Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 13
13


Notas iniciais do capítulo

Décima terceira drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XIII

Quando Sasuke voltou para o quarto, Sakura já tinha decidido o que faria. Ainda assim, agiu com naturalidade perto do marido enquanto ele também pegava seus pertences e desaparecia no banheiro para tomar banho.

Sentada sobre o futon, irrequieta, ela lutou para acalmar os próprios pensamentos assim que ouviu o barulho do chuveiro. Como havia prestado atenção, soube que Sasuke não trancou a porta. Isso a fez enrubescer.

A comida que ele pediu chegou poucos minutos depois e foi Sakura quem agradeceu a hospedeira pela gentileza, dispensando-a em seguida com um sorriso e uma cortesia floreada.

Assim que fechou a porta, levou os dois obentos para dentro do quarto, os colocou sobre a mesinha e espiou os conteúdos; era fácil diferenciar qual pertencia a ela e qual pertencia a Sasuke só de olhar seu conteúdo e o modo como a comida havia sido disposta. Sem comida apimentada ou com temperos fortes demais para ela e algo menos sofisticado para ele. Achou esse gesto atencioso da parte dele.

Sasuke saiu do banho não muito tempo depois, envolto numa nuvem de vapor quente e com os cabelos pingando. Vestia o mesmo roupão felpudo que ela, com a diferença de que o dele havia sido amarrado bem frouxamente em torno da cintura, o que revelava uma boa parte do seu peito e do seu abdome. Ele secava o cabelo com uma toalha e apesar de não aparentar dificuldade em fazê-lo com só uma mão, Sakura se sentiu compelida a ajudá-lo.

Por isso, aproximou-se comedida e, lentamente, estendeu a mão para tirar-lhe a toalha. Sasuke ergueu uma sobrancelha, mas não vocalizou qualquer questionamento.

— Senta aqui, Sasuke-kun — ela o instruiu, indicando o futon com as faces enrubescidas, sorrindo para ele com os olhos.

Sasuke fez como ela lhe pediu enquanto Sakura o rodeava e ajoelhava-se às suas costas. Com as duas mãos, abriu a toalha já úmida e dispôs-se a secar o cabelo dele de forma cuidadosa, maleando os fios negros de acordo com a sua vontade e extraindo deles toda a água.

Em certo ponto, não resistiu e pressionou os lábios na pele ainda úmida do banho do pescoço forte dele, um beijo inocente, desprovido de malícia. Entretanto, Sasuke enrijeceu sob o roçar da sua boca e se afastou num sobressalto, resmungando algo sobre eles precisarem comer agora, escondendo dela tanto seu rosto como o rubor que o denunciaria.

Sakura bufou discretamente, mas não disse qualquer palavra — mesmo que tentasse, não conseguiria comentar a reação inesperada dele. De modo que se resignou a acompanhá-lo na refeição, sentando-se defronte para ele.

Com sua confiança renovada, separou os hashis e retirou a tampa do seu bentō:

— Itadakisamu! — exclamou e ouviu o marido ecoá-la um pouco mais baixo.

Comeram sem pressa, mesmo que o silêncio escoasse entre ambos, lembrando-os das presenças dos seus consortes e da intimidade embaraçosa que compartilhariam até o último dia de suas existências. Sakura se perguntava se tudo, cada pequeno e insignificante gesto, seria novo agora que iniciava uma vida ao lado de Sasuke.

Ao término, ela agradeceu novamente pela comida e voltou ao banheiro para escovar seus dentes e desabafar uma decepção iminente que sentia começar a brotar no âmago para as paredes úmidas e inconfidentes. Durante todo o tempo em que comeram, ela relanceou olhares discretos para o marido, atendo-se a cada mínimo gesto.

Ele, entretanto, não fez contato visual em nenhum momento. O silêncio profundo que ecoava nele também a deixava cheia de dúvidas. Sakura não queria dar atenção àqueles pensamentos bobos, mas estava começando a se sentir derrotada. Sasuke mal lhe dirigiu a palavra desde que chegaram ali... Bem, desde que partiram da vila. O que ele omitia dela agora mesmo?

Com um suspiro, decidiu que o melhor seria dar a ele o espaço do qual precisava, deixá-lo abrir-se espontaneamente e vir até ela. Sim, era isso o que faria. Por isso, encarou-se no espelho acima da pia e esboçou um sorriso ínfimo.

Nesse instante, ela ouviu a porta sendo aberta e voltou-se para Sasuke, para dizer que já estava terminando quando ele entrou no banheiro sem cerimônias e se aproximou dela com uma intensidade nos olhos que a emudeceu.

Em silêncio — e boquiaberta — deixou que ele a envolvesse com seu único braço, trazendo-a para mais perto e enterrasse o rosto no seu pescoço, respirando erraticamente na sua pele arrepiada.

Sakura abraçou-o pelos ombros e balbuciou algumas palavras:

— Sasuke-kun, o que houve?

Como ele não a respondeu, ela se afastou, aplicando um pouco de força para isso, e quando o olhou nos olhos descobriu-o aflito por algo que desconhecia. Por isso tocou-o no rosto, tentando assegurá-lo de quê o que quer que o afligisse, ela estaria ali por ele.

— Sasuke-kun — sussurrou o nome dele devagar, afetuosamente.

Por fim, ouviu o timbre dele, baixo e rouco:

— Eu prometo que será diferente daqui em diante.

— Diferente como? — ela ecoou com um sorriso nervoso quando a mão dele, até então aninhada no meio das suas costas, subiu até a sua nuca para envolvê-la.

— Sakura — ele murmurou o nome dela ao invés de respondê-la, mas num tom tão apaixonado, tão intenso que ela se sentiu ardendo sob o escrutínio dos seus olhos.

Sakura anteviu o que aconteceria no instante em que ele apartou os lábios e abaixou os olhos para os próprios lábios dela: botões cor-de-rosa úmidos e convidativos, entreabertos e quase impudicos na forma como deixavam escapar seus suspiros.

Ele a beijou ali mesmo, apertando um pouco o enlace que tinha na nuca dela para trazê-la para ainda mais perto. Sakura espalmou as mãos no peito dele, havia sido pega de surpresa, mas cedeu logo em seguida; fechou os olhos antes arregalados e suspirou nos lábios de Sasuke.

Agora entendera o silêncio do marido, seu distanciamento mais cedo e, ainda assim, ele viera até ela para lhe prometer que tudo seria diferente agora que eles estavam casados; eles começavam sua vida juntos ali, sem mais receios ou velhas inseguranças.

Por isso, quando ele se separou dela, ofegante, e buscou pela sua mão, Sakura não teve qualquer dúvida quanto a segui-lo de volta para o quarto.

Lá fora, a noite caíra havia algum tempo; o céu da cor do índigo enchera-se de estrelas junto a uma fatia fina de lua. Mas, para Sasuke e Sakura, ela só começava agora.


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Notas finais do capítulo

Na drabble passada, a Sakura superou seus medos. Nessa, foi a vez do Sasuke-kun. E agora sim o que vocês mais queriam, seus pervertidos :v Huehuehuehue
...
Nos vemos nos reviews! ;D
Até o próximo!