Entrando em Apuros em Vegas escrita por LelahBallu


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Boa noite e Boa leitura, por que eu sei que vocês não vão perder tempo lendo minhas desculpas após tanto tempo sem atualizar essa fic, espero que gostem!!



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POV FELICITY

— Eu não acredito que estou fazendo isso. – Murmurei exasperada, mas em tom baixo, meus olhos alcançando o espelho retrovisor e encontrando os de Oliver no banco de motorista, ele me encarava com o cenho franzindo e inquieto.

— Pare de resmungar. – Falou em tom alto chamando atenção de Tommy que dormia no banco da frente. Ele olhou de um para o outro e soltou um suspiro aborrecido antes de virar-se para a janela e voltar a dormir. – Você veio toda a viagem reclamando.

— Por que desde o começo eu falei que eu era contra isso.  –Retruquei me afastando do assento e ficando entre os bancos. – Eu não quero ficar cara a cara com sua noiva!

— Ela é nossa advogada! – Retrucou mais uma vez erguendo o tom de voz. – Eu não podia entrar em detalhes por telefone.

— E nada disso tem haver comigo. – Dei de ombros. – Eu não devia estar nesse maldito carro indo para uma cidade com o nome mais pretencioso que já ouvi. “Star City”? Combina com você.

— Mas você está nesse maldito carro, então pare de agir como se resmungar fosse mudar isso. – Reclamou. – Vá dormir.

— Eu não sou Tommy. – Pontuei. - Eu não entro em coma ao entrar em um carro. – Respondi dando de ombros.

— Tommy está fingindo que entrou em coma, para não ter que parar o maldito carro e forçar as duas crianças a fazerem as pazes. – Escutei a voz de Tommy murmurar em tom ácido. Olhei para ele que mantinha sua posição e o cutuquei apenas para irrita-lo, ele afastou-se ainda mais para a porta.

— Por que estamos indo de carro? – Perguntei sem paciência. – Por que não pegamos um avião?

— Por que meu melhor amigo é um estúpido que resolveu comprar um carro em Vegas. – Oliver resmungou. – E em vez de dirigir seu maldito carro, ele está dormindo!

— Ollie. – Tommy virou-se com o olhar carrancudo. – Você se casou em Vegas, você se casou! Com uma mulher que não é a sua noiva. Quem diabos é o estúpido? – Oliver não lhe respondeu, apenas lhe dedicou mais um olhar assassino, segurei minha vontade de perguntar o que havia acontecido com o outro carro, mas deduzi que era alugado. Meus olhos se desviaram até a tatuagem em seu pulso e automaticamente ergui minha mão a alcançando.

— Ei! – Protestou. – Não desvie minha atenção.

— A sua está ótima. – Murmurei não dando atenção a sua queixa. – A minha está um pouco mais vermelha do que o normal.

— Está cicatrizando Felicity. – Deu de ombros. – Você tem cuidado dela?

— É minha primeira tatuagem, eu não tenho ideia do que fazer. – Murmurei olhando para o meu pulso. Eu sabia por experiência que Oliver tinha outras tatuagens. – Mas Helena me deu algumas dicas. O que vamos fazer?

— Sobre o quê? – Perguntou-me distraído.

— Com as tatuagens. – Murmurei encarando seu perfil. – Oliver, pelo amor de Deus esconda essa tatuagem quando for falar com sua noiva.

— Eu não sou estúpido, Felicity. – Escutei um protesto vindo de Tommy que havia voltado para sua posição. – Não estarei mostrando a tatuagem ou você até que tenha conversado com ela explicado tudo direito.

— Eu não gosto disso. – Meneei a cabeça voltando a me encostar ao estofado. – Eu estou indo para uma cidade estranha, com um marido estranho e seu amigo tão estranho quanto ele, e não tenho nada ao meu favor. – Revirei meus olhos enquanto finalmente percebia minha situação. - Eu não acredito que sou a outra.

— Na história de Laurel você é a outra. – Tommy murmurou voltando-se para me encarar. – Diante a lei, ela é. – Sorri ao perceber que ao seu modo ele estava tentando me tranquilizar. – Dito isso, vocês dois vão ou não calar a boca?

