embalava a bebê.

— Não disponho dos equipamentos corretos, muito menos de toda a aparelhagem necessária, mas de todos os exames que fiz, todos deram ótimos resultados. Também tomei a liberdade de medi-la e pesá-la e anotei tudo para você.

— Muito obrigada, Karin — Sakura a agradeceu com um sorriso doce. — Está fazendo tanto por mim e por Sarada. Por nós. Eu nem mesmo sei como agradecê-la.

— Não há necessidade. Estou fazendo tudo isso porque quero.

Ela apontou para a silhueta de Sasuke com uma careta em seguida, arrancando risos de Sakura.

— Seu marido, por outro lado, não desgrudou os olhos de mim durante todo o tempo, é sério. Foi muito enervante.

— Ele ainda está tenso com tudo o que aconteceu. Devemos dar tempo a ele para absorver bem a novidade. — Sakura o justificou, como Karin esperava, e fez com que a ninja sensora revirasse os olhos discretamente.

Sakura podia dizer que se sentia bem — e aliviada — depois de ter conseguido amamentar Sarada pela primeira vez. Além disso, estava vestindo roupas limpas (emprestadas de Karin) e havia conseguido dormir bem há algumas horas. E o único momento em que se forçou a se afastar de Sarada, entregando-a a Karin para que colhesse amostras de sangue e fizesse outros exames, fez seu coração inchar de saudades. Ainda custava digerir que sua filha era tão perfeita e tão saudável. Exceto pelo susto que tivera com o parto antecipado, saber que tudo estava bem com Sarada a acalmava.

— Bem, se precisar de alguma coisa é só me chamar — Karin assegurou prestativamente e Sakura anuiu, grata.

Quando ela se retirou, Sakura ajeitou a bebê nos seus braços. Os pequenos punhos usavam luvinhas e se agitavam inquietos pela abertura da manta que a envolvia. Os tufos de cabelo negro que cobriam sua cabeça eram quase tão grossos quanto os do pai e Sakura podia apontar com certeza a quem pertencia cada traço daquele rostinho mimoso como o nariz pequeno, os cílios longos ou a curva dos lábios.

Ela ninou a menina até que ela se aquietasse e bocejasse, aconchegando-se ao calor do seu corpo. Sasuke se aproximou nesse momento, os olhos foram imediatamente atraídos para o embrulho que Sakura segurava junto ao peito.

— Está tudo bem? — ele perguntou num tom ansioso, ou o mais ansioso possível que uma pessoa como Sasuke conseguisse soar.

— Tudo ótimo — Sakura garantiu contente, até notar as linhas de cansaço na expressão do marido e sua alegria se tornar uma preocupação sutil. — Deveria descansar um pouco. Você esteve acordado o dia todo e passou a maior parte do tempo de pé. Acho que Karin cederia um quarto para que dormisse por algumas horas.

Ela viu a recusa se formando nos olhos dele e o cortou antes que tivesse a chance de responder.

— Sarada e eu ficaremos bem, é sério. Não iremos a lugar algum — assegurou com um sorriso firme. — Descanse um pouco, por mim, meu amor.

Eles foram surpreendidos pelo timbre vociferante de Karin em seguida, que voltava ao recinto, fulminando Sasuke.

— Ugh, eu não aguento mais isso. Vá dormir, Sasuke. Preparei um quarto para você e não se atreva a me olhar desse jeito. Eu fico com a Sakura e a Sarada, e pode brigar comigo mais tarde se quiser, mas só depois que tiver descansado esse seu traseiro.

Sakura estendeu a mão, tocando-o na face, suplicando com o olhar que ele fosse descansar agora. Sasuke bufou pelo nariz, mas depois de dedicar uma última olhadela para a filha, acolhida e segura nos braços da mãe, ele acatou o pedido de ambas as kunoichis e se retirou do recinto.

Karin o acompanhou com o olhar até que ele desaparecesse pelo corredor, as mãos apoiadas nos quadris para reforçar sua postura severa, o que fez Sakura rir delicadamente. Elas trocaram um último olhar cúmplice antes que a ruiva se aproximasse do leito mais uma vez.

Sakura se sentiu bem e revigorada para se levantar e esticar as pernas um pouco no dia seguinte. Mas logo foi forçada a sentar outra vez quando Sarada exigiu ser alimentada.

Ela se acomodou no leito de novo para amamentá-la. Felizmente, ela havia conseguido tirar um tempo para tomar banho enquanto Karin paparicava a bebê. Agora, a ninja sensora havia voltado aos seus afazeres e quem a observava de perto era Sasuke mais uma vez. Eles haviam combinado mais cedo de esperar um ou dois dias antes de seguir viagem para Konoha.

Sasuke parecia ter sido pego de surpresa com a recente camaradagem entre ambas as kunoichis, mas não se atreveu a perguntar ou comentar nada. Ainda sim as observava intrigado e com uma sugestão de curiosidade numa sobrancelha arqueada — o que divertia Sakura tremendamente.

