As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 6
Primeira Fase: Euforia


Notas iniciais do capítulo

Então, gente... Esse capítulo não era pra terminar na parte em que termina... Haha! Mas é que o capítulo ficou ENORME e eu tive que dividir em dois. Apesar de eu ver meus capítulos como episódios, que tem que ter início, meio e fim, esse não vai ficar bem nessa estrutura. O "fim" do "episódio" será o capítulo sete. Então é isso, espero que gostem!

Vamos lá!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631907/chapter/6

Eu acordei no chão do quarto de instrumentos. Os efeitos da má dormida gritavam em meu corpo — minhas costas pareciam estar quebradas.

O relógio não marcava nem 5 horas, no entanto, eu sabia que não conseguiria dormir mais.

Mesmo com dificuldade, consegui levantar. As lembranças da noite anterior me atingiram violentamente, deixando-me tonta.

Sasuke-kun.

Não. Não conseguiria lidar com ele hoje. Na verdade, eu não sabia se algum dia voltaria a conseguir.

Lutei contra as lágrimas que começavam a se formar em meus olhos.

O que eu faria?

Por Deus! Eu me sentia perdida. Sem chão. Sem saber o que fazer. E pensar que logo chegaria a hora de ir com ele para a escola...

Se eu saísse cedo, não teria que cruzar com o Uchiha. Mas como? Caminhar estava fora de cogitação. Ir na garupa da bicicleta com ele pedalando, pior. Não queria vê-lo agora.

Eu precisava de tempo para digerir tudo aquilo. Para saber o que fazer.

Mas pensando bem... Hoje ele só entraria com a presença dos pais, por conta do tapa que deu em Tayuya.

Então só me restava uma saída: Kabuto.

Claro! Ele saía para o hospital bem cedo. Acho que não se importaria em me dar uma carona.

Esperaria dar 5:30 para lhe mandar mensagem. Não queria correr o risco de acordá-lo. Enquanto isso, fiz o café da mamãe. Hoje seria só para ela. Eu não iria conseguir engolir nada mesmo...

Subir as escadas para meu quarto foi doloroso, mas necessário. Precisava me arrumar para aula.

Levei para cima as duas folhas com a música que compus ontem — uma com a letra e outra com as notas musicais que formavam a melodia. Minha nova canção se juntou às outras, guardadas em uma das minhas cinco pastas grandes e vermelhas.

Eu já havia composto muitas — MUITAS — músicas.

Era como um diário. Escrevia sobre tudo que me afetava. Até mesmo sobre coisas que, apesar de não terem acontecido comigo, emocionavam-me. Como histórias de filmes e pessoas ao meu redor. Bastava ser algo que me inspirasse.

No entanto, eu tinha a certeza de que nunca as mostraria a ninguém. Elas eram meu segredo, preciosas demais para mim. Mas, na verdade, eu não sabia se eram boas. Mexiam comigo, claro. Só não sabia se seriam capazes de tocar o coração de outras pessoas. 

Eu tinha muito medo. 

Medo de que se alguém ouvisse minhas músicas, zombasse, depreciasse, dissesse que eram ruins, sem valor. Porque, se falassem isso delas, estariam falando de mim.

Eu sou minha música. E minha música sou eu. Eu de verdade, sem máscaras. Só com meus sentimentos, alma e coração. O "eu" que ninguém podia ver. O "eu" frágil, fraco, quebrado, romântico e, muitas vezes, revoltado com a própria vida. O"eu" que não estava sempre sorrindo, mesmo quando machucado. Que tinha mágoa da própria mãe. Que sentia saudades do pai e do avô. O "eu" vulnerável.

Quando você deixa as pessoas terem acesso à sua vulnerabilidade, imediatamente, entrega-lhes a arma perfeita para lhe ferir.  E não duvide: elas a usam sem dó.

Por isso guardava minhas músicas como um segredo sagrado. Assim, somente eu teria acesso à minha vulnerabilidade. E as minhas feridas pertenceriam só a mim. A mais ninguém.

*
*
*

Kabuto veio me buscar às seis em ponto. Eu me sentia um pouco entorpecida, por causa dos remédios que tinha acabado de tomar.

"Fiquei surpreso. Foi a primeira vez que você pediu para eu lhe deixar na escola." Ele disse, enquanto parava em um sinal.

