BLOODLINE escrita por Meewy Wu


Capítulo 8
Ano II Capítulo I




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Calisto sorriu, dando um último gole me seu suco de abóbora, se perguntando quão nojento aquilo pareceria para algumas pessoas fora do mundo bruxo, e olhando para seu irmão. Scorpius, tinha os cabelos levantados para cima, soltava fumaça da manga direita da camisa e estava com um dos lindos olhos azuis herdados da mãe momentaneamente laranja.

—Tente estas – o vendedor, que aparentemente não trabalhava para a loja de Olivaras há muito tempo, entregou mais uma pilha de caixas de varinhas para Scorpius e se virou para Calisto – Pode descer de cima do balcão, por favor?

—Mas minhas pernas estão doendo – ela puxou as palavras, piscando seus grandes olhos cinzas de forma triste. Ele balançou a cabeça, um pouco atordoado, deu de ombros e se virou de volta para as enormes prateleiras.

Aquela era para ser apenas uma manhã comum, onde tomariam café em família e iriam para a estação com seus pais, prestes a começar mais um ano na escola. Era na metade do café da manhã que estavam quando Scorpius desceu, de pijamas e com os olhos arregalados por ter virado sobre a varinha quando dormia. Esta, agora, dividia-se em duas partes, uma em cada uma de suas mãos.

Isso mudou os planos de quase toda família Malfoy, onde Draco teve de escrever uma carta para a diretora e para o ministério, para acompanha-los ao beco diagonal, alegando que não faria bem a sua mãe ficar tanto tempo exposta ao sol e a tantas pessoas.

Enquanto uma nova nuvem colorida explodia na cara do irmã, entendiada, Calisto olhou para a própria varinha – ou melhor, a varinha de seu falecido avô, Lucius Malfoy – que a acompanhava desde bem antes de entrar em Hogwarts. Os olhos verdes da serpente prateada no cabo a encaravam de forma quase assustadora as vezes, como se soubesse que não pertencia realmente a ela.

Calisto já tivera outras varinhas – parecia bobagem procurar algo específico quando se era treinada para ser tão boa. – mas nenhuma durara muito tempo.

—É esta? – ela perguntou, quando viu Scorpius olhando muito detalhadamente para uma varinha de cabo preto e liso – Vamos Hyperion fazem quase quarenta minutos que estamos aqui. Papai deve estar preocupado.

—Não – falou Scorpius, derrotado, enquanto uma das varinhas explodiu uma grande luz no seu rosto e fez ele parecer que tinha saído de uma explosão – Definitivamente, não é esta.

Ela deu um gemido, olhando para a enorme pilha de varinhas descartadas, pensando nos divertidos efeitos colaterais que tiveram em seu irmão. Faltava, em Scorpius, não o talento para dominar a varinha que fosse, mas a confiança de que podia.

No fundo da loja, um som chamou atenção dela. Ela pulou para o lado inverso do balcão ao qual seu irmão estava, olhando para ele mais uma vez, que sequer prestava atenção nela, e seguindo pelos longos corredores vazios. Uma caixa, e foi o que ela encontrou no fundo da loja, em uma prateleira fina e empoeirada, com não mais do que uma ou duas centenas de varinhas.

A caixa em si, não tinha nada  de especial – forrada de tecido branco sujo, com um símbolo brilhante, um brasão desconhecido para Calisto.

—O que está fazendo aqui?- perguntou uma voz velha, e atrás dela, estava o próprio senhor Olivaras – Esta área não é para clientes.

—Isto caiu – ela falou, estendendo a caixa para ela.

—Caiu?- ele franziu a testa, abrindo a caixa e tirando de lá a que talvez fosse a varinha mais linda que Calisto já havia visto. Antiga, com certeza, muito antiga – um coração, em um aspecto, mas um outra visão parecia quase uma serpente dando um bote. Brilhava tão intensamente que primeiro Calisto pensou que fosse de ouro, depois de prata, e depois já não soube mais dizer. Talvez por estar fascinada pelas minúsculas pedras que adornavam a cabeça da varinha, tão pequenas que pareciam uma única coisa, cercando duas grandes esmeraldas brilhantes.

—É linda – Calisto falou, quase hipnotizada, dando um passo para frente – Quanto é?

