Nico estava confiante, com sua habilidade de se orientar no subterrâneo, a habilidade de Cecil de encontrar o caminho certo, Lou que absorvia com o cajado a Névoa que escondia as armadilhas e Will iluminando o caminho, eles não tinham a menor chance de se perderem no labirinto. Eles estavam andando por três horas, nas quais Nico não conseguia deixar de pensar no filho de Apolo, e como as coisas pareciam estar ficando intensas entre eles, ele não sabia como reagir a isto, não sabia nem mesmo se queria isto, ele tinha superado seus sentimentos em relação á Percy, mas agora ele estava completamente confuso com seus sentimentos em relação a Will.

– Pelo Hades, pulei da frigideira para o fogo – Disse ele.

– Hã? Fogo? Aonde? – Perguntou Cecil.

– Hã, em lugar nenhum, eu só estava pensando alto – Disse Nico.

Will o observou intensamente, mas não disse nada, e Nico não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Eles continuaram andando até chegarem a uma sala ampla, com pé direito de dez metros e um trono de pedra no meio.

– Onde estamos? – Perguntou Lou.

– Minha experiência com o Labirinto me diz que chegamos ao nosso desafio, você não pode passar pelo labirinto sem passar por um desafio, e o desafio geralmente é perto do local que você quer chegar, mas não vejo nada – Explicou Nico.

Bem nessa hora, uma mulher se materializou no trono, tinha uma postura regia e olhos verdes frios, o cabelo vermelho escuro estava trançado em um cone, como uma torre, ela usava uma luxuosa túnica dourada, e tinha um pingente de labirinto pendurado no pescoço por um cordão feito de pequenos rubis.

– Pasiphae – Disse Nico, reconhecendo a feiticeira pela descrição que Hazel deu – O que você quer?

– O que eu quero? – Disse a feiticeira rindo- Além da morte de todos os semideuses e deuses desgraçados? Não muita coisa.

Ela riu novamente e ergueu a mão recitando um feitiço, a Névoa se levantou, e começou a girar ao redor deles, mas Lou levantou o cajado e começou a absorvê-la, interrompendo o feitiço, Pasiphae não se entimidou e começou outro feitiço, dessa vez sessões do piso começaram a se levantar, e num piscar de olhos, separam os semideuses, até Pasiphae e Lou ficarem sozinhas.

– Solte meus amigos agora mesmo ou vai se arrepender – Disse Lou, mas com o nervosismo sua ameaça saiu patética.

– Soltar? Mas estamos nos divertindo tanto, veja – Pasiphae gesticulou, tornando as paredes invisíveis, e Lou viu seus amigos sendo atormentados por ilusões que deviam simbolizar seus medos, Cecil era perseguido por cães dracanae completamente desarmado, Will estava em um campo cheio de seus amigos mortalmente feridos e não conseguia curar todos, e Nico estava preso em um jarro, com o rosto tomado de desespero.Lou sabia que tinha que derrotar Pasiphae antes que os amigos sucumbissem. Mas antes que ela pudesse fazer algo, a feiticeira convocou um monstro, tinha corpo de homem, mas as pernas tinham cascos, seus dois metros de altura pareciam ainda maiores considerando sua cabeça de touro, o minotauro era ainda mais assustador no escuro de um labirinto, mas Lou não tinha tempo a perder, ela conjurou um feitiço no cajado e prendeu-o ao chão, para que continuasse absorvendo a Névoa e ela não fosse enganada, e o minotauro investiu enquanto Pasiphae ria. Anos de treinamento mantiveram Lou viva, ela conjurou varias ilusões dela mesma, para confundir o minotauro enquanto pensava em um plano.

– Nada disso filha de Hécate – Disse Pasiphae com um sorriso cruel, dissipando as ilusões – Nada de trapacear.

