Daitai Love escrita por Kaline Bogard


Capítulo 5
Capítulo 05 – Daitai Mistakes


Notas iniciais do capítulo

WOW

:o



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Finalmente o inverno chegou de vez. E ele veio tão rigoroso quanto havia prometido. A época do ano que encantava muita gente, na mesma proporção em que desagradava outro tanto.

Taiga era do tipo que gostava de todas as estações, pois conseguia ver vantagens e desvantagens em todas. Fazia parte da sua personalidade adaptar-se bem a todas. Já Daiki, irremediável preguiçoso, ficava ainda mais acomodado no frio, tal qual um gato manhoso que fazia de qualquer espacinho o seu ninho. Não poucas vezes Taiga chegava em casa e encontrava o namorado enrolado em cobertores assistindo televisão. E a sua saudação era "chocolate quente!", dita com toda cara de pau do mundo, para; somente depois, completar com o acolhedor "okareri".

Dezembro era um mês que Taiga apreciava, não apenas pelo frio e pela neve que mudava a aparência de Tokyo. Principalmente por um feriado que o encantava: Christmas Day, quase um segundo dia dos namorados, data que pretendia aproveitar ao máximo com o namorado.

Pena que Daiki tinha planos diferentes. O policial conseguira negociar a escala com um colega, assim tanto ele quanto Taiga estariam de folga, para ficar em casa e curtir cada minuto a dois da melhor forma possível.

Taiga queria sair, ver a decoração de Natal, aproveitar o clima romântico e comer fora de casa. Foi um custo convencer Daiki a sair de sob as cobertas quentinhas, transpirando má-vontade por todos os poros. Não tinha paciência para ir à rua tomada com jovens casais, principalmente os recém formados.

E aí as coisas complicaram ainda mais.

Daiki não conseguiu achar um par de tênis que ele gostava muito e que fazia tempo não usava. Foi a gota d'água para perder a paciência de vez, pois ele jogou a culpa sobre o namorado: Taiga era tão maníaco por limpeza que guardava e reorganizava tudo! Depois Daiki não encontrava o que precisava.

Taiga explodiu com tanta ingratidão. Seu namorado era um folgado. Se deixasse correr solto, viveriam em um chiqueiro. Daiki ouvia os argumentos e os entendia como puro exagero, não hesitou em devolver seu ponto de vista de forma exaltada.

Viviam bem a maior parte do tempo, um aceitando os defeitos dos outros, mas brigas também constituíam um relacionamento saudável, pois as crises apenas fortaleciam os vínculos.

Claro que no momento da discussão isso não faz diferença. E foi assim que, depois de um acalorado bate-boca, um dos feriados mais românticos do ano terminou totalmente arruinado.

Daiki trancou-se no improvisado estúdio, onde trabalhava no antigo manga de sucesso (e usaria os quadrinhos para extravasar a raiva, zoando certo personagem...) e Taiga foi dormir mais cedo, não sem antes jogar o pijama do amante no corredor. Se ele fazia tanta questão de ficar no sofá, ao invés de aproveitar o feriado, então que dormisse lá. Então recolheu-se ao quarto e ficou observando escassos flocos de neve caírem através da janela. Até sentiu-se tentado a sair sozinho, contudo a idéia logo lhe abandonou os pensamentos. Por fim rendeu-se ao sono, notando antes de adormecer no quanto a cama parecia maior quando Daiki não estava ali.

Aquele foi o primeiro Christmas Day que passaram magoados um com o outro, desde que começaram a se relacionar. Assim como foi o primeiro alerta de que algo muito sério estava acontecendo.

Mas, na época, ainda era impossível que se dessem conta disso.

Uma desatenção que cobraria um preço muito alto...

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Alguns dias depois, o clima entre eles já voltara ao normal. Assim era o relacionamento deles, afinal de contas. Guardar rancor era algo impossível para ambos.

Custou, para Daiki, alguns mini cakes de uma padaria que Taiga adorava. Para Taiga, não custou nada. Porque eles não saíram de casa conforme a vontade de Daiki, então o policial não tinha nada do que reclamar.

Logo a vida voltou aos trilhos.

