Daitai Love escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Capitulo 04 – Daitai Funny


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Demorou um pouco, mas veio. Lembre-se de uma coisa: apenas Deus pode julgar meus atrasos! Haha

Boa leitura!



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Daitai Love

Kaline Bogard

Capitulo 04 – Daitai Funny

O outono chegava ao fim, despedindo-se com brava relutância. As tardes, cada vez mais curtas, ainda tinham aquele tom dourado do renovar das árvores e o clima não era tão frio quanto se podia esperar. Sinais que indicavam um inverno rigoroso a caminho.

Tal apatia se espelhava na rotina do expediente. Os dias no batalhão do corpo de bombeiros estavam calmos. Taiga era grato por isso. Significava que ninguém se feria ou corria risco de vida.

Como normalmente acontecia, eram chamados para dar palestras em escolas do Ensino Fundamental, encantando as crianças que ouviam os relatos heróicos com sede insaciável. Nascia assim o “Quando crescer quero ser bombeiro”, que nem sempre se concretizava.

Taiga achava a iniciativa brilhante, embora nunca participasse. Tornava-se tímido quando o assunto eram palestras, odiava falar em público. Mesmo que a plateia fosse formada de crianças entre sete e oito anos. Acabava todo enrolado no discurso e fazia um papelão.

Então deixava a tarefa para os colegas mais experientes e que gostavam de desempenhar o papel de professor por um dia. E por isso seu time de resgate foi acionado quando ouviram o alerta de acidente. Um dos feios.

Enquanto o veículo ganhava as ruas e a atenção das pessoas com a sirene estridente, o rádio transmitia maiores informações sobre o ocorrido. Um ônibus interurbano se envolvera em um acidente com mais dois veículos. Por sorte não era horário de pico, ou haveria muito mais vitimas.

Assim que chegaram lá, encontraram duas equipes de paramédicos, oferecendo os primeiros socorros. Logo descobriram porque foram chamados: um dos veículos tinha sido tão amassado que seu motorista estava preso nas ferragens. Gasolina vazava por uma brecha na lataria. Teriam que cortar o aço com todo o cuidado possível, pois a menor faísca podia precipitar uma tragédia.

Especialista na situação, Kagami tomou a frente. Sabia todo o procedimento a ser seguido.

O motorista parecia bem assustado, um senhor de meia idade que também apresentava um corte na testa. O maior ferimento era a perna presa sob o painel, esmagada. Apesar disso, estava consciente e lúcido. Respondeu todas as suas perguntas, que deveriam ser feitas conforme o protocolo internacional de resgate.

Abrir a lataria era um processo que exigia paciência e refinamento. Características que dificilmente se esperava encontrar em alguém como Taiga, um cabeça-quente agitado e bravio, mas que, em momentos como aquele, se transformava. Vestia totalmente a postura profissional, abstraia o mundo ao redor. Então existia apenas ele e a pessoa a ser resgatada.

Não permitiu que a luta contra o tempo apressasse seus movimentos. O erro não era admissível quando a conseqüência podia custar a vida de um ser humano.

Sua perseverança e tenacidade foram recompensadas. Taiga conseguiu liberar aço o suficiente para os paramédicos se aproximarem com a maca e darem seqüência no mais básico para salvar o acidentado. A expectativa de todos era tanta que o tempo parecia em suspensão. Respiraram com alívio, pois o jovem bombeiro dera conta do recado.

Evitaram o pior. Não pôde deixar de ficar feliz quando sentiu Suzuki, seu colega de trabalho, acertar-lhe um tapinha no ombro, cumprimentando o sucesso. Passou as costas de uma mão pela testa, limpando o suor que grudava os fios ruivos contra a pele. Agora seu corpo recebia uma descarga de adrenalina que agira direto nos músculos doloridos de tensão.

