As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 29
Primeira Fase: Cativeiro


Notas iniciais do capítulo

OIE!!! Apareci!!! E o coro de aleluia canta! Nossa, já faz um mês! Sério. Um mês EXATO. Minha última postagem foi no dia 17 de janeiro. Haha! Parece até que eu programei... Mas não! É coincidência... Enfim... Senti saudades!!!

Desculpem por ter demorado.

Bom... Ninguém veio aqui pra ouvir meus problemas pessoais, né? Kk Mas sei que esperam por uma explicação.

Bom... Eu estava organizando minha vida. É o que precisam saber. Foi um período turbulento, mas finalmente as coisas estão se acertando.

Eeeeeee... Adivinhem!!!!!!! AMDS RECEBEU MAIS TRÊS RECOMENDAÇÕES!!!!! AAAAHHHH!!! To muito feliz!!! *--*

Hee: MENINAAAA!!! Miga, sua louca! Vc leu tudo em um dia?? Coragem! Hahaha! Vc não é a única a amar o Gaara, garanto!!! Eu tbm só gosto de ship com a Sakura! Essa sua recomendação foi um tiro de tão maravilhosa!!! Muito obrigada!

Luana_gouveia: Vc não é nem um pouco fã de GaaSaku e mesmo assim lê minha fic? Hahaha!!!! Nossa! Surpreendente!!! Mas fico honrada!! Tbm espero escrever outras fics... Mas vamos ver! Hihi! Muito obrigada pela recomendação linda!!

Mary Uchiha: AIMEUDEUS!! Sua primeira recomendação??!!! Aaaaahhhh!!!! Que honra!!! Siiim! O foco em si não é o romance, e sim o autodescobrimento e amadurecimento. Mas romance é importante, claro! Muito obrigada pela recomendação incrível!!!!

Muitos aqui não se lembraram do Deidara... Bom, ele já apareceu na fic. É o melhor amigo rico do Sasori. No cap "Aqui estarei". Sasori e a gangue provocam Sasuke. E no cap "Contra a parede" eu menciono a situação favorecida de Deidara, quando digo que os Wolfs (time do Sasori) costumam treinar na quadra da casa do loiro.

É isso...

Obrigada a quem teve paciência comigo! Capítulo dedicado às três lindas que recomendaram a fic!

Enjoy!

P.S.: nos próximos dois ou três dias eu vou responder os comentários de vcs, com calma. Então... Em dois ou três dias vcs terão suas respostas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631907/chapter/29

Meu coração batia rápido.

Deidara? Era esse o filho da puta responsável por nos sequestrar?

O loiro sorriu com malícia, enquanto os quatros homens grandes e mascarados que nos pegaram surgiram pela porta, ficando ao seu lado.

"Você." Sasuke-kun sibilou. "Isso é coisa do Sasori, não é? Você é só a porra do pau-mandado dele."

Esse era um ótimo palpite. Deidara pertencia à gangue que Sasori liderava e, até onde sabíamos, também era seu melhor amigo — se é que pessoas como eles têm amigos.

"O que querem com a gente?!" Perguntei, um tanto exaltada.

Deidara riu, seco. "Com você eu não quero nada, rosadinha. Você nem ao menos tinha que estar aqui."

"Então deixe-a ir." Sasuke-kun disse.

Olhei-o, com olhos arregalados. Eu não iria a lugar algum sem ele.

Deidara gargalhou, com deboche. "Essa não é uma opção."

Sua áurea estava tão perigosa que não pude evitar a corrente de medo que percorreu meu corpo. Eu nunca havia visto tal olhar nele.

O loiro deu alguns passos em nossa direção, fazendo Sasuke-kun firmar mais ainda sua posição protetora em minha frente. Encolhi-me atrás dele, numa tentativa boba de me esconder.

Eu sabia que não devia demonstrar tanto medo, mas a verdade era que estava apavorada. Havia algo em Deidara que me assustava de um jeito que Sasori nunca assustou. E eu nem ao menos sabia o motivo deste sentimento, já que meu alvo de ódio sempre fora o Akasuna. Pensava em Deidara apenas como seu pau-mandado.

Mas talvez eu nunca tivesse parado para analisar seu olhar. Ou talvez ele nunca o tivesse mostrado antes. O que eu sabia era que tudo em mim implorava para que ele mantivesse distância.

"Essa sua pose é ridícula." Deidara disse ao meu amigo, com deboche. "Acha mesmo que pode proteger sua cachorrinha?"

