Um reencontro é na realidade uma nova oportunidade de regar aquela roseira que se chama amizade. E dela nascera a mais linda das rosas brancas...

Djalma Pinheiro

Dois dias tinham se passado desde que Ally acordou. Nesses dias ela basicamente cuidou apenas de Judith. Ela ainda estava meio fraca, mas mesmo assim andava pelo bloco. Ela ainda não tinha saído, o mais longe que tinha ido, foi na cozinha improvisada deles. Ally também usou esse tempo para conversar com Sofia, Mike e Daryl. Sofia falou pouco, apenas chorou pela morte da mãe. Mike disse que não acreditava que Carol estivesse morta. E Daryl disse que iria cuidar dos meninos, e que tinha esperança de encontra Carol. Ela podia estar escondia em algum lugar. Os outros estavam sempre fazendo outras coisas para não pensarem em suas perdas. Rick não falou sobre as perdas, mesmo quando Ally perguntou.

Ally estava em sua cela com Judith. Ela tinha acabado de dá banho na filha e estava terminando de colocar a roupa nela. Judith era uma criança saldável e forte. Apesar disso, eles não sabiam se ela era ou não imune ao vírus. Rick tinha o vírus, mas Ally não.

– Vem, amor. – ela disse pegando a filha no colo depois de fechar a roupa dela. – Você está cheirosa.

Ally saiu da cela com a filha no colo. Ela desceu as escadas e sorriu para Hershel e Beth que estavam sentados ali.

– Oi. – Hershel disse sorrindo para elas. – Será que posso pegar essa garotinha?

– Claro. – ela disse entregando a filha para Hershel.

– Ei, está tudo bem. – ele disse quando Judith se mexeu nos braços dele. – Tudo bem.

– Onde estão os outros? – Ally perguntou olhando para Beth.

– Por aí. Bom, menos Maggie e Glenn, eles foram atrás de formulas e comida. – a menina respondeu.

– Sofia, espera. – eles escutaram a voz de Carl a chamando.

Em menos de dois segundos a menina passou por eles e correu para a sua cela. Carl, Amy, Mike e os cachorros vieram correndo logo atrás.

– O que aconteceu? – Hershel perguntou para os outros.

– Daryl achou a faca de Carol em um walker. – Carl respondeu nervoso. – Não tem como ela se cuidar sem uma faca. Aquele bloco estava lotado de walker. Ele nos trouxe para cá e voltou para lá. Ele se trancou e disse que não queria que ninguém fosse atrás dele. Vou falar com Sofia.

– Tudo bem. – ela suspirou se levantando. – Eu vou falar com ela.

Ally foi até a cela de Sofia e Carol. Sofia estava abraçada a seu travesseiro, chorando. Ally foi até ela e se sentou ao lado dela.

– Ei, querida. – ela disse passando a mão no cabelo dela.

– Ela morreu. Ally, minha mãe...

– Não tem como a gente saber. Sua mãe é forte, Sofia. Ela pode ter encontrado algum lugar para se esconder.

– Mas...

– Vamos ter fé. – ela disse olhando para ela. – Eu pensei que também estivesse morta quando entrei em trabalho de parto apenas com Carl ao meu lado. E não morri. Quando você se perdeu também não tinha arma e não sabia se defender. E você está aqui.

Sofia a abraçou chorando, enquanto a mulher passava as mãos nos cabelos dela. Ally ficou um tempo assim. Deixou que ela chorasse e colocasse tudo para fora.

– Ally? – Rick chamou dá porta com Judith no colo. – Por que não saímos um pouco? Isso vai fazer bem para todos.

– Certo. – ela disse e se levantou. – Venha, Sofia.

Eles foram juntos para fora. O dia estava lindo e isso fez com que Ally se sentisse melhor. Mesmo não gostando muito de sol, ela estava feliz em poder senti o sol novamente. Eles andaram um pouco e pararam ali. Apenas curtindo aquela paz momentânea.

– Estamos bens agora, não é? – Sofia perguntou abraçando o irmão.

– Estamos. – Carl respondeu sorrindo para ela.

– Acho que ainda precisamos decidi o que fazer com aquele ônibus. – Ally disse parando ao lado do marido que estava com a filha no colo. – Não podemos deixar ele daquele jeito.

– Por que você está falando sobre o ônibus? – Rick perguntou balançando a filha que estava se mexendo no colo dele.

