Daitai Love escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Capitulo 02 – Daitai Dinner


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Lady Morgana que me ajudou com a imagem da 'capa' de Daitai Love desse capítulo. A imagem não me pertence, foi editada a minha conveniência.
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Voltando com mais um capítulo. Essa fic não tem dia certo, foi uma inspiração inesperada e não planejada. Conforme for saindo, vou postando.

Ela começou leve, porque AoKaga são dois bestões que não consideraram muita coisa relacionada ao mangá. E vão levar golpes da realidade nesse capítulo.

As coisas vão ficar tensas...

Boa leitura! :D



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Daitai Love

Kaline Bogard

Capitulo 02 – Daitai Dinner

O clima na sala era excelente. E a felicidade do casal visível na face de cada um. Comemoravam uma vitória, afinal de contas.

— Omedetou — Taiga ergueu o pequeno copo com sake e brindou.

— Aa — Daiki imitou o gesto e tomou a bebida em um gole — Ao melhor mangaka do Japão.

Kagami riu, alegrinho. Suas bochechas estavam avermelhadas pelo álcool consumido. Não gostava de ficar bêbado, mas a ocasião pedia que saísse dos trilhos.

Moravam juntos há tempo o suficiente para se conhecerem bem. Apesar disso, recentemente descobrira que seu namorado mudara o foco de um hobby secreto: a arte de desenhar mangás. Antes Daiki criava histórias em quadrinhos com temática esportiva. Agora investia em enredos Boys Love.

Seu mais novo trabalho chamava-se Daitai Love, um trabalho recheado com detalhes secretos da vida amorosa de ambos que caíra no gosto do público feminino. A tal ponto que o novo número lançado recebera um pedido de nova tiragem.

Os mangás tinham sumido das bancas e vários fãs acabaram sem ter a chance de comprar. As primeiras edições já eram consideradas raridades e qualquer chance de relançamento estava fora de questão.

Taiga riu de novo. Tudo isso graças ao cara sentado ao seu lado no sofá, dividindo uma garrafinha de sake, ouvindo boa música baixinho no aparelho digital. Aomine Daiki! Um artista de traço delicado, que criara uma historia absurdamente fofa, engraçada e impossível. Ou não tanto, já que era meio baseada na história deles.

— Deixa de ser convencido, Aho — provocou.

— Então que tal esse? — voltou a encher o copo pequenino e então o ergueu de novo — À minha maior fonte de inspiração. Você.

E voltou os olhos de azul intenso na direção do outro rapaz, que tornou-se sem graça pelo elogio recebido.

— Kanpai — Taiga devolveu o brinde.

— Você sabe que fica muito comível, todo envergonhado desse jeito, não sabe? — provocou, erguendo uma das sobrancelhas.

— Comível é o teu rabo, maldito! — devolveu irritado.

— Meu rabo é muitas coisas, Bakagami. Comível não é uma delas — foi dizendo e se inclinando sobre o namorado, que não viu opção a não ser ir se ajeitando no sofá até que estivesse meio deitado — Já o seu...

E finalizou a insinuação tomando os lábios do outro em um beijo forte, quase agressivo, que denunciava como estivera desejando aquilo há algum tempo.

Taiga deixou o pequeno copo cair no chão, por sorte já estava vazio. As mãos grandes se apoiaram na nuca e nas costas do outro, com muito menos pudor do que seria esperado. Certamente por culpa do álcool que fazia as travas de Kagami caírem todas por terra e o deixam ousado. Impetuoso. Uma faceta que Daiki também amava.

— Oe — Taiga deixou escapar no segundo que teve para respirar, antes que o beijo recomeçasse. Pensou em protestar e alertar que Aomine não usasse aquilo em um de seus benditos mangás. Porém a reclamação sequer foi pronunciada.

Não ia adiantar de nada mesmo. E se o chantilly estava fazendo tanto sucesso, quem sabe o que um pouco de sake não faria com aquelas fãs obcecadas?

D&T

Alguns dias depois, Taiga e Daiki aproveitaram que teriam folga coincidente no dia seguinte e aceitaram o convite de Tetsuya e Satsuki para jantarem. Não era raro que saíssem e mantivessem os vínculos. Mesmo que a vida adulta, com suas responsabilidades, atrapalhasse um pouco. Tinham contato frequente com o casal de amigos.

Chegaram ao restaurante e conseguiram uma boa mesa. Era um lugar tranquilo e muito reservado, destinado a reuniões mais familiares e íntimas. A especialidade da casa era okonomiyaki, por isso a chapa foi logo acionada para que pudessem começar a refeição.