Percebi os ombros de Sasuke-kun enrijecerem.

O olhar de Deidara cruzou com o meu, e ele me encarou, com curiosidade.

"Mas sabe que ela está bem diferente?" Sorriu, maldoso.

Senti meus pêlos da nuca se eriçarem de medo. Não fazia ideia do porquê Deidara estava provocando essas reações ruins em mim. Era como um sexto sentido avisando-me de algum perigo.

"Deixa eu te ver melhor, Sakura-chan." O loiro disse. Senti nojo ao ouví-lo pronunciar meu nome com sufixo.

Meio que no automático, segurei no casaco de Sasuke-kun, com medo.

"Não se aproxime." Meu amigo sibilou.

Deidara levantou uma sobrancelha, debochado. "Segurem-no."

Arregalarei meus olhos, enquanto os homens mascarados avançaram em nossa direção.

"Pra trás, Sakura!" Sasuke-kun disse, dando um soco no primeiro que se aproximou. Afastei-me, sem saber o que fazer.

Assim que meu amigo socou o segundo cara, um terceiro acertou um golpe em suas costas, fazendo-lhe perder o ar.

Mas Sasuke-kun não se entregou.

Mesmo quando os homens o atacaram covardemente — socando seu rosto e abdômen simultaneamente, o moreno continuou lutando, empurrando e batendo.

Eu, por outro lado, parecia uma estúpida, paralisada.

E então o abdômen de meu amigo foi socado com tamanha força que ele se curvou de dor e seus joelhos cederam, levando-o ao chão.

Dois homens seguraram seus braços, imobilizando-o.

Ajoelhado e dominado, Sasuke-kun levantou seu olhar para mim, repleto de vergonha e pavor.

Meu corpo tremia, mas eu não parecia conseguir mexer um músculo sequer. Nem ao menos secar as lágrimas que começavam a se formar em meus olhos eu fui capaz.

A risada fria de Deidara preencheu o ambiente, roubando a atenção.

"Sakura." O loiro chamou. Olhei-o, com medo puro. Ele se aproximou, com seus passos de gato. "Como Nova York tem te feito bem, não é? Você está tão bonita..."

"Fica longe de mim!" Finalmente encontrei o controle de minhas pernas e dei um passo para trás.

"Está com medo?" Sorriu, sem deixar de se aproximar.

Afastei-me ainda mais. Logo, encostei na parede e me encontrei sem opções de fuga. Ele ficou perigosamente perto.

"Deidara!" Sasuke-kun chamou, com voz um tanto afobada. "Não... Não faz nada com ela... Seu problema é comigo. Deixa a Sakura em paz."

O loiro gargalhou. "É tão tocante ver você implorando." Disse, enviando um rápido olhar a meu amigo, mas logo retornando sua atenção para mim. "Mas acho que estou encantado com a sua cachorrinha."

Os dedos do garoto acariciaram minha bochecha. Rechacei sua mão como se ela me queimasse.

"Não me toque!" Ofeguei.

"Mas... Tocar você é tudo que eu quero no instante." Disse, com malícia.

Foi quando ele puxou meus braços, com brutalidade.

"Não!" Ouvi o grito de Sasuke-kun.

Debati-me, tentando me livrar de seu agarro. No entanto, ele era mais forte. Sua boca procurou a minha, mas eu fugia a todo custo.

"Larga ela!" Sasuke-kun continuava a gritar. Olhando-o de relance, percebi que ele tentava desesperadamente se soltar.

Uma das mãos de Deidara deixou meu braço e se enroscou em meu cabelo, puxando-o com força.

Aproveitei meu membro livre para arranhar o rosto do loiro, que fez uma careta de dor.

"Ai!" Gritou. "Puta!"

Senti um forte tapa em meu rosto. Só não caí porque o garoto ainda estava me segurando. Em algum lugar de minha mente, ainda distinguia os gritos frustrados de Sasuke-kun.

Aproveitando minha guarda baixa, Deidara puxou meu rosto para si, segurando minha mandíbula.

Quando seus lábios estavam quase nos meus, uma voz forte e insuportavelmente conhecida o parou. "Já chega."

Mais uma vez, congelei.

Deidara franziu as sobrancelhas, largando-me e se virando na direção do recém-chegado.

Sasori.

Ali estava o responsável por toda essa situação.

Os olhos do Akasuna pousaram em mim, com certa curiosidade.

"Eu não disse que era para largar a Sakura na rua, antes que ela sequer acordasse?" Sasori perguntou a Deidara. "Por que ela está aqui?"

