Entrando em Apuros em Vegas escrita por LelahBallu


Capítulo 8
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto não é mesmo?!!
Não vou encher vocês com minhas notas hoje!!
Obrigada por todos os comentários (Só pude responder alguns deles) li e amei todos.
Boa leitura.



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POV OLIVER

Encarei Tommy em busca de sua resposta, ele estranhamente curvou seus ombros em derrota e desviou seu olhar do meu.

Tommy nunca havia escondido nada de mim.

Erámos inseparáveis. Desde crianças fomos assim, ele era um irmão para mim, mesmo Thea o considerava assim, tivemos nossas brigas, ninguém seria tão próximo assim sem tê-las, mas foi por que nunca deixamos de falar um para o outro o que pensávamos, agradasse ou não aos nossos ouvidos, de alguma forma, mesmo nunca tendo dito, tínhamos o acordo de nunca esconder nada ao outro.

E ainda assim ele me escondia algo.

A reação de Laurel ao imaginar que eu tinha uma amante ainda estava em minha mente, eu queria ignorar e acreditar que ela havia dito aquilo da boca para fora, mas parte de mim ainda se sentia inseguro com o que ela havia dito, e agora somando todas as meias frases de Tommy nas últimas semanas, suas provocações ditas em tom ácido relacionado a Laurel... Agora mais do que nunca eu precisava entender o que estava acontecendo, Laurel havia revelado uma faceta de sua personalidade da qual não gostei, e se havia mais por trás essa era a hora que eu precisava saber.

E seria Tommy a me contar.

— O que você está escondendo Tommy? – Perguntei puxando-o para o canto da sala, temia o momento em que as duas mulheres saíssem do escritório. – Tommy. – Murmurei diminuindo meu tom. – Se você tem alguma razão válida, se você tem algo que eu deveria saber sobre Laurel e que, portanto, esse casamento não deveria acontecer... Você deve me dizer, você é meu melhor amigo, meu padrinho, é de você que eu tenho que ouvir. Não acho que ninguém mais contaria. – Murmurei sabendo que isso era verdade, meus pais amavam Laurel, Thea não morria de amores, mas não era indiferente, os sentimentos de Thea estavam mais ligados a ciúmes de irmã do que alguma grande suspeita. – Tommy há alguma razão a mais para que eu não só adie esse casamento, mas o cancele?

— Eu poderia dar umas 100. – Respondeu prontamente.

— Eu não estou falando de sua implicância com Laurel. – Neguei. – Apesar de que você não era assim até as últimas semanas, quero saber se...

— Eu não estou sendo implicante Ollie. – Murmurou me interrompendo. – Eu não sou implicante com ninguém, você sabe disso.  Eu estou falando sério quando digo que há várias razões e não apenas uma, que mostram que Laurel Lance deveria ser a última mulher em quem você deveria confiar.

— Tommy nós dois conhecemos Laurel desde muito novos. – Argumentei. – Erámos adolescentes, como apenas agora você resolve não gostar mais dela?

— Por que Laurel é dissimulada. – Falou com convicção. – Aqui está a primeira razão. – Me surpreendi com o que disse. – Ela sempre se mostrou uma garota doce em nossa frente, sempre a garota meiga, carinhosa, mas ela nunca realmente gostou de mim, ou de você.  – Acrescentou. – Laurel é gananciosa, ela se aproximou de você porque era um Queen e quando ficamos mais velhos ela decidiu que também queria ser uma, ela é interesseira e mesquinha. Ela é o tipo de pessoa que temos nojo, porque ela não mostra realmente o que é.  Você quer saber como descobri isso? Por que eu não mudei nas últimas semanas, Laurel mudou. Na verdade muito antes, mas apenas agora eu percebi que não estava enganado, que não estava interpretando nada errado, Laurel começou a mudar depois que você a pediu em casamento, a certeza de que seria uma Queen a deixou mais confiante. Ela não quer você, ela quer o CEO, o sobrenome e sua fortuna. Eu posso apostar que se você tivesse uma amante ela diria, “Tudo bem querido, mas não deixe que ninguém saiba.” Ela não se importa com isso, por que ela mesma não está interessada em ser fiel.

— O quê?! – Murmurei recuando. Eu não queria dar crédito ao que ele dizia, não. Por outro lado eu não poderia ignorar que havia sido essa a reação de Laurel no momento em que cogitou que eu planejava ter um caso. E esse era Tommy, ele não mentiria para mim, ele não estava fazendo de maldade ou querendo impedir meu casamento por algum senso de humor doentio.  – Você acha que Laurel me trairia? – Era um pouco hipócrita eu perguntar isso, uma vez que eu mesmo havia a traído, mas não foi algo calculado e era de casamento que estávamos falando. Tommy dava a entender que Laurel não tinha qualquer interesse em ser fiel, algo premeditado.  Não algo de impulso.