Os olhos avermelhados vagaram sem rumo pelo aglomerado de pessoas que assistiam a cena. Era sempre assim, curiosos atraídos pelo mórbido, posicionados atrás da faixa de isolamento, e se recusavam a partir até que tudo acabasse.

Rostos desconhecidos que transmitiam uma gama incontável de sentimentos. Estranhos que...

Uma figura destoante cortou a linha de pensamento de Taiga. Ele franziu as sobrancelhas, confuso. Aquele cara alto, sobressaindo-se na multidão, vestido com um abrigo de inverno e com a face quase toda oculta por uma máscara cirúrgica... tinha a impressão de tê-lo visto nos arredores do batalhão do corpo de bombeiros. Ou alguém muito parecido, com aquela proteção de roupas, como se evitasse tudo ao seu redor.

Antes que se aprofundasse demais na questão, o intrigante desconhecido deu as costas e partiu. O próprio Kagami desistiu de perder tempo tentando entender coincidências, ainda estava no meio do resgate. Hora de voltar para a ação.

D&T

Alguns dias depois, o grave acidente ainda não tinha saído da vida de Taiga. Não porque ele quisesse ficar lembrando ou falando sobre aquilo, mas porque aparecera nos jornais, e em um dos tablóides imprimiram uma foto sua, em meio a ação. Se referiam a ele como um dos heróis que ajudavam a proteger a vida dos cidadãos de Tokyo. Estava de costas, cortando a lataria do carro, fato que protegia seu rosto de ser exibido na imagem. Mas alguns fios ruivos escapavam do capacete, além disso, a estatura era inconfundível.

— Tadaima — exclamou ao pisar no gekkan. A casa estava quentinha, diferente do clima da rua. Era reconfortante chegar ao lar.

— ‘Kaeri — Daiki respondeu preguiçoso. Tinha chegado antes em casa. Estava deitado no chão, com as pernas sobre o sofá, relendo o jornal sobre o acidente pela infinitésima vez.

— Mas de novo com isso?! — Taiga resmungou. Até sentira-se um tanto feliz com o reconhecimento, embora começasse a ficar chato. Recebera congratulações no serviço por algo que era seu dever. O que fizera demais? Salvar vidas, sim. Mas era a rotina diária de todos os bombeiros, não apenas em Tokyo. Não escolhera aquela carreira buscando fama ou esse tipo de repercussão. Sua irritação não era maior pela sorte de a foto não revelar seu rosto.

Como de costume, após grandes acidentes, o batalhão recebia uma chuva de cartas de pessoas agradecendo o bom trabalho. Alguns enviavam presentes para os funcionários, guloseimas. O número de pedidos de palestras nas escolas aumentava. Ganhavam a atenção geral até que algo mais polêmico acontecesse e tudo voltasse ao normal.

— Oe, você não desconfia do tesão que dá te ver aqui nessa foto. Com esse uniforme, bancando o protagonista de mangá shonen.

Taiga fez uma careta enquanto se sentava no sofá, ao lado dos pés de seu namorado. Claro que Daiki ia admirar a foto por todos os motivos errados e depravados.

— Eu sei do tamanho do seu tesão sim... pervertido.

— E seu traseiro sabe também! — completou com uma risadinha suspeita.

— Daiki — acertou um tapa no pé alheio — Cale a boca!

— Vou fazer um Daitai Love especial — ele falou pensativo, movendo as pernas de modo a colocá-las sobre o colo do outro rapaz — Com uns fetiches de uniforme. O que acha?

Fazia alguns anos que Aomine investia em mangás como forma de distração, chegando a alcançar algum sucesso com os trabalhos. Daitai Love, seu título mais popular, contava a história de dois rapazes inspirados neles próprios. Porém acabara causando incomodo em Daiki, quando ele viu as dimensões envolvidas na questão. E o mangá teve vida curta, para alívio de Taiga.

Agora Aomine desenhava apenas para eles, continuando as aventuras dos protagonistas com elementos menos camuflados da relação, pois ninguém além deles iria ler.

