BLOODLINE escrita por Meewy Wu


Capítulo 9
Ano II Capítulo II




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—Vocês já viram frutas como estas? – perguntou Scorpius para ninguém em especial, passando por uma grande árvore de frutas verdes escuras com espinhos vermelhos brilhantes.

—Scorpius, não toque em nada – Calisto pediu, antes de se virar para o irmão que já tinha uma fruta em cada mão.

—Tarde demais – Carter riu, enquanto ela marchava em direção ao irmão – Está tudo bem, não são venenosas.

—Isso não é engraçado – Rose suspirou, limpando a testa suada e olhando para o grupo – Vamos demorar ainda mais se algum de nós acabar passando mal.

—Pelo menos alguém aqui tem bom senso – suspirou Calisto, olhando em volta – Já estamos andando por quase uma hora, é impossível encontrar isso!

—Nós devemos estar perto, já vi estas plantas antes na floresta – Carter ergueu a folha de modo que a luz da lua ajudasse-o a ler.

—Lumus – Rose murmurou, aproximando a varinha da folha.

—Eu sou o único que acha injusto que Evanna e Albus estejam junto com o professor? – Scorpius se encostou em uma árvore, erguendo uma sobrancelha. Calisto o puxou.

—Não. Encoste. Em. Nada. – ela o encarou com raiva, antes de se voltar para Carter – Quão bem você conhece esta floresta?

—Você é a melhor aluna do segundo ano, se quiser pode ir procurar sozinha – falou ele, analisando os arredores.

—Na verdade, eu sou o melhor aluno do terceiro ano – Scorpius corrigiu, muito calmamente, enquanto Rose fazia um som engasgado. Ele se virou para ela – Ah, desculpe... Não é tão ruim o terceiro lugar, certo? Imagino que talvez um pouco escuro... Um pouco frio...

—Se levarmos em consideração que estamos todos em uma floresta escura e fria... – Rose resmungou, e ele deu os ombros enquanto Carter e Calisto se encaravam aliviados – O que vocês...

—Uma floresta escura e fria – falou Carter, muito lentamente – Procurando por frutas que brilham no escuro.

—Frutas azuis com pontas rosas brilhando no escuro – Calisto falou, igualmente devagar – Bem poderiam parecer frutas verdes com espinhos vermelhos.

—Como estas? – Com a mão enluvada, Scorpius jogou uma das frutas para Calisto, que em reflexo segurou com as duas mãos deixando que os espinhos lhe espetassem.

—Scorpius! – ela o repreendeu, e então a fruta caiu de suas mãos, os dedos roxos e inchados – Scorpius... – ela repetiu, sem olhar para ele.

—Isso não deveria ter acontecido – ele falou, boquiaberto;

—Na verdade, é justamente o que deveria ter acontecido – Carter falou, erguendo a lista.

— Mas você não teria como saber já que não leu a folha de orientações. – Rose apontou, olhando para os dedos de Calisto – Eu vou levar ela para a enfermaria.

—Tentem voltar vivos – Calisto grunhiu, olhando com raiva para Scorpius – Eu pretendo matar você pessoalmente.

—Melhoras – ele acenou, enquanto as duas se aproximavam, e então olhou para Carter – Elas estão mesmo irritadas, não?

—Imagino que procurar plantar na floresta no meio da noite não seja a ideia delas de diversão – ele deu os ombros, enquanto seguiam andando – Nem a minha, na verdade, mas não me importo com isso.

—Com tanto a se fazer em hogwarts, por que perder tempo na floresta? – Scorpius perguntou, confuso. Ele adoraria estar passando aquela horas com uma pilha de livros em frente a uma lareira na biblioteca.

—A floresta ensina mais do que aulas e livros, sabe? – Carter fez sinal para que ele ficasse em silêncio, enquanto uma família de animais parecidos com patos passava por eles – Não gostam de barulho.

—Como eles vivem em uma floresta como esta, então? – Scorpius perguntou, cético, e Carter deu os ombros. – Achei que a floresta ensinasse mais do que os livros...

—A floresta ensina que ter as respostas nem sempre é o mais importante – Carter seguiu o caminho, deixando que o outro o seguisse – Principalmente quando precisamos de soluções rápidas.