Deidara deu de ombros, afastando-se de mim. Respirei aliviada. "Achei que seria uma diversão a mais." Falou.

"Não vai nos servir para nada. Só irá complicar a situação." Sasori rebateu, com postura fria.

O loiro deu mais um sorriso carregado de malícia. "Eu posso arranjar uma serventia para ela. Uma em que todos nós sairemos satisfeitos."

Estremeci. Minha mente vagou por lugares obscuros, arrepiando-me.

"Você não vai tocar nela." Sasori disse, com naturalidade e firmeza.

"Qual é, irmão? Vai defender a vadiazinha?" Deidara caminhou até ele. "Não vem dar uma de santo que pra cima de mim que não cola."

"Eu não estou defendendo ninguém. Muito menos dando uma de santo. Só estou dizendo que você não encostará nela."

Minha mente estava pregando peças ou... Sasori estava me defendendo?

Deidara bufou, exasperado e irritado. "Eu coloquei meu dinheiro nisso e não posso nem ao menos me divertir?"

"Eles são os meus brinquedos." O Akasuna respondeu, seco. "E só eu posso brincar."

Claro. Agora sim ele estava falando como o imbecil que eu conhecia.

No entanto... Diferente de Deidara, Sasori não me paralisava de medo. Com o ruivo estava mais para... Ódio, acho. E raiva. Definitivamente raiva.

"Seus brinquedos nem ao menos estariam aqui se não fosse pela minha grana." O loiro rebateu.

Então era isso. Sasori mandou, Deidara pagou.

Eu já devia ter imaginado.

Apesar de 'melhores amigos', havia um certo abismo econômico entre os dois. E todo mundo sabia que Deidara pagava o que quer que Sasori quisesse.

"Não aja como se você não me devesse esse favor." O Akasuna estreitou os olhos.

O loiro reagiu como se tivesse recebido um soco, fechando a expressão completamente.

Sem uma palavra sequer, saiu do recinto, pisando duro.

O que fora isso?

"Por quê?" Ouvi Sasuke-kun perguntar, usando da mesma frieza que Sasori — o que, aliás, não era um comportamento típico do ruivo, já que ele geralmente agia com explosão e descontrole.

"Porque eu posso. Porque eu quis."

O moreno se debateu novamente, mas estava completamente dominado pelos mascarados.

"Solta ele, por favor!" Falei, com voz trêmula.

O Akasuna se aproximou de mim e eu me encolhi, involuntariamente.

"Não se preocupe. Seu corpo não me interessa." Ele disse, dando-me um olhar que não consegui decifrar. "Não é engraçado? Sinto como se nós dois estivéssemos no mesmo barco. Ambos deixados de lado pelas pessoas que gostamos. Desprezados, jogados para escanteio... Coadjuvantes em nossa própria história."

Coadjuvantes.

Sim. Era assim que eu costumava me ver no meio da história de amor de meus amigos. Eu apenas fazia o papel do obstáculo entre o casal apaixonado.

Fora duro aceitar o fato. Mas eu já havia decidido há algum tempo assumir o protagonismo de minha própria vida.

E eu não estava no mesmo barco que Sasori. Não mesmo. "Você está mais para vilão." Rebati.

"É que o papel de mocinho já estava ocupado. E se eu não posso ser herói, então serei o vilão." Ergueu o queixo, com arrogância. "Mas e você? Não está interessada em um pouco de vingança? Receber o destaque ao menos uma vez?"

"Só se for pra me vingar de você!" Ergui o queixo, com petulância e afronte.

O olhar de Sasori queimou no meu.

Lembrei-me de quando nos encaramos no palco do Soul Talent. Mais uma vez nossos olhos duelaram em silêncio.

E então, ele franziu a sobrancelha, parecendo confuso e um tanto curioso.

"Esse jeito de olhar... Onde foi que já vi antes?" Perguntou, em dúvida.

Foi como se um sinal de alerta vibrasse em meu corpo e eu me retesei na hora. Assim como me lembrei do que ocorrera no Soul Talent, o Akasuna também podia ter lembrado.

Mas pelo seu jeito ele parecia realmente não saber onde tinha visto meu olhar antes. Não parecia ter feito a ligação com Lümina.

Sasori estreitou os olhos ao perceber a maneira que eu fiquei.

"Tem algo diferente em você..." Balançou a cabeça. "Não... Na verdade, eu não estou te reconhecendo em nada."

"Você nunca me conheceu em nada." Retruquei.

