Survival Instinct escrita por Anieper


Capítulo 68
Capítulo 68




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Por trás de um sorriso pode haver um punhal, por trás de um suposto amigo, pode estar seu pior inimigo. As aparências enganam, é preciso estar alerta e saber olhar além do que seus olhos podem ver.”

Dulce Maria

Ally estava sentada no chão lendo os nomes dos remédios e anotando em um caderno. Já tinha se passado três dias desde que ela acordou no hospital depois do atropelamento e ela estava se sentido péssimas. Fisicamente falando, ela estava bem. Não podia abusar e teria que ficar de repouso por algumas semanas, por isso que estava sentada enquanto escrevia. Mas psicologicamente... Ela não estava pronta para saber que está grávida. Não está pronta para saber que estava esperando outro bebê de Rick e ele não estava ali para saber, apoiar e ajudar ela. Não aguentava saber que quase perdeu seu bebê sem nem ao menos saber que ele estava a caminho. Suspirando, ela olhou para a janela. Ally ainda não tinha andando pelo hospital, ela estava fraca por causa da perda de sangue e apenas tinha ido até a enfermaria. Beth e Sofia tinham se mudado para o quarto dela e ela tinha deixado bem claro para Dawn que não estava nem um pouco feliz em ficar ali.

– Terminou? – Dawn perguntou parada na porta.

– Sim. – ela disse colocando o caderno ao lado e se levantou. – Precisa de alguma coisa?

– Não. Apenas acho que está na hora de conhecer as outras pessoas que moram aqui. – ela disse olhando para mim. – Vamos?

– Claro. – Ally disse indo para a porta.

As duas andaram um pouco até chegarem no refeitório. Assim que entraram, todos olharam para elas. Ally notou que os homens a olhavam de um jeito estranho, mas mesmo assim ela seguiu a policial até o meio da sala.

– Pessoal, essa é Ally... – ela olhou para Ally quando notou que não sabia o sobrenome dela.

– Grimes.

– Ally Grimes. Ela é amiga de Sofia e Beth. Vai ficar com a gente. – Dawn disse fazendo com que os homens sorrissem. – Ela vai me ajudar. Será minha secretaria. Não quero que fiquem mandando ela fazer suas coisas, assim como fazem com os outros.

– Por que confia tanto nela? – um dos policiais perguntou.

– Porque ela sabe o que está fazendo. – respondeu olhando para ele. – Não a conheço bem, mas mesmo assim acho que ela pode me ajudar mais do que vocês. Ela já fez isso antes. Já ajudou um líder e acho que será melhor.

– Acho que até eu estou confiando nela. – um policial disse olhando Ally de cima a baixo.

– Aposto que ela confia em mim por achar que sou capaz de fazer, não pelo meu corpo. – Ally falou cruzando os braços. – Peço que me respeite. Não o conheço e não te dou liberdade para me olhar ou mesmo falar de mim dessa maneira.

– Cara, a gata é arisca. – outro disse para ela sorrindo. – Gostei.

– Chega. Ela não é um brinquedo e não estamos aqui para falar sobre isso. – Dawn disse levantando a mão. – Ela vai me ajudar e pelo que Sofia e Beth falaram para mim, ela sabe lutar e acabaria com qualquer um de vocês sem nem ao menos pensar nisso. Estamos entendidos?

– Sim.

– Bom. Agora vou apresentar a todos. O dr Steven você já conheceu. – Dawn disse apontando para o médico que estava parado no canto da cafeteria. – Aquele que te chamou de arisca é o Lampson, o do lado dele é o Gorman. Aquele ali é o Percy, ele era paciente aqui antes disso começar. Aquele o O’Donnell, ele era o diretor do hospital. Aquela é a oficial, Shepherd. Ao lado dela está Licari. Ao lado dele está Noah, encontramos ele quando isso começou. Venha, vou te mostra os que não estão aqui.