Scorpius ignorou Carter sorrindo, quando se depararam com um jardim com a próxima planta da lista. Ele realmente gostaria de sair logo daquela floresta e voltar ao conhecimento que os livros podiam lhe oferecer. Estavam acabando de colher as plantas quando algo se chocou contra as costar de Scorpius, fazendo-o sair gritando pisoteando as plantas em volta antes de cair no chão entre elas.

—Olá Albus – Carter falou com calma, se levantando e observando a lista – Acharam tudo o que precisavam?

—Sim, achamos... O professor pediu para que eu procurasse vocês – Albus falou, estendendo a mão para ajudar Scorpius a se levantar – Desculpe por esbarrar em você.

—Deveria tomar mais cuidado – Scorpius falou, se limpando das flores e folhas que pareciam grudadas em suas roupas.

—Abaixe o nariz Malfoy, não é culpa de Albus você ter sujado as calças de medo – Carter riu, e depois franziu a testa.

—Eu não... – Scorpius começou a se defender, mas então percebeu a expressão do outro e estreitou os olhos.

—Você esmagou um pato – Albus falou, recebendo olhares irritados dos dois quando o animalzinho de irritou – O que...

—Eles são sensíveis a voz humana – Carter grunhiu – E não é um pato!

—Eu não sabia! – Albus se defendeu, enquanto Scorpius se abaixava e pegava o animalzinho que picava incessantemente suas luvas grossas.

—Ele está com a asa dele – Scorpius falou, e então encarou Albus furioso – Você me fez quebrar a asa do pato!

—Não é um pato... – Carter repetiu, cansadamente.

—Eu? Você esmagou ele! –Albus se defendeu, dando um passo para trás.

—Por que você me assustou – Scorpius acusou, estendendo o animal para o moreno – É culpa sua, você vai cuidar dele!

—Não vou não – Albus arregalou os olhos. Ele podia ouvir as piadas de seus colegas se ele aparecesse com aquele pato.

—Nenhum de vocês vai cuidar dele, é provável que sentem em cima do pobre animal – Carter grunhiu, tirando o casaco e pegando o bichinho das mãos de Scorpius.

—Scorpius já fez isso – Albus apontou, descontraído.

—Cale a boca, Potter – Grunhiu Scorpius – O professor não mandou que nos encontrasse? Onde ele está?

—Ele está... – Albus olhou em volta, confuso – Por ali!

—Não grite – Pediu Carter, parecendo realmente irritado.

—Você está irritado o pato – falou Scorpius, parecendo acusa-lo de um crime muito grave.

—Você sentou em cima do pato! – Albus arfou, como se o acusasse de um crime ainda pior.

—Não é um pato – repetiu Carter, quase desistindo.

—O que vocês estão fazendo? – perguntou Evanna, saindo da floresta com o professor logo atrás dela – Carter, o que está fazendo com este pobre pato?

—Não é um pato! – os três gritaram, irritados, e então o animal começou a piar e picar tudo a seu alcance enrolado no casaco de Carter.

—Parece bastante com um pato para mim – Ela franziu o rosto, e olhou para o professor que deu os ombros e entendeu as grandes mão para o animal.

—Ele com certeza quebrou a asa – Hagrid analisou com cuidado – Posso colocar uma ta-la, mas vocês três terão que cuidar dele até que se recupere.

—Nós? – perguntou Albus, assustado.

—Mas como nós vamos cuidar dele? Nós temos aulas, e dever de casa, e provas, e... – Scorpius começou a quase hiperventilar.

—Eu sequer sei o que dar de comer para ele – Carter falou, preocupado.

—Deem para ele qualquer coisa que dariam para um pato normal, porém em um tamanho que o coitadinho consiga comer – Hagrid cochichou, sorrindo para o bichinho.

—Ele não é um pato – os três meninos falaram, recebendo um olhar estranho do professor.

—O que vocês estão dizendo? É claro que é um pato – ele entregou o pato para Carter, e seguiu o caminho para fora da floresta rindo, enquanto Evanna e os meninos o seguiam.

...

—Está tudo bem, posso seguir sozinha daqui – Calisto falou, na porta da enfermaria.

—Mas... – Rose começou a contrariar a loira, mas foi deixada falando sozinha quando Calisto entrou e fechou a porta na sua cara. Rose bufou soprando uma das muitas mechas mal comportadas de sua cabeleira ruiva que caia em frente ao seu rosto.