Sasori soltou um leve risada pelo nariz. "Acho que você está muito arrogante e que precisa de um corretivo."

Enrijeci meus músculos, colando-me mais ainda na parede.

Mas o Akasuna virou na direção de Sasuke-kun e disse aos mascarados, com naturalidade: "Batam nele."

E para meu horror, a ordem foi atendida prontamente.

Um dos homens agarrou os cabelos de Sasuke-kun, empurrando sua cabeça de encontro ao chão, com força.

Eu devo ter gritado.

Foi perceptível como o golpe desnorteou meu amigo. Ele parecia uma marionete, jogado no chão com seus braços segurados.

Começaram a chutar suas costelas e pisar em suas costas. Sasuke-kun gemia, com sofreguidão.

"Para!" Gritei.

Corri até os homens, empurrando o primeiro que alcancei. A resposta veio em forma de um soco em minha barriga, que me fez perder o ar e recuar alguns passos. Os mascarados continuaram chutando meu amigo.

E então ele reagiu, tentando libertar seus braços. Conseguiu. Não que os homens tenham se importado. Resolveram que socar era melhor q chutar e o espancaram com as mãos.

Sasuke-kun protegeu sua cabeça, mas era óbvio que ele não aguentaria por muito tempo.

Eu chorava.

"Eles vão matá-lo!" Gritei, em meio às lágrimas. Corri até Sasori, ajoelhando-me aos seus pés. "Manda eles pararem! Por favor! Eu imploro!"

O ruivo me olhou de cima, sério. "Por que se importa tanto com alguém que nunca te olhou?"

"Porque eu o amo!" Gritei. "Eu não espero que alguém como você, ou que até ele próprio, entenda o que sinto! Mas essa é a única e verdadeira razão. Então... Por favor... Pode descontar todo ódio que você tem em mim! Eu aguento! Quer espancar alguém? Então espanque a mim! Mas por favor... Por favor..." Solucei. "Se não pararem, ele vai... Ele vai..."

"Já é o bastante." Sasori falou, em tom de ordem. Os barulhos de espancamento pararam e eu me virei a tempo de ver largarem meu amigo no chão, derrotado e ensanguentado, mas com olhos lacrimosos presos em mim. "Por hoje." Sasori completou.

Sem demoras, o ruivo marchou para a porta, sendo seguido pelos homens desprezíveis, que saíram rindo.

Logo que nos deixaram sozinhos — e trancados, corri até meu amigo.

"Sasuke-kun!" Abaixei-me perto dele, observando seu rosto ensanguentado e corpo machucado. Lágrimas borravam minha visão. Eu não sabia o que fazer... Não sabia nem ao menos se devia tocá-lo. "Sasuke-kun..." Choraminguei, triste.

"Sabe, Sakura..." O moreno ofegou, cuspindo sangue. Percebi que as lágrimas também habitavam seus olhos — o que era extremamente raro. "Você já se declarou pra mim inúmeras vezes." Sua mão, trêmula, buscou a minha, tocando-a com carinho. "Já se declarou tantas... Tantas e tantas vezes... De diversas formas e com muitas palavras..." Ofegou. "Só que... Em nenhuma delas... Você falou que me amava."

"O... Quê...?" Que besteira ele estava falando? Meu amor por ele era de conhecimento público e universal.

"Essa foi a primeira vez que você disse que me ama." Olhou bem no fundo de meus olhos. "A primeira."

E então ele desmaiou.

*

*

*

As palavras de Sasuke-kun não saíam de minha cabeça.

Eu tentava relembrar de todas as mais de cinquenta vezes que me declarei para ele. Não era possível que em nenhuma delas eu não tivesse falado que o amava. Ou será que era?

Em minha mente, já havia falado 'eu te amo' inúmeras vezes. Seria verdade que nunca cheguei a verbalizar? Ou seria Sasuke-kun que nunca me escutara?

Mas... Ele parecia realmente emocionado. Ou talvez fossem só lágrimas de dor. Meu amigo fora espancado sem dó.

No momento, só precisava lidar com dois problemas preocupantes.

Havia duas portas. Uma levava à saída e outra ao banheiro — simples, com um vaso sanitário e uma pia.

E aí estava o problema número um: não tinha água. Nem na na pia, nem para dar descarga.

Meu objetivo era tentar lavar os machucados de meu amigo, mas não havia com o quê.

E esse era o problema número dois. Como eu iria ajudar Sasuke-kun?

Nunca havia me sentido tão inútil e agoniada.