— Eu tenho quase certeza de que ela já te trai. – Murmurou após alguns segundos de silêncio. - Eu sinto muito Ollie, mas como eu disse ela vem se sentindo segura, ela sabe que somos próximos, ela não gosta disso, ela vem tentando me afastar de você, coisas sutis como desencontros, marcando encontros quando nós dois tínhamos algo em mente, coisas inúteis na verdade, mas ao perceber que ela estava não só sendo ridícula, mas também não estava tendo sucesso, eu percebi, ainda que sutilmente ela estava tentando flertar comigo. Eu quis acreditar que era apenas coisa da minha cabeça, mas ainda assim eu me afastei dela, tornei-me cada vez mais impessoal e indiferente a sua presença. – Deu de ombros. – Isso parece ter funcionado e a irritado, por que agora ela não tenta sequer fingir que eu não sou mais do que um estorvo. E eu tenho quase certeza que se ela estava tão à vontade tentado entrar na cama do seu melhor amigo, ela pode muito bem ter feito isso com outro.

Meneei a cabeça enquanto tentava assimilar o que dizia, afastei-me apenas para voltar a encara-lo novamente e com um suspiro pesado encostar-me pesadamente contra a parede.

— Ollie...

— Eu não posso estar tão enganado assim com uma pessoa. – Murmurei. – Ela... Nós... – Respirei fundo tentando encontrar palavras. – Ela nem ao menos precisa de dinheiro, ela vem de uma família rica, de uma família de advogados, sua mãe é uma socialite. – Continuei. – Eu não sou ingênuo Tommy, eu já tive garotas se aproximando por esse motivo, mesmo que apenas querendo uma aventura, mas Laurel, ela era nossa amiga, e apenas anos mais tarde se tornou algo mais. Eu nunca cogitei...

— Eu sei. – Murmurou apertando meu ombro. Encarei sua mão em meu ombro e dirigi meu olhar até o seu.

— Por que você está me dizendo isso apenas agora? – Perguntei aborrecido. – Apenas agora, quando o casamento já está cancelado, por que não antes?

— Eu pretendia lhe contar, por isso planejei essa viagem. – Confessou. - Queria que você se divertisse, queria mantê-lo afastado de Laurel e sua família, você poderia me ouvir antes, mas eu tenho certeza que ela mudaria sua cabeça, sua própria mãe faria isso Ollie, Moira não acreditaria em uma só palavra que eu dissesse. Ela ama Laurel. Mas então você se casou, e eu achei que isso já era um sinal claro, mas você é estúpido e teimoso.

— Eu ainda não entendo...

— O que você fará agora? – Perguntou me interrompendo. – Em breve ela sairá com Felicity, e então você terá que fazer algo.

— Eu não sei. – Murmurei sincero.

— Desculpe, mas acho que não escutei direito. – Falou. – Eu acho que você quis dizer: “Vou enxotar aquela víbora da minha vida e pedir desculpas a Felicity por coloca-la no mesmo ambiente que ela”.

— Eu não posso fazer isso agora. – Murmurei. – Eu preciso pensar, assimilar, e observar por mim mesmo, eu preciso voltar aquele escritório e agir como se você não tivesse me dito nada. – Ele me encarou confuso.

— Você será capaz disso? – Perguntou-me descrente. – Você devia estar irritado agora, ou negando-se a acreditar em mim, e dizendo que não acredita. Mas você acredita, eu posso ver isso. Ainda assim, por que você não está puto? Por que está tão controlado?

— Por que eu não estou irritado. – Falei e me surpreendi com o fato de realmente não estar. Eu deveria não é mesmo? Estar irritado, magoado, talvez com o coração partido, eu havia dito a Felicity que eu nunca antes havia traído Laurel, que amava minha noiva, então por que eu não estou tão abalado, tão furioso e ferido com o que Tommy havia me dito? – Eu estou decepcionado. – Concluí.

— Quanto tempo mais você acha que as duas vão demorar lá dentro? – Perguntou-me aceitando minha resposta.

— Não importa. – Murmurei tomando o caminho para o escritório. – Eu não pretendo esperar mais.

— Mas Ollie, como você vai encara-la e não deixar passar nada?

— Você disse que ela é dissimulada não é mesmo? – Murmurei parando em frente à porta.  – Ela não será a única. – Murmurei antes de entrar sem ao menos bater.

POV FELICITY

Observei o rosto de Laurel assumir um tom vermelho profundo. Eu sabia que não era vergonha e que essa reação sim era real.

Ela estava furiosa.

Eu havia cutucado o dragão e agora estava prestes a receber as flamejantes chamas.

— Você, sua garçonetezinha provocadora. – Murmurou avançando até apontar seu dedo para o meu rosto. – Não se atreva a falar comigo desse jeito.

— Por favor, tire esse dedo do meu rosto antes que eu morda. – Adverti. – Carne de cobra não deve ter um gosto muito bom. – Eu sabia que havia ido longe e saber disso me preveniu do tapa que ela estava prestes a desferir em mim, erguendo uma mão segurei a sua antes que chegasse ao meu rosto e a encarei incrédula, fúria me dominado.

— Você ia me bater? – Perguntei empurrando seu braço e fazendo com que ela recuasse. – Você é estúpida? Para uma advogada você não parece perceber que uma marca vermelha seria difícil explicar a Oliver e a qualquer outra pessoa.

— Oliver iria entender. – Murmurou com certa vitória. – Ele me traiu, eu tenho um passe livre. Toda aquela culpa conta ao meu favor. E ter você me ofendendo, algumas lágrimas e um pedido de desculpas a você na frente dele, isso o deixaria confuso sem saber como reagir e é claro no fim, ele estaria me consolando, dizendo que entende e que sente muito mais uma vez por ter me colocado nessa situação.