—Esta varinha não está a venda, menina – o homem falou de forma gentil, porém firme, olhando quase preocupado para ela – Não fui eu quem a fez. Uma moça desesperada me vendeu décadas atrás, e não tive como recusar. Ravenna, era o nome dela. 36 centímetros, nem um pouco flexível, Abeto vermelho, banhada em uma mistura única de prata e ouro com o núcleo de cabelo de Veela. Combinação perigosa, péssima na verdade, nunca vi pior em minha vida.

—Eu quero – falou Calisto, sem tirar os olhos do objeto.

—Como eu já disse, não está a venda – ele repetiu, e sentido o sangue ferver Calisto encarou o velho. – É perigosa demais para ser devolvida ao mundo.

—Eu quero – ela repetiu – Não me importo com o risco.

—Deveria dar uma olhada na loja, tenho certeza que achará uma opção mais...

—Calisto? – ela respirou fundo antes de se virar. Draco Malfoy, seu progenitor , aquele que ela chamava de pai, apesar de por todos os anos até o último ter preferido sempre Scorpius, estava parada logo atrás dela – Seu irmão disse que você sumiu do nada.

—Quero comprar uma varinha – ela falou, séria.

—Você já tem uma varinha, Calisto – ele falou, e então endireitou os ombros, entediado – Certo, escolha.

—Senhor Malfoy, eu estava explicando para a senhorita que esta não é uma boa varinha para...

—Se é esta varinha que minha filha quer – Draco deu um passo para frente, se colocando entre o vendedor e Calisto – É a que ela terá.

—S-senhor Malfoy, vender esta varinha senhor, sua filha é tão jovem... É muito perigoso – ele falou, enquanto Draco estendia a mão para a caixa.

—A varinha escolhe o bruxo, Olivaras – Draco falou em um tom amargo – Você me disse isso quando eu era apenas uma criança.

O velho pareceu ceder – Sim, eu disse.

—Parece boa para mim – Draco torceu o lábio para baixo, olhando para a varinha na mão da filha, os pequenos feitiços que ela testava – Vamos ver se seu irmão conseguiu ter algum progresso, eu tenho que leva-los para a escola ainda hoje.

Eles seguiram, seguidos pelo vendedor, que no caminho pegou aleatoriamente uma caixa das prateleiras.

—Scorpius? – Draco perguntou, ganhando uma negativa do filho.

—Tente esta rapaz – falou Olivaras, causando surpresa no vendedor jovem – Ouvi muito falar de seus filhos, Draco Malfoy. Porém, sempre pensei que seriam o oposto...

Scorpius pegou a varinha, cauteloso e então surpreso – É tão... Simples.

—Sim, simples... Simples e fácil, o oposto perfeito da de sua irmã – falou Olivaras, arrumando os óculos – Se ela é a filha do ferro, Scorpius Malfoy, você deve ser o filho do ar.

Calisto engoliu o gosto amargo na boca. Já ouvirá coisas parecidas antes. Por mais que Scorpius se parecesse com Draco, Scorpius era o filho de Astória. Ela havia tido a criação do avô, ela era o pai encarnado.

Scorpius cauteloso mexeu a varinha para os lados, e então em um piscar de olhos voltara ao seu estado natural, sem cores vibrantes nos lugares errados nem fumaça – É perfeita.

—Merlim seja honrado – Calisto suspirou.

—Levaremos as duas – falou Draco, enquanto o vendedor jovem apontava – Na conta da família.

Não foi preciso mais do que isso, para que os três saíssem da loja, sem sequer se despedir ou agradecer. Calisto percebeu o olhar de Scorpius para sua varinha, como se pudesse corta-la ao meio para estuda-la, e lhe deu um olhar feio antes de sorrirem um para o outro.

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Quando Damon Pearkinson irrompeu no vagão deles, Rose achou que seu coração iria parar. Não por que ele era incrivelmente bonito – sim, ele era – mas por que era uma sensação perfeitamente aceitável quando alguém, principalmente se esse alguém for um aluno mais velho da Slytherin, invade o seu vagão no trem como um assassino em série.

—Algum de vocês, viu Calisto Malfoy? - ele exigiu, olhando um por um, o cabelo suado colando nas laterais do rosto. Todos negaram, e Rose também o fez – Certo.

Ele saiu tão rápido quanto entrou, deixando com que Rose encarasse seus companheiros de cabine: Albus, Evanna e Domenique.

—Ele consegue soar ainda mais idiota sem Calisto, ou é impressão minha? – ela perguntou para os três, erguendo uma sobrancelha.

Evanna deu os ombros – ele ainda me dá medo.