— O Aoyama vai se vestir de bombeiro? — Taiga perguntou, esperançoso. Queria saber se o personagem que representava Daiki no mangá usaria o uniforme para o amante.

A questão teve o poder de fazer Daiki espiar pela lateral do jornal.

— Não fode, né Kagami? Claro que o Kamisuke que vai se vestir de bombeiro. Acho que vou desenhar crossdresser. Uma saia bem curtinha e blusa colada, estilizada. E o capacete. O que acha?

— Vá a merda.

Daiki riu. Era tão fácil provocar aquele cara. O rostinho emburrado derretia seu coração.

— Tô te zoando, Taiga — mentiu, tinha a firme intenção de fazer o desenho sim — Como foi o seu dia?

— Tranquilo. Nenhuma chamada grave. E o seu?

— Idem. Alguém tentou roubar uma loja de conveniências em Shinjuku. Eram gaijin e os chineses cuidaram de quase todos os coitados antes que chegássemos lá. Uns dois escaparam. Agora vão abrir uma investigação formal, mas é caso para os detetives — explicou rapidamente o fato, sem entrar em detalhes sobre o estrago que a máfia chinesa fizera. Eles não admitiam concorrência no território. Mas Taiga não precisava saber de pormenores.

O ruivo balançou a cabeça, odiava quando Daiki se envolvia em algo complicado, contudo não se encontrava em posição de reclamar. Sua própria profissão trazia riscos diários que escapavam ao seu controle. Aomine tinha bom treinamento e era um excelente policial, na mesma proporção em que Taiga também se destacava. Mas ambos lidavam com variantes imprevisíveis. Sair de casa pela manhã e ser a última vez era uma ameaça inegável.

Ainda assim, nunca desistiria de ser bombeiro. E jamais pediria para o namorado mudar de carreira. Só podia conviver com a preocupação e agradecer cada dia a mais que conquistavam.

Acabou suspirando. Quis mudar de assunto, por isso recostou-se no sofá e revelou algo que tinha ruminado o dia todo.

— Tava pensando em jogar um pouco de basquete. O que acha?

— Nesse frio? — Daiki não pareceu entusiasmado com o convite inusitado. Fechou e dobrou o jornal, abandonando-o ao seu lado.

— Nem tá tão frio assim. Se não quiser ir tudo bem, eu vou lá bater uma bola.

— Eu preferia bater outra bola — Aomine resmungou, sentando-se.

— DAIKI! Deixa de ser besta!

— Vou lá também — decidiu encarar o ar gelado da noite. Mal podia se lembrar da última vez que tinham disputado um um-contra-um na quadra perto do Maji Burger. Seria divertido. Depois podiam comer hambúrgueres.

De comum acordo, trocaram de roupa. Foi preciso encher a bola, que estava um tanto murcha. Por sorte, Taiga mantinha uma pequena bomba guardada, com a qual pôde enchê-la para a brincadeira.

A quadra estava vazia, o que não era de surpreender. O ar fresco, quase frio, espantara algum esportista mais afoito. Só os dois mesmo para ir jogar na noite de fim de outono.

Perderam alguns minutos no aquecimento. Então Taiga começou a quicar a bola, animado.

— Melhor de três? — perguntou.

— Melhor de três? Tá se achando, Bakagami. Vou esfregar seu traseiro na quadra, não precisa nem de competição.

O ruivo sorriu largo, expondo os caninos salientes. Sentiu-se desafiado e imparável. Ia ensinar uma lição, para o seu amante deixar de ser arrogante.

— Aposto que é contrario — riu.

— Aposta, é? — ergueu uma sobrancelha de modo provocativo.

— ...

Taiga não respondeu. Pelo menos não com palavras. Ele fez uma finta, fingindo que ia para a direita, mas assim que corrigiu o movimento e virou-se para ir pela esquerda Daiki apareceu na sua frente e cortou o avanço. O maldito era rápido!