Tudo que pude fazer foi tirar meu casaco e tentar limpar o sangue de seu rosto. Não era primeira vez que eu lidava com isso... Com os machucados, digo. Mas ele nunca tinha ficado tão mal.

Seu supercílio e boca estavam cortados. Surpreendi-me com o fato de seu nariz não estar quebrado, porém sangrava. E eu podia apostar que seu olho ficaria roxo.

Com todo o cuidado, limpei o que pude do sangue. Preocupava-me que algum de seus cortes pudesse infeccionar. Droga! Eu não queria nem pensar nos machucados em seu corpo! Doía-me não poder fazer nada.

Enquanto tentava me livrar das lágrimas em meu rosto, ele começou a se mexer, recobrando a consciência, lentamente.

"Sasuke-kun?" Chamei, preocupada.

Ele respondeu abrindo os olhos, com uma careta de dor.

"Eu ainda estou vivo?" Perguntou, olhando-me.

"Idiota." Funguei. "Não brinque com isso."

Ele deu um sorriso mínimo. "Acho que preciso começar a treinar algum tipo de luta." Soltou mais um gemido de dor. "Sabia que o Kakashi, nosso professor de matemática, sabe lutar kung fu? Vou pedir pra ele ser meu sensei nisso também."

Bufei. "Se sairmos daqui vivos, pode ter certeza que eu vou ser a primeira a te empurrar numa aula de luta!"

"Nós vamos sair daqui vivos."

"Falou o cara que não consegue nem levantar a cabeça de tão arrebentado que está!"

"Hunf."

Tentando provar que eu estava errada, ele se esforçou para sentar, fazendo algumas caretas de dor no processo.

"Vai com calma!" Tentei apoiá-lo.

Ajudei-o a se arrastar até uma das paredes, para se encostar.

Sasuke-kun ofegava muito, como se tivesse feito um grande esforço. "Acho que quebrei alguma costela."

Franzi as sobrancelhas, com preocupação. "Está doendo muito?"

"Claro." Fechou os olhos, respirando fundo.

Meus olhos se encheram de lágrimas, novamente. Soltei um soluço, atraindo a atenção do Uchiha.

"O que foi?" Ele perguntou.

"Eu não posso te ajudar! Não posso fazer nada!" Desabafei, chorando. "Estamos presos aqui, você está ferido… E se algo infeccionar? Esse lugar é sujo! Estou com medo!"

Sasuke-kun levou uma mão até minha bochecha. "Eu também." Admitiu. "Muito. Mas não podemos deixar esse medo nos dominar. Porque é exatamente isso que eles querem."

Tomei a liberdade de abraçá-lo. Encostei minha cabeça em seu peito. Ele envolveu um de seus braços em minha cintura e acariciou meus cabelos com a outra.

"Como será que estão nossos amigos?" Tentei me acalmar, ouvindo o ritmo do coração dele.

"Devem estar nos procurando como loucos."

"Eles estão sofrendo." Afirmei. Meus pensamentos me levaram até Gaara. Ele já devia saber de meu desaparecimento.

"Será que nossas famílias foram avisadas?" Sasuke-kun perguntou.

Dei de ombros, sem saber responder.

"Por que o Sasori faria algo assim?" Mudei de assunto. Era difícil pensar na dor que as pessoas que se importavam conosco estavam sentindo.

"Ele sempre me odiou... Mas nunca pensei que chegasse a esse ponto." Disse, sem parar de acariciar meus cabelos. Apesar da situação, sentia-me confortável em seus braços. Estava me acalmando.

"Você viu como ele estava diferente? Tão... Sério, controlado e frio. Completamente diferente da personalidade debochada e explosiva dele." Comentei.

"Foi esquisito." Concordou. "O normal do Sasori teria sido mandar os outros me segurarem e ele mesmo me bater."

"Sim. E o Deidara também estava diferente. Ele me deu arrepios."

"Pau-mandado desgraçado." Xingou.

"Parece que ele deve alguma coisa ao Sasori. Você ouviu? Eles falaram algo sobre isso."

"Ino acha que Sasori controla Deidara com algum segredo. Talvez ela esteja certa." Ele disse.

Ao ouvir o nome da Yamanaka, afastei-me de Sasuke-kun, desfazendo o abraço.

Precisava me lembrar que ele não era mais meu — aliás, nunca foi.

"Precisamos conversar sobre Ino." Ele disse, notando meu jeito.