Sentaram-se lado a lado. Taiga muito animado, tanto pela chance de rever os dois amigos quanto pela oportunidade de comer aquele prato que aprendera a gostar com o tempo, mas que quando fazia em casa nunca ficava com o mesmo gosto.

O lugar estava aquecido, mas não a ponto de incomodar os fregueses que trajavam roupas mais pesadas. Era começo de outono e o clima caíra bastante e de modo inesperado. Perfeito para um delicioso okonomiaky e alguma bebida quente.

Logo o ruivo mexia a comida deles, parecendo ansioso para começar a refeição.

— Não vá comer tudo, hein, Bakagami — provocou, sorrindo de leve. Sabia como seu namorado ficava ansioso nessas ocasiões e como isso aumentava seu apetite.

— Claro que não! Só vou mexer um pouco pra não queimar.

— Heei, hei — Daiki concordou, pouco convencido. De fato, acabou rindo quando Kagami roubou uma pontinha e abocanhou, queimando um pouco a língua.

— Só provei pra saber o ponto... — Taiga se defendeu.

Antes que Aomine respondesse, ouviram uma voz animada.

— Dai chan! Tai chan!! Que saudades!! — a antiga colega de classe de Daiki, agora uma jovem mulher, veio acenando pelo restaurante. Pouco mudara naqueles dez anos, apenas a expressão perdera os traços infantis, ganhara formas mais maduras e sensuais. E os cabelos: agora Satsuki usava suas madeixas bem curtinhas. Vinha com um vestido preto de mangas longas que parecia bem quente e combinava com as botas de camurça.

— Yo — Daiki respondeu ao cumprimento, de seu jeito arrastado e preguiçoso — Satsu. Tetsu.

O rapaz recém-chegado cumprimentou com um aceno de cabeça, antes de sentar-se ao lado da esposa e de frente para os amigos. Também vestia-se de acordo, discreto como sempre.

— Tudo bem, Aomine kun? Kagami kun? — alguns velhos hábitos nunca morriam. Kuroko jamais deixaria de ser tão formal, mesmo na presença de amigos que prezava tanto.

— Heei, hei — Daiki respondeu por ambos — Que bom que chegaram. Meu Bakagami não estava se aguentando mais de fome. Vocês sabem, o terceiro mês de gravides é o pior...

— OE! — Taiga resmungou de boca cheia. Indefensável.

— Pobre Tai chan! Dai chan é sempre tão mau com você! — Momoi riu, antes de ficar pensativa e segurar o queixo — Mas eu queria saber pra onde vai tudo isso. Foi um sufoco perder os quilinhos que eu ganhei na gravides.

— Por falar nisso — Aomine aproveitou a deixa — Como está o moleque?

Referia-se ao filho de Kuroko e Momoi. Um garotinho de cinco anos que era tudo, menos sem presença como o pai. O menino era um pequeno furacão, animado e imparável.

— Vai bem, Aomine kun, obrigado.

— Bem é pouco! — Satsuki riu — Meu filho é o terror da escolinha. Um pequeno líder nas traquinagens. Toda semana me chamam lá para conversar com a professora.

— Eita. Parece cada vez mais com a mãe. Pobre criança — Daiki provocou e a mulher lhe mostrou a língua — E enquanto a gente faz o social, o Taiga está devorando o okonomiyaki...

Então os três voltaram os olhos para Kagami, que sorriu sem graça com as bochechas infladas cheias de comida. Ele estava com fome! Quem podia julgar...?

Satsuki riu, junto com Daiki. Não tinha nada melhor no mundo do que deixar aquele ruivo enorme todo embaraçado. Até Kuroko sorriu de leve. Era impossível não se recordar dos velhos tempos de colégio em momentos assim. Era grato pelos traços de personalidade que continuavam com o escoar do tempo e o amadurecer. Um jeito peculiar de trazer o passado e preservá-lo. Por todas as dores e vitórias, o que passaram juntos era precioso.

Enquanto Aomine e Kuroko pegavam um par de hashi para se servirem, Satsuki abriu a bolsa que colocara no colo e começou a mexer nela, procurando alguma coisa no meio da aparente bagunça.

— Vamos beber alguma coisa? — Daiki perguntou, acenando para um dos garçons.

— Um pouco de sake quente seria apropriado, Aomine kun.

— Concordo! — Satsuki apoiou a decisão do marido sem sequer olhar para ele.

Assim que o garçom se retirou após atender o pedido da mesa, Kagami recebeu um daqueles tão familiares golpes da realidade. Ele veio sem aviso algum. Começou como um gritinho animado de Satsuki, que puxou uma revista formato tankobon da bolsa e estendeu na direção de Aomine, segurando firme com as duas mãos.