—Uau, quando eu disse para deixar a máscara cair, você realmente se libertou. – Murmurei impressionada.  –Onde está a noiva humilde? Onde está a garota de coração partido que quer levar o casamento a frente por que ama Oliver incondicionalmente?

— Oh ela voltará. – Sorriu. – No momento em que o arrependido Oliver bater nessa porta.

— Pessoas como você são o motivo pelo qual esse mundo está uma merda. – Comentei meneando a cabeça. – Eu quase tenho pena de Oliver.

— Quase? – Riu. – O certo não seria dizer que morre de pena do pobre noivo enganado pela noiva ambiciosa?

— Eu tenho mais pena de você. – Dei de ombros. – Tantos anos interpretando um papel, tanto tempo dedicado em ser uma Queen e isso não irá acontecer. – Isso a deixou perplexa.

— Então você irá afinal atrasar esse divórcio. – Murmurou em tom azedo.

— Claro que não. – Neguei. – Coloque os papeis na mesa nesse mesmo segundo e não hesitarei em assinar. – Suspirei. – Isso não significa que Oliver não irá cair em si.

— Por que de repente vocês dois estão apaixonados um pelo outro. – Falou com humor.

— Mal nos conhecemos.  – Murmurei segurando uma respiração. Não, eu não poderia estar apaixonada por Oliver e ele muito menos por mim, ele sem dúvida nenhuma estava encantado por Laurel ou teria visto antes como ela realmente é. – Oliver descobrirá por si só como você realmente é, com a ajuda de Tommy na verdade, eu me surpreenderia se eu descobrisse após algum tempo que Oliver realmente se casou com alguém como você. Ele merece mais.

— Ele merece você? – Sua risada veio acompanhada de um cruzar de braços enquanto caminhava até a mesa e se apoiava nela. – Você pode me achar o pior tipo de pessoa, caçadora de fortuna, interesseira. Uma verdadeira bruxa. Mas você Felicity, é a que será vista assim, você é a garçonete que se casou com um cara muito rico pouco tempo após conhecê-lo, quando ele estava embriagado, você está acusando a mulher que ele conhece há anos, que foi sua amiga por muito tempo, por quem toda a família é apaixonada. Para eles, você não passará de uma mulherzinha interesseira e vulgar que o seduziu.

— Oliver sabe que não tenho qualquer interesse em seu dinheiro. – Murmurei enjoada. Ela era pior do que eu imaginava. – E eu não tenho nenhuma vontade de encontrar tal família devota a você, não se preocupe, eu não sou idiota ao ponto de pensar que eu direi o que haverá aqui a Oliver e ele confiará cegamente em mim, como você bem deve imaginar já que realmente não está mais preocupada com o que diz a mim.

— É claro que não me preocupo com alguém tão insignificante como você. – Revirou os olhos. – Uma mosca me incomodaria mais.

— Não vejo por que então se preocupar tanto em intimidar alguém tão inferior. –Falei sem realmente sentir sua ofensa. - Esse nosso encontro não serve nada além do que dizer o que realmente pensamos. Mas não se iluda Laurel, você não vai ser a próxima Srª Queen, por que eu garantirei isso. – Não, eu não contaria nada do que havia dito aqui a Oliver, e nem tentaria atrasar nossa separação. Mas eu me certificaria antes de partir que Tommy revelasse todas suas suspeitas ao amigo. Observei o semblante de Laurel mais uma vez mudar, um brilho vitorioso nos olhos antes de encarar por cima do meu ombro.

— Ollie. – Murmurou naquele tom bobo que teria me feito vomitar se eu não tivesse congelada. Laurel seguia encarando-o atrás de mim, e eu não me sentia com coragem para voltar-me e encara-lo, por que tudo o que eu podia deduzir era que ele havia entrado no exato momento em que eu disse minha última frase, e do ponto de vista de Oliver eu estaria atacando sua noiva.

Ponto para Laurel.

— Eu acho que está na hora de nós três conversarmos sobre como vamos proceder. – Oliver murmurou parando ao meu lado e deixando Laurel atônita, eu também estava. Seu tom de voz, a forma como ele sorriu para mim, nada disso mostrava que havia escutado minha última frase, que tivesse a interpretado errado. Mas ele deveria ter escutado. – Será uma anulação, divórcio? – Sugeriu encarando Laurel. – Você já chegou a alguma conclusão Laurel? – Ela piscou surpresa.

— Eh, bem. - Engoliu em seco. Como procederíamos sequer foi considerado nessa nossa conversa de farpas, ela precisava colocar seu cérebro para funcionar rapidamente. – Uma anulação é claro. – Murmurou. Rapidamente avançou para Oliver e segurou sua mão dando-lhe um sorriso cúmplice, em fim o soltou e virou-se caminhando segura até atrás da mesa e se sentando, confortável agora em assumir um papel tão familiar a ela que era da profissão que exercia.  Eu que havia observado Oliver de esguelha não perdi o momento em que ele enrijeceu ao seu toque, mas ao encara-la sorriu. – Quero a opção mais simples, e que seja mais discreta, eu não quero que o fato de que você já foi casado surja. – Franziu os lábios. – Com uma anulação o casamento nunca teria existido.