Desviei o olhar. "Há coisas mais importantes para conversar." Falei. "Sabia que não temos água? Pode ser problema na encanação. Ou talvez eles tenham fechado o fluxo a água que vem para o porão de propósito. Eu não duvido."

"Sakura..."

"Olha ali!" Apontei para o cano com goteira. "Esses pingos são toda água que temos."

"Sakura..."

"Deve ser o cano do banheiro, não é? Só que a pouquíssima água que tem não chega até lá. Pinga toda."

"Para de tagarelar, Sakura!" Sasuke-kun, disse. "Você está fugindo do assunto."

Respirei fundo. "Não estou. Só não tenho mais nada a falar sobre isso. Sejam muito felizes, espero que a relação de vocês dê certo." Falei, sem encará-lo.

"Você ficou chateada, não foi?"

"Não." Menti.

Sasuke-kun ficou em silêncio, por alguns segundos. "Eu queria muito acreditar nisso... Só que... Não consigo."

"Bom, mas é a verdade." Dei de ombros.

"Não. Não é." Insistiu. "Acabamos de falar sobre como Sasori e Deidara estavam com comportamentos estranhos. Pra mim, esse é seu caso também. Eu te conheço desde os cinco anos, Sakura. Esse não é o jeito com o qual você lida com as coisas. Tem algo errado. Não negue."

Hunf! Como se Sasuke-kun soubesse realmente sobre o jeito que eu lido com as coisas.

Virei a cara. "Acho que você está sendo muito convencido. Sim, eu confundi nossa amizade com algo a mais. No entanto... Já segui em frente. Não foi você quem sempre disse que era só uma paixonite passageira? Então... Passou."

"Eu poderia acreditar nisso..." Ele começou. "...Se não tivesse visto o quão magoada você estava quando me disse aquelas coisas, pouco antes de sermos sequestrados. Poderia acreditar, se você não ficasse tentando fugir do assunto. Ou se ao menos olhasse em meus olhos ao dizer que 'passou'. E, principalmente, eu poderia acreditar se não tivesse escutado o jeito que você gritou que me amava."

Só então levei meu olhar ao seu.

"Diz a verdade, Sakura..." Pediu. "Você é realmente apaixonada por mim?"

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Seus olhos imploravam por conhecer a verdade.

Eu nem ao menos sabia se sobreviveria ao sequestro, mas se não conseguisse, queria ao menos dizer certas coisas que estavam entaladas em minha garganta, antes de morrer. Não era como se tivesse algo a perder. E eu sentia uma necessidade sufocante de falar.

"Depois de todo esse tempo, você só percebeu agora?" Respondi, com mágoa na voz.

Sasuke-kun pareceu genuinamente surpreso. "Sakura..."

"Você nunca me levou a sério." Continuei, com as malditas lágrimas reaparecendo. "E isso é o que mais dói. Você se negava a cogitar a ideia de que o que eu sentia — sinto — era real, e não uma fantasia da minha cabeça. E sabe por quê? Porque assim ficava mais fácil pra você!"

"Você nunca falou seriamente sobre isso comigo, Sakura." Ele parecia desnorteado. "Nunca. Lembra a primeira vez que você disse que estava apaixonada por mim? Nós tínhamos treze anos e estávamos sentados com nossos amigos no pátio da escola. Absolutamente do nada você falou que gostava de mim, na frente de todos. E disse rindo. Nem ao menos sentada ao meu lado você estava. As outras vezes não foram muito diferentes."

"Eu já gostava de você há tempos!" Respondi, indignada. "Aquele foi o momento em que eu finalmente consegui dizer o que sentia. Achava que na frente de nossos amigos você não iria me dar um fora. Mas deu. Aquela foi a primeira vez que você quebrou meu coração."

"Mas você disse aquilo como quem diz que gosta de sorvete!"

"Bom, então me desculpe se minhas declarações nunca foram suficientes para você! Talvez a da Ino tenha sido, não é?" A mágoa em minha voz se fazia cada vez mais presente.

"Para com isso, Sakura." Ele disse. "Se você tivesse sentado comigo pra conversar seriamente sobre isso..."

"Não teria mudado nada." Afirmei.

"Claro que teria!"

"Claro que não!" Rebati. "O que você procura são desculpas! Você me julgou infantil e boba, e achou que meus sentimentos também eram assim. Desse jeito era fácil pra você ficar com outras garotas — incluindo minha melhor amiga! — e achar que estava tudo bem... Afinal, é só uma paixonite, não é?!"

Sasuke-kun não respondeu. Seu silêncio foi doloroso.