Era um volume de Daitai Love.

Kagami saltou de choque, como se algum inseto na cadeira tivesse lhe picado o traseiro. Apontou para a revista.

— ISSO! — gritou com o rosto em brasa, atraindo olhares não apenas dos amigos, mas de todos os demais fregueses do restaurante.

— É um mangá... — a jovem olhou incerta da publicação para Daiki e do amigo para o ruivo — O mangá do Dai chan...

— Oe Bakagami, senta aí. 'Cê tá pagando mico — Aomine o puxou pela barra da blusa.

— Mas... por que caralhos ela tem esse mangá?! — perguntou, encarando o namorado, relutante em mirar o outro casal ali presente.

— Porque é um mangá do Daiki — Satsuki respondeu como se fosse óbvio — Eu acompanho os rabiscos dele desde que a gente estava na Pré Escola. Quando ele começou a editar o primeiro a sério fiquei muito orgulhosa. E esse aqui — exibiu Daitai Love — É de longe o meu preferido: a história de vocês!

Chocado, Kagami cobriu os lábios com uma das mãos. A fome sumira por completo, surpreendentemente. Ele cravou os olhos em Momoi, depois em Kuroko.

— Eu não leio, Kagami kun — Tetsuya negou e espantou-lhe os piores temores — Mesmo que aprecie o estilo de Aomine kun, prefiro não acompanhar esse.

— Leio sozinha! E trouxe hoje pro Dai chan assinar. Ele sempre me dá autógrafos e eu me gabo para minhas amigas. Claro que nunca vou contar a verdade, mas elas ficam curiosas.

Aomine sorriu e pegou o mangá, aguardando que Satsuki achasse uma caneta em sua bolsa.

— Dessa vez você demorou — ele resmungou enquanto rabiscava a capa com seu pseudônimo — Pensei que não quisesse.

— Nunca! — Momoi exclamou — Quero todas minhas edições com autógrafo.

Feliz, pegou o mangá de volta. Para horror de Kagami, deu uma breve folheada, com um ar sonhador e animado. O pobre ruivo desejou que o chão se abrisse e um buraco o mandasse para o outro lado do mundo, de preferencia para o Brasil, onde as pessoas talvez nunca tivessem ouvido falar de Boys Love, mangás e essas coisas.

— Não fique tão sem jeito, Kagami kun — Kuroko mostrou-se solidário ao desconforto do amigo — Satsuki sabe que isso é apenas ficção.

Taiga balançou a cabeça, incapaz de falar qualquer coisa, porém feliz que Momoi fechou o mangá, parecendo disposta a guardá-lo. Foi então que uma voz conhecida chamou a atenção dos quatro.

— Oe!! Caras, que surpresa vocês por aqui! Faz séculos que não vejo vocês!

Era Kazunari Takao, rapaz que viviam encontrando em quadra, durante as competições de basquete entre os colégios. Ele mudara pouco naqueles anos em que não se viam, ainda que tivesse deixado o cabelo crescer e o usasse preso em um rabo-de-cavalo baixo e cultivasse um ralo cavanhaque que o lhe conferia a aparência de mais velho.

— Olá! — Satsuki e os outros o cumprimentaram — E o Shin chan?

Perguntou por Midorima. Sabia que o ex-colega da Teiko vivia um relacionamento indefinido com aquele jovem. Ninguém tinha certeza se eles se envolviam romanticamente ou se era um caso de bromance nível hard para jogadores experientes...

— Tá ali na outra mesa. Sabe como ele é... — riu deslizando a mão pelos fios de cabelo negro. — Só passei para dar um “oi”, podemos marcar algo com mais calma outro... dia... e... isso é Daitai Love?

Mal perguntou e já puxou o mangá das mãos de Satsuki.

— Oe! — Kagami saltou da cadeira outra vez, chocado com o rumo que aquela noite bizarra estava tomando! Primeiro descobria que o casal de grandes amigos conhecia e um deles acompanhava a publicação com temática gay. Agora reencontrava um velho rival das quadras e o maldito também conhecia o mangá! Mas saberia a verdadeira identidade do mangaka?!

Detalhe: a história era baseada em sua vida intima com o namorado!!

— Cuidado pra não amassar! — Satsuki alertou.

— Onde conseguiu isso? Está esgotado em todas as bancas! — Takao fez um bico — Oe, o okonomiyaki tá queimando...

O cheiro ficou evidente e teve o poder de fazer Taiga sentar-se e mexer na chapa para salvar a comida.

