Na caminhada da vida siga sempre em frente, tendo a consciência que a cada obstáculo que você passar uma pessoa mais forte você será.

Ricardo Blefari

Eles armaram um acampamento algumas horas depois, onde passariam a noite. Ally estava sentada ao lado de Judith e Carl dava mama para a irmã, enquanto os outros estavam espalhados em pequenos grupos. Eles estavam comendo e conversando. Mesmo sem terem um lugar para irem, sem ter um teto sobre as cabeças, eles estavam felizes. Não tinham todos da sua família, mas tinham boa parte deles. Rick sorriu para a esposa e segurou a mão dela se sentando ao lado dela, de frente para os filhos. Ally olhou para ele e sorriu, enquanto eles se aproximavam e se beijavam rapidamente.

– Você está bem? – ele sussurrou com a testa encostada na dela. – Seu pé está doendo?

– Estou bem, querido. Só sinto quando me esqueço e coloco muito peso no pé. – ela passou a mão no rosto dele e o olhou atentamente. – Eu quero saber de tudo depois. Certo?

– Eu vou contar. – ele disse segurando a mão dela com força. – Só preciso de um tempo. Mais tarde conversamos. Quando as crianças estiverem dormindo.

Ally apenas concordou com a cabeça e olhou para os filhos. Carl estava com Judith no colo e segurava a mamadeira dela, enquanto, Ally e Rick comida. Ás vezes, Ally dava alguma coisa na boca do filho, que sorria para ela. Rick apertou o ombro de Ally delicadamente, para chamar a atenção dela e fez um gesto com a cabeça para Tara, que estava parada ali perto parecendo perdida. A mulher apenas concordou com a cabeça e se voltou para os filhos.

– Ei. – Rick disse parando ao lado de Tara com o rifle na mão. – Você não queria ficar lá. – ele disse quando viu que ela estava assustada e com vergonha. – Por isso tentei falar com você. Tentei te fazer ver. Glenn disse que você salvou a vida dele.

– E ele salvou a minha. – ela disse dando uma pequena risada tímida.

– É assim que funciona com a gente. Certo? – Rick perguntou com um pequeno sorriso.

– Certo. – Tara também sorriu. – Ei. – ela disse estendendo a mão fechada em punho. Rick riu e bateu levemente com o dele.

– Coma alguma coisa. – ele disse sorrindo. – Vamos começar cedo amanhã. – e se afastou indo para perto de Daryl e Michonne conversar com os dois.

Ally olhou para Tara que tinha tirado a arma e parecia não saber ao certo o que fazer. Ela pegou um prato com um pouco de carne e foi até ela.

– Aqui. – disse chamando a atenção da mulher. – Come carne, certo?

– Sim. Obrigada. – Tara disse pegando o prato nervosa.

– Ei, não importa o que aconteceu na prisão. – Ally disse sorrindo docemente. – Você não atirou, salvou um dos nossos... É uma de nós agora. É assim que somos. Sei que aquele desgraçado deve ter falado que éramos as piores pessoas do mundo, mas não somos. Somos pessoas que nem se conhecia antes disso começar e somos uma família. Uma família da qual você faz parte agora.

– Seus filhos são lindos. – ela disse olhando para Carl e Judith. – Eu também perdi pessoas que amava naquele ataque. Minha irmã, minha sobrinha... Ele mentiu para a gente. Eu tentei avisar que o que estávamos fazendo era errado. Minha irmã tentou... Mas ele disse que vocês eram assassinos e que nos matariam. Eu sinto muito.

– Eu também. Hershel era como um pai para mim. Para muitos nesse grupo, mas não se preocupe. Vamos cuidar de você. Seremos sua família agora.

– Obrigada. – ela disse olhando para o prato. – Posso te abraça?

– Claro.

Tara deu um passo à frente e abraçou. Ally devolveu o abraço e sorriu para ela quando se separaram.

– Coma. Se Rick disse que sairemos cedo amanhã, acredite que será cedo mesmo. Tipo, antes do sol nascer.

– Tudo bem.

Tara se afastou um pouco e se sentou em uma pedra enquanto começava a comer. Ally voltou para onde os filhos estavam e se sentou ao lado deles. Carl já tinha terminado de alimenta a irmã e comia.

– Você é boa demais com todo mundo. – Carl disse olhando para a mãe. – Já fez ela se senti melhor.

– Ela não fez nada de mal. – Ally disse pegando a filha no colo pra que Carl pudesse comer direito. – Apenas estava seguindo um monstro.

– Eu sei. – ele disse sorrindo para ela. – Estou feliz que esteja com a gente novamente. Papai e eu precisamos de você.

– Eu sei, baby. – ela disse suspirando. – Mas não vamos pensar nisso, certo? Quer que eu limpe e faça um curativo no seu rosto?

– Mãe, eu não sou mais um bebê. – ele disse com as bochechas coradas.