Recuou um passo, salvando a bola de ser roubada. Tornou-se precavido.

— Ow, gatinho medroso — Aomine provocou. Sabia que Taiga era cabeça-quente e caia fácil. Não foi diferente. O rapaz avançou pronto para tirar Daiki da frente e mostrar quem ali era “gatinho medroso”. O que conseguiu foi um movimento fluído, quase felino. Seu amante não apenas desviou, mas levou consigo a bola.

— Porra! — Kagami esbravejou chateado. O talento nato de Daiki vinha a tona sem que precisasse de muito esforço. Ele era ágil e indecifrável. O basquete de rua ganhava movimentos erráticos, embora belos e quase sensuais. Um show que valia a pena assistir.

— Melhor de três? — Daiki riu abafado — Você não tem a menor chance, Taiga!

Mais provocação. E mais reação. Não importava o quanto vivessem juntos, quanta experiência dividissem lado a lado. Algumas coisas jamais mudariam.

Aomine era imbatível nas quadras. Nem o tempo se mostrara capaz de causar algum efeito, ou talvez tivesse apenas melhorado, já que o treinamento intensivo da academia de polícia era pior que os exercícios no clube de basquete.

A vitória foi absoluta e incontestável. Taiga desistiu de contar depois que Daiki fez cinco a zero. Chamou a competição carinhosamente de ‘massacre’.

— Acho que esfreguei mais do que seu traseiro na quadra — Daiki debochou quando viu o outro recurvar e apoiar as mãos nos joelhos, totalmente sem fôlego.

— Idiota.

— Não fica com raiva. Você me desafiou!

— Não tô com raiva, Daiki. Sempre achei você foda no basquete. É incrível como continua sendo bom, apesar de tudo.

— Você não é tão ruim assim — deu a impressão de estufar um pouco. Adorava que reconhecem seu talento no esporte.

Kagami endireitou a postura e passou a manga da blusa de frio pelo rosto suado. Sentia o corpo todo melado, mas seu estômago reclamou de fome.

— Vamos comer? Ou prefere voltar para casa e encomendar uma pizza?

— Vamos comer — Daiki nem hesitou. Também estava suado, o tecido da blusa grudava em seu corpo, assim como o da calça. Todavia, um sentimento nostálgico tomou conta de si. Aquela quadra os ajudara a gravar boas memórias no passado. E uma delas era dividir a refeição na lanchonete próxima. Lugar para onde rumaram.

Não tiveram dificuldade de achar uma mesa. Enquanto Daiki foi fazer o pedido, Taiga sentou-se para reservar o lugar, deixando a bola no chão aos seus pés.

— Aqui está — ele voltou uns quinze minutos depois, equilibrando uma pilha de vinte hambúrgueres e dois copos grandes de refrigerante — O dono desse lugar deve adorar quando a gente vem aqui.

— Com certeza! — guloso, alcançou um lanche e começou a devorá-lo com aquela voracidade que lhe era característica — Isso tá bom! — elogiou com a boca cheia.

Aomine riu e pegou um para si, comendo-o com calma.

— Nosso joguinho foi divertido — Taiga afirmou enquanto dava soquinhos no peito, porque um pedaço de pão descera meio torto. Bebeu um longo gole do refrigerante para ver se aliviava.

— Sim, foi — nem Daiki notara como sentia falta de jogar até então.

— Podemos fazer mais vezes. O que acha?

— Não sei. É cansativo.

— Mas é um folgado mesmo!

— Taiga, não somos mais crianças. Amanhã vamos acordar quebrados pra trabalhar. Já pensou?

O rapaz não respondeu. Daiki tinha razão. Não era como se no dia seguinte a única coisa que o aguardasse fosse a escola. Nem como se pudesse deitar-se na carteira e dormir o período todo para recuperar as energias. Desanimou-se. Ser adulto era um saco às vezes.

