Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 15
15


Notas iniciais do capítulo

Décima quinta drabble dedicada à Carol Uchiha pela linda recomendação! Espero que goste!
...
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XV

Quando acordou, ainda nas primeiras horas de um novo dia, Sakura descobriu que Sasuke continuava dormindo profundamente ao seu lado. Temendo acordá-lo, ficou imóvel; queria contemplá-lo tão sereno e tão encantador enquanto adormecido.

Escorregando uma mão por baixo da bochecha, fitou o rosto cinzelado e de traços aristocráticos e finos, iluminado pelos pálidos feixes de luz da matina. A boca e o sobrecenho, embora crispados, não sobrecarregavam a expressão tranquila de Sasuke. Durante a noite, a coberta havia escorregado, desnudando-o até a cintura. Os músculos mesmo relaxados sobressaíam-se sob a pele macia e coberta por tênues cicatrizes de batalha.

Lindo — ela suspirou, mexendo os lábios ainda que som algum saísse.

Queria tocá-lo, acariciá-lo, mas também não queria perturbar seu sono. Portanto, não moveu um único centímetro, até mesmo respirando comedidamente para não quebrar a visão adorável que tinha do marido.

De repente, ele se mexeu: as sobrancelhas se crisparam e a boca se comprimiu antes que um vislumbre do preto e do lilás espreitasse por debaixo das pálpebras e dos cílios. Sakura estagnou, olhos esbugalhados, sem saber o que fazer ou o que dizer. Mas quando o olhar de Sasuke se fixou no seu rosto, ela balbuciou a primeira palavra que lhe veio à cabeça:

— O-oi.

Ele não a respondeu diretamente, mas Sakura pensou ter visto o esboço de um sorriso repuxar os lábios dele antes que se virasse para o outro lado e passasse a procurar pelo roupão que usara na noite passada ou ao menos por sua calcinha. Ela corou quando se recordou de sua nudez e enrolou-se na coberta com mais determinação — ou ao menos cuidando para cobrir bem os seus seios —, esquadrinhando o quarto atrás de suas roupas.

Sasuke se levantou num único movimento fluído, sem se importar com sua nudez aparentemente e Sakura conteve o reflexo de se virar para olhá-lo. Ouviu o farfalhar do tecido e soube que ele havia se vestido primeiro do que ela. Decidiu que também deveria se levantar, mas suspirou quando percebeu, de repente, que estava sendo boba. Havia sentido em sustentar aquela fachada inócua de timidez perante o marido?

Por isso, num ímpeto de coragem, soltou a coberta que envolvia seu corpo e, por fim, localizou o roupão que usara. Sakura sentiu um calafrio na base da espinha: a impressão consistente de que haviam olhos pregados às suas costas nuas lhe deu a confiança necessária para deliberar o ato de vestir o roupão, deslizando as mangas pelos braços arrepiados, antes de fechá-lo na frente com um nó frouxo na sua cintura.

— Vou pedir que tragam o desjejum. — A voz de Sasuke, grave e baixa, ao quebrar o silêncio delicado dentro do quarto a fez praticamente saltar com o coração martelando as costelas.

— T-tudo bem — concordou, evitando olhá-lo para que não notasse suas faces fortemente coradas.

Por um momento, lembrou-se do som poderoso da voz dele ao gemer seu nome na noite anterior e isso só fez intensificar o rubor em suas bochechas e o calor na sua pele. Ouvir os passos de Sasuke e o som da porta se abrindo e se fechando permitiu que Sakura tentasse compor uma expressão menos embaraçada. Decidiu que começaria o dia tomando um banho, talvez se sentisse melhor depois dele.

Ao entrar no banheiro, despiu-se e deixou que seus olhos percorressem seu corpo num exame minucioso no reflexo do espelho. Seu pescoço e colo definitivamente eram os lugares com marcas mais visíveis e isso a fez ter vontade de cobri-las com as mãos para escondê-las dos olhos atentos de Sasuke.

Sem mais delongas, abriu o chuveiro e entrou sob a torrente de água quente, apreciando a sensação da água ao escorrer pela sua pele. Alguns minutos depois, entretanto, ouviu a porta se abrir e estagnou, petrificada, enquanto a presença de Sasuke no banheiro se tornava inegável.

Ele abriu o boxe sem dizer uma só palavra e se despiu para entrar. Sakura afastou os cabelos molhados dos olhos e piscou, descrente. Recuou um passo para ceder espaço ao marido, para que ele entrasse sob a torrente de água. O único braço de Sasuke não demorou a envolvê-la pela cintura e a trazê-la para perto do seu corpo. O queixo dele descansou no topo da sua cabeça enquanto ele também se encharcava.

Depois, fez a pergunta que a deixou tanto surpresa quanto embaraçada, num tom só um pouco mais alto do que o som do chuveiro ligado:

— Eu te machuquei na noite passada?

Sakura ponderou por um tempo, sem saber o que respondê-lo. É verdade que havia um pequeno desconforto íntimo, mas completamente natural, afinal ela havia sido virgem até sua primeira noite com Sasuke. Mas, fora isso...

— Não — disse-lhe e passou os braços pela cintura dele, apertando-se ao corpo quente. — Você não me machucou, Sasuke-kun.

Sorrindo contra a pele macia e molhada, aproveitou a sensação do calor: tanto do banho quanto do corpo viril colado ao seu.

— Ontem à noite... Foi incrível, maravilhoso — completou.

Isso pareceu desanuviar a cabeça de seu marido, que afagou suas costas em resposta. Pensar que Sasuke tivera sensibilidade suficiente para se preocupar em tê-la machucado na primeira vez deles deixou em Sakura um sentimento doce de contentamento. Agora, já não sentia mais necessidade de conservar sua modéstia perante o marido.

Por isso, deixou que ele a auxiliasse no banho, descartando completamente a vergonha ao permitir que a mão dele percorresse todo seu corpo, e também o ajudou a se lavar, arrastando com vagar e delicadeza a esponja pelos músculos firmes do peito e das costas.

Em certo ponto, depois de saírem do banho e enquanto se secavam, pressionou os lábios na pele ainda úmida do peito dele. A mão de Sasuke envolveu seu rosto e atraiu seu olhar para o dele. Ele a beijou ali mesmo, apenas um breve roçar antes que se afastasse com um sorriso pequeno, mas nítido na leveza de sua expressão, indicando para que voltassem ao quarto e comessem.

Sakura sabia que com o tempo se habituaria a essas pequenas e adoráveis rotinas compartilhadas com Sasuke. Mas, por enquanto, tudo ainda era tão novo e ela não podia evitar que seu coração acelerasse ao menor toque, ao menor gesto vindo dele.

Talvez, algum dia, eles se habituassem à monotonia. Por ora, eram jovens e recém-casados e haviam passado por muita coisa para que, enfim, pudessem ficar juntos. Eles ainda tinham um longo caminho pela frente.

No dia seguinte, Sasuke informou durante o desjejum, quando eles partissem para o País do Rio, dariam o primeiro passo em sua viagem.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram! Nos vemos nos reviews! ;)
Até o próximo!