– Eu não sei. – ela disse dando os ombros. – Sempre falo o que vem na minha cabeça. Você sabe disso. E pelo que me lembro, você disse que íamos plantar ali.

– Você está certa. – ele disse sorrindo. – Daryl e eu combinamos que cuidaríamos disso mais tarde. Depois de limpamos toda a prisão.

– Certo. – ela disse rindo.

– O que...? – Rick disse olhando para a frente. – Ally, pega ela.

Ally ficou confusa, mas mesmo assim pegou a filha. Rick deu alguns passos para a frente. Ally olhou para onde ele olhava. Ela viu vários walkers, mas um chamava a atenção. Uma mulher coberta de sangue, mas diferente dos outros, ela estava segurando uma cesta e olhava para eles.

– Ela está viva? – Beth perguntou olhando para ela.

– É o que parece. – Rick disse indo para o portão. – Carl, venha.

Os dois seguiram para o portão. Nessa hora Edwin e Amy desceram da torre de vigia e pararam ao lado deles.

– Quem é? – Amy perguntou pegando a mão de Judith.

– Não sei. Edwin será que você pode ir com eles? – Ally perguntou olhando para o médico.

– Claro. – Edwin disse já indo em direção a eles.

– Eu vou também. – Hershel disse passando por eles.

Ally ficou vendo de longe. Rick e Carl se separam. Carl foi para perto do portão e Rick foi ficar frente a frente com a mulher. Ally não podia ver se eles estava conversando ou não de onde ela estava e isso estava deixando ela nervosa. O que aquela mulher estava fazendo ali com aquela cesta? Judith deve ter notado que a mãe estava tensa, pois começou a chorar.

– Ei, está tudo bem. – ela disse beijando delicadamente a testa da filha. – Tudo bem, amor. Não precisa chorar.

Aos poucos Judith foi se acalmando, até que parou de chorar. Ally tomou a decisão e seguiu os outros, mesmo com Beth e Amy tentando fazer com que ela ficasse ali. Ela parou do outro lado do portão. Ally viu na hora que os walkers notaram que tinha alguma coisa diferente nela. A mulher se afastou da cerca e tirou uma espada das costas. Ela começou a matar eles. Rick começou a andar em direção a Carl, ainda sem tirar os olhos da mulher.

– Carl. – Rick disse esticando a mão para pegar a chave. Rick abriu o portão e saiu com Carl que correu para pegar as coisas da mulher juntamente com Sofia. Rick se aproximou da mulher enquanto Edwin, Amy e Beth matavam os walkers que se aproximavam. Rick se agachou e começou a examinar a mulher.

– Ela foi mordida? – Hershel perguntou parado no portão.

– Não. Levou um tiro. – Rick disse pegando a mulher. – Vamos.

Rick a pegou e jogou sobre seu ombro, enquanto Carl e Sofia passaram pelo portão. Rick também entrou e Hershel fechou o portão. Edwin foi para o lado deles e ajudou Rick a carregar a mulher.

– Vamos leva-la para nosso bloco. Não confio Axel e Oscar sozinhos com uma mulher. – Rick disse olhando para a esposa, enquanto tirava a espada das costas dela.

Ally esperou que eles passassem com a mulher para segui-lo. Ela pegou a mão de Mike e o levou para dentro. Carl foi na frente de todos abrindo os portões.

– Carl, pegue o coberto. Beth, água e uma toalha. – Rick disse enquanto eles levavam a mulher para um canto.

– Tudo bem. – Beth disse correndo para fazer o que ele mandou.

– Ela não vai ficar no nosso bloco de cela. – Rick disse a deitando delicadamente no chão. – Está tudo bem. – Rick disse e colocou a espada no chão, pegando a água que Beth estendia para ele. – Tudo bem. Obrigado. – Rick abriu a garrafa e jogou um pouco de água sobre a mulher. – Está tudo bem. Ei, olhe para mim. Quem é você? – ele perguntou para a mulher que olhava para ele assustada. Ela se esticou e tentou pegar a espada, mas Rick foi mais rápido e a chutou para longe. – Ei, a gente não vai machucar você. A menos que você faz alguma coisa estupida, tá legal?

– Rick! – Ally olhou para trás quando escutou a voz de Daryl. O caçador saiu do bloco de celas segurando as chaves. – Quem é essa ai?

– Você pode me dizer seu nome? – Rick perguntou olhando novamente para a mulher, enquanto Ally se aproximava de Daryl. – Pode dizer o seu nome?