—Isso por que você não tem que atura-lo todos os dias – Albus grunhius, olhando pela janela.

—Ele parece um cão que perdeu o osso – Domenique comentou, pensativa – Mas na verdade, algum de vocês viu Calisto Malfoy na estação?

—Agora que comentou, nem ela nem Scorpius – Evanna respondeu, um pouco confusa – Nem lembro de ver seus pais...

—Quem sabe finalmente tenham mudado de escola, como todos diziam que iria acontecer – Rose suspirou sonhadoramente, engatando em seguida em outro assunto – Ouviram que Carter vai estudar com a gente este ano?

—E Durmstrang? – perguntou Albus, impressionado.

—Parece que o pai dele achou os métodos da escola muito agressivos e severos, e transferiu ele para cursar em Hogwarts a partir desse ano. Mamãe estava falando hoje no café! – Rose respondeu um pouco mais baixo.

—Eu ouvi mesmo coisas terríveis sobre Durmstrang – concordou Dominique, pensativa olhando para o lado de fora da janela – Parece que as coisas vao de mal a pior desde que o novo diretor assumiu ano passado, o irmão mais velho de um vizinho nosso está no último ano, e começou a chamar a escola de Durm-estrasgo.

—Não podemos julgar a escola só por causa de alguns alunos reclamões – falou Evanna, com a cabeça enfiada em um livro – O que um bando de garotos chorões sabem sobre como funciona uma escola?

—Evanna, não se tratam apenas de um bando de bebezões presos a barra da saia da mãe, as coisas estão realmente ruins – falou Rose – Mamãe disse que o ministérios está pensando em fechar a escola se as coisas seguirem assim. O diretor disse que só abdica do cargo morto.

—Matem ele então – falou Dominique, sorrindo grandemente.

—Você não era assim antes de começar a andar com James e Fred – Rose riu da prima, batendo o pé no dela.

—E pensar que já é o último ano de Fred – falou Domenique, então – James terá que pensar em suas próprias pegadinhas agora.

—Estão insinuando que meu irmão sabe pensar? – Albus ergueu uma sobrancelha, e todos caíram no riso.

—Que maldade, Albus – Riu Evanna.

—Não precisa se preocupar, acho eu Fred está treinando Jullie e Roxanne para seguirem os passos dele – falou Rose, rindo grandiosamente – E ele terá nossa querida Lilly ano eu vem para ajudar, não é?

—Em falar nisso, onde estão Louis e Lucy, Domy? – perguntou Evanna, curiosa – Eles entram na escola esse ano, não? Estão com Molly?

—Não, acho que não, Molly não arriscaria sua reputação para ficar de baba da irmãzinha o caminho inteiro. Provavelmente devem ter feito amizade por ai... – Dominique deu os ombros - Pelo menos eu posso confiar que meu irmão e Lucy não vão colocar nenhuma bomba de bosta no trem.

—Por enquanto, pelo menos – riu Rose.

..................

Carter esperava por mais uma noite de boas vindas na torre de Astronomia, apenas com o céu e as estrelas para acompanha-lo. Tinha feito isso tantas vezes durante os anos, sonhando em estar entre as crianças do primeiro ano, e depois recusará tudo isso para ir para Drumstrang, e agora ele estava ali prestes a descer e sentar-se sob o chapéu seletor para estar ali junto aos seus amigos – e naquele momento, aquele garoto de doze anos percebeu o quão assustador era aquilo em frente a ele.

Estar em Drumstrang havia feito Carter mais inteligente e sagaz que boa parte dos outros alunos do segundo ano, ele aprenderá usara da melhor forma que pudera o tempo que esteve na outra escola, e embora sobreviver tenha o endurecido em alguns aspectos, à gentileza dos pais sempre seria parte tão substancial de Carter que a ideia de os próximos seis anos da vida dele serem definidos naquela noite o deixavam aterrorizado.

Quatro opções, e nenhuma parecia mais ou menos segura do que a outra. Ele não conseguia tirar de sua mente como todas tinham legados e riscos, amigos e inimigos em potencial – seu tempo longe de Hogwarts não mudará a forma como era o mundo, mas mudará a forma como ele o enxergava.

Coragem. Astucia. Inteligência. Gentileza.

Ele tinha os quatro, e os reconhecia em si mesmo tanto quanto era capaz de reconhecer-nos outros, mas qual seria mais forte do que os outros? Qual fraquejaria menos diante dos desafios?