Ter que lidar com dois Malfoys era, definitivamente, o universo pedindo demais da bondade de seu coração. Ela parou um minuto pensando se deveria voltar para a floresta, mas no meio do caminho do dormitório pode ver todos saindo de entre as árvores, de forma que não parecia fazer sentido voltar.

Ela estava mesmo cansada e, se alguém perguntasse, poderia mentir que ficou com Calisto na enfermaria. Se tivesse ficado, Rose teria descoberto que a enfermeira não estava lá, então assim que entrou em vez de se deparar com ajuda, Calisto deparou-se com um garoto sentado em uma maca com as pernas para fora e o pé esquerdo em um ângulo humanamente impossível.

—Senhorita – James Potter sorriu e lhe deu um aceno de cabeça, os cachos castanhos do cabelo dele balançando com o movimento – A que devo a honra da sua companhia?

—Veja por si mesmo – ela levantou as mãos, ainda roxas e inchadas – Onde está a enfermeira?

—Quem há de saber? Sumiu faz uma hora ou mais... – ele deu os ombros, enquanto ela sentava na maca ao lado a dele, cruzando as pernas – Como conseguiu isto?

—Acredito ter sido vítima de um dos momentos brilhantes mais recentes do meu notável porém insuportável irmão – ela riu, e então olhou para o pé dele e apenas perguntou – Damon?

—Se lhe interessa saber, desta vez a culpa foi inteiramente dele – James falou, sem confirmar ou negar a pergunta.

—Não me interessa, na verdade, e tenho certeza que está ansioso para fingar-se – James assentiu, sorrindo diabolicamente, e ela continuou – Mas eu agradeceria se fizesse isso depois dele me avaliar para o time de Quadriboll.

James observou cuidadosamente os olhos cinzentos se tornarem pesados, mas ela ainda o encarava com a mesma determinação -Longe de mim querer evitar que tenha seu teste – ele sorriu, enquanto ela levava as mãos até os olhos e parava no meio do caminho, incapaz de esfrega-los – Se for tão boa em jogar quanto é em voar, vai ser uma oponente louvável.

—Quando me viu voar? – ela perguntou, desconfiada, mas antes que ele respondesse a porta se abriu a enfermeira voltou.

—Senhorita Malfoy, o que está fazendo... AH, MERLIN – ela exclamou, vendo as mão de Calisto – Faz muito tempo desde que vi algo sim, eu era apenas uma assistente da Madame Pomfrey da última vez. Espero que ainda tenham aquela poção por aqui... Levar crianças para o meu da floresta, francamente...

Os dois se olharam, enquanto a mulher frenética falava sozinha revirando a sala até achar a poção e com cuidado passar nas palmas das mãos de Calisto, por onde uma fumaça roxa começou a evaporar, e a mão dela lentamente desinchou, quase voltando a sua coloração natural.

—Senhor Potter... Sua perna ainda está bastante ruim – ela olhou para James, e então preparou uma dose de uma segunda poção em um copo – Vamos lhe dar outra dose, e esperar mais uma hora para ver se melhora. Calisto, você deveria ficar a próxima hora aqui, para termos certeza que essa poção velha não vai causar mais efeitos. Eu volto logo.

James fez uma careta engolindo tudo em um gole só, e Calisto olhou enquanto a mulher saia.

—Uma hora? – ela reclamou para si mesma, bocejando em seguida. De repente, estava morrendo de sono.

—Deveria dormir – ela ergueu a cabeça, por um instante esquecerá que James Potter estava ali.

—Aqui? – ela olhou com desgosto para a enfermaria.

—Ela provavelmente não vai voltar tão cedo – ele deu os ombros, e depois completou – Provavelmente não antes do amanhecer.

—Eu não tenho um cobertor – ela argumentou, e ele revirou os olhos, jogando o corpo para trás e erguendo o braço para a maca além da dele – Não faça isso!

James riu, erguendo a perna com o pé ruim e quase batendo na maca onde Calisto estava, antes de sentar-se de volta com um cobertor na mão e estender para ela – Você quase soou preocupada comigo.

Ela pegou o cobertor – Por isso, vou deixar que acredite nesse delírio.