Pela primeira vez eu estava desabafando tudo que já deveria ter falado há tempos. Realmente não tinha nada a perder.

Então, continuei. "Quem você acha que é pra julgar os sentimentos dos outros? Não que eu esteja querendo que você sinta culpa em estar com a Ino... Mas tenho raiva por você nunca ter escutado o que eu dizia, por mais que tenha dito milhares de vezes." Limpei algumas lágrimas. "Concordo que eu não falei da melhor maneira possível — nem da mais convincente — mas você deveria ter tido mais cuidado com meu coração."

Ele me encarava, receoso. "Eu..."

"Pelo amor de Deus, Sasuke!" Alterei a voz, chamando-o sem o sufixo. "Você se declarou pra ela na minha frente! Com uma música!"

O Uchiha pareceu surpreso.

"Fala sério! Achou mesmo que eu não percebi que Tenerife Sea era pra Ino?" Disse, com raiva. "Acha que sou tão idiota assim?!"

Ele abaixou a cabeça, balançando-o, completamente desnorteado.

Bom. Eu queria mesmo isso. Pela primeira vez eu queria que ele percebesse o quanto tinha me machucado.

"Aquilo foi cruel, Sasuke." Completei.

"Me perdoa, Sakura..." Sua voz estava falha. "Eu não sabia que você—"

"Chega disso." Interrompi-o. "Esse não é lugar para termos esse tipo de conversa."

Ele voltou a me olhar. "Talvez você não acredite... Mas eu realmente não queria te magoar."

Suspirei. "Acredito sim."

Bom... Não era como se eu fosse inocente nessa história.

Tentando me colocar no lugar de Sasuke-kun... Provavelmente eu também não me levaria a sério. Sempre agi como uma criança mimada... Como podia esperar que me dessem crédito?

Pensando sobre isso... Muita coisa dentro de mim havia mudado em pouco tempo. A Sakura de hoje não reconhece a Sakura de ontem. Mas o peso de como agi no passado ainda me seguia.

"Eu queria te dizer tantas coisas... Pedir perdão de tantas maneiras... Mas não sei como..." Sasuke-kun falou.

"Eu também tenho que te pedir perdão por muitas coisas..." Admiti. "Fui um incômodo. Provoquei muitas situações desnecessárias pra te atrapalhar..." Disse, lembrando-me das vezes em que armei pra que seu encontro com alguma garota desse errado. Não que alguma de minhas armações tenha dado certo, mas... "Nós dois cometemos erros."

"Sim." Ele concordou. "Mas quem saiu ferida foi você."

Sorri, de canto. "Olhe pra você Sasuke-kun. Tem certeza que sou eu quem está ferida?" Zombei.

Ele sorriu, entendendo que eu queria encerrar o assunto.

Por um lado, senti-me triste com nossa conversa. Por outro, fiquei aliviada por ter desabafado coisas que há muito estavam entaladas em minha garganta.

Foi então que percebi que esse tinha sido o primeiro passo para realmente seguir em frente.

*

*

*

Eu já tinha perdido a noção do tempo. Não fazia ideia se era dia ou noite. Nem há quanto tempo estávamos no cativeiro. Parecia uma eternidade, mas podia ser apenas horas. Ou quem sabe já se tivesse passado um dia inteiro.

Só sabia que estava com fome. E sede. Muita sede.

Sasuke-kun nem o menos se mexia mais. Eu podia ver o quanto seus machucados estavam lhe incomodando, mas ele se fazia de forte.

Minhas tentativas de fazer contato com alguém do lado de fora do porão tinham sido falhas. Bati na porta, pedindo por água e comida, mas tudo que consegui foi um grito me mandando ficar calada — provavelmente dado por um dos mascarados.

E desde então eu encarava a goteira do cano, decidindo se eu realmente chegaria ao nível de beber daquela água.

Pró: mataria a minha sede.

Contra: o cano estava extremamente sujo por fora. E não acho que estivesse em melhores condições por dentro.

"Beber ou não beber, eis a questão." Sasuke-kun disse, atraindo minha atenção.

"Você também está nesse dilema?" Perguntei.

"Há mais tempo que você, acho." Respondeu. "Estou com muita sede."

Suspirei. O chão do porão estava quase todo molhado com os pingos frequentes. Desperdício de água. Eu poderia estar tomando.

"Eu bebo, se você beber." Falei.

Sasuke-kun não titubeou. "Só se você trouxer até mim. Levantar seria um esforço doloroso."