– Venham aqui. – Daryl disse se virando.

– Aconteceu alguma coisa? – Rick perguntou olhando para ele.

– Vão quer ver isso. – ele disse com um pequeno sorriso.

– Vai lá. – ele disse fazendo sinal para Ally entra.

A mulher concordou com a cabeça e passou pelo irmão, com Sofia, Amy e Beth logo atrás dela. Ally andou alguns passos e parou como não sabia o que Daryl queria mostra. Carl entrou depois de Hershel com a cesta e a bolsa da mulher e colocou no canto. Rick foi o último a entra e Daryl fechou o portão. Daryl passou por Rick e o levou até uma das celas. Assim que Rick olhou para o que tinha dentro ficou surpreso e deu um sorriso entrando na cela.

– Graças a Deus. – ele disse, enquanto Hershel parava atrás dele. – Graças a Deus.

– Como conseguiu? – Hershel perguntou no momento em que Ally chegava a porta e via Carol abraçando o homem.

– Solitária. – Carol respondeu sendo abraçada pelos filhos com força.

– A coitada lutou até chegar na cela. – Daryl respondeu olhando para Rick. – Deve ter desmaiado.

– Oh, Deus. – Carol disse quando se afastou de Sofia e viu Ally com Judith no colo. – Nasceu. Oh, Ally, ela é linda. – ela disse chegando perto da mulher para poder ver melhor a bebê.

– É sim. – Ally disse e sorriu antes de abraçar a mulher com cuidado. – Estou feliz que esteja viva.

– Eu também. Queria estar aqui para te ajudar na hora do parto.

– Não ai fazer muita diferencia. – Ally disse passando a bebê para os braços dela que tinha estendido para pegar a pequena. – Eu a ganhei no dia do ataque, em uma das salas de maquinas no bloco B. Carl que fez meu parto.

– Serio? Sinto muito. – Carol disse olhando para a amiga preocupada. – Mas como você está? Está sentindo alguma coisa?

– Estou bem, Carol. Não precisa se preocupar comigo. – ela disse enquanto Rick a abraçava pela cintura. – Me dê ela aqui. Fale com os outros, depois você pega ela mais um pouco.

Carol passou o bebê para os braços da mãe novamente e abraçou Beth, Amy, Edwin e Carl. Ally se afastou um pouco deles quando Judith começou a chorar para alimenta-la. Ela se sentou em uma das celas e tirou o peito para fora da blusa e colocou a boca da filha ali. Ally ficou olhando para Judith enquanto ela comia. A bebê sugava forte e estava com os olhos azuis bem abertos olhando para a mãe. Ally sorriu para ela e passou a mão no rosto do bebê.

– Ally, vamos cuida do ferimento da mulher. Você pode ficar com Carol? – Rick perguntou entrando na cela e se sentando ao lado dela. – Beth e Amy vão ficar de olho nas crianças.

– Tudo bem. Eu ficou com ela. – ela disse se levantando depois de ter jogado a fralda da bebê por cima de seu seio. Ela foi até a cela de Carol e se sentou ao lado da mulher. – Daryl já deu alguma coisa para você comer?

– Sim. Para beber também. – Carol sorriu para ela. – O parto foi muito difícil?

– Foi. O cordão estava envolta do pescoço dela. Carl teve que tirar o cordão com ela dentro de mim, depois do parto tivemos que sair de lá rápido, porque estava sangrando e ali não era seguro. Eu desmaie alguns minutos depois de sair da sala com Carl. Acordei dois dias atrás sem me lembra de quase nada que tinha acontecido. – Ally sentiu Judith larga seu peito e começou a arrumar a blusa.

– Eu faço ela arrotar. – Carol disse pegando a bebê.

– Obrigada. – Ally disse entregando a fralda para a mulher. – Tentei sair da cama e cai. Rick correu para o quarto e então eu pude finalmente conhecer minha filha.

– Ela está bem?

– Sim. Apesar da falta de comida durante a gravidez, ela é forte e come muito bem. – ela sorriu para Carol. – Uma verdadeira monstrinha faminta. Hershel e Edwin examinaram ela e falaram que ela é saudável.

– E você?

– Estou bem. Voltei a comer e não me sinto tão fraca como pensei que estaria. Daqui uma semana já vou pode correr uma maratona.

As duas riam e continuaram conversando sobre o que tinha acontecido com elas nesses dias.