"Eu nunca estive tão machucada." Respondi, com meia verdade. "Você pode me buscar, no final da aula?"

"Claro. Estarei no horário de almoço." Respondeu, dando partida no carro quando o sinal ficou verde.

"Pode me deixar e buscar na escola até eu ficar melhor?" Perguntei.

"Se você acordar cedo todo dia... Posso." Falou, olhando-me.

"Acordo sim."

"Então está combinado."

Sorri-lhe, agradecida.

"Sabe, você é o médico mais trabalhador de que eu já ouvi falar. Não importa a hora, você está sempre no hospital." Comentei.

"É porque eu sou foda. O hospital não funciona sem mim." Gabou-se, sorrindo. Bufei. "Sendo franco, eu gosto. Amo o meu trabalho e quando você ama o que faz, todo o esforço vale a pena." Completou.

"É mesmo muito bonita a sua relação com a medicina." Sorri para ele.

"Mas e você?" Perguntou-me. "Que profissão quer seguir? Nunca me falou sobre isso... Eu não tenho nem ideia do que você quer ser."

"Não tenho certeza..." Falei, incerta.

E era verdade. Ainda precisava pensar sobre isso.

Queria achar algo que me fizesse completa, que eu amasse fazer, assim como Kabuto.

Amor mesmo eu tinha pela música. Mas todo mundo sabia que essa era uma profissão incerta, e que pouquíssimos conseguiam viver somente disto.

Além de tudo, eu carecia de beleza e talento. Até achava que tinha um pouco dos dois, mas nada que me destacasse na multidão.

Beleza normal. Talento normal. Nada extraordinário.

Então o jeito era seguir a vida como deveria ser e entrar em uma faculdade. Mas de quê?

"Kabuto... Eu realmente não sei. Não me vem nada à mente. Quem sabe eu vire uma vendedora como a mamãe, ou recepcionista, como o papai foi."

Ele franziu o cenho. "Ah, qual é? Você tem que ter sonhos maiores." Insistiu.

Sim. Tinha. Que de tão grandes eram impossíveis.

Para satisfazê-lo, falei: "Gastronomia, talvez? Eu até que gosto de cozinhar... Daria uma boa chef. Quem sabe até abra um restaurante, algum dia."

Kabuto pareceu gostar da ideia. "Sim. Quem sabe até tenha uma rede de restaurantes!"

"Aí você já foi longe demais." Rolei os olhos.

"Por quê?" Disse, sério. "Acredite em si mesma, Sakura. Sonhe alto. Batalhe. Dessa maneira você pode alcançar até o Sol, se quiser!"

E foi assim que, naquele dia ruim, Kabuto conseguiu me arrancar um sorriso verdadeiro.

*
*
*

De carro, o caminho até a escola foi feito em menos de cinco minutos. Confesso que isso me irritou um pouco. Queria ter conversado mais com Kabuto. Ele me dava ânimo, sem nem se esforçar.

Mas, agora, aqui estava eu, na escola praticamente vazia. Era cedo demais. Quase ninguém havia chegado.

Sentei-me no banco mais afastado do pátio.

Pouco a pouco, os alunos foram chegando.

Logo, avistei Neji e Hinata, mas não fui até eles. Ino não demoraria a chegar e eu ainda não sabia como agir em sua frente.

Às 6:40 recebi uma mensagem de Sasuke-kun.

"Onde você está? Sua mãe me disse que você não está em casa." Dizia a mensagem.

"Na escola." Disse, simplesmente.

"Por que você foi sem mim? Eu estava aqui com a minha mãe, esperando você." Mandou, logo em seguida.

Não respondi.

Somente essa simples interação por mensagem já me fazia querer chorar. Mas eu precisava me segurar.

O que fazer? A resposta para esta pergunta não queria aparecer.

O sinal estava quase para tocar, quando Ino chegou. 

Sasuke-kun apareceu com sua mãe, pouco tempo depois. Eles passaram direto, sem falar com ninguém, provavelmente para a sala do diretor. Mikoto-san, a mãe de Sasuke-kun, parecia estar furiosa.

Tayuya chegou de carro, com o pai. Ele parecia a ponto de explodir.

Aposto que Sasuke-kun seria suspenso. Na melhor das hipóteses.

E enquanto todo mundo dirigia suas atenções ao drama do tapa, algo aconteceu.