Ela se enrolou na coberta áspera, um pouco incomoda, mas além do tecido ela sentia falta de Incubus. A enfermaria era mais iluminada do que ela gostaria para dormir, mas era a cobra com que ela estava acostumada, a sensação de casa e segurança que ela não gostava de ficar sem.

Ela levou a mão na nuca, puxando o elástico dos cabelos e deixando que os fios se enrolassem nela como uma serpente, abraçando o próprio corpo e adormecendo quase instantaneamente.

...

Carter contou a Albus e Evanna o que havia acontecido com Calisto e Rose, e enquanto voltavam os três meninos discutiam quem ficaria com o pato na primeira noite. Scorpius perdeu, na disputa mais confusa de pedra, papel e tesoura no meio da floresta escura.

Albus ficava feliz por não ter sido ele. Não apenas pela vergonha de ter que cuidar do animal na frente de seus colegas, mas por que estava realmente exausto, e precisava mais do que urgentemente tomar um banho e dormir se queria pelo menos se manter acordado nas aulas da manhã seguinte.

Ele entrou no salão comunal, uma das raras vezes que estava vazio e silencioso. Se sentiu tentado a sentar-se ali por um momento, apenas para saber como era fazer parte daquilo, mas o cansaço o impediu. Imaginava que se sentasse naqueles sofás macios de couro e veludo, não chegaria no quarto naquela noite, e seria alvo de risos quando todos os encontrassem babando no sofá quando acordasse.

 “Olá” uma voz sussurrou bem perto do ouvido de Albus, o fazendo abrir os olhos sonolentos e se segurar na parede para evitar cair.

—Olá – ele respondeu, sonolento, seguindo tocando a parede até a entrada do dormitório dos meninos, quando se virou e arregalou os olhos, encarando Incubus, a cobra de Calisto, se arrastando pela parede do salão comunal. Era difícil diferencia-la de todas as outras cobras de mentira que adornavam o salão, mas ela era a única que se mexia.

Ou pelo menos Albus achava aquilo até aquela noite, quando todo o salão parecia se mexer sob seus olhos cansados.

Ele observou a cobra calmamente se arrastar para o dormitório das meninas e sumir, antes de seguir para o quarto dos garotos do segundo ano e se jogar na cama, em choque. Deveria realmente estar ficando louco, pensou.

...

Quando o sol nasceu no segundo sábado do ano letivo, Calisto estava parada no meio do campo de Quadriboll junto com outros 3 alunos, esperando para o teste de apanhador e por Damon, que ainda não honrara todos ali com sua presença.

Foi quase meia hora até que ele surgisse no horizonte, despreocupadamente caminhando até eles, com um sorriso divertido ao ver todos esperando por ele. Neste momento, Calisto percebeu, que James Potter havia cumprido sua palavra – ela não ouvira de nenhuma briga entre os dois desde aquela noite na enfermaria.

Haviam alunos por toda a margem do campo, ansiosos pela seleção. A maioria era da Slytherin, mas ainda assim alguns de outras casas observavam pelos possíveis adversário – ou, por ideias para seus próprios testes mais tarde naquele mesmo dia.

—Onde ele está indo? – perguntou Calisto, impaciente, se aproximando de Drina e estendendo a mão para o suco da amiga.

—Provavelmente falar com Molly, ela está com as fichas de inscrição – Drina falou, enquanto Calisto lhe estendia o copo de volta – Não precisa ficar nervosa...

—Não estou nervosa Drina, estou irritada – grunhiu ela, mexendo o nariz – Damon já nos fez esperar por mais de hora.

—Bem, estamos falando de Damon – Sarah deu os ombros, esticando o pescoço.

—Muito bem, este ano nós precisamos de dois artilheiros, um batedor e um novo apanhador – Damon anunciou, se aproximando do resto deles com Molly e Trevor pouco atrás dele – Vamos dividir os testes por categoria, e vamos anunciar os resultados antes do jantar. Duvidas?

Três pessoas levantaram as mãos, mas propositalmente o moreno os ignorou, chamando os nomes na lista para apanhador – Alexandre. Calisto. Fernanda. Karen.

—Acho que podemos começar com a prática, e depois vamos para as perguntas, Damon? – Molly perguntou, olhando cuidadosamente para cada uma das opções.

—Eu realmente prefiro fazer as perguntas antes que estejam suados e arfando – Damon resmungou, andando até o primeiro menino – Alexandre. Respostas rápidas. Ano?