A coragem falhou com ele desde o primeiro minuto que entrou em Drumstrang, e a escuridão tirou qualquer gentileza que pudesse pensar em transmitir para os outros.

Usará mais de sua astúcia e inteligência do que podia considerar, mas ainda sim parecia tudo pouco substancial, tudo lhe trazia lembranças infelizes e dolorosas agora, como se suas mãos ainda doessem de tanto escrever metros de pergaminhos mesmo tantos meses depois.

Uma lágrima escorreu pelo rosto dele, enquanto se debruçava na janela – O que eu faço mãe? – ele suspirou, cansado – Existe um lugar para mim?

Um lugar entre os inteligentes, um lugar onde os silêncios eram confortáveis e não precisavam ser preenchidos. Um lugar entre os astutos, onde os risos ecoavam e nenhuma piada era de mau gosto. Um lugar entre os corajosos e seus desafios e pequenas vitorias. Um lugar entre os gentis e seus sorrisos doces e musicas alegres no final do dia.

O vento balançou as árvores, as cigarras cantavam e as corujas piavam e os sons da floresta cresciam e diminuíam, mas não ouve resposta. Ele fechou os olhos, respirou fundo, e quando abriu os alunos mais velhos desciam das carruagens enquanto os barcos lentamente se aproximavam.

—Carter, filho, está ai? – Neville entrou na sala, apertando os olhos para se acostumar com a escuridão – Estão todos chegando. Não demore para descer, certo?

Ele assentiu. Tentando sorrir – Certo.

Carter se virou depois que ouviu o pai saindo. O relógio dizia que seu pai já estava atrasado, provavelmente por que o estava procurando. Isso quer dizer que ele provavelmente já estaria atrasado se não conhecesse tão bem os caminhos. Ainda tinha tempo o bastante para descer antes do primeiro ano chegar para a cerimônia, então passou uma última vez em seu velho quarto, agora vazio, apenas para ter certeza que não esquecerá nada, se perguntando onde dormiria aquela noite.

Ele estava passando pela sala do professor de Defesa conta as artes das Trevas quando ouvi um grito, e então um estalo alto, antes de uma menina falar, misturando algumas palavras – Acho que vou vomitar.

—Pare de drama Europa – um garoto falou, impaciente – Vamos, se levante do chão.

—Eu odeio magia... Eu definitivamente odeio magia – ela choramingou, e Carter se aproximou, abrindo a porta com cuidado, observando Scorpius Malfoy arrumar uma pilha de malas enquanto sua irmã Calisto estava sentada no chão, com os joelhos puxados em direção à testa.

—Sabe que não odeia – Scorpius afirmou, tirando a varinha de dentro da capa e apontando para as malas, murmurando um feitiço e as fazendo desaparecer – pronto.

—Com licença – Carter entrou na sala, muito devagar, enquanto os dois olhavam para ele – Vocês estão bem?

—Estamos atrasados? – Calisto arregalou os olhos, ainda um pouco cinzenta, mas se levantando. Ele ofereceu a mão para que ela se apoiasse, e prontamente a garota se colocou em pé – Estamos?

—Não, a cerimônia ainda não começou – ele falou, sem ter certeza disso.

—Mandaram você nos receber? – perguntou Scorpius, desconfiado.

—Não, eu só estava de passagem – Carter deu os ombros, enquanto Calisto gemia se apoiando na mesa do professor – Sua irmã sempre fica assim quando viaja?

—Eu disse que não deveríamos comer doces antes de viajar com pó de flu – Scorpius falou, mais para Calisto que para Carter.

—Tome isso, vai ajudar – Carter estendeu uma pastilha para ela, que lhe olhou desconfiada antes de arrancar a pastilha da mão dele.

—Obrigada – ela engoliu em seco o remédio, e a cor rapidamente voltou a seu rosto – Certo, estou melhor.

—Ah, vocês dois chegaram – Shlughorn entrou na sala irritado – Minerva... Digo, a diretora esqueceu-se de me avisar por qual lareira vocês viriam. Tive de dar a volta em toda a escola procurando por vocês.

—Sentimos muito pelo inconveniente professor – Calisto falou, de forma extremamente polida, e o irmão a acompanhou.

—Não queríamos dar nenhum trabalho – Scorpius acrescentou, com um sorriso educado.

—Tudo pelos meus melhores alunos. Agora vamos, não queremos atrapalhar a cerimônia, sabem como Minerva... Digo, a diretora fica quando está irritada – ele olhou para Carter então – O senhor também deveria vir, senhor Longbottom.

