Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 20
20


Notas iniciais do capítulo

Vigésima drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XX

No fim, eles foram persuadidos a aceitarem o convite cortês de Emi e Takashi e, assim, viram-se sem saída quanto a pernoitarem na casa charmosa do casal em Takumi. Sakura, envergonhada, ofereceu-se para ajudar a fazer o jantar enquanto engatava um diálogo ameno com a dona da casa.

Foi nessa conversação que descobriu que ambos tinham um filho adulto que havia deixado Takumi para morar em Mizuashi, uma grande cidade no país do Fogo. Emi contou com um tom embargado que fazia meses que eles não tinham notícias do filho.

No jantar, fartaram-se com um banquete repleto e Sakura até mesmo conseguiu uma ou duas dicas de culinária com a senhora. De fato, tudo estava delicioso e havia sido muito bem preparado.

Durante a refeição, Takashi até conseguiu arrancar de Sasuke mais do que algumas monossílabas, fazendo-o relatar um pouco da sua viagem para eles, algo que Sakura se atentou, pois estava igualmente curiosa a respeito (nunca havia visto Sasuke conversar sobre sua viagem com estranhos).

Por isso, escutou atenta enquanto ele descrevia lacônico o seu trajeto por diversos países. Ficou realmente surpresa por ouvi-lo dizer que esteve praticamente nos quatro cantos do mundo conhecido, visitando lugarejos tão ao norte do País do Relâmpago e da Terra que ela nem mesmo nunca havia ouvido falar.

— Além disso, estendi minha viagem para os países menores no extremo leste e oeste. A maior parte deles sequer possui uma vila ninja — deu de ombros ao final antes de morder o onigiri e mastigar compenetrado.

— Ah, Sasuke-san é um jovem tão ocupado e vivido! Certamente obteve muito conhecimento nessa viagem — Emi comentou e Takashi concordou com um aceno de cabeça, endossando o elogio da esposa. — Mas me alegre saber que encontrou companhia para continuar sua viagem! — ela acrescentou com um sorriso cúmplice para Sakura, que enrubesceu de leve, mas não desviou o olhar.

Depois disso, o jantar se seguiu e Sasuke e Sakura ocuparam o quarto vago da casa. Sakura havia ajudado Emi a preparar o cômodo horas antes, oferecendo-se para auxiliá-la mesmo quando a senhora insistiu que não era necessário. Não queria abusar da hospitalidade de pessoas tão simpáticas.

Ela havia acabado de apanhar mantas extras e retornava ao quarto quando, ao deslizar a porta, encontrou Sasuke sentado no alpendre, com a porta externa escancarada e defronte para um céu de veludo pontilhado por um milhão de diamantes reluzentes; estava imóvel como uma escultura e cingido pelo luar prateado que varava o cômodo, penetrando em cada penumbra.

Sem fazer ruído, fechou a porta e caminhou até ele. Sentou-se ao seu lado sem dizer uma única palavra e mirou o céu estrelado, tão límpido quanto há muito tempo não se via. Não se lembrava de uma noite tão clara assim.

Por um instante inescrutável, o silêncio imperou entre ambos. O vento suave sussurrava nos caibros e fazia ondular os caules de flores que haviam sido cuidadosamente plantadas num jardim modesto perto dali, carregando suas fragrâncias noturnas.

Então, Sakura conteve um pequeno sobressalto assim que sentiu o braço de Sasuke deslizar pelas suas costas. Mais tarde, esse choque inicial se tornou um suspiro incontido. Incerta, ela o buscou com os olhos, só para encontrá-lo já a sondando intensamente.

— Estive pensando — ele murmurou e seu tom comedido quase se misturava ao sussurro do vento.

— Pensando no quê? — instigou-o e ainda sentia o toque dele no alto das suas costas.

— Talvez — ele suspirou baixinho através dos lábios apartados. — Talvez você devesse começar a usar o símbolo do meu clã.

O arquejo repentino de Sakura pareceu confundi-lo.

— Eu... — ela tentou dizer, mas foi interrompida.

— Você é uma Uchiha agora. É minha esposa. Não vejo razão para não fazê-lo.

Diante dos argumentos dele, Sakura se viu sem um meio de contestá-lo. É verdade que agora era esposa e que carregava seu sobrenome, mas ela não era prepotente ao ponto de achar que teria direito a usar o brasão do clã. Sasuke, por outro lado, parecia pensar o oposto pelo visto.

Suspirando, ela fitou o marido e recomeçou um pouco menos intimidada pela ideia.

— Você realmente quer que eu o use, Sasuke-kun?

Sasuke franziu o cenho para demonstrar aturdimento dessa vez ou, talvez, ele tenha interpretado sua hesitação equivocadamente.

— A não ser que você não queira...

— Não, não! — ela se adiantou, esbaforida, interrompendo-o e gesticulando energicamente com uma mão. — Não é isso, Sasuke-kun. Eu quero — admitiu num sussurro embaraçado e tentou esconder as faces coradas dele.

Mas se viu sem saída quando Sasuke deslocou o braço que até então estivera nas suas costas e usou a mão para levantar seu queixo e sustentar seu olhar fugidio no dele.

— Então não vejo por que não usá-lo — murmurou e o sorriso malicioso dele a surpreendeu...

...Só não mais do que sua própria audácia ao atirar os braços em torno do pescoço e pressionar os lábios nos dele no instante posterior. Ela não se lembrava de alguma vez tê-lo pego com a guarda-baixa assim, mas, pela forma como a segurou pela cintura contra o seu corpo, julgou que Sasuke não havia se incomodado nem um pouco.

Sakura suspirou e correu os dedos pelo cabelo negro dele, e quando ele fez menção de levá-la para dentro do quarto e cerrar a porta ela não fez qualquer objeção, afinal ambos continuavam sentados no alpendre da casa e a última coisa que quereriam eram ser flagrados por Emi ou Takashi.

Estagnados no meio do cômodo, Sakura o beijou e o abraçou como queria, contente. Alisou a blusa dele onde quer que o tecido se acomodasse aos músculos rijos: no peito, nos ombros, no abdome. Então, ao final, moldou-se a ele, com o sangue pulsando nas suas veias e o coração rebentando seu peito.

O cansaço da viagem falou mais alto no fim e eles se acomodaram nos futons em seguida, lado a lado.

Na manhã seguinte, mesmo que não quisesse abusar da boa vontade de Emi e mesmo que tivesse oferecido dinheiro em troca (e ela tivesse recusado), Sakura pediu à senhora que bordasse na sua vestimenta o símbolo do clã de seu marido, substituindo o brasão de sua família que ela envergara desde muito cedo.

Sasuke estava certo: era uma Uchiha agora, era esposa dele e ele era seu marido. Mostraria a todos que o clã estava pronto para ser reerguido, e nisso Sakura o ajudaria com todo o prazer.

Era uma espécie de recomeço para o clã Uchiha, através das mãos dela e de Sasuke; um renascimento.

 

 


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Notas finais do capítulo

Cumprindo o que eu disse: aqui está a drabble da semana! Talvez haja mais uma até o final da semana, talvez não... Depende muito da minha inspiração AHSUAHSUAHSUA
...
Se viram qualquer erro, mil perdões! Digitei essa drabble bem rápido e revisei, mas sou um pouco desatenta e sempre deixo escapar uma coisa ou outra, ai, ai...
...
Obrigada a todos que estão comentando! Nos vemos nos reviews! *-*
Até o próximo!