Ally a seguiu para a saída e foi para o escritório, onde Beth e Sofia estavam sentadas conversando com uma mulher morena. Ela estava sentada na maca e tinha um soro preso ao braço, parecia cansada e que tinha sofrido muito nos últimos tempo.

– Joan, como se sente? – Dawn perguntou entrando no quarto.

– Bem. Infelizmente. – a mulher disse olhando para o braço. – Por que Dawn? Por que você não me deixa morrer de uma vez?

– Por que vão vim nos buscar. Tudo isso é por uma causa maior.

Ally examinou a mulher deitada na cama e se aproximou. Ela tinha os pulsos cortados e estava olhando para longe. Como se apenas o corpo e parte da consciência estivesse ali.

– Eu quero morrer. Já não sofri o suficiente? O que fiz para merecer isso? Me matem.

– Não peça isso. – Beth disse docemente. – Deus castiga.

– Mais do que já me castigou? – Joan perguntou chorando. – Acho que não.

– Você tem motivos para querer morrer? – Ally perguntou chamando a atenção as os quatro mulheres.

– O que?

– Tem motivos para querer morrer? – perguntou novamente. – Não precisa me falar quais são, apenas se tem ou não.

– Tenho. – ela disse depois de um tempo em silêncio.

– E tem uma razão maior?

– Como assim?

– Se você morrer vai fazer alguma mudança nessa merda toda? Está vendo aquela menina ali? – apontou para Beth. – Ela tentou se matar uma vez, ia deixar o pai e a irmã. Apenas por que estava desesperada. Depois que aceitou essa merda que está acontecendo, ela viu o pai se decapitado, não sabe onde a irmã está. Sofreu e sofre a cada dia. Mas continua de pé. A morte do pai dela não foi em vão. Com ela aprendi que temos que ter um motivo para morrer. Aquelas pessoas que viravam walkers, se transformaram nisso para acabar com o mundo. Acabar com as merdas que a gente fez. Cada pessoa do meu grupo que perdi para chegar aqui também. E foram muitas. Então, qual seria o seu motivo, a sua razão especial?

– Não tenho uma.

– A gente nunca tem. – Ally disse e foi para a porta saindo logo em seguida.

Dawn ainda ficou um tempo lá dentro antes de sair e encontra Ally. As duas andaram pelo hospital e Ally conheceu mais cinco policiais, dois pacientes e três pessoas que eles tinham salvo na rua. Ally olhava para tudo com muita atenção. Ela não podia fugir, mas quem sabe Sofia ou Beth. Ou até mesmo as duas. Elas poderiam ir ao encontro de Rick e dos outros na igreja. E se eles não estiverem lá. Poderiam seguir para Washington. De uma forma ou de outra, poderiam encontra Rick e ele iria salva-la.

– Como você pode ver, aqui temos uma vida boa. Com segurança e tudo o que precisamos. – Dawn disse a tirando de seus pensamentos.

– Até quando? – ela perguntou olhando para o porão. Ainda não conseguia acreditar que eles jogavam os mortos ali.

– Como?

– O que te garante que não vão vim e tentar tomar isso de vocês? Ou apenas matar vocês. Tínhamos um lugar assim e foi tomado. Muito dos nossos morreram, nos separamos, mas no fim nos encontramos novamente. Pelo menos, uma parte.

– Temos armas, pessoas treinadas...

– Tínhamos isso. E mais. Mas não foi o suficiente. Perdemos muitas coisas e pessoas. Sofremos e ainda sofremos, mas seguimos em frente. Sempre em frente.

– Acredita em Deus, Ally?

– Acredito em muitas coisas. Acredito nas coisas. – Ally respondeu chutando uma pedrinha no fundo do poço. – Prefiro pensar que se Deus existe está preso em algum lugar e o diabo está brincando com o mundo. Desde que isso começou, vir milagres acontecer. Meu filho foi baleado e sobreviveu, Sofia se perdeu na floresta e passou dias sem ninguém além dessas coisas, e está bem. A encontramos bem. Quase morri no parto da minha filha, mas estou aqui e ela está bem. Se foi Deus, sorte, ou qualquer outra coisa não sei te dizer.