— Se você quer tanto dormir, vamos trocar de lugar. - Sugeri voltando a ficar impaciente. – Por que eu estou aqui contra a minha vontade e eu não vou calar minha boca, vocês sequer me deixaram trazer Helena!

— Por que ela não é um animal de estimação! – Oliver retrucou. – Vocês ainda teriam que organizar tudo com o trabalho dela, fazer as malas, e arrumar alguém para ficar com a cachorra, já perdi tempo convencendo sua mãe e pior ainda você, eu não ia perder tempo com Helena.

— E ela não gosta de mim. – Tommy murmurou assentindo. – Apenas pessoas que gostam de mim vão entrar nesse carro.

— Mas eu não gosto de você. – Murmurei o encarando fixamente.

— Você me adora. – Riu. – Agora me dê espaço, eu vou aceitar sua sugestão.

— O quê? – Oliver perguntou incrédulo.

— Eu vou para trás. – Tommy falou já tirando seu cinto.

— Você não pode esperar até eu encostar? – Perguntou impaciente.

— Você que está dirigindo e sou eu que percebo que estamos em uma faixa sem acostamento? – Tommy perguntou irônico e já passando seu corpo enorme entre os bancos.

— Se tiver um acidente é por culpa de vocês! – Oliver protestou, segurei meu riso enquanto observava um sorriso enorme ocupar o rosto de Tommy quando finalmente ele sentou ao meu lado.

— Sua vez. – Murmurou fazendo um gesto para que eu avançasse, meneei minha cabeça e me apressei a tomar seu lugar. Quanto mais rápido, menos irritado Oliver ficaria. – Ollie? – Escutei seu chamando atrás de mim.

— Hum? – Oliver perguntou soando distraído.

— Eu posso dizer que o traseiro de sua mulher é incrível? – Perguntou enquanto finalmente eu sentava e ajustava o cinto. Ergui minha cabeça de vez, envergonhada por seu comentário, mas ainda assim o achando um pouco divertido, principalmente por que a resposta de Oliver veio após comprimir os lábios em uma linha reta e encarar Tommy pelo retrovisor.

 - Cale a boca.

— Então, isso é um não? – Tommy perguntou insistente apenas para seguir o irritando.

— Você não ia dormir? – Perguntei notando que ele havia assumido minha posição e estava entre os dois lugares, agora me encarando.

— Eu não tenho culpa, você me despertou. – Deu de ombros.

— Isso soa pervertido. – O censurei.

— Por que foi. – Deu de ombros.

— Tommy. – Oliver sussurrou seu nome em tom ameaçador. – Chega.

— Não seja chato Oliver. – Reclamei. – Estamos trancados nesse carro pelo restante do dia. Deixe-o ter suas brincadeiras.

— Exato! – Tommy assentiu com seu sorriso de garoto encrenqueiro. 

— Você o está incentivando. – Oliver argumentou.

— Por que ele está apenas brincando, e não é como se fossemos casados realmente. – Dei de ombros.

— Mãe, pai... – Tommy murmurou atraindo nossas atenções. – Não vão começar a brigar novamente, vão? – Mesmo Oliver não pode segurar um sorriso como resposta e meneou a cabeça.

— Criança insolente. – Resmungou. – Isso é o que eu ganho ao cair na estrada com vocês dois.

 - As melhores amizades acontecem assim. – Murmurei o surpreendendo.

— Você quer ser minha amiga? – Perguntou descrente.

— Bem, eu não espero receber o convite do casamento, mas acho que somos grandinhos o suficiente para cumprimentarmos um ao outro depois de uma separação.  – Pisquei. – Não vamos ser aqueles casais que não quer nem mesmo ver um ao outro, certo?

— Será que chegaremos a nos ver novamente? – Perguntou soando melancólico.

— Fofo... – Murmurei fingindo-me emocionada. – Já está sentindo minha falta.

— Cale a boca. – Murmuro em tom muito baixo.