— Vai sair uma segunda tiragem — Daiki informou como se não fosse grande coisa, embora sua expressão estivesse um tanto pensativa.

— Como sabe disso? — Kanuzari franziu as sobrancelhas de leve — Shin chan se recusa a ler, mas nunca me disse o porquê. Eu acompanho Aokami sensei desde o primeiro mangá. Mas Daitai Love é de longe o melhor e...

Sem pedir permissão, abriu o mangá e deu uma espiadinha descarada. Kagami ficou chocado. Os outros três apenas aguardaram a reação.

— Caralho!! — ele arregalou os olhos e sorriu — Então rolou mesmo! Eu tinha certeza de que o Kamisuke ia desistir na última hora e... — ficou quieto observando os desenhos, então virou um pouco de lado para entender melhor o que via — Gostei bastante dessa cena aqui.

A afirmação veio seguida de um suspiro. Embora algo ficasse claro: Takao não sabia que Daiki era o mangaka por trás daquele trabalho. Midorima devia ter guardado o segredo!

Daiki adorou o elogio, mas algo na situação o incomodou. Era a primeira vez que se deparava com as pessoas reagindo a algo baseado no que tinha com Taiga. O que sentia era um pouco de... ciúmes? Ficou confuso. A expressão tornou-se séria. Acabou voltando pra realidade quando Momoi tomou a fala:

— Esse é o melhor volume de todos! — a jovem afirmou com um sorrisinho suspeito — Sempre soube que Kamisuke chan era cheio de pontos sensíveis e...

— Shhhiii — Takao ralhou com ela — Chega de spoilers, por favor!

— Gomen, gomen — Momoi pediu, unindo as mãos a frente do rosto.

— Essa sua 'fonte' disse quando a nova tiragem chega às bancas? — Takao perguntou ansioso para Aomine.

— Talvez em uma semana — Daiki explicou seco. O editor queria aumentar a tiragem e ele preferira manter os números para que virasse raridade.

Antes de responder, Takao devolveu o mangá para Satsuki que tratou de colocá-lo a salvo dentro da bolsa.

— Sou um AoKa hard shipper. Vou montar acampamento na banca! Não estava esperando uma nova tiragem! Obrigado — sorriu. Então acenou em despedida — Tenham um bom jantar! Até mais!

E foi embora sem esperar resposta, louco para compartilhar o que descobrira com Midorima.

Kagami cobriu o rosto com as duas mãos. Nunca sentira tanta vergonha em sua vida antes!

— Acho que esse cara não sabe sobre você ser o criador do mangá! Quem mais será que sabe? — perguntou. Sua voz escapou abafada por entre os dedos — Todo mundo da Geração Milagrosa?

— Saa — Daiki deu de ombros, aborrecido com algo que não sabia explicar direito — Midorima e os outros sempre souberam que eu desenhava. Não seria surpresa se reconhecessem meu traço. Vai encanar com isso, Baka?

— Não se sente mais confortável para continuar o jantar, Kagami kun? — Kuroko manifestou-se depois daquele silêncio em que estivera — Quer voltar pra casa?

A preocupação sincera fez Taiga descobrir o rosto. Ainda estava sem jeito e com a face em brasas, mas a forma como seus amigos se preocupavam com seu bem estar era tocante. Até mesmo Daiki, à sua maneira, tinha certo cuidado. Lembrou-se que Aomine lhe dera o poder de decisão: se quisesse, pararia de lançar Daitai Love. Não aceitara, apesar de tudo.

— Não — suspirou — Só não passou pela minha cabeça que os amigos mais antigos de Daiki reconheceriam os desenhos. E... temos alguns amigos em comum e... caralho, é embaraçoso!

— Ow, não é embaraçoso Tai chan! É mais embaraçoso a gente ter queimado o okonomiyaki — Momoi terminou a frase rindo e tentando distrair Kagami. A comida estava perdida.

Daiki acenou para o garçom, que veio rápido trazer um novo pedido e uma nova rodada de sake quente.

— Preservar a identidade aos estranhos é mais importante. Aos amigos é indiferente. Não fazemos nada que eles já não desconfiem — Aomine deu de ombros, desdenhando da situação. Parecia tentar se convencer de algo — Ou você acha que eles não fazem esse tipo de coisa também...?

Taiga não respondeu, fingiu que vigiar o novo okonomiyaki requisitava toda a sua atenção.

— É natural que Kagami kun se sinta embaraçado. Mas acredito que Aomine kun tenha o bom senso de desenvolver de modo puramente fictício — Tetsuya falou pensativo.

— Ne, ne... se Tai chan fica tão desconfortável com o tema eu não posso fazer pontuações sobre como o Kamisuke é um fofo. E tão sensível quando...