A primeira folga que Taiga teve em janeiro não coincidiu com a do namorado. Resolveu aproveitar o dia para limpar o apartamento e deixar tudo em ordem. Até lembrar-se das palavras de Daiki o acusando de ser viciado em limpeza. As palavras duras lhe causaram mágoa. Mas agora, analisando com calma, ele tinha razão. Não estava Taiga ali, pensando em gastar a folga limpando o apartamento? Local que já estava muito arrumado, aliás.

Todavia, o que mais tinha pra fazer? Era dia de semana, seus amigos deveriam estar trabalhando, assim como o namorado. A alternativa era sair sozinho por aí... talvez ir na quadra bater uma bola. Ou ficar ali e assistir televisão? Estava tão acostumado a presença do amante em sua vida...

Por fim sentou-se no sofá e ligou a tevê em algum canal aleatório de esportes. Era uma partida de Rugby. Então pegou o celular e deu uma olhada no Line. Foi uma ótima decisão, pois viu uma atualização de status de Kuroko, o amigo avisava aos contatos que a escola em que trabalhava estava passando por um pequeno surto de piolhos e os alunos foram dispensados para que os pais tomassem as devidas providencias.

No próximo segundo se viu discando para ele e combinando de almoçarem juntos.

D&T

— Yo, Kuroko! — Taiga cumprimentou ao encontrar o amigo dos tempos de colégio. Ainda se surpreendia em como mudara tão pouco no decorrer dos anos.

— Olá, Kagami kun. Como você está? — ele vestia um casaco grosso, bem quente e confortável, que combinava com o clima frio e a ameaça de uma nevasca para mais tarde.

— Bem! E você? — Taiga também se agasalhara bem, como o extra de uma touca de lã sobre os fios ruivos e luvas que deixavam suas grandes mãos bem gordinhas e quentes.

— Igualmente.

Combinaram de almoçar em um restaurante em Edogawa. O lugar era tranquilo, tinha a estrutura ocidental onde podiam pedir curry (que não era tão gostoso quanto de Kagami, mas dava pro gasto).

Assim que se sentaram, Taiga puxou assunto.

— Nem acredito que nosso último encontro foi no começo do outono! Como está a Satsuki? E o pequeno?

— Estão bem, obrigado.

— Que sorte esse surto de piolhos na sua escola. Eu ia passar o dia na frente da televisão... bem, não é sorte, claro. Só... — enroscou-se com as palavras, fazendo Tetsuya recostar-se na cadeira e suspirar.

— Algum problema, Kagami kun? Você está agitado.

O rapaz deu-se por vencido. Silenciou o tempo de o garçom aproxima-se para confirmas o pedidos e deixar as bebidas, para então retomar a palavra.

— Você acha que eu sou obcecado por limpeza? Não, eu sou obcecado por limpeza. Mas você acha que isso é um problema? Por que seria um problema?

Kurokou sorriu de leve. Tantos meses afastados e Taiga agia como se fossem os velhos amigos de sempre, o que não era errado. A amizade que os unia não sofria abalos com a distancia imposta ou o tempo passado. Quando se encontravam era como sempre, como quando eram jovens e tinham plena confiança um no outro.

— O que aconteceu?

— Daiki e eu tivemos uma briga. No Natal. Coisas foram ditas e eu fiquei com isso na cabeça — explicou como o feriado se arruinou pela preguiça de Daiki, com os problemas se acumulando até que a dificuldade de encontrar um tênis fizesse ambos exploridem.

— Não acha que seria melhor conversar com ele, Kagami kun?

A pergunta ganhou um olhar levemente magoado. As vezes Kuroko era tão direto e objetivo que atropelava qualquer meandro social que permeava as relações entre as pessoas. Não era proposital, claro. Embora machucasse como farpas afiadas.

— Eu sei. Mais cedo ou mais tarde vou falar com ele. Só...

— Sumimasen — Tetsuya pediu inclinando a cabeça de leve — Entendo o que quer dizer. E entendo que precisamos do contato com outras pessoas, além dos que escolhemos como parceiros. Fui de uma rudeza desnecessária.

— Você e a Satsuki tem problemas também? — Taiga relevou o pedido de desculpas. Não era primeira vez que Tetsuya dava um tapa de pelica, nem seria a última. A questão era apenas se acostumar.