— Quem está resmungando agora? – Brinquei. Ele apenas me lançou outro olhar aborrecido e voltou sua atenção para a estrada.

Havíamos saído tão logo amanheceu o dia de hoje, ontem nos dedicamos a confirmar que de fato estávamos casados, dizem que a esperança era a última que morre, no nosso caso a gente estava ressuscitando-a uma e outra vez. Quando ele veio até mim dizendo que eu deveria ir com ele, eu demorei um pouco para parar de rir e perceber que ele havia falado sério. É claro que neguei, como eu vinha negando desde o momento em que ele me convenceu que sua noiva merecia nossa completa honestidade, ele argumentou também que caso ela ainda quisesse se casar com ele, ela seria a maior interessada em nossa separação e que portanto iria querer me conhecer, como nossa advogada. A contra gosto concordei em vir nessa maldita viagem, eu ainda tinha esperanças de que minha mãe negar todo o lance de faltar alguns dias, mas só foi Oliver falar com ela que ela conseguiu me cobrir com uma mudança de turnos.

Agora eu estava na estrada com dois homens que conseguiam ser tão irritantes quanto eram lindos. Oliver conversava pouco e Tommy estava dedicado a fingir que ainda estava em seu quarto de hotel...  Dormindo. Ele acordou apenas quando duas horas mais tarde Oliver decidiu parar para usarmos o banheiro e ele comprar alguma comida para comermos no carro mesmo, eu não estava ciente do quanto estava apertada até o momento em que o carro parou ao lado do posto e cada um se dirigiu ao banheiro. Quando retornei encontrei Tommy encostado ao capô do carro brincando com um baralho em suas mãos. Sorri quando ele disse que havia comprado na loja ao lado, mas que vergonhosamente não sabia jogar. Sentei no capô do carro deslizando até o centro e cruzando as pernas numa típica posição de lotus e disse a ele que o ensinaria. Foi assim que Oliver nos encontrou, seu semblante se enrugando ao me observar em cima do carro.

— Você está em cima do carro. – Murmurou perplexo.

— Eu estou ensinando Tommy a jogar. – Expliquei. - Quando ele voltar a Vegas ele será o rei. – Pisquei para Tommy. – E pare de agir como se o carro fosse seu.

— Você sabe trapacear nas cartas? – Oliver perguntou incrédulo.

— Oliver, eu sou de Vegas, nascida e criada. O que você esperava? – Perguntei com um sorriso. – Eu só não faço fortuna com isso. – Dei de ombros.

— Você também faz strepetease? – Provocou-me.

— Você sabe que sim. – Devolvi a brincadeira. Minha memória voltando apenas brevemente a nossa noite juntos. Pelo seu olhar eu pude notar que ele também o havia feito, um clima constrangedor dominou quando percebemos Tommy encarando de um para o outro com um sorriso arrogante.

— Não parem por mim. – Murmurou. Oliver lhe lançou um olhar impaciente e se afastou para colocar as sacolas que havia trazido dentro do carro, quando voltou novamente eu já estava devolvendo o baralho para Tommy.

— Hora de irmos. – Oliver murmurou estendendo sua mão para me ajudar a descer do carro. Notei vagamente que ele a soltou apenas após abrir a porta traseira para mim e a pousou em minhas costas antes de eu me inclinar e entrar. Eu percebi rapidamente que Oliver era um homem de toques. Toques pequenos e rápidos, que eu acho ele sequer percebia. - Não vamos parar para a noite. – Anunciou quando assumiu novamente o volante fazendo com que um olhar perplexo repousasse no rosto de Tommy.

— Você está brincando, certo? – Perguntou parecendo querer argumentar. – Ollie...

— Estamos indo contra o tempo aqui, estou correndo para parar meu próprio casamento. – Lembrou. - Durma o quanto queira por agora, porque você vai dirigir pela noite.

— Eu não gosto de dirigir a noite. – Tommy protestou.

— Nem eu. – Deu de ombros. – Mas você comprou um carro.

— Por que você me levou a uma feira de carros! – Argumentou. – Você me conhece... Eu amo esses bebês.

— Eu posso dirigir. – Murmurei tentando parar a briga idiota.

