Sobre shows, sofás e dinossauros escrita por dubstepbard


Capítulo 3
O que você sabe


Notas iniciais do capítulo

Bem influenciada pela música Save Me do Muse.



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5 horas da manhã. Lar doce lar.

Depois de fechar a porta atrás de Tsukki, Kuroo soltou um suspiro e correu a mão pelo cabelo, andando rapidamente até o corredor do pequeno apartamento. Milhares de pensamentos passavam por sua mente e tudo o que ele queria era quebrar o silêncio.

Esperava que não fosse tarde demais.

“Kuroo…”

Tsukishima entrelaçou seus dedos na frente de seu corpo, ansioso. Foi a primeira palavra entre eles desde que haviam saído do show - não – desde que haviam se beijado.

Kuroo mantivera a cabeça baixa e uma expressão de preocupação durante todo o trajeto.

Parecia que ele estava evitando Tsukki.

E isso estava deixando o mais jovem frustrado.

“Kuroo!”, ele chamou um pouco mais alto, sua voz transparecendo suas frustrações. Viu os ombros do outro rapaz tensionarem à menção de seu nome, antes dele se virar para a porta de entrada e finalmente olhar para Kei.

“O que foi, Tsukki?”

“Eu…” foi tudo o que Tsukishima conseguiu falar. Um nó em sua garganta o impediu de continuar o que quer que fosse dizer, e ele sentiu-se sufocado.

–-

Kuroo suspirou e caminhou lentamente em direção ao jovem. Milhares de pensamentos passavam por sua mente, e tudo o que ele queria era deixar Tsukishima em paz.

Compreenderia se o outro nunca mais quisesse olhar na cara dele.

Mas ele o olhava, pedindo ajuda.

O mais velho sentiu o corpo estremecer levemente e sustentou o olhar. Abriu a boca, meio sem saber o que falar, porém, quando começou, as palavras não paravam de fluir.

“Escuta, Tsukki, sei que o que eu fiz foi errado. Por favor, não me odeie. Foi o calor do momento e - merda, eu devia ter falado isso antes, mas eu realmente gosto de você.” ele sorriu de uma forma triste, como um pedido de desculpas.

Tsukishima engoliu em seco. Tetsurou aproveitou para continuar.

“Já faz um tempo, na verdade. Hoje você estava tão bonito, tão feliz, tão a vontade de estar aqui, que acho que acabei criando esperanças demais e agi sem pensar, me perdoe. Sei que não é tão fácil perdoar uma coisa dessas, afinal eu te beijei contra a sua vontad-”

Até as pontas das orelhas de Kei estavam vermelhas, mas apesar disso, ele esticou os braços e puxou Kuroo para si, abraçando-o.

“Cale a boca. Eu...”

A voz de Tsukishima falhou e ele soltou um suspiro.

Kuroo arregalou os olhos, surpreso, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, o outro continuou.

“Eu que devia estar pedindo desculpas. Não devia ter te dado as costas… e não foi contra a minha vontade.”

O mais velho envolveu o outro em seus braços e o segurou com força, repetindo as palavras de Tsukki em sua mente.

Não foi contra a minha vontade.

Seus devaneios foram interrompidos por um soluço mínimo, e pela voz ligeiramente embargada do outro.

“É só que… eu não sabia como reagir depois.”

“Você me deu um susto e tanto.”

“Desculpa.”

Kuroo foi desarmado pela resposta sincera e pelo próximo soluço. Sentiu seu coração disparar - coisa que o outro rapaz com certeza iria perceber - e seu estômago se encher de borboletas.

“Sabe,” Tetsurou quebrou o silêncio, que estava ameaçando cair entre eles novamente “você deveria sorrir mais. Seu sorriso é mais radiante do que qualquer coisa desse mundo! Até mesmo do cabelo radioativo daquele nanico do seu time.”

“Kuroo, por favor.” a voz do mais jovem saiu abafada, as palavras ditas diretamente no ombro do outro, que não se inibiu e continuou a falar num tom carinhoso.