– Acredito que isso aconteceu por um motivo. Que estamos aqui por um motivo. Sei que posso está sendo otimista, mas não acredito que esse seja o fim. – Dawn disse pegando a mão da outra mulher. – Alguém vai vim nos buscar, não estamos aqui esperando o nada acontecer.

– É justamente isso que estamos fazendo. Eu não pretendo ficar aqui para sempre. Um dia vou sair. E vou levar aquelas meninas comigo. Eu não sou uma pessoa que desiste. Meu marido e meus filhos estão lá fora e precisam de mim.

– Precisamos de você aqui.

– Sinto muito, Dawn, mas vocês não são minha família.

– Eu gosto de você. Sei que é perigosa, posso ver isso. Mas mesmo assim não vou de descarta. Você vai ficar aqui com a gente. Vai ser útil quando precisamos atacar alguém.

– Não se esse alguém for o meu pessoal.

– Por que acredita que eles vão vim? Por que tem tanta certeza?

– Por que somos uma família. Estamos juntos desde que isso começou e lutamos juntos. Nos separamos outras vezes, mas sempre nos encontramos. Acha que somos as primeiras a serem sequestradas? Não. Da última vez que isso aconteceu, destruímos um comunidade de canibais. E se for preciso, Rick vai matar cada um de vocês.

– E ele não vai ter medo por vocês? – Dawn perguntou olhando para ela que sorriu.

– Ele sabe que quando escutarmos o primeiro tiro, vão começar a matar desse lado. Ele nos conhece e nos treinou. Dawn, você não sabe com quem está mexendo. Então, quando eu estiver melhor, nos deixe ir. Será o melhor para você.

– Eu não...

– Dawn, precisamos de mais comida. – um homem que Ally ainda não tinha conhecido falou parando ao lado delas. – Estão faltando algumas coisas.

– Vou ver isso. – Dawn disse olhando para Ally. – Beth pode te mostra o resto do pessoal.

– Claro.

Ally olhou para eles se afastarem antes de ir atrás de Beth. A encontrou no quarto delas conversando com uma mulher e um homem. Quando prestou atenção nos dois, Ally não acreditou no que via. Ali estava a madrinha de crisma dela. Apesar de não ser tão religiosa assim, Ally tinha feito por causa do pai. Como não sabia quem chamar, chamou a namorada do irmão dela na época. E elas eram amigas. Desde que Ally foi para os Estados Unidos, falou apenas duas vezes com ela e assim como aconteceu com sua família desde que isso começou, não fazia ideia do que tinha acontecido com ela.

– Patrícia? – ela perguntou para ter certeza.

– Ally? – Patrícia perguntou olhando para ela antes de atravessar o espaço que as separava e abraçar a mulher. – Deus, pensei que nunca mais fosse te ver.

– Eu também. – Ally disse devolvendo o abraço. – Esteve aqui todo esse tempo?

– Não. – respondeu. – Felipe veio para um trabalho e me trouxe com ele e isso começou. Ficamos com um grupo por um tempo, depois os bichos nos encontraram nosso acampamento e andamos por aí por um tempo. Até que eles nos encontraram quando estávamos cercados. Isso foi há umas duas noites.

– Falamos para Dawn que eles eram do nosso grupo. – Sofia disse olhando para a porta. – Desse modo podemos proteger eles de certo modo.

– Proteger? – Ally perguntou olhando para elas. – Está na hora de vocês me contarem o que está acontecendo aqui.

– Ally, nem todos aqui são bons. – Beth falou puxando as duas para a cama. – Sofia e eu estamos bem ainda por que o doutor Steven cuida da gente. Tem uns policiais que cobram a segurança, comida e remédio que pegam para a gente. Eles estupram as mulheres.