— Não!  - Ambos soltaram fazendo com que me encolhesse.

— Você vai dormir. – Oliver falou em tom mais brando. – Assim como eu.

— Isso. - Tommy concordou. – Em algum hotel de estrada. – Completou arrancando um suspiro irritado. – Não venha com isso, você fez merda, eu entendo, mas pararmos algumas horas para dormir não vai alterar tanto o cronograma, você ainda chegará amanhã, apenas chegará à noite, e o casamento continuará sendo daqui a dois dias.

— Eu me preocupo que com minha sorte algo aconteça que faça com essa viagem dure muito mais. – Oliver confessou.

— Não vai. – Murmurei chamando sua atenção. Abri uma das sacolas e peguei um pacote de salgado. – Veja bem Oliver, tudo de errado que era para acontecer, já aconteceu. – Ofereci meu salgadinho a ele, ele soltou uma mão do volante para aceitar. – Tenha fé.

— Você também quer parar? – Perguntou-me sério.

— Serão longas horas na estrada. – Dei de ombros. – Eu gostaria de um banho.

— Ok. – Concordou. – Vamos parar.

— Sério? – Tommy murmurou aborrecido. – Oliver, eu me pergunto se você me escutaria mais se eu fosse loira e com seios.

— Você me assustaria se você fosse loira e com seios. – Brincou.

— Eu acho que ele ficaria uma gracinha. – Sorri.

— Todos nós sabemos que eu seria lindo de qualquer jeito. – Tommy deu de ombros com seu ar graciosamente arrogante. Ele girou seu corpo parcialmente me encarando. – Por que você não me ofereceu nada?

— Hum? – Perguntei com dúvida.

— O que mais tem nessa sacola? –Perguntou me encarando. – Por culpa de Ollie eu ainda não comi nada.

— Ok. – Murmurei entregando meu pacote a ele e voltando minha atenção ara o restante das sacolas. – Temos salgados, M&M, refrigerante, biscoitos e nada, absolutamente nada saudável. – Falei em tom repreensivo.

— Você realmente esperava que eu conseguisse algo saudável em uma loja de conveniência de um posto? – Indagou sem paciência.

— Pelo menos você trouxe água. – Sorri ironicamente, recebendo outro de seus olhares rabugentos pelo retrovisor.

— Você quer voltar para aqui para continuarem brigando? – Tommy perguntou de seu assento ao lado de Oliver.

— Não ousem repetir aquilo novamente. – Oliver o impediu segurando seu braço.

— Por que não? – Tommy perguntou. Notei um pequeno sorriso de canto em seu rosto, como se ele já soubesse a resposta, mas ainda assim queria provoca-lo até que Oliver dissesse.

— Você só quer uma desculpa para olhar para a bunda dela novamente. – Oliver murmurou impassível.

— Eu sei que estou dividindo o carro com dois caras, e que eu tenho que esperar um pouco de conversa sem filtro... – Comecei. – Mas eu realmente ficaria feliz se vocês não voltassem a citar minha bunda ou meus seios.

— Desculpe. – Murmuraram juntos.

— Quando será a próxima parada? – Perguntei apenas por curiosidade.

— Para almoçarmos. – Respondeu sucinto. – Será um pouco mais tarde e rápido. – Alertou-me.

— Ok. – Concordei.

— Tommy segure seu protesto. – Oliver pediu antes mesmo que o amigo abrisse a boca. Tommy era um idiota adorável, eu tinha muita certeza que maioria de suas reclamações eram feitas apenas para irritar o melhor amigo.

Como seria essa viagem se Helena estivesse aqui? Perguntei-me ainda que já soubesse a resposta. Seria um caos. Por que ela tomaria qualquer oportunidade para brigar com Tommy e provocar a Oliver e a mim. Mas imagino que seria muito divertida. Percebi que eu estava me apegando aos rapazes e fiquei um pouco entristecida com isso, por que apesar do que eu disse eu duvidava que voltaria a vê-los, eu era uma garçonete em um rico hotel em Las Vegas, a única forma de vê-los novamente seriam eles indo para lá, e eu duvido que a noiva de Oliver que provavelmente seria sua esposa em breve, se hospedaria no mesmo hotel em que trabalhasse.