Um carro, tão lindo que parecia ter saído de um filme americano, chegou cantando pneus no pátio. Estacionou perto de um dos poucos veículos que nele haviam.

A escola parou.

Todos se calaram.

Oh não!

Era ele.

*
*
*

Gritos histéricos. Choros de descrença e euforia. Caos.

Esse era o estado atual da escola.

Ninguém acreditou quando Sabaku no Gaara desceu de seu carro preto. Nem eu.

Sim, eu sabia que cedo ou tarde todos saberiam que ele estava na cidade e estudando em Konoha School, mas não achei que seria tão cedo. Não foi ele quem disse preferir estar no "esconderijo" do que na aula?

E outra: precisava mesmo dessa entrada, tipo assim... Boçal?

Vestido com o uniforme e usando óculos escuros, o ruivo desfilou pelo pátio com a cabeça tão erguida quanto a de um rei.

Os alunos se amontoaram ao seu redor, gritando, empurrando-se para chegar mais perto dele.

Gaara forçava o caminho até a entrada principal.

Eu nunca havia visto nada assim em minha vida. A impressão que eu tinha era que iriam matá-lo!

Mas ele nem se abalava.

Foi quando a voz do diretor, Hiruzen Sarutobi, fez-se presente.

"ACALMEM-SE TODOS!" Gritou, no alto-falante.

Ninguém lhe deu ouvidos.

"EU VOU SUSPENDER QUEM OUSAR DAR MAIS UM GRITO! NEM QUE EU TENHA QUE SUSPENDER A ESCOLA TODA!" Continuou.

Ninguém duvidava. Ele já havia feito isso uma vez, quando um aluno levou uma bombinha de cheiro para a escola e não se assumiu culpado. Todo mundo foi suspenso e esse tempo parado foi descontado das nossas férias de final de ano.

Lentamente os alunos foram se calando, mas ainda se mostravam muito eufóricos. Principalmente as meninas. Ouvia-se choros em toda parte.

Gaara continuou seu caminho, mesmo quando algumas alunas insistentes tentavam lhe parar.

Subiu as escadas que levavam à porta de entrada e pegou o alto-falante das mãos do diretor.

"Olá. Eu sou Sabaku no Gaara."

Os alunos foram a loucura, gritando novamente.

"A partir de hoje, estudarei nessa escola." Continuou. "Por tempo indeterminado."

Gritos. Gritos. Gritos.

Ninguém acreditava. Ninguém entendia nada.

"Peço a colaboração de todos." Falou, com uma humildade surpreendente. "Vocês serão meus colegas, então quero que me tratem como igual. Sei que são capazes disto." 

A multidão de alunos não conseguia se acalmar.

O diretor pegou o alto-falante de volta.

"Calmamente, vão para suas salas. Isso só funcionará se vocês agirem com normalidade. Aqui o Sabaku não é celebridade, é aluno. Quem o tratar diferente, sofrerá as consequências." Disse, sério.

Ha! Essa foi boa! O próprio diretor o tratava diferente, permitindo que ele tivesse um "esconderijo musical".

Sarutobi-sama e Gaara adentraram o prédio da escola. Os alunos começaram a se mover, conversando uns com os outros em tom animado e descrente.

As meninas ainda davam gritinhos histéricos e pulos de alegria. A maioria delas tentava se arrumar mais, passando maquiagem, penteando os cabelos... Ha! Gaara certamente não seria tratado como um simples aluno. Aposto que nem ele mesmo queria isso.

Lentamente, eu também me movi. Mas não com excitação, e sim, com receio.

O dia de hoje estaria marcado para sempre na história de Konoha.

*
*
*

Quando entrei na sala de aula, Tenten pulou em cima de mim.

"Por Deus, Sakura!" Falou, puxando-me pelo braço para perto do grupo. Sasuke-kun me olhou feio. "Onde você estava? Perdeu o babado do século!"

Ignorei Tenten e me dirigi a Sasuke-kun. "Você não deveria estar na diretoria?"

"O diretor quis conversar a sós com a minha mãe e o pai da Tayuya." Falou, meio seco. Aposto que estava chateado comigo. "Disse que vai discutir a situação com eles e com os coordenadores. Vai me chamar quando decidir o que fazer."

Tenten agitou os braços. "Isso não importa! Não quando aconteceu o que aconteceu! Sakura! Você não vai acreditar!" Fez uma pausa dramática. "Sabaku no Gaara está estudando em Konoha School!"