— Podemos jogar uma vez por semana, o que acha? Na véspera da nossa folga — a estrutura de Aomine não estava preparada para ver seu amante todo tristinho. Acabava fazendo-lhe as vontades — Assim o corpo acostuma, e dá pra jogar com mais freqüência.

— Sim! — deu uma grande mordida no hambúrguer — Daí a gente não fica morto no outro dia.

Daiki apenas balançou a cabeça em concordância. Podiam conciliar as coisas assim. Voltar a incorporar basquete na vida a dois, principal motivo de terem se conhecido, afinal de contas. Não com a mesma importância de antes, já que pessoas crescem, amadurecem, vivenciam e mudam as prioridades.

Obviamente o jovem policial foi o primeiro a terminar de comer. Não possuía o metabolismo monstro do namorado, por isso um lanche era o suficiente para saciar seu apetite. Aproveitou apenas para comprar um sorvete e tomá-lo devagar, enquanto o outro jovem continuava na odisseia épica de finalizar a ostensiva refeição fast food.

— Obrigado pela comida! — Taiga exclamou enquanto recostava contra o encosto da cadeira e dava tapinhas suaves na barriga alimentada — Isso tava muito bom!

— Quer sorvete? — Daiki perguntou com um sorriso de lado.

Seu amante apenas observou a sobremesa, indeciso. Acabou por desistir da oferta.

— Não. Acho que não cabe.

— Kagami Taiga recusando comida? Quando começou o apocalipse que eu não vi? — Aomine debochou.

— Idiota! Você mesmo disse que a gente não é mais criança! Tem que cuidar da saúde também.

— Fala o cara que comeu dezenove hambúrgueres.

—...

— Vamos embora! — Daiki decretou, levantando-se. Faltava pouco para terminar o sorvete.

O namorado apenas imitou o gesto, sem esquecer de pegar a bola de basquete. Saíram na noite fria, ganhando a rua quase deserta. Poucos passos depois, Aomine arremessou o potinho de sorvete em uma lixeira. Também estava satisfeito.

Caminharam quietamente por algum tempo. Até Daiki romper o silêncio.

— Foi divertido, não foi? — a questão era inegável — Jogar e passar no Maji.

— Sim! Foi muito “velhos tempos”. Ainda tô animado — Taiga girou a bola na ponta do dedo. O gesto veio natural, instintivo.

A afirmativa serviu como uma deixa para o outro.

— Depois de um banho a gente pode fazer bem gostoso, aproveitar a adrenalina do jogo.

Kagami sentiu o rosto esquentar. A naturalidade de seu amante brotava nos momentos mais inesperados.

— Porra, Daiki! Você só pensa em sexo, seu pervertido de merda!

O referido passou o braço pelo ombro de Taiga e o puxou para mais perto, em um pseudo e fraco mata-leão. A bola quase escapou das mãos de Kagami, que a segurou no último instante.

Aquele “abraço” era uma forma de não chamar atenção do jeito errado. Ainda moravam no Japão, país extremamente avançado tecnologicamente e conservador em outras áreas, que não aprovava demonstrações públicas de afeto de espécie alguma.

— Sou um jovem adulto perfeitamente saudável que gosta de fazer amor com o namorado. Qual o problema disso?

—... — Taiga não pôde responder à declaração bobinha e típica de Daiki. Achou um tanto fofo, mas ele logo estragou o clima com seu jeito abusado.

— Traz o uniforme amanhã. Deu vontade de te comer vestido a caráter.

— Vai se foder, Aho — resmungou, meio indignado.

Daiki apenas riu, apertando o abraço e impedindo que Taiga se afastasse. Aquele jeito mais recatado era um contraste imenso com o lado afoito e ansioso. Amava demais para não tirar as reações espontâneas e sinceras.