—Claro, senhor – Carter piscou, surpreso por ter sido notado. Estava acostumado a ser tão ou mais invisível que os fantasmas, quase uma peça decorativa em Hogwarts, entrando e saindo sem que ninguém se importasse.

—Estou ansioso para tê-lo como meu aluno, ouvi maravilhas sobre você, mas isso não quer dizer que ainda terá seus antigos privilégios – ele falou, fazendo sinal para os três lhe seguirem.

—Longbottom? – Calisto ergueu uma sobrancelha para ele, e depois olhou para o irmão.

—Achei que estava estudando em Drumstrang – Scorpius apontou.

—Não era o lugar certo para mim – Carter deu os ombros. Os dois se entreolharam, ele engoliu em seco. Os Malfoy. Ele ouvirá tanto de Draco Malfoy por seu pai quanto daqueles dois por Rose e Albus. Não deveria ter dito nada para eles, mas ali estava ele – burro, ingênuo e covarde.

Os dois, porém não disseram uma palavra, como se pudessem se comunicar apenas com olhares. Carter nunca teve irmão, mas nem os Weasley nem os Potters agiam daquela forma. Os dois eram assustadoramente parecidos, embora Scorpius tivesse tons mais dourados e Calista tendesse para o prata, como se um fosse iluminado pelo sol e a outra pela lua. Por fim, ela deu os ombros e sorriu para ele – Obrigada pelo remédio, foi muito gentil.

—Carter, aqui – A diretora McGonagall, que organizava os alunos do primeiro ano do lado de fora do salão, o chamou e então olhou para os gêmeos – Ah, vocês chegaram. Por favor, vão logo para seus lugares, estamos esperando vocês há quase quinze minutos.

Carter observou os dois correrem para dentro do salão atrás de Shlugohorn, e então a porta se fechar, enquanto era colocado atrás de um menino de cabelos loiros avermelhados.

Aquele, ele reconheceu facilmente, era Louis Weasley, o filho mais novo de Gui Weasley, irmão de Dominique e Victoire.

—Olá Louis – ele sorriu, amistoso, enquanto o garoto sardento se virava para ele como se estivesse espantado. Parecia alegremente espantado com tudo em volta, para falar a verdade. – Ansioso com a escola.

—Sim. Olá. Sim. – Louis falou, com seu sotaque Frances tropeçando nas palavras – É tudo tão... Inglês!

—Talvez você seja muito Frances – Carter deu os ombros, sorrindo. O menino refletiu por um minuto, antes de assentir vigorosamente concordando.

Ambos os três irmãos eram muito mais franceses do que britânicos, sempre viajando entre os dois países, mas de todos Louis tinha sido o que mais vivera na França, afinal as meninas haviam crescido e era hora de seus pais se estabelecerem de vez em um lugar que elas se sentissem confortáveis para terem amigos e serem apenas crianças normais.

—Carter – A jovem Lucy Weasley, filha caçula de Percy e Audrey pulou em cima dele, o abraçando. Ele riu.

—Olá Lucy – ele sorriu, bagunçando o cabelo dela.

—Louis, por que você está usando esse lenço? – Ela perguntou, irritada – Eu falei gravata. Gra-Va-Ta!

—Mas minha mãe... – Louis começou, nervoso.

—Sua mãe não está aqui – Lucy bateu  o pé, irritada – Onde está sua gravata?

—Na minha mala – ele deu os ombros, e ela bufou.

—Garotos... Amanhã no café da manhã, você vai estar com ela, entendeu? – ela não esperou ele responder, correndo para seu lugar na fila.

Louis ficou quieto, mexendo desconfortável no próprio lenço, e Carter percebeu que ele tentava decidir se tirava ou não. – Eu gosto do seu lenço – Carter falou, sorrindo para o menino – Tem personalidade.

E antes que Louis respondesse, todos seguiram para o salão sobre as ordens da diretora McGonagall.

..............................

Calisto e Scorpius pararam lado a lado, por meio segundo depois das portas se fecharem atrás deles, tendo a percepção que todos os observavam. Eles deram um ultimo cumprimento de cabeça um ao outro e se separaram em direção as suas respectivas mesas, de forma tão indiferente que quem visse, diria que estavam acostumados a terem privilégios que as outros crianças não tinham. Em boa parte do tempo, aquilo era verdade.

Calisto fez sinal para que uma garota do terceiro ano saísse, e Sarah e Damon se moveram, dando espaço para que ela se sentasse entre eles, ambos curiosos a observando, esperando.