Ela esperou minha reação. Apenas olhei para ela.

"Você não está acreditando! Mas eu juro que não é mentira!" Elevou o tom da voz.

"E você pode culpá-la? Se eu não tivesse visto, também não acreditaria nunca." Ino disse.

"Ele é ainda mais bonito pessoalmente!" Comentou Hinata, ficando vermelha. Todas as meninas concordaram.

"Como pode um demônio se parecer tanto com um anjo?" Ino suspirou.

Foi quando Sasuke-kun falou. "Vocês superestimam o cara. Só porque é famoso."

As meninas se indignaram.

"Ah corta essa, Sasuke." Naruto riu, zombeteiro. "Você está com inveja porque sabe que a Ino é fã dele." Disse, parecendo se arrepender no minuto em que falou.

O grupo olhou para mim. Ino e Sasuke-kun estavam tensos.

Então todos sabiam?

Tentei, desesperadamente, controlar a raiva que senti.

"E quem não é fã dele?" Disse, sorrindo, fazendo-me de desentendida. O grupo pareceu se aliviar. Eles deviam me achar muito tola mesmo.

"Isso é verdade." Neji afirmou. "O cara é muito talentoso. Mas a questão é: o que ele faz em Konoha?"

Ninguém soube responder essa pergunta.

Eu, mesmo sabendo, fiquei calada.

Iruka-sensei finalmente chegou para dar aula.

"Todos sentados." Ele disse. A turma obedeceu.

O meu lugar habitual era na frente de Sasuke-kun, mas eu inventei a desculpa de que o ar-condicionado estava me deixando com muito frio para poder sentar no final da sala, longe do grupo.

Pouco tempo depois da aula de Geografia começar, a porta se abriu ruidosamente e Sabaku no Gaara passou por ela.

A euforia, mesmo que contida, foi geral.

Ele iria estudar com a gente!

Até eu estava surpresa. Gaara tinha dezesseis anos, um ano mais velho que a maioria das pessoas daquela turma. Achei que ele estivesse um ano à frente no estudo também.

"Está atrasado." Iruka-sensei falou. Suas mãos estavam visivelmente trêmulas, mas ele manteve o profissionalismo.

Gaara ignorou o professor e a animação dos alunos — principalmente das alunas — e procurou com os olhos uma carteira disponível. Foi quando seu olhar se cruzou com o meu.

E então ele veio em minha direção. As pessoas o acompanhavam, girando suas cabeças. Era como se eu visse tudo em câmera lenta.

Seu olhar deixou o meu...

...E ele passou reto. Sentando atrás de mim, na última carteira da fileira.

Só então percebi que estava prendendo a respiração.

O professor chamou a atenção da classe, obrigando os alunos a tirarem os olhos de Gaara e virarem-se para frente.

Mas eu não aguentei. Olhei para trás. Para ele.

O ruivo sorriu de lado, arrogantemente, levantando uma de suas sobrancelhas. Virei-me para o quadro imediatamente. Sentia como se a ficha não tivesse caído.

Aquele garoto não parecia real. E certamente o fato de ele estar sentado atrás de mim, também não.

*
*
*

O primeiro tempo definitivamente não havia sido normal.

Vez ou outra as meninas olhavam "disfarçadamente" para Gaara. O cochicho era geral. Bilhetinhos passavam de mão em mão e os risos contidos eram quase como a trilha sonora da sala. Até mesmo o professor se enrolou várias vezes na explicação — não que alguém estivesse prestando atenção na aula.

Gaara era o único assunto em que todos podiam pensar.

Finalmente o sinal bateu. Até em Iruka-sensei o alívio foi notável.

Quando ele saiu da sala, metade da turma praticamente correu para cima da mesa de Gaara.

Eu, que estava na frente dele, senti-me sufocada por todas aquelas pessoas me empurrando da carteira para estar mais perto dele. Os meus machucados gritavam de dor.

"Gaara-san, você é tão lindo!"

"Gaara-san, o que você faz em Konoha?"

"Pode me dar um autógrafo? Meus pais não vão acreditar!"

"Gaara-san, tira uma foto comigo?"

Santo Deus!

Eu não precisava mais ouvir aquela bajulação toda! Tudo bem que o cara era tão famoso quanto talentoso e bonito, mas ele era uma pessoa, não um Deus!