“Ei, ainda não terminei! Respeite os mais velhos enquanto eles falam!” Kuroo pigarreou, como que para confirmar que ele era um desses ‘mais velhos’ que deveriam ser respeitados. “Adoro seu gosto musical, mesmo que alguns artistas que você ouve sejam muito questionáveis… Ah, também aprendi a gostar de dinossauros, fiquei muito chateado quando li na internet que o meu favorito nunca existiu de verdade.”

Tsukishima abafou uma risadinha tímida e respondeu, a voz recuperando seu tom de sarcasmo.

“Triceratops existiram sim, nós já tivemos essa conversa.”

“Tivemos sim, não é? E foi legal. Eu lembro desse dia. Fomos expulsos do café quando começamos a comparar os funcionários com os dinossauros da exposição.”

“Aquela moça realmente lembrava um velociraptor.”

“NÃO É? Essas pessoas que não sabem aceitar uma boa piada...”

Kei riu alto, ainda com a cabeça apoiada no ombro de Tetsurou.

“Teve também aquela festa do tio-avô do Bokuto, lembra? A que o Akaashi saiu dando cantadas em todas as mulheres - e abajures!”

“Kuroo…”

“E também a festa em que o Kenma ficou bêbado e começou a fazer piadas de jogos que ninguém entendeu… Foi nessa que o Bokuto tirou a foto que está na geladeira, acho que é a única foto decente que ele tirou na vida dele...”

“Kuroo.”

“Acho que o sucesso pode ser creditado aos modelos da foto, afinal éramos eu e você, se bem que se me lembro bem o Akaashi e o Kenma também deveriam estar nela, junto com o Yamaguch-”

“Tetsurou!”

O mais velho soltou Tsukishima, que estava rindo, apesar das marcas de lágrimas brilhando nas bochechas rosadas, e deu um passo para trás, fingindo surpresa.

“O que?!”

“Cale a boca e me beije de uma vez.”

Kuroo não conseguia encontrar palavras, pensamentos, para expressar sua felicidade. Sorrindo de uma orelha a outra, ele enxugou a face do mais jovem, apesar das lágrimas já não estarem mais caindo.

Tomou o rosto de Kei entre suas duas mãos e o observou atentamente, como se estivesse guardando algo muito precioso e raro em suas memórias. Gravou como suas sobrancelhas arqueavam, as tênues marcas entre elas acusando o hábito de franzir a testa. Gravou a forma das maçãs do rosto, a pontinha (agora vermelha) do nariz. O formato dos lábios pequenos. E os olhos, que insistiam em se esconder atrás dos óculos, mas que eram intensos e expressivos. Muito expressivos. E, naquele momento, eles diziam muitas coisas.



Por favor.

Fique mais um pouco.

Estou com medo.

Você é importante pra mim.

Como vai ser agora?

Não me deixe.

Eu preciso de você.



Kuroo inclinou-se e encerrou a distância entre eles, tomando a boca de Kei na sua e puxando o corpo do outro rapaz contra o seu, como se tivesse medo de que ele sumisse. Sentiu os braços dele envolverem seu pescoço, e não conseguiu suprimir o sorriso.

Não tenha medo. Isso não é um erro. Vamos descobrir juntos. Faremos dar certo.

Faremos dar certo.

“Kei.” Sua voz saiu rouca e grave, não mais do que um sussurro, e Tsukishima arregalou os olhos, surpreso pelo uso de seu primeiro nome. “Kei, Kei, Kei.”

Kuroo estava rindo agora. Estava genuinamente feliz.

Sentia-se incrível.

Kei abriu um sorriso mínimo, tímido, e inclinou-se para a frente, encostando sua testa na de Tetsurou.

O mais velho observou, curioso, enquanto Tsukki respirava fundo, fechando os olhos, deixando o peso de seu corpo cair sobre o de Kuroo.

“Estou cansado.”

Tetsurou segurou-o, guardando o calor do corpo dele e seu cheiro e o rosto cheio de sono e tudo.

Ele estava muito, muito perdido.

“Vem.”

Guiou Tsukishima pela mão, gentilmente. Sabia que o outro conhecia o caminho, mas não queria perder o contato físico que tinha com ele - não de novo.