A situação em que eu me encontrava era sem dúvida nenhuma difícil e estranha. Um dia eu era a mesma Felicity solteira de sempre, sem namorado, sem qualquer interesse amoroso por perto e no dia seguinte passo a estar casada não só com um completo desconhecido, como esse cara era praticamente casado. O pior de tudo? Apesar da minha raiva inicial, Oliver parecia o tipo de cara em que eu estaria interessada, eu me sinto fortemente atraída por ele, e mesmo casada com ele, eu não posso sequer lhe lançar um olhar interessado, quanto mais toca-lo. Era nessas horas que eu queria encarar o céu e perguntar:

Que merda eu fiz? De que criança eu roubei um doce e saí correndo?

— Você tem estado muito quieta. – Tommy murmurou ao meu lado. Já havíamos almoçado. Oliver estava abastecendo o carro, eu e Tommy nos sentamos em um banco rústico do lado do fora do restaurante. O lugar tinha seu charme, era encantador.

— Só estou pensando um pouco. – Murmurei distraída.

— Na grande confusão em que você se meteu? – Tommy perguntou encarando-me com o semblante suave. Não respondi sua pergunta, por que a resposta era clara, ele também não esperou por uma. – Você é uma garota legal.

— Obrigada. – Murmurei estranhando a necessidade dele de falar isso.

— Eu só quero que você saiba que você não é apenas a burrada de Oliver. – Murmurou respondendo minha pergunta não feita. – Foi uma burrada.  – Assentiu. - Por que aconteceu agora, caso contrário essa teria sido a melhor decisão que ele tomou em muito tempo.

— Isso foi doce. – Sorri.

— Eu sou um doce. – Piscou. Meneei a cabeça admirada com seu jeito tranquilo e engraçado. Tommy era uma ótima pessoa, daquelas que você deseja manter por perto, por que só em estar em sua presença faz com que você se sinta bem.

— Estão prontos? – Oliver perguntou agitado. Suspirei sabendo a origem de sua agitação. Lancei um olhar para Tommy que encarava o amigo com um olhar semelhante ao meu. Decidida me ergui e voltei minha atenção para Tommy.

— Fique aqui por um momento. – Ele assentiu com um sorriso, como se já soubesse o que eu iria fazer.

— O que está acontecendo? – Oliver perguntou quando enganchei meu braço no seu e o forcei a andar comigo.

— Estamos andando. – Respondi simplesmente.

— Por quê? – Perguntou confuso. – Nós precisamos...

— Entrar no carro e correr em direção à maravilhosa Laurel. – Completei. – Eu entendi.

— Felicity...

— Mas você precisa relaxar. – O interrompi. – E é isso que estamos fazendo. Você pode tirar alguns minutos para esticar as pernas. Você esteve dirigindo desde as 5:00 horas da manhã e paramos apenas uma vez antes de agora. Desceu direto para o restaurante e já está saindo às pressas. Respire um pouco. Relaxe.

— Eu...

— Por favor. – Pedi. – Só mais alguns minutos. – Ele encarou-me longamente antes de assentir concordando. Afastei-me lhe dando espaço, mas ele me surpreendeu a prender minha mão na sua e não solta-la, encarei nossas mãos unidas e resolvi não fazer um grande negócio disso, continuamos andando assim. – Posso lhe fazer uma pergunta?

— Não será nada constrangedor? – Brincou.

— Quem é Oliver Queen? – Perguntei sincera.

— Você não me pesquisou no Google? – Perguntou com um sorriso pequeno.

— Deveria? – Retruquei curiosa.

— Minha família é bastante rica. – Respondeu. – Temos um vasto império, meu pai é dono de uma...

— Eu não estou interessada em sua família, ou quanto rico você é. – O cortei. – Eu quero saber sobre você.

— Bem, eu acho que minha família e quão rico sou foi o que formou o que sou hoje. – Respondeu dando de ombros.

