Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 19
19


Notas iniciais do capítulo

Décima nona drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XIX

 

Eles seguiram viagem bem cedo na manhã seguinte, avançando em direção ao interior do território do país do Rio e cada vez mais ao sul.

Depois de haverem deixado para trás vilas pequenas e cidades pacatas, Sakura se viu subindo um imenso aclive rochoso sob o ardor de um sol brilhante e um céu límpido. A julgar pela segurança que transmitia em cada passada infundida com chakra terreno acima, ela conjecturava que Sasuke já estivera ali.

Isso se provou verdadeiro assim que eles alcançaram o topo da ravina. Sakura resfolegou uma vez que contemplou o vale de cima da elevação, uma paisagem belíssima, banhada pelos baixios do rio principal que cortava toda a extensão do território do país.

As montanhas destacavam-se ao fundo, num segundo plano, e assomavam sobre a região como vultos no horizonte claro. Abaixo deles, a vila de Takumi se erguia, modesta; a aldeia oculta dos artesãos, localizada às margens de um vau extenso que se perdia de vista, cujas águas rasas e cristalinas fluíam por entre os seixos.

— Isso é lindo, Sasuke-kun — Sakura pegou-se sussurrando para o marido, que aquiesceu.

— Takumi foi um dos lugares que conheci durante a minha jornada.

Empolgada, ela o acompanhou quando começaram a descer o aclive em direção à vila. Sakura estava maravilhada com a visão particularmente adorável que as casas e sobrados com telhados angulosos compunham. Não era uma aldeia grande, muito menos possuía muitos Shinobis de alta patente, na verdade Takumi era conhecida em todos os cantos por seus artesãos habilidosos capazes de criar as armas ninjas mais resistentes, de um aço leve e durável.

A grama do outeiro sob os seus pés estava úmida pelo orvalho e bem aparada e as vielas estreitas tinham calçamento de pedra.

Na aldeia, havia comerciantes negociando seus produtos sob barracas, também havia lojas que vendiam os mais diversos apetrechos e boticários que comercializavam remédios feitos a partir de plantas raras que só cresciam na região.

Sakura não pediu a Sasuke para que parassem para dar uma conferida nesse último, embora quisesse muito. Ela preferiu esperar e ver até onde eles iriam, podiam só estar de passagem pela aldeia e ela não queria desviá-los do trajeto real por causa de bobagens.

Apesar disso, alguns minutos depois, ela enfim descobriu aonde ele pretendia ir. Seguiram na direção de uma das casas mais charmosas da vila com um alpendre espaçoso e balaústres de madeira escura. Uma senhora de cabelos grisalhos e silhueta franzina varria sua fachada e acenou para Sasuke tão logo o viu.

— Ora, se não é o Sasuke-san?

Eles se aproximaram comedidamente, dando tempo à senhora para chamar por seu marido, que estava dentro da casa e que não demorou a sair uma vez que a ouviu:

— Takashi, venha aqui fora e veja quem voltou!

Da porta principal, surgiu um homem tão ou mais franzino do que sua esposa com uma cabeça calva e um par de óculos engraçado. Seu rosto se iluminou tão logo notou a figura de Sasuke.

— Sasuke-san, há quanto tempo!

Sakura deixou que o marido passasse à frente e seguiu mais atrás, encabulada. Não conhecia aquelas pessoas, mas aquelas pessoas conheciam Sasuke e, por cortesia, deixou-os se reencontrarem sem a sua interferência.

— Takashi, Emi — ele os cumprimentou cordialmente com um aceno de cabeça.

Mas, para a sua surpresa, Sasuke a apresentou a eles assim que os dois pares de olhos se voltaram para ela, intrigados.

— Esta é Sakura — disse ele e indicou para sua figura encabulada —, minha esposa.

Diante das expressões embasbacadas do casal, ela corou e fez uma mesura atrapalhada.

— É um prazer conhecê-los!

— Estes são Takashi e Emi — Sasuke terminou de fazer as apresentações e os dois lhe sorriram com gentileza.

— O prazer é todo nosso, Sakura-san — a senhora disse. — É uma surpresa bastante agradável saber que Sasuke-san se casou... E com uma mocinha tão bonita! — acrescentou depois de havê-la observado com um pouco mais de atenção.

— Obrigada — agradeceu ao elogio com um pouco mais de firmeza na voz, embora suas bochechas ainda ardessem de vergonha.

Em seguida, o casal simpático de idosos já os convidava para entrar e tomar chá. Foi então que ela tomou consciência dos pormenores: durante a sua jornada de redenção, Sasuke seguiu pistas de um pergaminho antigo que continha informações a respeito do clã Ōtsutsuki, que estava em posse de um casal que morava em Takumi.

Durante as semanas em que estudou seu conteúdo, Takashi e Emi se tornaram muito apegados a Sasuke e o hospedaram em sua residência até o dia em que ele partiu, há quase dois anos.

— É claro que vocês dois serão nossos hóspedes porquanto permanecerem na vila, não aceitamos não como resposta — comentou Emi com um floreio da mão e uma empolgação jovial que destoava de sua figura mirrada e envelhecida.

— Só estamos de passagem — Sasuke declarou com singeleza, mas seu comentário foi descartado pelo casal hospitaleiro.

— Oh, nesse caso, passarão ao menos essa noite conosco, não? — refez a oferta sem se deixar abalar pela negativa que Sasuke já começava a proferir.

Sakura sorriu para ambos sem saber o que dizer ao certo, estava se sentindo um pouco perdida e tímida por usufruir da hospitalidade deles, mas eles também não aceitavam suas negativas com polidez.

— Mas conte para nós, Sasuke-san — Emi mudou de assunto enquanto servia chá para todos, que estavam sentados em torno da mesa —, como conheceu sua esposa?

Eles se entreolharam só por um momento até Sasuke murmurar de forma concisa uma resposta que os satisfaria:

— Somos companheiros de equipe desde que tínhamos doze anos.

— Oh, é mesmo? Então, ela é uma Kunoichi — comentou a senhora com um sorriso gracioso para Sakura.

— Sasuke-kun e eu nos conhecemos desde a Academia na verdade — ela emendou com outro sorriso tímido e escondeu-o atrás da borda do seu copo quando bebericou o chá.

Takashi coçou o queixo, contemplativo, e olhou para Sakura em seguida com um escrutínio descarado.

— Sakura, é? Iryō-nin de Konoha? Acho que já ouvi algo sobre uma Kunoichi da Folha chamada Sakura... Haruno Sakura, estou certo? — ele conjecturou com um sorriso e ela estava prestes a concordar quando o tom grave de Sasuke se sobrepôs ao seu.

Uchiha Sakura — corrigiu-o com naturalidade e logo depois bebericou seu chá como se não houvesse dito nada.

Sakura encarou o perfil de seu esposo sentado bem ao seu lado sem saber o que dizer. Enrubesceu ainda mais quando notou o constrangimento do casal, que não se deixou afetar pelos modos inadequados de Sasuke, é claro.

Então, para dispersar o clima estranho, ela juntou as mãos e agradeceu a ambos com um sorriso mais espontâneo dessa vez:

— Obrigada pela hospitalidade!

Aparentemente, seria uma longa tarde e, talvez, uma noite surpreendente se dependesse de Sasuke.


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Notas finais do capítulo

Nem demorei dessa vez, né? XD Tentarei manter as postagens de Monotonia semanais ou até duas vezes por semana ;)
...
Muito obrigada a todos que estão comentando!
Até o próximo.



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