Machucada e com dificuldade, levantei-me empurrando as pessoas em minha frente.

Ar. Precisava de ar.

Assim que saí da sala, encostei-me na parede e respirei fundo. Tudo doía.

"Você está bem?" Ouvi a voz de Sasuke-kun me perguntar.

Olhei-o.

Tão lindo. Tão, tão lindo.

Mas não era meu. Agora eu sabia.

"Estou." Respondi.

"O professor já deve estar chegando. Não vai entrar?"

"Kakashi-sensei sempre se atrasa. Mas eu vou, daqui a pouco."

Sasuke-kun me analisava. "Você está muito, muito estranha, Sakura."

"É que, para ser sincera, eu estou meio dolorida." Dei-lhe uma meia verdade.

"Não quer ir para casa?"

"Não." Quis mudar de assunto. "E você? Não está preocupado com o que vai acontecer em relação à Tayuya?"

"Um pouco. Meus pais quase me mataram quando eu contei o que aconteceu." Comentou.

"Mas você se arrependeu?" Perguntei-lhe.

"Claro! Por mais intragável que a Tayuya seja, eu não deveria ter batido nela. Não se bate em mulher! Aquele não era eu. Não sei o que deu em mim." Disse, em tom baixo.

Sim, ele sabia. E eu também.

Sasuke-kun parou por um momento, ficando em silêncio. "Por que você veio sem mim para o colégio?" Perguntou, enfim.

Pensei no que responder.

"Kabuto se ofereceu para me dar carona enquanto eu estou machucada. Como ele sai muito cedo, não quis acordar você." Disse-lhe. "Ele vai me deixar em casa, também."

"Não custava mandar uma mensagem." Falou, em tom chateado. "Mas espera... Se você veio tão cedo, porque ninguém lhe viu em lugar nenhum?"

Droga! Sasuke-kun perguntava demais.

"É que eu estava na enfermaria por causa da dor nas costas." Menti.

A expressão dele se suavizou.

"Você deveria, realmente, ir para casa."

"Estou melhor agora." Sorri-lhe.

Ouvi a voz de Tenten atrás de mim. "Eu nem acredito que ele nos deu um autógrafo!"

"Próximo passo é a foto!" Falou Ino, animada.

Elas estavam saindo da sala quando viram Sasuke-kun e eu.

O sorriso de Ino, lentamente, murchou. Já o de Tenten, aumentou.

"Sakura! Gaara deu autógrafos para a gente! Dá para acreditar?" Disse, animada.

Sorri para ela, tentando copiar sua animação. Eu precisava, pelo menos, fingir. "Uau! Será que eu consigo um também?" Perguntei, com falsa animação.

Como sempre, ninguém percebeu meu fingimento.

"Você está sentada na frente dele!" Ino falou, enfim. "É só virar para trás e pedir." Sorriu, metade em alegria, metade em receio. "Acha que consegue?"

Ino. A garota que Sasuke-kun gostava e minha melhor amiga.

Doía. Mas ao mesmo tempo, aqui, com seus brilhantes e bondosos olhos azuis nos meus, não havia uma célula de mim que lhe desejasse mal.

Eu estava triste, chateada e com raiva, mas odiá-la parecia tão errado agora.

Era Ino! A garota que me fez ser mais confiante. Que me defendeu desde que éramos crianças. Que esteve comigo em todos os momentos, bons ou ruins.

Era Ino.

Minha irmã.

E por mais que doesse, eu sabia que nunca a odiaria. Talvez por um momento ou outro eu sentisse ódio e não quisesse nem ouvir sua voz. Mas então percebi que esse ódio seria da situação, e não dela.

Então, como um raio, uma triste realidade me atingiu.

Deixava-me triste ver ambos, Sasuke-kun e Ino. Mas assim como eu não conseguiria sair do lado dele, também não conseguiria ficar sem a amizade dela.

Porque eu os amava.

Um amor doído e sofrido. Mas era amor.

Eu precisava daqueles dois. E era egoísta demais para me afastar.

Então, sorri abertamente para Ino e disse-lhe, sabendo que ela não entenderia o duplo sentido: "Acho que eu consigo fazer isso."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aguardem o capítulo sete, que será menor, mas IMENSAMENTE significativo pra fic e trará POV do Gaara!

XOXO ❤️