Perdido... escrita por kevin henri


Capítulo 1
In the dark.


Notas iniciais do capítulo

Dividido em três (ou quatro) capítulos, essa short-fic é a continuação de algo em que venho trabalhando tem uns dois anos, mas parei na metade por causa de força maior e falta de tempo. Não é nada demais, é apenas um passa tempo, de como eu queria que Tokyo Ghoul tivesse continuidade, deixei de acompanhar o mangá faz alguns meses, então não sei como está tudo, se o "Haise" recuperou a memória e tudo mais, mas enfim, serão três capítulos, apenas três, contados no ponto de vista do Kaneki.
Ouvir essa música enquanto lê ê uma boa.

https://m.youtube.com/watch?v=-jA4GvMtHhs

Boa leitura.



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Me diga, ah me diga, como tudo isso funciona

Tem alguém dentro de mim?

Eu estou quebrado, quebrado no meio deste mundo

Mas você está sorrindo, cega para isso tudo...




Eu corria, o mais rápido que podia no momento, o corpo arranhado, com cortes que, aos poucos, iam se fechando, o meu olho esquerda enxergava melhor no escuro do que o direito, e, caso encontrasse alguém, podia disfarçar apenas virando o rosto para o lado, apenas um Kakugan, quem diria que isso algum dia viria a calhar e me ajudar em alguma coisa, mesmo que algo medíocre assim.

Mas agora não tinha muita diferença, já que eu corria pelo esgoto, iluminado apenas pelas luzes que vinham de cima, provavelmente os investigadores estão a minha procura, tentando encontrar algum rastro, farrapos de roupas, marcas de sangue, pegadas, fios de cabelo, qualquer coisa que pudesse me entregar, mas não me achariam, nem a Aogiri Tree poderia me encontrar a esta altura, como poderiam suspeitar que eu me encontrava no 20º distrito? Onde ocorreu a batalha que quase me matou, que quase me fez esquecer quem eu sou, ou o que eu me tornei.

Sim, fui capturado por Arima, tive a mente vasculhada e despedaçada, sofri lavagem cerebral, o resto é inversão de valores, o que importa, é que, aquele confronto com Nishio foi o gatilho para fazer com que eu me lembrasse, de tudo e todos, do gerente, da coruja de um olho só, do rei de um olho, aogiri tree, Yamori, Rize...Touka.

Eu fiquei todo este tempo a evitando, fugindo dela, como se algo no meu interior me avisasse que, na nossa primeira troca de olhares, ela me mataria, como será que ela está? Será que ela terminou a escola assim como ela queria? Ainda não entendo muito bem ela querer viver uma vida no meio dos humanos, não que eu possa falar muito, mas, para um ghoul de nascença, muito estranho.

Eu estava correndo, rápido, muito rápido, corri por vários e vários metros por debaixo da terra, de acordo com o meu mapa mental, eu não deveria estar muito longe do meu objetivo, a Ainteku, claro, eles não voltariam para lá depois do que aconteceu a este lugar, mas ele poderia me dar uma pista de onde eles poderiam estar.






Eu estou quebrado de qualquer forma

Então eu paro minha respiração

Eu não posso desatar, não pode desatar mais

Mesmo a realidade, congela

Sou quebrável, sou inquebrável

Sou cruel, não sou cruel

Eu encontrei você...



Eu senti o frio, a humidade e o mal cheiro, os esgotos estão cheirando pior do que da ultima vez em que estive aqui, parece que as pilhas e corpos que havia encontrado a tempos atrás haviam se misturado com o terreno mal-cheiroso, o tornando ainda mais podre ainda, minhas vestes rasgadas, a manga direita não existia mais, a esquerda em fiapos, meu peito quase nu com três cortes seguindo do meu ombro direito até minha cintura, ferimentos que iam se fechando lentamente, o único som ouvido era o de meus pisões na água, mais a frente eu vi um buraco na rua, possivelmente uma das muitas lembranças do massacre há anos ocorrido aqui.

Aqui, no escuro, ouvi vozes vindas de fora do buraco, na rua, que pareciam com pressa.