– Desculpa. Não está mais aqui quem falou. – Ally fez um bico, mas sorriu para o filho.

Eles ficaram assim por um tempo, até que Rick chegou e disse o que eles fariam. Daryl disse que ficaria de guarda, assim com Carol. Rick disse que assumiria o primeiro horário com Ally e depois os dois poderiam ficar à vontade. Ally arrumou Carl e Judith perto dos cachorros e beijou a testa dos dois antes de se afastar com o marido. Eles se sentaram em um tronco de árvore e ficaram em silêncio por um tempo.

– Quando saímos da prisão eu estava mal. – Rick disse quebrando o silêncio pela primeira vez desde que se sentaram ali. – Mal me aguentava em pé. Carl estava com raiva, não olhava para mim e quando fazia isso era com um olhar acusatório. Paramos em uma casa e brigamos. Não estávamos conseguindo superar a perda. Sem você e Judith, não podíamos nos olhar. Eu por me culpa, ele por não querer o causador daquilo por perto. Eu estava com hemorragia e apaguei. Não sei bem falar o que aconteceu. Tinha apenas a ciência que estava mal e que Carl estava ali. Ele me disse coisas. Coisas que me feriam, mas que são verdades. Eu fui fraco e não consegui proteger vocês. Ele saiu, disse que ficaria melhor se eu morresse. Eu não estava dormindo, mas também não estava acordado e isso me machucou. Cheguei a desejar que morresse e parasse de fazer ele sofre, mas deixaria ele sozinho. Então lutei. Depois ele voltou e pensou que eu tinha morrido, ele apontou a arma para mim, mas não conseguiu fazer. Disse que não podia e que era para mim acabar com aquilo. Depois disso pensei que ficaríamos bem. Michonne apareceu no outro dia e eles foram atrás de comida. Eu fiquei, Michonne disse que estava muito fraco. Eu dormi e acordei com vozes pela casa. Não queria matar ninguém, mas quando cheguei no banheiro tinha um homem e o matei. Escapei, mas eles nos encontraram a alguns dias. Daryl estava com eles. Eles bateram em Daryl quando ele tentou nos defender e um deles...

Rick parou incapaz de continuar. Ele tremia de raiva, apenas de lembra o que tinha acontecido. Ele ainda podia escutar Carl chamando por ele, enquanto aquele homem estava em cima dele.

– Um deles ia estupra Carl. – ele disse fazendo com que Ally arfasse. – Foi quando eu deixei sair. Matei o líder arrancando um pedaço da garganta e depois esfaqueei aquele homem até não senti mais meu braço de tantas facas que dei. Ninguém, ninguém mesmo, toca em um dos meus e vive para contar.

– O rosto dele...

– Arranhou no chão enquanto o homem segurava ele. – Rick disse sem olhar para a esposa.

Ally passou a mão no rosto e respirou fundo.

– Ele sofreu? O desgraçado que tentou...

– Sim. Primeiro esfaqueei perto do pé da barriga, depois subi a faca abrindo ele de baixo para cima e por fim o esfaqueei. Isso tudo na frente de Carl. Ele deve me achar um monstro.

– Se serve de consolo. Eu teria feito pior. – Ally disse pegando a mão dele. – Teria espancado dele, o cortado em vários lugares e depois quebrado a perna. Por fim, o jogaria em uma horla para que fosse comido vivo.

– Não faz com que me sinta melhor. – ele disse finalmente olhando para ela. – Aqueles walkers foi você que matou?

– Sim. Acho que peguei a raiva que estava sentindo do mundo e usei neles. Matei o dobro outro dia, antes de machucar o pé.

Eles não falaram mais nada por um tempo. Ally olhou para Rick e se aproximou o beijando. O xerife correspondeu ao beijo com paixão e a trouxe para seu colo. Eles ficaram assim por um bom tempo e teriam ficado mais se não tivessem sido atrapalhados.

– Depois somos atacados e não sabemos por que. – Daryl disse parando ao lado deles com a besta na mão e Carol ao seu lado, sorrindo para eles.

– Não estamos fazendo nada demais. – Ally disse se separando do marido. – Venha, xerife. Temos pessoas para tomar nosso lugar.

Ally levantou e pegou a mão de Rick o tirando dali. Daryl fez uma careta para eles, que fez Rick rir, antes de levar Ally em direção ao acampamento. Quando eles estavam exatamente no meio do caminho, entre o acampamento e onde Daryl e Carol estavam de vigia, Rick puxou a esposa pela mão e a prensou em uma árvore. Ally sorriu e deu impulso para que abraçasse a cintura dele com as pernas.

– Vamos fazer isso como dois adolescendo que podem ser pegos a qualquer momento pelos pais, xerife? – ela perguntou passando os braços pelo pescoço dele.

– Vamos. Mas a diferencia, é que podemos ser pegos pelos nossos filhos.