— Eu não gosto de pensar que você foi moldado por seu dinheiro. – Confessei.

— Não se trata disso. – Corrigiu-se. – Apenas é que... Eu sempre fiz o que foi esperado de mim, o próximo passo? Torna-me o CEO da QC. Eu entrei na faculdade voltado para isso, é esperado que eu me case, tenha uma família, seja um homem responsável que irá se tornar a imagem da empresa. Laurel sempre foi à escolha perfeita, nos conhecemos desde muito novos, e sempre foi esperado que nos envolvêssemos. Sempre fpi esperado que no final nos casássemos. Nossas famílias são próximas, é só que... Sempre foi o natural, entende?

— Isso é triste. – Murmurei antes que pudesse perceber o que havia dito. – Desculpe.

— Por que você acha isso? – Perguntou parando e virando-me para ficar em sua frente. Seu tom era defensivo quando passou a falar. – Eu amo Laurel.

— Eu sei. – Assenti. – Desculpe, é só que...

— O quê? – Perguntou soando ríspido.  – Se tem algo dizer, apenas diga.

— Parece que você foi treinado para ama-la. – Dei de ombros. – Você fala que foi natural, mas soa como se tudo foi encaminhado para acontecer. Eu não sei ao certo se eu saberia viver dessa forma, sempre agindo de acordo com as expectativas de alguém, fazendo o que é esperado.

— Bem, pela primeira vez eu agi de forma inesperada e veja no que deu? – Murmurou desviando seus olhos dos meus, sua mão que antes parecia tão confortável envolvendo a minha, agora parecia fria, afastei a minha e dei um passo para trás.

— Eu não devia ter falado nada. – Murmurei olhando para o lado. – Desculpe.

— Felicity. – Seu tom agora era suave, e parecia arrependido. Forcei meus olhos encontrarem os seus e encarei surpresa sua mão encontrar meu rosto. – Eu que deveria pedir desculpas. Eu fui rude, eu só não gostei do que você falou por que pareceu ser verdade, e eu não gostei. Desculpe.

— Tudo bem. – Assenti. – Acho que agora podemos voltar para o carro. – Sorri tentando aliviar o clima, sua mão caiu e ele assentiu concordando. – Eu posso dirigir? – Perguntei tentando preencher o silêncio da volta.  Ele me encarou por alguns segundos parecendo que negaria, mas soltou um suspiro antes de colocar a mão no bolso e puxar a chave do carro e me entregar. Abri um sorriso enorme quando senti o peso da chave em minha mão.

— Não me faça me arrepender. – Sorriu.

— Você realmente precisa parar de agir como esse fosse seu carro. – Brinquei antes de dar um passo até ele e pegar os óculos escuros que estava pendurando na gola V de sua camisa. Diante seu olhar perplexo os coloquei em mim e sorri. – Você precisa relaxar, Oliver.

— Segundo sua mãe, você também. – Sorriu.

— Você falou com minha mãe?! – Perguntei perplexa e com certo aborrecimento.

— Oh, sim. – Assentiu, seu sorriso se tornando cada vez maior. – Ela me deu alguns conselhos muito bons.

— Eu não quero ouvir mais nada. – Frisei. Sua risada como resposta me fez por um momento esquecer minha postura irritadiça, o som da risada de Oliver poderia ser algo em que eu me viciaria.

— Ela é ótima. – Argumentou. – Você não gostaria de conhecer minha mãe.

— Vou confiar em você. – Falei parando em frente ao carro. Nenhum sinal de Tommy.

— Eu escutei uma risada? – Tommy perguntou surgindo do outro lado do carro de repente. Tropecei em meus pés quando me assustei com sua presença, a única coisa que me impediu de cair foi o corpo forte de Oliver atrás de mim. Ele devia estar agachado quando chegamos, mas por que diabos?

— Tommy! Mas que inferno... – Oliver perguntou segurando meu braço.

— Eu estava checando se nenhum pivete estourou os pneus. – Deu de ombros. – Eu não quis assustar sua garota.

 - Na próxima vez espere a gente chegar. – Oliver murmurou aborrecido.