— Claro que não. – Oliver murmurou antes de guiar-me a sentar em uma das cadeiras em frente ao segurar meu braço, ele parecia alheio a isso, pois ignorou completamente o olhar de Laurel em sua mão e me soltou apenas depois de puxar a cadeira para mim e eu me sentei.

— Eu posso fazer algumas ligações. – Continuou. Ocultando mais uma vez sua real reação. – Eu tenho contatos, acelerar tudo isso não será difícil para mim, tudo se trata de conexões. – Deu de ombros. – E eu tenho um monte delas. Tudo o que vocês vão precisar fazer é aparecerem no dia e hora marcados e assinar.

— Parece quando casamos. – Soltei fazendo com que Oliver risse. Ele pigarreou tentando se controlar e disfarçar. Laurel o fuzilou com o olhar.

— Depois disso demorará muito tempo até que possamos nos casar? – Oliver perguntou fazendo com que Laurel se desmanchasse em um sorriso, tê-lo tão ansioso realmente tinha-a deixado exultante.

— Não muito querido. – Sorriu. – Como eu disse, eu tenho conexões. Eu apenas preciso começar a usa-las para conseguir que o certificado de vocês seja mandando o mais rápido possível, precisarei de cópias de documentos, e como é algo desejado por ambas as partes, será necessário apenas eu como advogada a não ser... – Hesitou soando insegura. Segurei minha reação automática de revirar meus olhos. – Eu... Machuca-me perguntar isso, mas eu preciso saber disso, pois temo que isso volte em um futuro, quando eu já for sua esposa e estivermos planejando nossa própria família... Há alguma chance de que um herdeiro Queen apareça em alguns meses e devido a esse pequeno erro nos pegue de surpresa?

— Não. – Oliver murmurou tranquilamente.

Eu me limitei a encarar atônita.

Por que ela fazia uma pergunta como essa? Se a resposta fosse sim isso traria mais mal do que bem a ela, então por quê? Então eu percebi, ela queria me colocar como a garota que planejava algo mais, que aparentemente estava tudo bem com isso, mas que tinha uma cartada final, ou ela não queria apenas mais uma vez deixar claro que no meio desse caos era a vítima. Talvez pelas duas razões.

— Felicity não parece tão convicta sobre isso. – Laurel deslizou seu olhar astuto de Oliver para mim. Percebendo meu silêncio ele me encarou confuso. – Eu odeio ser a que tem que perguntar isso, essa posição que você me colocou Ollie... – Suspirou tristemente. – Mas vocês usaram proteção?

— Eu sinto muito, mas como isso é importante? Agora? – Perguntei ignorando o olhar de Oliver e a encarando irritada. – Você nem devia estar perguntando isso.

— Se meu marido vai aparecer com um bastar... Um filho... – Corrigiu-se. – Eu tenho que perguntar sim.  A criança terá direitos e isso diz respeito a mim também, a final serei sua esposa.

— Ela toma pílulas. – Oliver interveio e encarou-me em busca de uma confirmação, ele tinha estado tranquilo até o momento em que percebeu meu silêncio diante a pergunta de Laurel, agora ele estava agitado, e eu aflita, não era assim que eu queria falar sobre isso com ele.

Dois pontos para Laurel.

— Felicity? – Laurel murmurou docemente, ela parecia ansiosa para jogar sal na ferida. Ela devia se garantir muito para não se sentir abalada com essa possibilidade. – Você toma? – A ignorei e foquei minha atenção em Oliver.

— Podemos falar sobre isso sozinhos? – Perguntei sentindo-me acuada e mais do que isso culpada.

— Você toma pílulas Felicity. – Ele repetiu atônito.

— De onde diabos você tirou isso? – Perguntei perdendo minha paciência.

— Você tem no seu banheiro. – Falou voltando-se para mim. – Várias caixas.

— É de Helena! – Quase gritei. – Você não devia estar fuçando meu banheiro, a propósito.

— Você esteve na casa dela? – Escutei a pergunta de Laurel e ergui uma mão ainda sem encara-la, um dedo a calando.

— Isso é entre nós dois. – Murmurei.

— Ollie!!  -Apelou.

— Por que você não me disse que não usava? – Perguntou a ignorando.

— Eu sou alérgica, ok? Elas fazem mais mal do que bem se eu as tomo. – Murmurei. – Eu tenho uma má reação a elas e não saio dizendo a isso a todo cara que me paga uma bebida em um bar.

— Eu nunca paguei uma bebida para você. – Negou. – Você já estava bêbada. - Você e sua amiga se aproximaram.

— Foi jeito de dizer, estúpido!

— Não vamos voltar a seguir esse caminho. – Alertou-me. – Quando você ia me dizer que pode estar grávida?

— Quando o bebê nascesse ao que parece. – Laurel murmurou ácida.

— Você pode, por favor, se calar? – Falei finalmente a encarando.

— Ollie, você não pode deixa-la falar assim comigo. – Murmurou em seu tom choroso.

— Laurel, deixe-nos a sós. – Oliver murmurou duramente.

— O quê? – Perguntou finalmente percebendo que a situação havia escapado de suas mãos.

— Oliver isso não muda nada. – Murmurei. – Por isso não me preocupei em falar da possibilidade, por que é apenas uma possibilidade. – Esclareci tentando acalma-lo. – Você está se exaltando com algo que não é concreto e que sequer passa de uma possibilidade. Que no final, não importando a resposta, não muda nada.