—Sexto Ano.

—Altura?

—1.86.

—Por que você acha que daria um bom apanhador? – Damon estreitou os olhos, se aproximando mais do garoto.

—Er... Por que eu sempre olhei os jogos, e... Eu daria tudo de mim para honrar a nossa casa.

— Certo. Calisto. Segundo ano. Você não é um pouco baixa para ser apanhadora?

—Você não é um pouco lento pra ser goleiro? – ela contra atacou, e ele sorriu.

—Muito bem, altura?

—1.52.

—Por que você acha que seria uma boa apanhadora?

—Eu sou uma Malfoy, Damon – um brilho perverso encheu os olhos de Calisto, e Damon sorriu ao ouvir os outros três arfando de indignação – Meu pai foi um apanhador. Minha mãe foi uma apanhadora. Minha tia, joga para uma das melhores seleções de Quadriboll do mundo. Eu sou um legado da Slytherin, e se isso não basta pra você... Você já me viu voando, Perkinson.

Damon piscou, um pouco zonzo com o brilho dourado que refletiu nos olhos de Calisto. Sim, ele já havia visto ela voando, muitas vezes desde que eram crianças, mas ainda sim... De repente parecia ser mais do que isso. Ela sorriu para ele. Ela sabia que havia ganhado.

Do outro lado do gramado, os outros observavam a cena sem realmente ouvir o que estava sendo dito. Drina D’amore estava parada ao lado de Sarah Goyle, ambas em silêncio desconfortável, enquanto há poucos passos dali Albus se perguntava como poderia puxar conversa.

—Olhe só para Damon – riu Sarah, com escranio, sem estar falando com ninguém em particular – Mais um pouco e ele vai encharcar o gramado, de tanto babar.

—Então eles estão juntos? – perguntou Drina, recebendo um olhar irritado de Sarah – Desculpe. Não é da minha conta.

—Não é mesmo – Sarah concordou, na defensiva – Eu sou a melhor amiga de Calisto desde o berço. Eu adquiri o direito de saber das coisas. Você, ela vai largar quando se tornar irritante.

Albus observou Drina se encolher, murmurar um pedido de desculpas e dar alguns passos para trás, se afastando de Sarah.

—Suas amigas parecem mesmo legais – ele deu alguns passos para frente, parando ao lado dela.

—Por favor, não fale comigo – ela pediu, dando um passo para o lado – Não quero problemas, Potter.

—Você não é como essas duas. Por que anda com elas? – perguntou ele, com uma sobrancelha erguida – Elas nem agem como suas amigas...

—Calisto é minha amiga – Drina olhou para ele exasperada, como se ouvisse a maior mentira proferida na terra, e então a expressão dela mudou para nojo – Não sei o que você ganha, tentando me envenenar contra ela Albus.

Ele deu os ombros, ignorando a sensação de ter sido chutado no estomago – Você merecia melhor do que isso.

Ela olhou para Calisto se aproximando, e deu alguns passos para frente, antes de se virar lentamente e falar sobre o ombro – O que seria melhor do que isso?

Porém Calisto passou reto pelas duas amigas, até a plateia de alunos da Gryffindor, andando firmemente direto para James Potter, no centro do seu próprio time. Albus viu ele dar um peteleco na testa dela, e depois de se encararem os dois rirem.

Desde quando eram amigos, Albus se pergunto. Damon e as duas meninas pareciam se perguntar o mesmo, observando a cena.

—Damon! – Gritou Molly, chamando a atenção de todos para iniciar os testes para batedores. Albus viu de relance Sarah Goyle se afastando, antes de Calisto seguir em direção ao grupo de alunos, ladeada por James. Mas enquanto Calisto visou Drina, James veio na direção dele.

—O que está fazendo aqui? – Albus perguntou, mau humorado quando o irmão colocou a mão no seu ombro.

—Isso não é jeito de falar com seu irmão mais velho, Al – James o advertiu, apertando com mais força o ombro do mais jovem – E você não deveria ficar tão perto do campo durante os testes, eles podem atingir você.

—Eu preciso ficar com os outros candidatos, James – Albus revirou os olhos, tirando a mão do irmão de cima do seu ombro – Mais uma vez, o que está fazendo aqui?