Lou estava ficando sem tempo e energia,quando ela teve uma idéia, ela nunca tinha tentado viajar pela Névoa sem a ajuda de um portal, mas ela não tinha outra chance então ela se concentrou e desapareceu numa nuvem branca, segundos antes do minotauro pisotear ela. A garota apareceu atrás de Pasiphae e empurrou-a do trono, a fazendoela cair de cara no chão enquanto Lou criava uma ilusão em cima da feiticeira.

– Vou acabar com você! – Disse Pasiphae conjurando um raio de energia que acertou Lou em cheio, quase fazendo á desmaiar, mas a ilusão estava completa, e agora para o minotauro, Lou parecia Pasiphae e Pasiphae parecia Lou, algo péssimo para a feiticeira, pois ela estava tão perto do monstro que ele a estrangulou antes que ela pudesse conjurar qualquer feitiço. Com a feiticeira morta, as ilusões sumiram e as sessões que separavam Lou de seus amigos voltaram ao chão. O minotauro olhou para a falsa Pasiphae, esperando ordens, e com essa distração Nico enfiou a espada de ferro estigio nele, dissolvendo o monstro numa poça de sombras. Nico tropeçou, exausto pelo choque mental, e Lou também, pelo cansaço de fazer tanta magia, os quatro descansaram por alguns minutos, até que Will deu um pedaço de ambrosia para cada um passou a mão sobre o ombro de Lou, onde ela tinha sido acertada pelo raio de energia, o ferimento curou em dois minutos.

– Você foi incrível Lou – Disse Cecil abraçando e dando um beijo na bochecha dela – Hã, desculpe.

– Tudo bem – Disse ela corando.

– Vamos pombinhos – Disse Will sorrindo – Nosso acampamento espera.

Eles saíram da sala e andaram por míseros três minutos até avistar a passagem que levava ao Acampamento Meio- Sangue, eles tentaram subir, mas uma barreira invisível os impedia.

– Aloou, tem alguém ai? – Perguntou Cecil.

Seis cabeças se debruçaram sobre o buraco, eram Annabeth, Grover e quatro campistas do chalé de Hécate. Os campistas ficaram animados de ver eles, e já iam desativar a barreira mágica quando Annabeth os impediu.

– Esperem um segundo – Disse ela para os campistas – Grover, são eles mesmo? Não seria a primeira vez que os titãs tentam enganar a gente.

Grover farejou o ar, sentiu cheiro das bombinhas e de corrida, de magia e Névoa, de luz e pomada curativa, de sombras e de poder.

– É, são eles, podem desativar a barreira – Disse Grover. Os campistas a desativaram com um POP, e ajudaram eles a subir, para logo ativarem a barreira novamente. Os campistas os cumprimentaram e parabenizaram Lou, indo espalhar pelo acampamento que eles voltaram. Annabeth os bombardeou com umas perguntas depois de parabenizá-los pela vitoria, e quando se deu por satisfeita, apertou a mão de Will e depois de Nico e foi embora, Cecil e Lou também se despediram e foram em direção aos seus chalés, deixando Will e Nico sozinhos.

– Então, acho que vou para o meu chalé também – Disse Nico, sem jeito.

– Espere Nico, sabe no labirinto Pasiphae mostrou nossos medos, ela me lembrou que tenho muito medo de perder as pessoas que eu considero, e este medo estava me fazendo ser cauteloso com você, com a forma que eu ajo e falo perto de você, mas agora eu vou arriscar – Disse Will, puxando Nico pelo pulso e agarrando sua cintura, ele aproximou os lábios lentamente de um Nico paralisado, e lentamente o beijou, a principio Nico não sabia como reagir ou o que fazer, mas depois ele devolveu o beijo, quase reclamando quando parou.

– Então, tudo bem eu te beijar? – Perguntou Will, sem fôlego e com um sorriso cauteloso.

– Eu...Eu....acho que sim? – Disse o filho de Hades enrubescido, ao que Will deu outro beijo nele, e naquele momento,Will sentiu como se ele finalmente tivesse alcançado Nico, que nunca se sentiu tão feliz quanto naquele momento.