— Você vai dirigir? – Tommy perguntou olhando para minha mão.

 - Se não te incomodar. – Falei rapidamente.

— Não seja boba Felicity. – Sorriu. – Esse carro vai entrar para minha coleção. Contar que você dirigiu ele vai aumentar o valor sentimental.

— Você realmente é um doce. – Falei. – Mas Tommy, tente não sair dizendo por aí que tem uma coleção de carro. – Falei antes de entrar no carro. Apenas quando entrei e ajustei tudo para o meu conforto foi que encontrei seu olhar confuso através do espelho. – É meio irritante conhecer alguém que coleciona carros, enquanto você mal consegue colecionar livros.

— Você sabe que agora é tão rica quanto eu? – Perguntou fazendo com que eu quase vacilasse ao sair.

— Vá com calma Felicity. – Oliver murmurou ao meu lado. – Esse carro é sensível, o mais leve toque e ele...  – Sua instrução foi interrompida quando finalmente saí com um solavanco. – Meu Deus, você vai nos matar!

— Eu não sou rica. – Murmurei voltando a nossa conversa.  –Eu sou uma garçonete. Eu mal pago meu aluguel.

— Você é casada com Oliver. – Tommy murmurou. – Isso faz de você muito rica.

— Sim, mas não é como se fosse de verdade. – Argumentei.

 - Vocês se casaram de verdade e vão se separar de verdade. – Sua voz soou entediada. – O que significa que você tem direitos “de verdade”. Duvido que durante o casamento de meia hora de vocês, vocês se preocuparam em fazer um acordo pré-nupcial.

— Tommy. – Oliver murmurou chamando a atenção de seu amigo. Aborrecimento dominando sua expressão. – Pare de tentar fazer com que ela tome meu dinheiro.

— Eu não quero seu dinheiro. – Murmurei o olhando de esguelha. – Você e Laurel assinaram um desses?

— Oh, sim. – Veio à resposta de Tommy. – Tão grande, tão grande que caíram no sono antes de terminarem de ler.

— Tommy! – Oliver murmurou chamando sua atenção.

— Ela vai me odiar. – Ri. Não era engraçado, nem um pouco, mas eu estava começando a ficar nervosa, então eu estava rindo. – Ela vai querer me matar.

— Por que você acha isso? – Oliver perguntou-me. – E por que é tão engraçado?

— Oliver, você jogou toda sua cautela fora quando se casou comigo. – Murmurei balançando minha cabeça, eu estava surpresa. – Eu pensei que você fosse um irresponsável, um playboy, mas você não é. Eu acho que a noite em que nos conhecemos pela primeira vez você foi espontâneo. Ela vai me odiar, por que eu sou uma lembrança disso, eu sei que estávamos bêbados, mas você depositou mais confiança em mim, que era uma completa estranha, do que na sua noiva perfeita.

— Não foi a primeira vez que fui espontâneo. – Negou.

— Eu posso apostar isso. – Murmurei sem dar para trás.

— Por quê? – Questionou-me incerto.

— Por que foi minha primeira vez também. – Confessei. Desviei meus olhos da estrada para encara-lo apenas brevemente. Ele deveria estar negando, argumentando a favor de sua noiva e dizendo que confiava nela, eu era vagamente ciente que era isso que ele devia estar fazendo, mas ao contrário do que se era esperado ele apenas sorriu. Como se gostasse do fato de que ele foi meu primeiro ato espontâneo.

Desviei meus olhos quando percebi o que estava acontecendo e me assustei com a mera ideia. De jeito nenhum que eu estava fazendo isso, não era certo e eu só estaria caminhando para me machucar, principalmente diante do fato do propósito da nossa viagem, mas contrariando tudo o que eu esperava de mim mesma eu percebi que estava cometendo a maior estupidez da minha vida.

Eu percebi que eu estava me apaixonando pelo meu marido.


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Notas finais do capítulo

Então, não sei se foi um capítulo digno de tanta espera, mas espero que tenham gostado, estpu aqui como sempre aguardando o feedback de vocês... Xoxo, LelahBallu.