"Feito." Assenti.

Ainda receosa, mas com a sede me vencendo, levantei-me, indo até a goteira.

Estendi minhas mãos juntas, em concha, deixando a água cair em minhas mãos. Quando já estava cheia o suficiente, levei até minha boca, bebendo-a sem hesitar.

Fiz careta.

O gosto não era nem um pouco bom. Parecia que eu estava tomando lodo — não que eu soubesse o gosto de lodo. Mesmo assim, bebi tudo, tossindo em desagrado.

Porém, minha garganta pediu por mais, então, enchi mais uma mão e tomei novamente.

"Isso é horrível!" Afirmei, pegando mais água — dessa vez para Sasuke-kun.

Levei até meu amigo, com cuidado para não derramar.

Agachei-me à sua frente, aproximando minhas mãos de sua boca.

Com cuidado, ele bebeu a água, fazendo careta.

Tossiu ao engolir. "Nossa..."

"Mais?" Perguntei.

Ele assentiu, com desgosto.

Peguei água novamente e, mais uma vez, ele bebeu fazendo careta.

"Se sobrevivermos ao cativeiro, acho que vamos morrer de alguma doença transmitida por essa água." Falei, enquanto ele tossia.

"Pelo menos não morremos desidratados." Respondeu. "Esse cano está muito sujo."

Suspirei, concordando.

Mais que nunca desejei comer alguma coisa que tirasse o gosto ruim da minha boca e matasse a minha fome.

"Está cansada?" Sasuke-kun perguntou.

"Sim."

"Vamos tentar dormir um pouco." Ele sugeriu.

Assenti, deitando-me no chão, ao seu lado — um dos únicos lugares que a água da goteira não molhava. Era áspero e completamente desconfortável.

Sasuke-kun se deitou ao meu lado, com dificuldade.

"Quando você acordar seus machucados vão estar melhores." Falei.

Ele deu um sorriso de canto. "Espero."

Ficamos em silêncio. Sasuke-kun fechou os olhos, ao contrário de mim, que não conseguia nem ao menos fazer isso.

A hora do silêncio era quando os pensamentos incômodos vinham me perturbar. Era tanta coisa que minha cabeça começava a doer.

A preocupação com Sasuke-kun machucado. As lembranças de ele sendo espancado. A imaginação do que Deidara tentara fazer comigo. Os motivos que levaram Sasori a nos sequestrar. O sofrimento de nossos amigos. E de meus amigos — Gaara principalmente. A situação com o Soul Talent...

Soul Talent... Estava acabado. Eu não sabia se iria conseguir sair desse lugar asqueroso viva, mas provavelmente, ao sair, eu não teria tempo de terminar o musical. Podia até ver meu sonho me dando adeus.

As lágrimas voltaram. Parecia que tudo que eu sabia fazer agora era chorar. Patético.

E então, senti a mão de Sasuke-kun encostando na minha. Ele entrelaçou seus dedos aos meus, com suavidade.

Virei-me para olhá-lo. Seus olhos continuavam fechados, mas eu sabia que ele estava acordado.

Suspirando, fechei meus olhos, apreciando o calor de suas mãos e o conforto que me traziam.

Nos momentos mais difíceis de minha vida ele esteve presente pra me dar a mão — as duas, se fosse preciso. Foi ele quem me confortou e me deu forças para me levantar na morte de meu avô e na de meu pai... Isso era algo que eu nunca esqueceria.

Ele sempre esteve ao meu lado, apesar de tudo. Ainda era o meu Sasuke-kun. Mesmo que não tivéssemos uma relação romântica, estávamos juntos. Tínhamos um ao outro. Eu podia contar com isso. Com ele. Como sempre fora.

Adormeci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olha... Postagens agora não vão ter data definida, mas tentarei não passar de duas semanas, ok? Pode até ser menos! Até pq quero logo finalizar essa primeira fase. Quando eu digo que não vai ser definida é pq não necessariamente será no final de semana (hoje é quarta, por exemplo).

Vcs já sabem a a história... Quando eu comecei com postagens semanais, já tinha muitos capítulos escritos. Agora as coisas mudaram, infelizmente. Mas acho que duas semanas é um bom tempo, tanto pra mim, que não preciso fazer nada correndo, quanto pra vcs, que esperam.

To aqui rezando pra que não tenham desistido da fic! Hehe! Me desculpem de coração por ter sumido por um mês inteiro.

Buuuuuut...

I'm back, bitcheeeeees!!!

XOXO