—Boa noite, Calisto – Damon falou por fim, quando ela observava os primeiranistas entrarem no salão entediada.

—Boa noite Damon – ela sorriu para ele, e então se voltou para os novos alunos.

Sarah bufou, perdendo a paciência – Onde você estava?

—Desculpe? – Calisto ergueu uma sobrancelha para a morena.

—Er... Eu quero dizer, eu... Nós... – Sarah se afastou o máximo que pode, batendo o ombro contra do de Drina D’amore – Passamos horas procurando por você no trem e...

—Eles estavam preocupados – Drina falou, calmamente, do outro lado de Sarah – Todos na verdade estavam perguntando por você, eles infernizaram o trem inteiro.

—Não foi bem assim – Damon riu um pouco nervoso, e então deu os ombros – Temos algo importante para falar com você.

—Importante? – ela ergueu uma sobrancelha para ele, subitamente interessada.

—Não aqui – foi tudo que ele falou, gritando então algo para alguém do outro lado da mesa.

—Certo, depois do jantar então – ela deu os ombros, e então se virou bruscamente para Sarah, que ainda parecia um pouco nervosa – Sarah, se importa em trocar de lugar com Drina?

As duas garotas pareceram surpresas, enquanto Drina D’amore, uma sangue puro lindamente pálida com cabelos e cílios longos e olhos negros, deslizava para o lugar de Sarah assim que ela se levantara. Calisto nunca prestou muita atenção na menina, mas ela falava bem e tinha perdido as bochechas fofas no último verão, então Calisto sorriu para ela e elogiou a fita em seu cabelo, e após Lucy Weasley ser mandada para a Gryffindor e Louis Weasley para a Hufflepuff, as duas já podiam até ser considera como amigas, ou o que isso significasse na mesa da Slytherin.

Mas até mesmo Calisto ficou em silêncio quando chegou à vez de Carter Longbottom sentar no banco de madeira e receber o chapéu seletor. Ela gostaria de telo na Slytherin, pensou por um momento, avaliando Carter. Mas seu pressentimento a dizia que ele estava tão longe de se tornar um deles quando Albus Potter de um dia se encaixar entre eles.

—Nem acredito que ele voltou para Hogwarts – Damon chamou sua atenção, murmurando desdenhosamente – O filhinho prodígio do professor, de volta a asa do papai.

Calisto o chutou por baixo da mesa – Você, não duraria dez minutos em Drumstrang Parkinson.

—Eu duraria mais do que ele, Malfoy – Damon estreitou os olhos – Está tremendo. Deve ser encenação, todos sabem para onde ele vai...

—Você não vai mesmo calar a boca – ela suspirou, e olhou para ele como se aquilo dedicasse muito esforço – Nos ilumine com sua sabedoria, Damon.

—Dez galeões que ele vai para a Gryffindor – Damon sorriu, impetuoso – Ele é um Longbottom. Ele é um legado.

—Scorpius também era – ela argumentou franzindo a testa – Isso está demorando demais...

—Você é a primogênita – ele a lembrou, como se fosse obvio – Você é o legado. Scorpius é só um segundo filho, como...

Ele deu um olhar especulativo para o outro lado da mesa, onde Albus Potter fingia não ouvi-los e prestava atenção em tudo que deveria estar se passando na cabeça de Carter.

—Carter Longbottom – Calisto falou, lentamente – Vinte Galeões... – Ela franziu a testa, concentrada, enquanto os olhos de Damon brilhavam com a aposta – Hufflepuff.

E então, um segundo exato depois, o chapéu anunciou.

Hufflepuff.

—Inacreditável – Drina estava boquiaberta do outro lado de Calisto – Como você...?

Calisto deu os ombros – Sorte – e então estendeu a mão para Damon, que jogou um punhado de moedas na palma da mão dela.

—Talvez você seja uma vidente – Drina refletiu, enquanto Calisto observava Carter andar timidamente para a mesa da Hufflepuff, sentando-se ao lado de Louis Weasley – Vamos fazer um teste... Quando meus pai vai me deixar pintar o cabelo?

—Só depois que fizer dezesseis anos – Calisto falou distraidamente, e então se voltou para ela muito séria – Seu cabelo é lindo, não deveria fazer nada nele.

—Ah, quase acreditei nisso – suspirou Damon, apoiando o rosto na palma da mão, olhando para as duas – Vidente Malfoy, isso nos daria muito dinheiro.