Mais tarde ela comentaria sobre o presente que deu à Karin e ao pedido que fez a ela.

Quando Sarada se afastou do seu seio, satisfeita, Sakura se recostou, lutando para ajeitar suas roupas, até que Sasuke se ofereceu para ajudá-la, abotoando sua blusa.

— Pode segurá-la um pouco para mim? Meus braços estão cansando — Sakura perguntou fingindo cansaço ao adejar os cílios inocentemente, colocando seu plano em ação.

Ela estivera ciente das inseguranças do marido o tempo todo. Via através de Sasuke agora como se ele fosse transparente. Era hora de ajudá-lo a superar aquele medo. Sakura viu a hesitação nos olhos dele, mas, tão rápido quanto veio, ela se foi.

Mostrou a ele como posicionar o braço e assegurou que daria todo o suporte que precisasse. Passá-la para o braço de Sasuke foi mais fácil do que havia imaginado. Ele a segurou com firmeza, apoiando a cabeça na dobra do braço. Viu a expressão dele mudar na mesma hora e seus olhos marejaram. Estivera certa, ele precisava daquele momento com a filha.

— Isso, assim mesmo. Está indo muito bem, querido — elogiou-o para encorajá-lo e injetar confiança nos seus gestos.

— Ela é tão pequena — ele murmurou rouco, enviesando as sobrancelhas para o embrulho que segurava com tanta firmeza.

— Sim, ela é — concordou num sussurro porque Sarada havia acabado de pegar no sono no colo do pai, afastando de vez a mão porque Sasuke a estava segurando bem.

Apesar de mais nada ter sido dito, aquelas promessas eram sussurradas entre eles: a de fazer qualquer coisa para protegerem seu pequeno tesouro, Sarada Uchiha. Suas missões como pais só haviam acabado de começar. A pequena vida que eles criaram estava finalmente ali.

Sasuke ergueu o olhar do rosto da filha para a esposa antes de murmurar as palavras que eram a epítome da trajetória de ambos, palavras que ela conhecia muito bem seu verdadeiro significado, quando provinham dos lábios dele:

— Sakura... Obrigado.

Sua única reação foi sorrir, no fundo também estava grata a ele por ter lhe dado Sarada, por tê-la deixado entrar em sua vida finalmente para amá-lo e fazê-lo feliz. Ela tinha tantos motivos para agradecê-lo naquele momento quanto ele, percebeu.

Recostou-se ao travesseiro com um sorriso, admirando a cena de Sasuke segurando a filha. Sem querer, pegou no sono em poucos minutos. Estava mais cansada do que havia imaginado. Por causa da névoa do sono, não soube dizer se o beijo que sentiu ser pressionado contra o centro da sua testa foi fruto de um sonho ou não.

Na manhã seguinte, se sentiu confiante o bastante para dizer a Sasuke que já podiam partir. Despediu-se de Karin, à porta do esconderijo, com o sol tênue nascendo por trás das montanhas e com Sarada bem presa ao seu corpo com a ajuda de um grande lenço. Viajariam o resto do caminho até Konoha agora.

Karin olhou para a bebê com um misto de afeto e de saudade já. Fez Sakura prometer que mandaria mensagens através dos falcões de Sasuke para relatar os primeiros progressos de Sarada. Mais cedo, ela havia guardado em uma gaveta, dentro de uma caixinha, um pedaço do cordão umbilical que ela própria cortara, dado por Sakura.

— Cuidem-se — ela pediu ao se afastar com relutância de Sakura e de Sarada. — E falo sério, espero receber uma mensagem de que chegaram são e salvos à Konoha em no máximo uma semana.

— Prometo que não vou esquecer — Sakura assegurou.

Quando enfim deixaram o esconderijo, com Karin os vigiando — e vigiando seus chakras — à distância, o sol havia terminado de nascer, brilhando sobre o descampado que os rodeava e sobre a floresta logo a seguir.

Mantinham um ritmo suave, porém constante de caminhada. Sarada ia quieta e sonolenta, protegida da brisa fria pelo manto pesado de Sakura.

Konoha estava mais perto do que nunca, era, finalmente e depois de quase um ano de ausência, o ponto final de suas jornadas.

Sasuke e Sakura partiram da vila, recém-casados, há vários meses e quase um ciclo completo de estações atrás. E agora levavam um terceiro acréscimo com eles na viagem de volta.

Levavam Sarada.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Próxima drabble: a chegada à Konoha. Não sei se será a penúltima drabble, ainda vai depender da minha inspiração. Mas, em todo caso, fiquem avisados: a próxima pode ser a penúltima drabble de Monotonia.

Obrigada a todos pelos reviews e pela paciência também. Ultimamente, só tive cabeça para Mulher Maravilha e para mais nada. Ainda tô meio que surtando e digerindo todos os feelings, enfim...
Até o próximo!



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