—Rápido, ele pode estar por aqui- Disse, se aproximando do buraco, me acobertei na escuridão, fechando meu olho esquerdo, pois ele brilhava no escuro, era uma voz feminina, ouvi o som de uma arma sendo carregada, essa era a voz de Akira Mado, uma agente de primeira classe da CCG, responsável por supervisionar meu estado mental quando eu “pertencia” á própria CCG, eu me policiei mentalmente, minha vontade era arrancar cada um de seus membros e deixa-la morrer por hemorragia, lentamente, porém, ouvi outra voz.

—Ele pode não estar aqui, por que ele voltaria? Essa voz era masculina, exalando experiência de combate, era um classe especial...Shinohara, o “invulnerável Shinohara”, no lugar da perna, perdida na batalha contra a “Coruja de Um Olho”, usava uma prótese, que se ajustava ao seu corpo, criada a partir da Kagune de algum Ghoul capturado e morto.

—Por que essa é, provavelmente, a ultima lembrança que ele tem- Disse Akira, sua voz fazia meus músculos se contrairem, como se eu me preparasse instintivamente para avançar, porém, isso delataria minha posição, e eu preferia evitar qualquer conflito, desta vez...

Depois de se situar em um mundo distorcido abalado,

Eu tornar-se transparente, incapaz de ser visto

Não encontre-me

Não olhe para mim

Dentro de um mundo que alguém traçou

Eu não quero te machucar

Apenas lembre-se de mim

Tão vívido quanto eu costumava ser...



Eu olhei para os lados, ouvindo mais passos acima de mim, parando lentamente, prestando atenção em tudo, o único som aqui em baixo era o som de uma goteira, que não parava em momento algum, eu os senti se dispersarem, se separarem, por mais que isso pudesse me dar a vantagem de pegar um por um, haviam dois motivos para eu não confronta-los.

—Primeiro, não era meu objetivo.

—Segundo, era uma armadilha.

Deixe seu inimigo confiante, e ele cometerá um erro, quando se comete um erro, você morre, e eu não posso morrer ainda.

Cautelosamente, fui me movendo, usando minha kagune, que liberei mais do que cuidadosamente, para poder me agarrar á parede, andando pela parte de cima do túnel, que tinha alguns buracos, que a todo curto eu evitava, andando pela sombra do escuro, os passos pararam, e eu também parei.

—”O centopéia não está aqui” - Ouvi uma voz no rádio de Akira, pude sentir eles se virando, um silêncio prevaleceu por algum tempo, em seguida eu ouvi os passos se distanciarem enquanto respondiam a mensagem.

—Entendido, mudando local de busca-

Ouvi Shinohara responder a mensagem, o que eu realmente não queria era encontrar era Arima, mesmo eu sendo “superior”, eu poderia facilmente ser derrotado por ele, de novo, não quero voltar pra lá, não posso voltar pra lá, eu não vou voltar pra lá.






Envolvendo solidão infinitamente ao meu redor

Que ria inocentemente

Me lembro das vezes

Não posso me mover, não posso ser desvendado

Não posso me mover, não posso ser desvendado

Não posso me mover, não posso me mover

Desvendar Ghoul...



Ouvi os passos sumirem em meio aos destroços já esquecidos e abandonados do 20º distrito, esperei cerca de cinco minutos para poder continuar, dessa vez, alcançando uma parte sem água do esgoto, uma parte em que a água havia ficado trancada e o encanamento do esgoto entupido com tantos corpos podres e mortos.

Ouvia o chiado de ratos que devoravam os corpos no local, pelos meus cálculos e seguindo meu mapa mental, eu deveria estar em baixo da Ainteku, me certifiquei de que não havia ninguém ali, abrindo pequenos buracos com a minha kagune e espiando pelo buraco, não havia nem mesmo o cheiro de um investigador, não sentia calor em qualquer cômodo daquele local, observei, ao entrar, que ainda haviam xícaras de café, ainda com café, com certeza frios e estragados, impróprios para o consumo, duas ou três bandejas jogavas, vidraças quebradas, assim como várias peças, xícaras quebradas, colheres entortadas, uma das paredes prestes a ceder, com várias rachaduras.

