Quando As Almas Falam escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoas! *u*
Uma nova oneshot para vocês! Espero que gostem!
Quero dedicar essa fic á todos os leitores que me acompanham!
Lembrando que o texto é de minha autoria e plágio é crime. Se copiar, dê os créditos.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631412/chapter/1

O tempo do lado de fora da janela estava cinza e triste.

E parecia refletir o como eu me sentia agora.

A notícia do envenenamento dele me atingira feito uma bigorna, jogando um balde de água fria em qualquer oposição que eu ainda tivesse contra sua presença.

As últimas semanas haviam sido as piores de minha vida.

Eu nunca imaginara que algo que Rony fizesse podia me ferir de modo tão profundo. E ainda não conseguia entender o que estava acontecendo comigo.

O garoto tinha o direito de gostar e namorar quem quisesse. Quem era eu para ficar afrontada com a escolha dele? Apenas uma garota qualquer...

E eu não era ela.

Não havia motivo para que eu me magoasse. Afinal, quem iria escolher a mim?

Não podia discutir diante daquilo, sendo que ninguém nunca me quisera. Krum devia ter posto os pés pelas mãos, achando que gostava de mim. E McLaggen havia sido uma mera – e fracassada – forma de tentar extravasar minha raiva.

Podia julgar aquela garota por ter tido a sorte que eu nunca tive?

Mas, por mais que eu soubesse o quanto era irracional e desnecessário, cada toque dela nele me irritava. Cada toque dele nela me magoava.

E vê-lo tão animado parecia rasgar meu coração ao meio.

Eu tinha que admitir que sabia o que aquilo representava para ele. Alguém dava á Rony toda a atenção que a família nunca lhe dera.

Mas Lilá Brown não era a única que lhe dava atenção.

Então por quê? Se era só de atenção que ele precisava... por que não poderia ser eu? Ou outra garota qualquer?

Por que eu via aquela criatura patética agarrada ao braço dele, e sabia que não era ela que o acompanhava desde sempre. Não fora ela que presenciara a vitória dele no xadrez de bruxo gigante, ou que ajudara-o nas lições de casa, ou mesmo treinado feitiços defensivos com Rony na Armada de Dumbledore.

Ela estava fazendo parte da vida dele... e eu parecia estar saindo cada vez mais dela.

Uma lágrima teimosa escorreu de meu olho.

Disfarcei, aproveitando que todos os reunidos na Ala Hospitalar estavam distraídos conversando, e limpei-a com a manga do suéter.

Enquanto Dumbledore falava com Harry, debatendo sobre o envenenamento, mantive apenas metade da minha atenção na conversa.

A outra metade virou-se para a figura adormecida ao meu lado.

Eu nunca havia percebido o como - embora os anos tivessem se passado - o rosto de Rony ainda tinha os mesmos trejeitos de garoto que eu conhecera no primeiro ano. Parecia uma criança dormindo, os cabelos ruivos bagunçados, espalhados no travesseiro, e as sobrancelhas franzidas de quem não estava tendo um sono tranqüilo.

Eu me odiava por sentir tanta pena com sua situação, quando tudo que eu queria era continuar zangada com ele.

Mas saber que alguém quase o envenenara – quase o matara – parecia apunhalar meu peito.

E parecia também ter esvaído toda a raiva que eu acumulara nos últimos dias.

Eu não sabia quem fizera aquilo. Ou por que – embora a teoria que Dumbledore estivesse falando no momento, de um erro de “alvo” pelo criminoso, fizesse todo o sentido. Mas eu sabia que, se descobrisse quem era, ia fazer uma exibição excelente do que eu aprendera sobre Maldições Imperdoáveis.

Porém, minha atenção foi desviada quando ouvi passos apressados adentrando na enfermaria.

Quando vi a tiara florida, senti meus dentes cerrarem.

Que ótimo. Era Lilá.

- Onde está meu Uon-Uon? Ele está bem? Ele perguntou de mim?

Respirei fundo, reprimindo a vontade de xingá-la. O garoto estava desacordado, se recuperando de um envenenamento, e a única coisa que ela queria saber é se Rony tinha falado dela?

A futilidade de Lilá me enojava.

Fingi que não tinha escutado, e voltei a me virar para Rony.

- O que ela está fazendo aqui? – ouvi-a perguntar, petulante.

Ah, não. Com essa eu não agüentei.

Ergui-me, fuzilando-a com os olhos.

- Eu faço a mesma pergunta – falei sem pensar, irritada.

Lilá se aproximou, e, enquanto isso, vi todos, até mesmo Harry – que já mordera o lábio com cara de quem não queria assistir o banho de sangue – nos encararem, surpresos.

- Acontece que eu sou a namorada dele.

A frase pareceu deixar minhas já dilatadas veias ainda mais contraídas.

- E acontece que sou a... – hesitei, sentindo meu peito murchar – amiga... dele.

Não precisava que aquela vagabunda me esfregasse aquilo na cara. Não ia discutir aquilo.

Mas ela se colocar em direito maior do que eu de estar ali foi a gota d’água.

- Não me faça rir! – Lilá exclamou – vocês não se falam á semanas. E você só está aqui por que de repente ele ficou interessante!

Arfei, indignada.

- Ele foi envenenado, sua imbecil! – me boquiabri, fechando as mãos em punho, e, para meu choque, acrescentei – e saiba que eu sempre o achei interessante!