—Todos já temos muito dinheiro, Damon – Sarah o lembrou, quase gritando com Calisto e Drina entre nos dois.

—Nossos pais tem muito dinheiro, na verdade – Drina fez um beicinho – Eu bem que gostaria de ter algum dinheiro por mim mesma.

—Isso é algo que não posso discordar - Damon falou, enquanto a mesa se enchia de comida.

—Então, o que queria me falar? – perguntou Calisto para ele, não parecendo muito interessada na comida.

—Abriram algumas vagas no time de Quadriboll. Já vi você voando, você é... Mais do que muito boa, Calisto – ele parecia irritado por ter que admitir isso – E de qualquer forma, Sarah disse que tentaria a vaga de batedora, então se tiver interesse temos uma vaga de apanhador.

—Me avise o dia dos testes – ela abaixou a cabeça, escondendo o sorriso, e então quando conseguiu controla-lo ergueu a cabeça encarando o garoto em sua frente – O que está olhando, Potter?

Albus revirou os olhos antes de responder – Não você, com certeza.

Ela olhou feio para ele, mas durante o jantar, o pegou olhando de esgueira para algo a sua direita. Não algo, mas alguém, na verdade. Interessante, ela pensou, notando os olhares não correspondidos de Albus para Drina, antes de interromper sua conversa com Sarah – E você, D’amore? Vai tentar uma vaga?

Drina piscou surpresa com a pergunta repentina – Com certeza não – respondeu a menina, se encolhendo um pouco – Sou uma torcedora, mas não conseguiria jogar Quadriboll nem se minha vida dependesse disso. – ela deu um grande sorriso – Mas vou torcer por vocês. Em todos os jogos!

—Esse é o espírito – Calisto sorriu de volta, prestes a falar algo para Damon quando Sarah a cortou.

—Afinal, por que você se atrasou? – perguntou incomodada a morena, recebendo um olhar feio de Calisto.

—Por que está insistindo tanto nisso? Scorpius quebrou sua varinha. Tivemos de ir ao beco diagonal, e demoraram horas até que ele conseguisse encontrar uma que funcionasse com ele. – Ela desfez com a mão, revirando os olhos – Satisfeita?

—Ah, agora está explicado – Damon pegou o pulso de Calisto, levantando para que as outras pudessem ver a varinha na mão dela – Achei que nunca sairia das sombras do seu avô...

—Ainda tenho a varinha do meu avô Damon, é uma relíquia — ela falou lentamente, como se ele fosse uma criança, e depois baixou o braço – Mas acho que era hora de procurar algo mais... Pessoal.

—É bonita – Drina falou, recebendo um olhar feio de Sarah, que sentia que tinha o direito de dar uma opinião primeiro – Núcleo de Fênix?

—Na verdade, é de cabelo de Veela – Calisto deu os ombros, sem querer se estender no assunto – E Abeto Vermelho.

—Sempre achei que sua varinha seria de Romeira – Damon brincou, recebendo um olhar feio de Calisto – O que foi?

—Cale a sua boca, Parkinson – foi tudo que ela falou, olhando ao longo da mesa como se para ter certeza que ninguém estava perto demais deles – Apenas cale a boca.

.....................

Albus fingiu não ouvir. Na maior parte do tempo, cafés, almoços e jantares, sentia que tentava ao máximo não ouvir o que Calisto Malfoy e seus amigos diziam, por que parecia que sempre algo na conversa das crianças ricas e privilegiadas da Slytherin lhe atingia em cheio se ouvisse por tempo demais.

Como aquilo. Ele sabia muito bem qual era a reputação das varinhas de Romeira, varinhas que pertenceram a grandes bruxos das trevas, ladrões, assassinos e traidores. Varinhas como a dele, que a cada segundo parecia mais pesada dentro de sua capa. Era o melhor exemplo de como o mundo era injusto, que ele tivesse uma varinha de Romeira quando Calisto Malfoy, o mal em pessoa, tivesse uma varinha de Abeto Vermelho.

Isso era quase pior do que não conseguir olhar para o rosto doce de Drina D’amore, a única pessoa minimamente descente entre seus colegas do segundo ano, que com apenas uma pequena mudança no rosto durante as férias pareceu em um passe de mágica, se tornar boa o bastante para Calisto – o que a deixava dez mil passos a mais de distancia dele. E ele sabia que Calisto estava observando, provavelmente assim como Parkinson, pensando em como usar aquilo contra ele.