—Eu precisava discutir com uma garota em especial um pequeno, você pode chamar de acordo, que tínhamos. Apenas algumas tecnicalidades –  James desfez com a mão, e então olhou para o irmão com um súbito interesse – Espere... Outros candidatos? Você, está tentando entrar no time?

—Não que isso seja da sua conta, mas estou – Albus tentou não mostrar o sorriso satisfeito ao ver o rosto surpreso de James – Vou tentar uma vaga de artilheiro.

—Artilheiro. Bem, é mais do que eu esperava de você, embora... – James olhou para o horizonte, sonhador – seria lindo ver um Potter desbancar Pearkinson de seu posto de goleiro.

—Vou ter sorte se conseguir entra no time – ele resmungou.

—Se você não entrar, é por que Pearkinson obviamente é um idiota. Você é um Potter, Quadriboll está no seu sangue como pêssegos estão nas tortas da vovó – James alegou, mais alto do que Albus gostaria. O mais velho abriu a boca para falar mais, quando Calisto Malfoy passou por eles, parando a mão no interior do cotovelo de James e sorrindo.

—Boa sorte na sua vingança – ela desejou, antes de seguir para fora do campo com Drina muito mais perto dela do que Albus estava acostumado a ver Sarah.

—Desde quando você é amigo de Calisto Malfoy? – Albus perguntou, muito calculadamente para o irmão mais velho, que deu os ombros.

—Ela é divertida. E ótima em Quadiboll, o que é uma característica louvável para uma garota – James deu os ombros, tirando um fio imaginário de seu casaco – E além do mais, estar perto dela parece uma forma muito agradável de deixar o Parkinson irritado.

—James, ela é má – Albus exclamou, como se fosse um absurdo simplesmente ter que verbalizar aquilo.

—Talvez com você, comigo nunca foi – James pensou por um minuto, antes de sorrir despreocupado – Mas não duvido que ela pode ser se eu irrita-la. Você a irritou?

—Minha existência irrita ela – Albus deu um sorriso amargo para o irmão.

—Bem, isso deixa claro que eu e ela temos muito em comum – James sorriu da cara do irmão, e então olhou para o céu e para o campo, onde Sarah Goyle terminava seu teste e percebia que havia sido deixada para trás. Mas James não olhava para Sarah, olhava para Damon, que encarou com raiva o sorriso perverso do jovem leão, que se voltou para Albus e anunciou – Queria poder ficar e ver seu teste, mas combinei algumas coisas com George.

Albus não se deu ao trabalho de perguntar que coisas eram aquelas, antes do sorriso de James se tornar um pouco triste e ele acrescentar – E, de qualquer forma, acho que me prefere o mais longe possível daqui – ele forçou seu rosto para expressar aquela alegria incondicional quando acrescentou – Boa sorte irmãozinho.

... ... ...

Naquela noite, Molly entrou no salão comunal ao lado de Calisto. Aquilo por si só já chamou atenção de todos, pois as duas não eram exatamente o que dava para chamar de boas colegas.

Elas traziam, porém, dois anúncios que foram colados ao quadro de avisos do salão comunal. O primeiro, trazia o anuncio dos novos jogadores do time, com Calisto como nova apanhadora, Sarah Goyle como batedora, dois garotos do quarto ano como novos artilheiros e nenhum Albus. O segundo, era o anuncio do teste para goleiro no dia seguinte.

Ele se virou para Molly, confuso – O que aconteceu com o Parkinson?

—Seu irmão, aconteceu – falou a prima, amarga, enquanto Calisto parecia reprimir um sorriso – Não ria, Malfoy, nós precisamos de um goleiro tão bom quanto Damon em menos de vinte e quatro horas.

—O que não é uma missão tão difícil assim – Calisto apontou, tirando um caderno e um lápis da bolsa e se jogando em uma das poltronas do salão, rabiscando.

—O que James fez? – perguntou Albus para Molly, que deu um suspiro cansado antes de sorrir.

—É uma pena você ter perdido o jantar. Ele entrou no salão, exigindo que a diretora expulsasse Damon da escola por telo atacado com a vassoura – Molly suspirou, sentando-se num dos longos sofás e deixando que Albus sentasse ao lado dela, virado para ela – Se é verdade ou não, ninguém sabe. A verdade é que os dois brigaram, e Damon saiu bem ferido. James ganhou uma advertência e a Gryffindor perdeu pontos, Damon foi expulso do time por um ano.