— É claro que muda. – Gritou. – Isso muda tudo!

— Ollie!! – Laurel exclamou surpresa. – O que você quer dizer com isso?

— Que eu pedi que nos deixasse a sós. – Repetiu. Ela recuou diante seu tom baixo e frio, parecendo de fato estar magoada saiu.

— Ok, eu devo confessar que até eu tive pena agora. – O que antes eu julguei ser impossível, e que na verdade não durou mais do que dois segundos. – Passou. – Murmurei ganhando um olhar de reprimenda de Oliver, me levantei precisando colocar mais espaço entre nós dois.

— Felicity...

— Não. – Murmurei trincando os dentes. – Você não tem o direito de ficar chateado, não é como se eu tivesse te escondendo um filho ou algo assim, nem sabemos se há um filho. – O lembrei. – Você não pode, não deve e nem vai continuar chateado.

— O inferno que não vou. – Murmurou erguendo-se. – Você vai fazer o maldito exame e vamos saber se você está ou não grávida.

— Não, eu não vou. – Neguei. – Eu não vou fazer exame nenhum até estar confortável em minha casa, com minha amiga e minha mãe, e até eu não estar mais casada com você.

— É isso que eu temia, é isso que está me chateando. – Murmurou me acusando. – Você tinha esses planos de não me dizer sobre nada, e então faria esse exame, mas e se desse positivo? E se der positivo Felicity? Você seria capaz de esconder meu filho?

— Oliver, não estamos em uma novela. – Murmurei descrente. – Eu não ia bancar a mártir, eu não iria esconder um filho, e para de falar como se eu estivesse grávida, eu não estou!

— Mas pode estar. – Retrucou baixando seu olhar até minha barriga plana.

— Não, não se atreva a fazer isso Oliver Queen. – Falei apontando para mim. – Pare de olhar para minha barriga como se ela tivesse crescido de repente, pare de me encarar como se eu tivesse mantendo dentro de mim um grande presente de Deus para você, sua prole. Eu. Não. Estou. Grávida.

— Felicity.

— Não há nada aqui. – Murmurei movendo minhas mãos formando uma barriga de grávida imaginária. – Não há nada além do que sempre teve, então não vamos falar disso como se eu tivesse planejando fugir do país com seu filho.

— Felicity. – Voltou a me chamar, um sorriso em seu rosto que teve o poder de me irritar.

— Eu não estou grávida. – Voltei a falar, dessa vez andando de um lado para o outro. – Sabe por quê? Por que eu acredito em Deus, eu acredito que filhos são presentes, mas também acredito que casar com um desconhecido e tatuar seu nome em minha pele, sendo este desconhecido noivo, uma lição e tanto, um castigo e tanto, eu não quero e não preciso de mais uma medida de disciplina que troca de fraldas e chupa o dedo, eu não estou pronta para isso, o que você tem aí? Seus espermatozoides são o quê? Balas?

— Felicity!

— O quê? – Perguntei virando-me.

— Você está surtando. – Falou se aproximando. – Respire. - Murmurou colocando uma mão em meu ombro, ao que parecia meu surto acalmou o dele.

— Você que começou. – Murmurei tentando me acalmar. Eu tinha deixado toda a coisa de talvez estiver grávida escondida no fundo da minha mente, eu não precisava dela para enfrentar Laurel, mas então a própria Laurel trouxe isso, e Oliver... Bem, Oliver começou isso. – Eu não estou grávida, Oliver.

— Eu sei.  – Murmurou em tom condescendente. – É apenas uma possibilidade.

— Apenas uma possibilidade. – Assenti.

— Você vai fazer o exame...

— Eu não vou fazer esse exame até tudo estar acabado. – Murmurei resoluta. Uma batida de pé no chão não poderia ser mais convincente do que meu tom.

— Felicity...

— Você é um cara decente Oliver. – Murmurei segurando seu rosto com ambas as mãos, precisando desse contato. – Eu não tenho dúvida de que você não vai deixar nada faltar caso exista esse bebê, e eu não estou falando apenas financeiramente, eu sei que você irá querer fazer parte da vida, você irá querer ser pai, mas eu não posso deixar que o fato de ter seu filho o leve a tomar decisões ruins como a de prolongar esse casamento. Você é um cara decente, e disse que tudo muda, mas não precisa e não vai mudar, você pode ser pai, sem ser marido. – finalizei soltando-o. Ele por sua vez segurou minhas mãos antes de poder me afastar por completo.

— Prometa-me que se houver uma criança, você não a esconderá de mim. – Pediu. – Você é orgulhosa Felicity, e eu sei que o cenário que Laurel pintou quando levantou a questão será o que meus pais vão imaginar, a de você, uma aventura de uma noite trazendo convenientemente uma criança como consequência, meses depois, eu sei que trará maus comentários, e que você é orgulhosa demais para se deixar ficar em uma situação semelhante, a pedir assistência, que tentará provar que pode lidar com isso sozinha, mas é meu filho, então prometa-me, por favor, que seu houver, você entrará em contato comigo.

— Eu não sou orgulhosa ao ponto de afastar um filho do pai. – Murmurei automaticamente. – Eu prometo.

— Bom. – Sorriu.

 - Mas eu não estou grávida. – Murmurei mais uma vez, o tom o divertindo, fazendo com que um enorme sorriso se abrisse.