— Não! Não pode! — Taiga cortou a frase. Até suas orelhas estavam vermelhas.

Daiki e Momoi riram, fazendo-o compreender que a garota apenas provocava para deixá-lo acabrunhado. E conseguira! Kuroko sorriu um pouco. As reações espontâneas e transparentes de sua ex-luz eram a melhor parte.

— Minha mãe é minha maior fã — Daiki falou como quem não quer nada — Ela não perde um número.

A frase demorou dois bons segundos para entrar na mente de Taiga. A imagem mental de Kaoru san lendo Daitai Love foi tão impactante que o pobre rapaz deu a impressão de entrar em ebulição. Por um segundo, pensaram que ele ia explodir.

— Mas ela não lê Daitai Love, Taiga — Daiki aliviou e contou a verdade — Minha mãe lacra todos e deixa guardado no quarto.

— Ainda bem que não — Kagami soou aliviado.

Que jantar inesquecível!

continua...

A noite terminou bem, apesar de todos os imprevistos e surpresas. Os dois casais puderam, finalmente, comer o okonomiyaki e beber sake. O tema da conversa mudou. Como acontecia constantemente com as pessoas no passar dos anos, todos se tornam saudosistas. Logo falavam sobre os “bons tempos, velhos tempos”. Basquete tornou-se assunto principal até a despedida.

O retorno pra casa foi feito em clima ameno, apesar de silencioso. Kagami estava cansado, trabalhara o dia todo, assim como Daiki. A folga no dia seguinte vinha bem a calhar.

Apesar da introspecção, Aomine sabia que o namorado não esta com raiva. Quando ele fazia greve de silêncio por picuinha era bem diferente. Logo aquela quietude toda só podia significar uma coisa: Taiga estava ruminando alguma coisa, matutando e tentando entender. Conseguindo ou não, se abriria em breve. Ele não era de se desgastar com algo incompreensível.

Mas foi só depois de um longo banho a dois, dividindo o ofurô, de se ajeitar na cama e se entrelaçar em um abraço quentinho debaixo das cobertas que Kagami botou pra fora o que o incomodava. A noite estava mais fria do que o esperado para aquele inicio de outono. Os pijamas não pareciam o suficiente para aquecê-los, precisavam do calor do corpo um do outro.

— Oe, Takao disse uma coisa que eu não entendi...

— Hum...? O que?

— Algo de Aoka, e flipper... bipper... acho. O que é isso?

Daiki sorriu na penumbra. Antes de responder, puxou o namorado para mais perto, de modo que ele pudesse deitar sobre o seu peito. Não imaginava como ele ia reagir às informações, todo cheio dos melindres que era. Ainda fez um carinho nos cabelos ruivos com o queixo, passando de leve de um lado para o outro.

— Aquele cara chato disse que é um AoKa shipper. Esses são termos do nosso fandom.

— Fandom? Que termos são esses? Não entendo nada — suspirou de cansaço. Fortes emoções minavam sua energia.

— “Fandom” significa a base de fãs de uma obra, todo mundo que gosta faz parte do fandom — foi explicando naquele tom preguiçoso, mas com paciência — “Ship” significa “casal” e “Shipper” é a pessoa que torce, acredita e defende um casal. E “AoKa” é o nome do ship principal de Daitai Love, Ao de Aoyama e Ka de Kamisuke.

— Que caralhada de coisas — Taiga resmungou, ajeitando-se melhor sobre o peito do namorado, que agora fazia carinho em suas costas. Era bom — Um dia vou saber de tudo isso. E encarar de boa qualquer referencia.

— Heei, hei — Daiki concordou um tanto incrédulo.

Duvidava que o outro ficasse a vontade com menções a intimidade que tinham. Não era da natureza dele, sempre mais o reservado e inocente dos dois, quando o assunto era aquele. Apertou o abraço, mais sentindo do que vendo o rapaz deslizar para o sono. Não queria que Kagami mudasse. Nunca.

O sono, que veio fácil para Taiga, se negou a aparecer para Daiki. A noite fora agradável e divertida. Porém, ali naquele instante, envolto pelo calor do corpo do amante em seus braços e pelo silêncio acolhedor, a inquietude e impaciência recaiu sobre ele. Não sentiu-se tranquilo, por algum motivo. Não compreendeu bem o porquê, mas tudo indicava que teria a noite toda insone para pensar no que começava a perturbá-lo...


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Notas finais do capítulo

É... parece que o bichinho da preocupação grudou na nuca do Aho. Como ele vai lidar com isso? E com coisas piores que vem por aí...

Até o próximo! :D