Aquilo fez meu coração bater mais devagar, passei bons momentos ali, faz quanto tempo? Nem sei mais, três? Quatro anos? Não imagino o que aconteceu aqui enquanto “estive fora”, enquanto colocavam alguém na minha cabeça, e que nome estúpido era esse? Haise Sasaki?

O primeiro local que fui olhar foi o quarto de Touka, eu parei, olhando aquela porta, tão familiar, e tão estranha, estava velha, quase caindo, presa apenas por uma das dobradiças, eu a abri, cautelosamente, tudo ainda estava intacto, a escrivaninha, o computador, os fones de ouvido, jogados da maneira que ela sempre fazia, eu o peguei, quando a Ainteku foi atacada de surpresa, junto com o 20º distrito, todos saíram as pressas, eu sabia que a Touka gostava de ouvir música, então decidi guarda-lo comigo.

O coloquei entre o pescoço, enquanto aspirava o cheiro que aquele quarto ainda mantinha, por uns instante, mínimo que fosse, eu voltei para aqueles tempos “bons” quando vivíamos brigando um com o outro e o gerente vivia separando.



Alguma coisa mudou em mim, eu não poderia ter mudado

A mistura dos dois juntos, nós dois em frente a destruição

Sou quebrável, sou inquebrável

Sou cruel, não sou cruel

Mas eu não vou deixar você ser manchada...

Eu observei um retrato, com uma foto, nela, estávamos eu e Touka, enquanto ela derramava café em minha cabeça e, atrás, o gerente sorria, um sorriso brincalhão e querido...Bons tempos, retirei a foto e a guardei no que sobrou de um bolso, em seguida fui até meu antigo quarto, trocar de roupa, afinal de contas, eu não havia mudado muito.

Tudo continuava da mesma forma desde que fui levado por Yamori, ao abrir o guarda roupas, peguei uma camisa preta de manga longa, em seguida uma de manga curta, calças escuras e botas, tudo preto, parecia que essa cor se adaptava a mim, ou eu me adaptei a ela, vesti-a em meu corpo, em seguida desci .

Estava com fome, com sorte, ainda haviam alguns daqueles cubos que o gerente sempre me dava, eles amenizavam a fome, não a matavam, mas diminuíam a vontade de matar, não podia me dar ao luxo de descobrirem onde eu estava, decidi então preparar um café, ele foi feito as pressas, mas não ficou menos saboroso, me lembrou do café que o gerente fazia, como senti falta daquele sabor...




Depois de se situar em um mundo distorcido abalado

Eu tornar-se transparente, incapaz de ser visto

Não encontre-me

Não olhe para mim

Nesta solitária armadilha que alguém planejou

Antes do futuro se tornar desvendado

Lembre-se de mim...



Eu, sutilmente, olhei pela janela, tentando checar se não havia algum movimento, não senti nada, apenas via o vento soprar um pouco de pó pela rua, quase que 99% dos ghoul do vigésimo distrito foram exterminados pela CCG, espero que o pessoal da Ainteku não tenham se envolvido.



Tão vívido quanto eu costumava ser

Não se esqueça, não se esqueça

Não se esqueça, não se esqueça

Eu estou paralisado pelo fato de ter mudado

Em um paraíso em que nada eu possa mudar

Apenas lembre-se de mim

Me diga, me diga

Tem alguém dentro de mim…?

Não me importava com mais nada, não me importo mais com ninguém, eu deveria ter feito isso a muito tempo, eu queria ter feito, mas fui covarde e decidi me esconder dentro da minha própria loucura, do meu tormento, sofrimento e solidão, eu não queria enxergar o feixe de luz que se abria, na minha frente, todas as conversas, os treinamentos, elas queria ter me feito forte, não que eu tivesse ido com a Aoigiri tree, ela, Nishio, Hide, eles queriam ter me ajudado, eu não permiti.

Eu me olhei no espelho colocava os fones ao redor do pescoço, apenas prendendo seu fio em meu cinto, ao redor de sua alça, eu queria acha-la, dizer o que eu deveria ter dito a muito tempo.

O mundo não estava errado, era eu, o tempo todo…

Mas dessa vez não...

Dessa vez…

Eu vou te encontrar…


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui estamos, postarei o próximo capítulo assim que eu puder (ou se houver algum comentário ok?)
Até a próxima o/



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