— Eu preciso pedir desculpas a Laurel. – Falou após alguns segundos inquietantes em que notamos nossas mãos ainda estarem unidas. Ele as soltou.

Laurel.

Claro.

— Eu vou chama-la para irmos embora. – Explicou. – Precisamos reunir nossas famílias, explicar que o casamento será adiado, contar o porquê.

— Eu pensei que ela gostaria de inventar algum outro motivo. – Confessei, franzi meu cenho imaginando Laurel contando a sua família que seu noivo a havia traído e casado com outra, “mas tudo bem, ainda vamos nos casar”.

— Eu não perguntei o que ela quer. – Falou parecendo até mesmo um pouco duro, o que me surpreendeu. – Eu contarei de qualquer forma.

— Oliver...

— Sim? – Perguntou parecendo ansioso.

— Tome um pouco tempo para si, está bem? – Murmurei, eu não queria chegar e dizer “você não deve se casar com ela”, se existe alguém que deveria fazer isso, talvez fosse Tommy. Mas eu queria ao menos lhe dar algo para pensar.  – Se isole um pouco, sei que vai um pouco difícil no meio de toda essa confusão, mas talvez haja uma razão para você ter se casado com a primeira garota que sentou em sua mesa. Talvez, eu não sei, você estava procurando uma saída. – Ele franziu o cenho ao escutar o que eu disse, de forma nervosa tentei consertar o que havia dito. - Eu sei que seu pedido de casamento foi lindo e perfeito, mas talvez não fosse o momento.

— Não foi um pedido muito romântico. – Confessou. – Não sei por que pensa assim. – Estranhou. – Estávamos assistindo um filme e Laurel sugeriu que já estava na hora de morarmos juntos, quando eu disse que isso seria conveniente pela proximidade do escritório, ela disse que talvez essa também fosse uma boa hora para começarmos a pensar em casamento. Eu não vi por que não.

Segurei um sorriso, um riso na verdade, enquanto o escutava falar de forma tão impessoal sobre o que Laurel quis fazer parecer o pedido mais romântico que havia sido feito. Até onde eu podia entender dessa história, ela que havia feito o pedido.

— Você está segurando um riso. – Acusou-me.

— Não, eu não estou. – Neguei.

— Você estava mordendo o lábio. – Continuou. – Você definitivamente estava segurando um sorriso.

—Você não tem que enfrentar seus sogros? – Murmurei aborrecida e envergonhada por ele ter notado isso.

— Tecnicamente minha sogra não está furiosa comigo. – Brincou. – Ela disse “É isso bonitão, mexa um pouco com as estruturas da minha filha, e a faça se divertir um pouco, tenho certeza que você sabe quais botões apertar.”

— Minha mãe?!

— Ela falou mais algumas coisas que a deixaria chocada. – Piscou e merda eu senti minhas pernas amolecerem. – Eu preciso ir, Laurel deve estar furiosa, eu tentarei voltar hoje, mas não posso prometer.

— Eu pensei que só o veria novamente no dia de assinar os papéis. – Confessei.

— Eu não pretendo deixa-la aqui trancada até que chegue o dia. – Negou. – Vou te lavar para conhecer alguns pontos da cidade.

—Tommy pode fazer isso. – Argumentei.

— Ele pode vir conosco se quiser. – Assentiu antes de se virar e sair, impossibilitando-me de dizer em alto e bom som que isso não era o que eu havia dito.

Ele realmente não pôde vir mais no mesmo dia, ele sequer veio no dia seguinte. Eu não deveria ter ficado decepcionada, ele deveria estar enfrentando uma verdadeira confusão, mas eu fiquei. Tommy me distraia e me divertia e Oliver me ligava ocasionalmente, embora nossas conversas fossem estranhas, não havia muito que dizer, mas eu gostava mesmo assim, eu gostava de escutar sua voz. Foram pensamentos assim que me fizeram uma e outra vez ter a vontade de dar um tapa em minha cara, eu não ia agir como uma adolescente apaixonada. Não mesmo.

Eu descobri que Oliver havia falado sobre o assunto “Talvez eu a tenha engravidado” com Tommy, por que o imbecil não parou de me importunar sobre o assunto, Tommy era como um irmão idiota que adorava provocar, eu o amava por que era impossível não fazê-lo, mas algumas vezes eu queria apenas mata-lo e esconder seu corpo em algum canto escuro de sua mansão. Eu conheci seu pai, apenas brevemente, ele chegava de uma viagem e estava se arrumando para partir para outra, foi simpático apesar de que eu percebi, deve ter deduzido assim como Laurel que eu era uma “amiga” de Tommy.

Felizmente eu não tornei a ver Laurel, como Tommy falou, ela não era mais bem vinda em sua casa. Era gratificante eu ser tão bem tratada por ele e ele sequer admitir sua presença. Qualquer coisa relacionada à nossa anulação iminente o próprio Oliver falava comigo através do telefone. Tommy me empurrou a conhecer a cidade, ele disse que se negava a ter uma loira bonita escondida em sua casa, ele precisava me exibir, é claro que foi uma brincadeira, mas ele levou um soco mesmo assim. Eu imaginava que Oliver jamais conseguiria voltar a ter contato comigo, estando tão perto de Laurel e sentindo-se tão culpado, então não era exatamente uma surpresa ter-se passado quatro dias e eu não tê-lo visto novamente, não era uma surpresa, mas nem por isso foi menos decepcionante.