—Pelo menos não perdemos pontos – Calisto comentou para nenhum deles, concentrada em seu caderno.

—Nisso eu sou obrigada a concordar com você – Molly franziu a testa, tentando ver o que Calisto desenhava – Mas agora precisamos de um novo goleiro, e eu pelo menos não tenho ninguém em mente. Trevor menos ainda. Damon nem sequer pode nos ajudar nos testes, e odeio admitir mas ele é melhor nisso do que eu.

—Se quer minha opinião, eu queria Drina D’amore, mas ela nunca aceitaria e eu não vou tentar força-la a fazer algo que não gosta – Calisto tirou os olhos do caderno e olhou para Molly – Deixe que apareçam para o teste amanhã. Se nenhum for bom, escolha o que parecer mais disposto a aprender, e nós o ensinamos. – ela olhou para o caderno por um minuto, traçando algo e então completou – Mesmo que seja da forma mais difícil.

—Não sei se o que não gosto é do seu raciocínio – Molly pressionou os lábios – Ou do fato de estar certa.

—Provavelmente dos dois – Calisto arrancou a página do caderno e entregou para Molly – Tome. Entregue para algum dos dois idiotas.

—Eu não sou sua... – Molly começou a protestas, mas Calisto já seguira para o dormitório com Incubus atrás dela.

—O que é isso? – Albus perguntou,  tentando ver a folha na mão da prima, ela virou o papel e mostrou para ele. Eram dois bonequinhos, miniaturas de James e Damon em um seguimento de quadrinhos. A primeira guerreando como se vassouras fossem espadas. A segunda com Damon batendo com um vassoura na cabeça de James. E a outra com James enfiando o cabo da vassouro no peito de Damon, com cruzes nos olhos.

—Essa menina é um pouco esquisita – falou Molly, rindo para os desenhos antes de dobra-lo e guarda-lo na bolsa. – James provavelmente vai gostar de ficar com isso.

A prima estava se levantando, quando Albus criou coragem de perguntar – Acha que eu deveria tentar a vaga de goleiro?

—Posso contar algo que eu não podia te falar na frente de Calisto? – perguntou ela, e ele assentiu – Antes da comoção causada por James, nós três, eu, Trevor e Damon, estávamos discutindo se colocaríamos ou não você no time.

—E decidiram não colocar – Albus constatou. Era uma mensagem clara. Não queria ele.

—Não, eu decidi não coloca-lo como artilheiro – Molly revelou, muito cuidadosamente – Decidi depois que a diretora expulsou Damon. Entende?

Albus piscou. Sim, ele entendia.

—Acho que vou dormir – falou o menino, se levantando – Nós nos vemos no teste amanhã.

Se não tivesse saído tão rápido, Albus teria visto um sorriso no rosto da prima.

... ... ...

Os primeiranistas sorriram para Carter quando ele saiu do quarto, pouco antes do café da manhã. Alguns quartanistas estavam estudando, e alguns de seus colegas do segundo ano cantavam alegremente tirando as flores secas e trocando por novas – o que ele já perceberá, fazia parte das segundas feiras do salão comunal.

Havia uma luz solar eterna no salão da Huffle Puff, mesmo nos dias chuvosos, que ele não sabia ao bem de onde vinha. Era quente e feliz, de uma forma que ele pensava, nada no mundo seria capaz de perturbar – Carter particularmente gostava de não ser perturbado. Gostava da tranquilidade e da alegria mais do que imaginava gostar.

Na sua nova casa, ele descobriu coisas que não sabia que existiam em Hogwarts – pequenas ações para cuidar uns dos outros, de Hogwarts e de Drumstrang. Eles se importavam de uma forma que Carter achou ser uma fraqueza uma vez que estava em Drumstrang.

Mas agora o fazia sentir forte e luminoso ao sair para o café da manhã, passando pelas portas da cozinha e sentido o cheiro de pão quente e novo.

Não tomaria café, entretanto, com seus colegas de casa naquele dia. Tinha marcado uma pequena celebração para Albus aquela manhã, junto a Rose e a Evanna Lovegood. O motivo? Ele era o novo goleiro da Slytherin!