Tive certeza que até Slughorn percebeu o quanto eu corei, apesar da leve escuridão ao lado da cama.

Vi, por trás de Harry, Gina dar um sorrisinho convencido.

Eu ia matar Gina. Mas só depois que eu matasse aquele projeto de sociopata.

Pisquei, surpreendida, quando ouvi Rony ofegar baixinho na cama ao meu lado.

Decidida á não continuar dando atenção á Lilá, me virei em sua direção.

- Está vendo? – Lilá falou, triunfante – ele sente minha presença! – enrijeci quando ela se aproximou, debruçando-se sobre ele – não se preocupe, Uon-Uon. Eu estou aqui. Eu estou aqui...

Rony começou a se remexer suavemente no colchão, parecendo levemente aflito.

Senti vontade de ir embora. Não precisava ouvir a conversa dos dois quando Rony acordasse.

No entanto, algo me fez congelar onde estava.

Ele gemeu outra vez, de modo ininteligível.

Mas a segunda vez foi mais clara.

- Her... ne. Her... mi... o... ne...

Meus olhos se arregalaram. Senti minha boca despencar.

- Hermione...

Meu nome. Rony estava chamando meu nome.

Naquele momento, rezei aos céus para que ninguém percebesse o que estava acontecendo comigo. Pois senti minha cabeça girar, meu coração disparar e o sangue rugir em meus ouvidos.

Não conseguia acreditar no que havia ouvido.

Voltando a sentar, só pude, com o choque ainda varrendo meu corpo, tomar minhas mãos na dele.

Era impossível que ninguém mais estivesse ouvindo o som estrondoso que latejava dentro de mim.

Era como uma criatura havia estado hibernada... e que, agora, finalmente acordara.

Para minha maior perplexidade, jurei ter sentido, em minha palma, um quase imperceptível, mas indiscutivelmente reativo, aperto em minha mão.

Ergui o olhar, sentindo uma satisfação quase maldosa em ver o rosto de Lilá murchar.

“Parece que alguém não é mais o centro do Universo agora”, pensei, vitoriosa.

Ela me encarou, o rosto tão destoado que parecia sofrer um sério risco de desmaiar.

Ainda atordoada, só assisti Lilá disparar correndo enfermaria afora, chorando alto.

Balancei a cabeça, com o coração ainda batendo forte.

Uma fagulha de esperança me invadiu.

Por que meu nome?

Por que eu, no meio de tudo aquilo?

Resolvi acreditar, pois mais que fosse insano, que Rony, mesmo inconsciente, não esteve tão alienado ao que ocorrera ali...

As emoções circulavam em espiral dentro de mim. Eu mal sabia reagir direito ao que acabara de acontecer.

Olhei de esguelha para Dumbledore, que, para meu choque, exibia um sorriso reprimido.

Até tu, Brutus?

- Ah... ser jovem... e sofrer as dores do amor – ele suspirou – bom, melhor irmos agora. O Sr. Weasley está sendo bem cuidado.

Ele me deu uma piscadela por trás dos oclinhos de meia-lua, o que me deixou ainda mais desconcertada.

Todos começaram a se retirar do recinto, exceto Harry, que se aproximou da cama, juntamente com a curandeira.

Gina foi vagabunda o suficiente para achar que eu não a ouvi cochichar para Harry.

- Já era sem tempo... não acha?

E Harry foi descarado o suficiente para assentir. Ou o pobre coitado estava atordoado demais com minha amiga para esboçar qualquer reação coerente.

- Obrigado – ele agradeceu Madame Pomfrey, sem prestar realmente atenção ao que dizia. Estava ocupado demais vendo Gina sair da Ala Hospitalar com os outros.

Apertei delicadamente a mão de Rony.

E revirei os olhos quando Harry me lançou ma expressão muito parecida com a de Gina, ignorando o leve rubor que subiu em minhas bochechas.

- Ah, fique quieto.

Ele sorriu, balançando a cabeça e se levantando para sair também.

O que eu mais odiava em Harry Potter era a facilidade com que ele descobria o que se passava por minha cabeça.

Suspirei, me empertigando, e voltando minha atenção para o garoto adormecido diante de mim.

Rony se remexeu mais uma vez no travesseiro, sonolento.

Talvez, naquele momento, eu finalmente percebi o que vinha me incomodando durante as últimas semanas. O que havia me corroído por dentro.

Assim como me corroera no quarto ano, quando ele não me convidara ao Baile de Inverno.
Assim como me desintegrara quando Lilá o agarrara no fim do jogo de quadribol.

Agora, pela primeira vez, eu via com clareza por que tudo nele me afetava mais do que outra pessoa.

Por que, afinal, Rony me desequilibrava em todos os sentidos possíveis.

Por que eu sentia um alívio imenso agora.

Mas aquele era um segredo que eu guardaria por muito tempo ainda.

Embora, desde então, tudo que minha alma faria dali em diante seria gritar e dizer ao mundo o que eu sentia, embora nunca houvesse alguém para ouvir.

E minha tola, ardente e maravilhosa esperança, era a de que aquele suspiro, que desencadeara tudo aquilo, tivesse sido a exclamação interior do garoto cuja mão eu segurava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? Gostaram?
Faz tempo que eu não posto oneshots. De repente, perdi o jeito :P
Beijos de alcaçuz e até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando As Almas Falam" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.