— Anime-se garota. – Tommy murmurou na beira de sua piscina, o clima estava bom e ele insistiu em darmos um mergulho, eu estava deitada na espreguiçadeira e seguia lendo um livro enquanto ele sim nadava.

— Eu acho uma boa leitura algo animador Merlyn.

— Não me diga que é um rato de biblioteca Queen. – Ergui minha cabeça ao escutar o sobrenome sair com facilidade de seus lábios quando dirigido a mim. Eu havia provocado Laurel com relação a isso, mas era estranho. Não soava certo. Não pelas razões mesquinhas de Laurel, mas por que eu não era uma Queen, não realmente.

— Não me chame assim. – Pedi.

— É o que você é até que assine essa maldita anulação. – Murmurou. – Então, não me chateei com isso.

— Você não pode estar irritado conosco por conta disso. – Murmurei incrédula. – Tommy não é como se estivéssemos nos separando sem razão nenhuma após anos de casamento. Não é assim.

— É como meu sinto. – Retrucou. – Sinto como se meus pais estivessem se separando.

— Cresça Merlyn. – Ele sorriu vendo a oportunidade que deixei escapar.

— Como queira, Queen. – Murmurou antes de voltar a nadar.

— Que idiota irritante. – Era para ter sido minha frase, mas foi à voz familiar de Oliver que havia dito, ele apareceu em meu campo de visão com um sorriso que desmentia seu comentário, seus óculos escuros infelizmente escondiam seus olhos de mim. Ele me encarou longamente e só então lembrei que não vestia mais do que um biquíni, antes que eu pudesse dizer algo para repreendê-lo, ele levantou meus pés e sentou-se de frente para mim, colocando meus pés em seu colo.

— Vejo que está se divertindo. – Murmurou finalmente tirando seus óculos, eu levantei os meus os colocando em cima da cabeça.

— Tommy é uma boa companhia. – Dei de ombros. – O que você está fazendo aqui?

— Eu te disse que voltaria. – Murmurou dando de ombros.

— Bem, eu pensei que havia desistido, ou que Laurel o tivesse aconselhado a não vir. – Falei.

— Ela aconselhou isso. – Assentiu. – Eu ignorei.

— Para quem está tentando consertar o que aconteceu em Vegas e convencer sua noiva a não abandonar o casamento... – Murmurei o observando com certa confusão. – Você está a empurrando muito. – Eu ainda não gostava de Laurel, eu ainda achava que ela não o merecia, mas Oliver não sabia disso, ele não deveria estar caminhando tão perto da borda assim.

— Ela queria que eu ligasse para dizer o que vim dizer. – Murmurou concentrando sua atenção em meus pés, surpreendendo-me ele começou a massageá-los, segurei um gemido satisfeito, quando suas mãos habilidosas moveram-se sobre um ponto particular. – Vai ser amanhã. – Murmurou me despertando. – Nossa anulação. Pela manhã. – Não respondi exatamente, apenas assenti com um gesto vago, a massagem perdeu o efeito relaxante, então ele parou. Por um longo momento tudo o que fizemos foi ficar em silêncio, suas mãos ainda estavam sobre meus pés, quietas, mas mantendo contato, mas seus olhos estavam distantes encarando qualquer outro ponto que não fosse meu rosto.

— Você me faz um favor? – Pedi finalmente tomando voz. – Quando você se casar, me mande uma mensagem, “consegui” já é o suficiente. – Eu queria acreditar que esse casamento não ocorreria, mas se acontecesse, a parte masoquista em mim, queria saber.

— Está bem. – Assentiu. – Com emojis? – Perguntou com um sorriso.

— Oh não. – Ri. – Não se atreva.

— Vocês estão rindo. – Tommy murmurou se aproximando. Uma toalha em volta de si, ele se sentou na cadeira oposta. – Desistiram da anulação.

— Nop. – Oliver meneou a cabeça. – Marcada para amanhã. – Tommy exibiu um suspiro pesado e meneou a cabeça com pesar.

— Ollie, eu te amo. - Murmurou sério. – Mas eu quero que saiba que na separação, eu fico com ela. – Oliver e eu trocamos um breve olhar antes de juntos começarmos a rir, Tommy que voltou ao seu sorriso de menino não hesitou em puxar o corpo pesado de Oliver até lança-lo na piscina, eu ri observando os dois e senti pesar ao me lembrar de que isso, nós três, estava para acabar.

Oliver passou mais algumas horas conosco, almoçou e ficou envolto em suas brincadeiras leves com Tommy. Quando saiu se despediu com um sorriso amigável, ele em si parecia leve, em nenhum momento comentou sobre o clima que estava as duas famílias, ou a que pé ia seu relacionamento com Laurel. Chegou a comentar, entretanto que sua irmã Thea havia pedido para vir com ele, para me conhecer. Eu resmunguei algo como não ser um animal exótico só por que havia sido a garota com quem ele traiu a maravilhosa Laurel, e que por tanto eu não estava em exposição, ele não ficou chateado, apenas riu da comparação, e disse que não se tratava disso, que Thea queria me conhecer por que ele havia conversado com ela sobre mim.

Falou também que não era o momento certo.