Carter mesmo era o novo batedor da Huffle Puff – os rigorosos treinos físicos de Drumstrang o deram uma vantagem sobre os outros – e Rose estrelava como Artilheira na Gryffindor. Eram uma comemoração para todos, mas ele sabia que para Albus aquilo significava um pouco mais do que para eles – para eles, era uma diversão. Para o amigo, uma esperança.

Seus amigos estavam reunidos quando ele chegou ao jardim, e eles rapidamente acenaram para que ele os visse. Era difícil não ver, para falar a verdade, com Rose e sua juba laranja brilhante voando em volta dela.

—Bom dia – ele sorriu, sentando-se ao lado de Rose, em frente a Albus. Todos cumprimentaram de volta, e entraram em uma conversa animada quando viram Scorpius Malfoy passar correndo pela mesa.

—O que está acontecendo ali? – perguntou uma garota da Ravenclaw, confusa.

—Provavelmente, outra briga semanal de James Potter e Damon Parkinson – uma segunda garota respondeu, cansadamente – Deveríamos chamar a diretora antes que fique feio.

—Vocês deveriam sair daqui – eles se viraram para o outro lado da mesa, onde Calisto Malfoy parara com uma palma estendida na superfície de pedra – Apenas um conselho...

Ela se afastou em direção a briga, com passos irritados e muito lentamente.

—Esse era seu plano, não era potter? – Damon gritou, tirando a varinha de dentro das vestes – Me tirar do caminho para que seu irmãozinho tomasse meu lugar...

Rose se levantou – Ela está certa. Deveriamos ir – ela gesticulou para que os outros pegassem suas bandejas e a seguissem – Podemos terminar de comer no salão.

—Não vai fazer nada? – perguntou Carter para Albus, enquanto passavam despercebidos por trás do grupo que observava a briga.

—Fazer o que? – perguntou Albus, como se apenas pensar naquilo fosse ridículo – Não sou louco de me meter entre aqueles dois. Essa briga não é por minha causa, é só a birra de James, a maldade de Parkinson e...

—E? – perguntou Evanna, seguindo os olhos de Albus até Calisto Malfoy que observava a confusão na primeira fileira de braços cruzados – Oh. Entendo.

—Pra mim parece que é sobre você – Carter deu os ombros, e seguiu atrás de Rose.

—Se Albus se meter entre aqueles dois, a chance dele sair vivo é de 0,000021% - falou Rose – Com margem de erro negativa.

—Pode falar como alguém normal? – pediu Carter, erguendo uma sobrancelha.

—Acho que o que ela quis dizer é que Albus se machucaria muito e não adiantaria nada  nesta situação – Evanna falou, muito delicadamente, enquanto os quatro observavam os amigos de Damon o carregarem, um por cada braço, para uma das mesas.

James ficou parado no meio da multidão, arfando de raiva, antes de receber um olhar de desgosto de Calisto, que deu as costas ao mais velho dos irmãos Potter com uma jogada de cabelo, seguida por suas duas sombras até a mesa onde largaram Damon, que parecia estar ouvindo algo bastante sério.

Todo o jardim parecia ter o pescoço um pouco esticado, tentando ouvir, tanto que se assustaram quando Calisto bateu com força na mesa ficando em pé outra vez – Tudo que estamos fazendo para é para evitar algo muito mais importante que suas desavenças com James Potter!

Eles se entreolharam, sabendo que era a hora de ir embora, e entrando rapidamente na escola. No grande salão, poucos alunos comiam indiferentes ao que acontecia lá fora, entre eles Scorpius Malfoy, que olhou atentamente para os quatro.

—Scorpius, pode deixar o pato com Albus esta noite? – pediu Carter, quando passou pelo garoto – Não se importa, não é Albus? Você é o único que ainda ficou com ele.

—Acho que não tem problema – Albus tentou não soar relutante.

—Não quer sentar com a gente? – perguntou Evanna, muito gentil e sincera.

Ele olhou para Rose, parada impaciente atrás do resto do grupo, e desfez com a mão – Adoraria, porém este livro implora por ser lido.

Ele tentou fingir não ter escutado Rose Weasley agradecendo a Merlin enquanto o grupo se afastava dele. Um grupo, no mínimo incomum, pensou Scorpius.


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Notas finais do capítulo

Comentem, Bjs, Meewy.



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