— Amo você, Taiga — ele disse baixinho, conseguindo cortar as tentativas do namorado de escapar do meio-abraço e fazendo-o se aquietar. Pelo menos até a continuação da declaração — E amo o seu traseiro nu na nossa cama...

— Daiki!!

Algumas coisas nunca mudavam.

Continua...

Terminou de fazer a última nota e fechou o aplicativo. Ainda observou a tela do celular por breves momentos. A um segundo de a luz se apagar, clicou no ícone da câmera e tirou uma foto da fachada da lanchonete. Maji Burger.

Moveu a imagem capturada para a pasta nomeada “Lugares que ele gosta”. Então abriu o aplicativo de planilhas e registrou mais uma linha na tabela de controle. Só então saiu das trevas e pôs se a andar. Dessa vez ia voltar para a própria kitnet. Já recolhera informações o bastante para um dia.

Tinha horários, dias, escalas. Detalhes sobre o prédio em que eles moravam, inclusive sobre as duas moças da limpeza e os quatro vigias que cuidavam da portaria vinte e quatro horas por dia.

Vinha investigando a rotina daqueles rapazes desde que descobrira a verdade. Sabia agora a identidade de “Aokami sensei”, criador do mangá Daitai Love.

Mangá que estava sofrendo o maior atraso desde o seu lançamento. Desconfiava do que isso significava, podia constatar e comprovar o profundo motivo do hiatus. Daitai Love não era apenas um mangá!

Era real. Existia. Havia um “Aoyama” e um “Kamisuke”.

Por meses vivera através daqueles dois, mergulhando nas páginas do mangá, nas lindas imagens e na rotina de se fazer inveja: um casal corriqueiro, com seus altos e baixos, derrotas e sucessos. A vida que ansiava para si. Apaixonante.

Quando descobriu que não era simplesmente fantasia, entendeu o porquê do hiatus. Aokami sensei lhe enviava uma mensagem. Algo que apenas ele, fã mais devoto, entenderia.

Era um convite. Havia em Daitai Love um chamado para tomar posse de algo preparado para ele próprio. Devia deixar o mangá de lado e atuar na realidade, requisitar para si a vida que não precisava mais existir apenas em sua imaginação, ao abrir a história em quadrinhos.

A vida de seus sonhos estava ao alcance das mãos. Só precisava apropriar-se do que lhe pertencia. Sentia-se pronto para dar o próximo passo.


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Notas finais do capítulo

A imagem usada para ilustrar o capítulo não me pertence, claro. É pra fazer de conta que é uma cena entre o Aoyama e o Kamisuke hehehe, só editei a fala. Essa cena foi tirada de um DJ de saliência 8D

Aí está, Padaho. U.U Fica me cobrando atualização. Não pode pressionar a autora linda, senão a inspiração foge. Ao invés disso me dê chocolates :3

Momento propaganda:
Faço parte de um grupo chamado ‘Panelinha da Limonada’, que eventualmente lança desafios a serem cumpridos pelos autores. Todos os textos devem ser yaoi ou lemon e se encaixar em determinado tema.

Meu tema foi Biopunk, onde pressupõe-se que a tecnologia seja lugar comum, e nos leva a refletir sobre o rumo que a humanidade segue. Eu cumpri o desafio com essa fanfic aqui:

Nunca mais outra vez (oneshot)
https://fanfiction.com.br/historia/637446/Nunca_mais_outra_vez/

Cada pessoa pode participar com uma única fanfic, mas... o grupo segue para o aniversário de um ano, por isso liberou-se a participação com mais fanfics por autor.

Como segundo tema escolhi Pós-apocaliptico, aqui imagina-se que a humanidade cruzou o limite que a protegia da própria aniquilação e pagou o preço. Agora resta juntar os cacos e seguir em frente no que sobrou da sociedade. Disponível aqui:

Survivors (parte 01 de 03 postada)
https://fanfiction.com.br/historia/643787/Survivors/

Convite feito, me retiro! Até a próxima.



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