— Claro. Toda relação tem erros e acertos, brigas e reconciliações. Elas dependem apenas da personalidade de cada um. As brigas que meus erros causam no meu casamento são diferentes das suas, porque não apenas nossas personalidades são diferentes, mas as de Aomine kun e Momoi kun.

— Que porra, Tetsu! Você ainda chama sua esposa de Momoi kun! Isso é estranho pra caralho.

— Aa — o ex-sombra meneou a cabeça — E ela briga comigo. Quando temos uma discussão, sempre traz minha formalidade a tona. Momoi kun fala que as vezes não se sente conectada comigo ou que somos realmente íntimos. Então eu percebo que a magoo, mas não é fácil para mim deixar de ser quem sou.

O garçom aproximou-se com os pedidos e a conversa se interrompeu. Assim que ele se afastou, Taiga começou a mexer o arroz branco, pensativo. Kuroko apenas aguardou, quase vendo as engrenagens da mente dele funcionando.

— Eu não sou formal com o Daiki. Na verdade é bem o contrário, somos extremamente informais um com o outro. É... intimo. Não que você e a Satsuki não sejam! — tratou de remediar.

— Entendi o que quis dizer, Kagami kun. Ser obcecado com a limpeza é algo que incomoda o Daiki, e a você?

— Não. Não a maior parte do tempo, assim como gosto de cozinhar, gosto que nossas coisas estejam limpas e arrumadas. Só não vou permitir que isso atrapalhe minha vida e meu relacionamento, por isso te chamei pra almoçar ao invés de ficar limpando a casa.

Kuroko sorriu um pouco mais ao ouvir a confissão.

— O que define você é o que, em algum momento, vai incomodar Daiki. Porque vocês são íntimos e convivem muito próximos dia-a-dia. Momoi kun, é o oposto de mim: informal e invasiva. Mesmo fisicamente, ela abraça e toca as pessoas, atravessa qualquer espaço pessoal. Isso me incomoda as vezes e também causa briga entre nós — o rapaz respirou fundo, enquanto pensava em como continuar, sendo mirado com atenção pelo outro — A medida que amadurecemos, a gente compreende que "qualidades" e "defeitos" são rótulos para o que gostamos ou não nas pessoas que amamos. E o ponto fundamental é o quanto estamos dispostos a ceder por isso. O que sinto por Momoi kun é mais forte do que o incomodo pela espansividade que ela tem, mas sou humano e quando brigamos acabo dizendo o quanto me afeta. Porque uma relação verdadeira e forte agüenta que você seja sincero. E é preciso que se diga em algum momento, caso contrário a mágoa se acumula e cria ranhuras no relacionamento, até que um dia tudo se quebre. Tudo o que estou dizendo é algo que Kagami kun já sabe, ou não teria chegado tão longe ao lado de Aomine kun, mas insegurança também faz parte, então precisamos ouvir de outras pessoas algo que nos tranqüilize.

O longo discurso impressionou Taiga, principalmente pelo fato de que Kuroko acertara basicamente em tudo. Nada foi dito em tom de repreensão, julgamento ou menosprezo. Era apenas um amigo constatando fatos para outro amigo.

— Obrigado.

— Existem erros irreparáveis e erros inescapáveis. Se você não erra, então não está vivendo.

— Você não devia ser professor! Devia ser psicólogo, seus conselhos são ótimos, Kuroko! — o rapaz exclamou antes de começar a comer.

— Psicólogos não dão conselhos, Kagami kun — rebateu uma última vez, antes de também começar a comer.

O outro não pode deixar de rir. Kuroko era tão certinho!

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Depois do almoço, os dois se separaram. Taiga estava de folga, mas Kuroko precisava voltar para a escola e fazer alguns relatórios. Era professor do Jardim de infância, mas a papelada e burocracia eram enormes. E ainda tinha o problema com os piolhos.

Na volta pra casa, passou pelo supermercado e comprou algumas coisas, principalmente um frasco enorme de chantilly. Aquele era uma tradição entre eles, desde que o amante usara no seu manga. A lembrança fez Taiga girar os olhos e já começar a se preparar mentalmente para o pior. Daiki era um besta infantil e ia aparecer com algum quadrinho zoado, graças a briga no Natal. Tinha certeza disso, já acontecera em brigas anteriores.

Por sorte, ele desistira de publicar os quadrinhos. Tudo o que acontecia entre os personagens Aoyama e Kamisuke, ambos inspirados nos verdadeiros Daiki e Taiga, não ia mais a público. Ficava apenas entre os dois.