Eu não entendi muito nessa hora. O dia seguinte chegou com rapidez. Eu havia alertado a Tommy na noite anterior que já havia comprado minha passagem e que voltaria para Vegas logo após assinar os papéis. Ele não gostou, queria que eu ficasse mais alguns dias, mas eu fui convicta em minha negativa.

Queria dizer que a coisa toda foi demorada, mas não foi. Oliver chegou com Laurel que me dirigiu um olhar vitorioso e entramos em uma sala. Foi perguntando se tínhamos certeza quanto a isso e após respondermos, os papéis foram assinados, e simples assim, não estávamos mais casados.  Quando olhei para Oliver ele exibiu um sorriso pequeno, de encorajamento, quando saímos, tentei lhe dar adeus, um aceno, qualquer coisa, mas Laurel ocupou sua total linha de visão, então pensei que assim seria melhor.

Tommy me levou ao aeroporto. Não fez piadas, não teve brincadeiras. Ele realmente estava chateado com isso.

— Você pode me ligar, você sabe. – Murmurei enquanto aguardávamos meu voo ser chamado.

— Não é o mesmo. – Murmurou com braços cruzados.

— Tommy, você é rico. – O lembrei. – Você pode me visitar.

— Ainda não é o mesmo. – Retrucou. – E você sequer se despediu dele.

— Ele estava ocupado. – O lembrei.

— Laurel estava o ocupando. – Rebateu. – E lhe deu a chances de escapar sem dizer adeus de forma apropriada.

— Você... – Comecei irritada.

— Eu estou aqui. – Virei-me ao escutar a voz masculina murmurar. Oliver estava com suas mãos nos bolso do casaco. Um sorriso terno em seu rosto, o que me surpreendia não era nem a sua presença, mas a figura feminina ao seu lado. Ela sorriu amigavelmente e me vi retribuindo naturalmente.

— Eu sou Thea. – Falou dando um passo para frente. – Desculpe, mas eu insisti que ele me trouxesse.

— Tudo bem. – Murmurei sorrindo. – Eu sou Felicity, é um prazer conhece-la Thea.

— Oh eu posso dizer o mesmo. – Brincou.

— Lindo. – Tommy murmurou colocando um braço a sua volta. – Agora vamos deixar eles se despedirem.  – Falou a afastando.

— Ah o elefante na sala. – Oliver murmurou observando-os se afastarem, mas ainda se manterem em nossa linha de visão.

— É um dom que ele tem. – Dei de ombros.

— Você vai ligar para mim? – Murmurou se aproximando. – Se algo acontecer? – Eu sabia ao que ele se referia, então não me dei o trabalho de perguntar, apenas assenti.

— E você me mandará uma mensagem. – Lembrei-o. Foi a sua vez de assentir. Por alguns segundos tudo o que fiz foi encarar nossos pés, até que percebi o quão ridícula estava sendo e me joguei em seus braços.

O abracei forte, absorvendo tudo o que podia para guardar como lembrança. Por que no final isso era o que tudo o que passamos seria.

Apenas uma lembrança.

Entramos em apuros em Vegas, e tudo o que tínhamos era aquele abraço.

Ele me apertou fortemente, seu nariz roçando meu pescoço como se ele também tivesse guardando meu cheiro. Queria tê-lo conhecido em outra época, queria tê-lo conhecido antes.

— Tenha uma boa vida Oliver Queen. – Murmurei quando nos afastamos.

— Tenha uma boa vida Felicity Smoak. – Devolveu. Peguei seu pulso e o encarei.

— Por favor, tire isso. – Falei. Ele apenas sorriu e se afastou deixando que fosse a vez de Tommy me abraçar. – Eu sei que você dormiu com minha amiga. – Falei em seu ouvido. Sua cara de espanto foi impagável. – Helena não consegue esconder nada de mim.

— Eu vou dar um jeito de voltar a te importunar, Smoak. – Murmurou com um sorriso triste.  Quando procurei por Oliver novamente ele já estava afastado, nos encarava de longe, a mensagem clara de que não voltaria a me dizer adeus.

— Pena que você já está indo. – Thea murmurou com um abraço cordial. – Eu realmente gostaria de conhecê-la. – Ela apertou minha mão não me deixando me afastar. – Eu conheço meu irmão, e ele nunca falou de Laurel como falava de você. – Sorriu. Pisquei surpresa por ela falar como se não se importasse com os sentimentos de Laurel. Então tão rápido como veio se foi, porque eu me lembrei que não havia entregado de volta as alianças.

— Você pode entregar isso para ele? – Perguntei tirando um saquinho. – São as alianças, me esqueci de devolvê-las.

— Eu acho que isso deveria ser você a devolver. – Murmurou recuando, demonstrando que não as pegaria.

— Mas já nos despedimos. – Protestei.

— Vai ter que fazer de novo. – Retrucou. A encarei antes de desviar meu olhar para Tommy e então para mais longe, para Oliver. Escutando o chamando do meu voo eu desviei meu olhar do dele e dei um último aceno à dupla em minha frente.

Colocando o pequeno saquinho de veludo no bolso da minha calça jeans...

... Eu parti.


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Notas finais do capítulo

Ainda há um capítulo meus amores!! Espero que tenham gostado e aguado o pensamentos de vocês sobre o capítulo nos comentários, até lá!!
Xoxo, LelahBallu