Chegando no quarto, ele virou-se para o mais jovem, a fim de dizer que dormiria na sala conforme combinado. Respirou fundo e abriu a boca, mas foi interrompido.

“Você pode ficar, se quiser.”

Tsukishima estava vermelho e não olhava para ele, mas Kuroo compreendeu que aquilo era um convite e um voto de confiança, um passo que talvez fosse grande demais mas que valia a pena tentar.

Era como andar de montanha-russa pela primeira vez.

Sem falar nada, Kuroo pegou a mão de Tsukki e a beijou, agradecendo. Jogou um pijama limpo para ele e, depois de pegar um para si, foi se trocar no banheiro, dando privacidade ao outro jovem.

Aquilo tudo era muito novo, muito avançado, muito.

Sentindo a cabeça girar, ele voltou para o quarto e encontrou Tsukishima sentado na cama, as costas apoiadas na parede e o queixo em cima de um travesseiro que ele abraçava. Que adorável.

“Você é muito fofo.” Kuroo disse, sorrindo, enquanto sentava-se na frente do outro garoto. Kei não olhou para ele.

“Calado, se não você vai dormir no sofá.”

“Por mim não tem problema! Eu já te disse que aquele sofá é muito confortável? Quer dizer, não que eu não queira ficar aqui com você, mas caso você queira que eu vá pra lá eu vou, sabe? Só me fal-”

“Kuroo, por favor.” agora o mais jovem estava revirando os olhos para ele e sorrindo. “Está querendo mais o que? Que eu te faça um convite formal com todas as letras?”

“Sim, autenticado e em duas vias.”

“Fique aqui comigo.”

O estômago de Kuroo deu um duplo twist carpado para trás e ele engasgou com suas próprias palavras ao ouvir o pedido sincero de Tsukishima.

“Heh, se você reagir assim toda vez que eu falar algo do tipo, isso vai ser bem divertido.” Kei ria agora, uma ponta de sarcasmo permeando seu riso aqui e ali. “Quem diria, Kuroo Tetsurou ficando todo sem palavras por causa de um cara mais novo e tosco.”

“Não se esqueça de ‘fissurado por dinossauros’ e ‘de gosto musical duvidoso’.”

Tsukishima bufou e arremessou o travesseiro em Kuroo, que foi pego de surpresa e caiu da cama. Kei engatinhou até a borda para investigar, preocupado.

“Oh merda, você ta legal?”

Tetsurou estava com as costas no chão e os pés pra cima, as pernas apoiadas no colchão em um ângulo de 90 graus.

Era uma cena ridícula.

E eles riram dela até as laterais de seus corpos doerem.

Tsukki ajudou o mais velho a subir na cama e eles deitaram-se de lado, um de frente para o outro. Ainda riam, tinham lágrimas nos olhos, mas também tinham sono e cansaço.

Kuroo olhou para o outro rapaz e abriu um enorme sorriso.

Tsukki sentiu-se compelido a sorrir também.

Ele puxou o mais jovem para seu peito, enroscando suas pernas nas dele. Kei, por sua vez, aninhou-se encolhendo os dois braços na frente de seu torso e aproximando-se o máximo possível dele.

“Kuroo…”

“Hm?”

“Isso… isso é certo? Quer dizer, não sinto como se estivesse errado mas… não parece certo.”

“Como assim, Tsukki?”

“Não sei explicar.”

“Hmmm, você pode tentar?”

“Eu… Não está errado, mas não parece certo…”

“Mas podemos fazer dar certo.”

“Podemos.”

“Você está pensando demais sobre isso.”

“Talvez.”

“Hm? Você não pensou tanto assim quando me agarrou alguns minutos atrás.”

“Calado, idoso.”

A luz da manhã refletia nas cortinas pesadas e tingia o quarto com um tom avermelhado. Kuroo sentia a respiração ritmada de Tsukki em seu peito.

Parecia certo. Podia dar certo.

Eles fariam dar certo.


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Notas finais do capítulo

Não aguentei e estou postando o último capítulo antes do esperado yey!~
Espero que vocês tenham gostado da fic :3



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