A desistência deixara Taiga feliz e surpreso. Daiki não apenas desistira de "Daitai Love", mas perdera o interesse em qualquer outra história que pudesse vir a lançar. Desenhar manga perdera toda a graça, aparentemente. Não se culpava pela decisão, pois fizera de tudo para ficar confortável e dar o apoio que Daiki precisava em sua atividade informal. A desistência coubera ao próprio desenhista, sem pressão alguma a não ser que a Daiki impusera a si mesmo, arrependido de expor traços da intimidade de ambos para terceiros.

Chegou em casa e foi guardar as compras. Então ligou para a mãe, que morava nos Estados Unidos, embora a diferença de fuso horário não atrapalhasse naquele momento. Conversou um pouco com ela, sentia saudades após anos sem ver a família que vivia oversea. O pai estava trabalhando, como o viciado que era. Nada que não estivesse esperando.

Por fim, ao desligar o telefone estava deitado no sofá, comendo salgadinhos e bebendo cerveja, onde ficou para assistir televisão, embora acabasse cochilando e dormindo o resto da tarde.

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O rapaz só foi acordar quando Daiki chegou em casa, anunciando sua presença.

— Tadaima — ele foi dizendo com ótimo humor.

— O... okaeri! — Taiga sobressaltou-se um pouco, sentando no sofá ao mesmo tempo em que passava a mão pelo rosto, para secar um fiapo de baba.

— Ee? — Daiki ergueu uma sobrancelha para o pacote de salgadinhos aberto e caído no chão, e a latinha de cerveja sobre a mesinha de centro.

— O que foi? — Taiga ficou na defensiva — Eu também faço bagunça as vezes!

A frase meio ofendia fez Daiki rir. O rapaz sentou-se no sofá, aproveitando que Taiga se sentara.

— Baka. Eu sabia que ainda estava encucado com o Natal... você chama isso aí de bagunça? Se quiser mostro como se faz uma de verdade.

— Como foi o seu dia? — ele mudou de assunto na maior cara de pau.

— Vamos conversar sobre a minha bagunça, a sua organização e como tudo com a gente é invertido — Daiki entrou no jogo, mas não caiu na pegadinha.

— Invertido? — Taiga franziu as sobrancelhas.

— As pessoas normais perdem coisas na bagunça. A gente perde quando ta organizado demais — referiu-se ao tênis que ainda não encontrara.

— Ah... não é perder. Se você colocasse os sapatos no lugar de sapato, isso não aconteceria!

— E se você deixasse onde eu os guardo, não teríamos esse problema.

— No meio da sala não é lugar, Daiki!

— Touche — ele riu descontraído.

A brincadeira desarmou Taiga, que recostou-se no sofá e passou as mãos pelos fios de cabelo ruivo, bagunçando-os.

— Vou tentar não ser tão chato com a limpeza.

— E eu tentarei não ser desor... foda-se isso, Taiga. Não vamos mudar a essa altura do campeonato. E estamos bem assim. Uma briguinha de vez em quando anima as coisas. Sem contar o sexo de reconciliação que a gente ainda não fez e é sempre ótimo.

Kagami girou os olhos com enfado, sem contrariar nada do que o namorado dissera.

— Ainda não disse como foi seu dia.

— Que tal sai para jantar? Eu te conto como foi, você me conta seu incrível dia fazendo bagunça. Peço desculpas por ser um preguiçoso de merda e estragar o nosso Christmas Day...

Taiga não ficou exatamente surpreso com a proposta. Naqueles dez anos de convivência, certas coisas eram previsíveis. E agradáveis. Kuroko estava coberto de razão, não chegaram tão longe no relacionamento a toa. Havia brigas e desentendimentos? Sim, como em qualquer convivência humana. Mas também existia respeito, companheirismo, tolerância. Amor.

— Consciência pesada é um caralho, né? — alfinetou com um pouco de maldade, apesar do sorriso feliz que iluminou-lhe a face e revelou como o convite o agradou.

— Depende do caralho — Aomine coçou a nuca — Do seu eu até gosto.