Ele respondeu antes de beija-la. Ally soltou uma risadinha antes de aprofundar o beijo. Rick a apertou mais contra a árvore e começou a passar a mão pelo corpo dela. Ally riu e se afastou dele, colocando as mãos na barra da camisa dele a tirando rapidamente. Rick entendeu o recado e tirou a blusa dela também. Como não podiam demorar, ele se afastou fazendo com que ela ficasse em pé e tirou a calça dela, juntamente com a calcinha. Ele a pegou novamente a levantando enquanto abri a calça dele e a penetrava rapidamente. Ally mordeu o ombro dele com força para não grita. Rick soltou um grunhido e começou a se mover dentro dela. Ally passou as unhas pelas cortas dele lentamente e o mais suave que conseguiu, não queria marca ele. Quando eles finalmente chegaram ao ápice, eles ainda ficaram apoiados na árvore por um tempo. Até que Rick saiu de dentro ela e a ajudou a se vesti. Ele arrumou a calça dele e colocou a camiseta, antes de dá um beijo na testa dela e a pegar pela mão.

– Acho que está na hora de te devolver isso. – ele disse tirando a pulseira da calça. – Deveria ter te entregado mais cedo.

– Estou feliz que tenha sido agora. – ela disse olhando para ele enquanto colocava a pulseira de volta no pulso dela.

Ela o beijou novamente e eles seguiram, finalmente para o acampamento. Quando chegaram ao acampamento eles se deitaram cada um de um lado de Carl que estava com Judith, como eles faziam quando saíram da prisão.

– Eu te amo. – Ally disse segurando a mão de Rick por cima dos filhos.

– Eu te amo. – Rick disse vendo ela apoiar a cabeça no outro braço e fechar os olhos.

Ally acordou com o choro da filha. E isso não era nenhuma surpresa para ela. Ela se sentou e pegou a bebê delicadamente no colo. Ela se sentou em uma pedra e pegou a mamadeira da filha dando de mamar para ela. Judith olhava em volta com curiosidade e aperta a mamadeira. Quando ela terminou, Ally continuou ali, falando com ela baixinho.

– Ei, Rick já acordou? – Daryl perguntou parando ao lado dela.

– O que foi, Daryl? – Rick perguntou abrindo os olhos e olhando para ele.

– Vem aqui. – ele chamou se ajoelhando ao lado da irmã.

Rick se levantou e foi para o lado deles. Ele se sentou ao lado da esposa.

– Acho que tinha alguém nos observando noite passada. – ele disse baixo. – Carol e eu não vimos nada, mas tinha alguma coisa no ar. Quero ir dá uma olhada.

– Certo. Mande Carol vim para cá. Fale que vai caçar. – Rick disse pegando a filha que se esticou para ele. – Vamos acorda os outros, comer alguma coisa e saímos em duas horas.

– Estarei de volta. – ele disse se levantando.

Ally e Rick trocaram um olhar, antes da mulher levantar e começar a chamar os outros. Em pouco tempo todos já estavam de pé, pegando alguma coisa para comerem. Quando terminaram de comer e pegaram suas coisas, eles se levantaram e começaram a caminha. Eles não falavam nada apenas andavam. Todos com armas e prontos para matar qualquer um que entrasse no caminho deles, ou qualquer coisa. Eles andaram até que viram uma walker vindo em direção a eles.

– Deixa comigo. – Michonne disse indo em direção a ela e colocou a mão mas costas atrás da espada.

Ela sempre se esquecia que não estava mais com ela. Ela tirou a arma e acertou a cabeça dela com a arma várias vezes. Ally passou por ela e sorriu, antes de ir para o lado do marido e segurou a mão dele que estava sem a arma.

Eles voltaram a andar e andaram um pouco antes de escutarem passos atrás deles. Rick colocou Ally atrás dele e pegou a arma com os outros.

– Eu me rendo. – Daryl disse levantando as mãos com esquilos em uma delas.

Rick e ele se olharam e andaram mais à frente do grupo. Ally passou a mão no cabelo do filho e passou Judith para ele, pegando o violão que estava na mão dele.

– Não diga nada ao seu pai. – Ela disse colocando o violão nas costas, enquanto arrumava a espada na cintura.

– Ele nem vai ver. – Carl disse olhando para ela sorrindo.

– É assim que se fala. – ela disse pegando a filha no colo e passando o braço dele pescoço de Carl, voltando a andar.

Rick se virou para eles e assubiu.

– Fiquem perto. – ele disse baixo.

Ally passou por Rick que ficou mais atrás conversando com Abraham. Ally bateu o ombro no irmão, que passou a mão no rosto de Judith que sorriu para o tio antes de fazer uma bolha de baba com Daryl tinha ensinado para ela. Eles entraram mais um pouco na floresta enquanto Ally brincava com Judith em seu colo, até que eles escutaram alguns gritos de socorro.

– Pai, vamos lá. – Carl sussurrou. – Vamos lá.

Rick olhou para o filho e para os outros antes de fazer um sinal e eles começaram a correr naquela direção.