– O doutor Steven, nos protegeu, assim como outro paciente, Noah. Noah dormia no mesmo quarto com a gente ne trás da porta onde encostávamos a cama. – Sofia continuou. – Tem uma coisa que eu devia ter te contado desde que chegou aqui, mas como você estava fraca por causa daquilo que aconteceu não deu. Shane e Lori estão aqui.

– O que? – Ally perguntou surpresa. – Aqui? Shane e Lori?

– Sim. – Sofia respondeu. – Shane, Lampson e Gorman estupra as pacientes. Shane sabe que sou do grupo do Rick e já tentou me cerca algumas vezes para descobri onde os outros estão. Ele disse que quer sair daqui e se juntar a gente, mas não acredito nisso. Lembro que ele sempre quis você. E depois que Rick apareceu, ficou pior. Acho que ele está apenas nos protegendo até consegui a informação que quer.

Ally ficou em silêncio. Esse dia estava sendo cheio de surpresas. Ela colocou o celebro para trabalhar. Ela tinha que forma um plano.

– Aquela mulher que vocês estavam conversando...

– Ela foi estuprada. Ela sabe das coisas que acontece aqui melhor do que a gente. – Beth respondeu.

– Fiquem aqui. – Ally disse se levantando.

– Onde você vai? – Patrícia perguntou segurando o braço dela.

– Eu esqueci que você não sabe. – Ally falou vagamente. – Eu vou explicar tudo. – Ally se sentou novamente e tirou o colar de dentro da roupa de estagiário que estava vestindo. – Eu conheci um cara no meu primeiro acampamento. Me apaixonei e me casei com ele. Não foi bem um casamento, mas casamos. – ela abriu o colar e mostrou a foto. – Está vendo esse? Ele é Rick, meu marido. O menino é filho dele, agora é meu também, tenho ajudado Rick a criar ele desde que saímos de Atlânta. Seu nome é Carl. E esse é Daryl. Lembra que falei dele com você pelo telefone?

– Sim.

– Depois de um tempo de casada, descobri que estava gravida e tive uma menina, Judith. Passamos por muitas coisas juntas. Somos uma família todo o grupo. – Ally explicou fechando o coração. – Tenho que voltar para eles, sei que assim que Rick tiver como saber onde estou vai vim. Preciso apenas antecipar isso.

– Como?

– Agora não. Preciso falar com alguém primeiro. – Ally se levantou e saiu do quarto.

Ela planejou um plano simples, apenas precisava ver todos os detalhes. Ela foi até o quarto de Joan e bateu na porta. A mulher mandou entra.

– Oi. – Ally disse indo até a cama. – Sei que não deve querer falar com ninguém, mas preciso saber de umas coisas e acho que você pode ajudar.

– Por que ajudaria?

– Porque posso ajudar você a se matar. – Ally respondeu se sentando ao lado dela. – Mas preciso saber de algumas coisas antes.

– Pergunte. – ela disse desesperada. – Pode perguntar.

– Quem foi que te estuprou? Beth e Sofia me contaram sobre o que alguns policiais fazem.

– Gorman. – respondeu.

– Sabe por que Shane não deixa os outros tocarem em Sofia e Beth?

– Ele quer você. Agora que está aqui, não sei se ele vai deixar elas em paz.

– Tem como fugir daqui?

– O poço do elevador. Dawn mantem a chave no escritório dela. Noah pode te explicar isso melhor do que eu.

– Certo. Mais uma coisa. Estaria disposta a se transforma? – Ally perguntou. – Posso fazer com que Gorman entre na sala que você esteja transformada, enquanto você o come, coloco meu plano em ação.

– Se eu puder matar aquele desgraçado, não me importo em voltar.

– Certo. – Ally sorriu. – Olha, o meu plano é simples, mas vou precisa de uns dias para colocar ele em ação.

– Quantos dias?

– Três no máximo. – Ally segurou a mão dela. – Consegue aguentar até lá?

– Sim. Consigo.


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