— DAIKI! — o pobre rapaz corou, sem saber se de raiva ou de vergonha. Talvez por ambos. Usar uma piadinha obscena para desanuviar o clima era a estratégia preferida de seu amante, todavia alguém como Taiga jamais se acostumaria com algo assim.

— Vamos ou não?

— Claro que vamos! — Taiga ficou em pé, se espreguiçando — Vou te fazer compensar o Natal com juros!

Daiki riu ao mesmo tempo em que aproveitou para acertar um tapa no traseiro do namorado.

— Compenso com prazer, com caralhos e correção monetária! Só não vai chorar depois; "mimimi não consigo sentar mimimi Daiki sama!"

— PORRA, DAIKI!

— Hei, heei. Muita porra, mas depois do jantar...

Taiga desistiu de argumentar. Quando o namorado entrava no modo pervertido era imparavel. Pior do que entrar na Zona. Ao invés de perder seu precioso tempo discutindo por caralhos e porras, decidiu sair da sala e ir tomar um banho antes de se preparar.

Acabou parando na porta e dando uma espiadinha por cima do ombro.

— Vai dividir o banho ou não?!

A resposta do outro foi uma risadinha suspeita, que só não foi mais pervertida do que a expressão em sua face. Sinais que deram uma certeza para Taiga: o banho ia demorar. Ah, se ia!

Continua...


O porteiro abaixou a revista de palavras cruzadas que fazia compenetrado e observou a porta que se abria. Era o novo inquilino do prédio, que alugara um dos apartamentos há pouco mais de duas semanas. Cumprimentou com um gesto de cabeça, que foi ignorado como sempre. Mas não deu importância. Aquele rapaz era esquisito.

Era um tipo muito alto, uma figura misteriosa e sinistra, que sempre se cobria com uma quantidade exagerada de roupa, luvas, gorro e mascara cirúrgica. Pouquíssimo se via dele, realmente. O vigia era um velho senhor que não entendia essa nova geração e não os aprovava, mas ali não podia sequer reclamar. Contanto que continuasse sem dar problemas, sendo apenas esquisito.

Indiferente aos pensamentos críticos do funcionário, a figura subiu o lance de escadas e parou um andar antes do apartamento que alugara, apenas para ter acesso aquele lugar.

Pegou a chave extra que roubara da portaria, logo após fechar o contrato e usou para entrar. Era seguro, pois naquele horário Aokami estava no seu trabalho cotidiano como policial. E Kamisuke saia no mesmo horário para o emprego de bombeiro.

Conhecia a tudo sobre a rotina dos dois. E notava os ocorridos atípicos, como aquele jantar alguns dias depois da briga no Christmas Day.

Não era a primeira vez que entrava as escondidas ali. Já conhecia muito bem cada canto. Criara todo um ritual para quando visitasse seu futuro lar, ensaiava como seria sua rotina quando se mudasse para lá e tomasse posse de seu lugar de direito, com muito cuidado para não dar pistas de que estivera ali.

Começava pela sala, passava pela cozinha, olhando e tocando tudo o que podia. Ia até o quarto, onde mais de uma vez já se deitara na cama, apenas pela emoção. O simples pensamento de que aquilo seria seu em breve o excitava física e dolorosamente. Contudo, não perdia muito tempo ali, havia prioridades.

Terminava sua incursão abrindo o guarda-roupas e escolhendo uma peça de roupa para levar embora. Em via de regra algo que já vira Aokami sensei usando antes. Faltava apenas uma blusa de frio para completar o vestuário.

E, antes de ir embora, um último ato de ousadia: o estudio onde a pessoa que idolatrava criava o manga e os personagens que davam sentido a sua própria vida. Ali tinha material que os outros nunca colocariam os olhos e as mãos. Nada podia descrever a emoção de estar ali, admirando os esboços e desenhos de Aokami sensei.

Além de peça de vestuário, roubava uma ou duas páginas. Nada da história em quadrinhos, geralmente ilustrações avulsas, das páginas mais amareladas e antigas, que não cuja falta não seria notada facilmente.

Ia embora com seus tesouros bem seguros nas mãos, o coração transbordando de felicidade e o membro latejando de excitação.

Na próxima semana "Daitai Love" deixaria de ser seu manga preferido e se tornaria sua vida.


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Notas finais do capítulo

O próximo só em Agosto.

A gosto de Deus

aushaushaushaushaushaushau



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