Longe dali, ele percebeu que Molly a encarava preocupada. Sua expressão não deveria estar boa. Ele olhou para Carter e Louis na mesa da Hufflepuff – há um ano, a ideia de ir para a Hufflepuff assustava Albus mais do que qualquer coisa, mas agora parecia quase um sonho feliz que ele nunca poderia ter.

—Albus, você está bem? – ele piscou surpreso, quando Molly se sentou ao seu lado – Está com uma cara estranha.

—Não é nada – ele deu os ombros, olhando para os quatro que riam de algo na mesa da Gryffindor, sem sequer prestar atenção nos dois.

—Você precisa começar a se integrar, sabe? – Molly olhou triste para ele, e depois rapidamente para o quarteto – Nem todos aqui são tão cruéis... Faça alguns amigos, Albus.

—Eu estou bem assim – ele falou, enquanto a prima olhava para o chão e engolia em seco – Mas talvez...

—Talvez? – ela ergueu uma sobrancelha, esperançosa.

—Pensei em fazer o teste para o time de Quadriboll – ele deu os ombros.

—Essa é uma ótima ideia – ela sorriu, parecendo prestes a bater palmas – Você seria um ótimo artilheiro!

—È apenas uma ideia Molly – ele falou, esperando que ela se se acalma.

—Uma boa ideia – ela enfatizou, e então olhou sobre o ombro – Hora de ir. Não desista dessa ideia, entendeu?

Ele revirou os olhos, enquanto a prima se afastava correndo em direção de Trevor.  Albus olhou em volta, todos estavam se levantando e indo embora. Ele respirou fundo, e seguiu os outros alunos da Slytherin, surpreso com a sensação de conforto ao entrar no salão comunal. Alguns alunos simplesmente se jogaram nas poltronas, sofás e tapetes da sala comunal, rindo alto e conversando, mas a maioria foi rapidamente para o dormitório, e isso foi o que Albus fez também.

Albus sentia-se tentado a jogar-se vestido por cima das cobertas e apenas dormir longas e demoradas horas até o café da manhã, ignorando todos os planos de Rose e Evanna tão cuidadosamente pensados, quando percebeu que se não estivesse disposto para uma pequena aventura, não estava pronto para estar em um time. Tudo começara por Evanna sentir-se confusa em relação à Albus e Rose não verem os enormes cavalos que guiavam a carruagem, e queria perguntar a Hagrid, professor de Trato das Criatura Mágicas o porquê disso. Obviamente, ele e Rose iriam juntos. Ele se lembrava de seu pai ter falado algo quando ele era pequeno, mas realmente não se lembrava.

Não demorou muito para que todos estivessem dormindo, ele colocou a capa de invisibilidade e seguiu, se  surpreso ao não ver Calisto no salão comunal, em vez disso quem estavam lá, adormecidos, eram Damon, jogado em um grande sofá, e Molly, aconchegada em uma poltrona, assim como Trevor, sentado no chão ao lado do sofá. Tinham esquemas de jogo e listas sobre uma mesa entre eles, deveriam estar discutindo sobre o novo time de Quadriboll e pegaram no sono.

Albus repentinamente se sentiu sonolento. “Saia daqui” Falou uma voz arrastada, ele olhou para o chão onde Incubus, a cobra de Malfoy rasteava despreocupadamente “Rápido, garoto Potter”.

Ele obedeceu. Estava quase adormecendo, percebeu, e seja lá o que fosse aquilo, deveria ser culpa de Calisto. Mas ele tinha coisas mais importantes para se importar, por isso saiu tropeçando, ainda meio sonolento, até chegar ao salão principal.

—Filch está no quarto andar – falou Evanna, quando ele chegou. Ela e Rose já estavam lá – Você demorou.

—Desculpe, tive alguns problemas – ele deu os ombros, jogando a capa por cima das outras duas – Vamos.

Porem, assim que eles saíram de dentro da escola, param. Havia alguém no meio do jardim, indo em direção à floresta proibida. Albus estreitou os olhos, tentando ver quem era. Era uma garota. Ela virou para trás por um minuto.

—Calisto – Evanna notou no mesmo tempo que ele – O que ela está fazendo indo para o meio da floresta há essa hora?

—Quem se importa, ela vai se encrencar se chamarmos ela, e nós se não formos logo – falou Rose, enquanto seguiam para a cabana de Hagrid.

Eles pararam por um minuto, antes de Rose bater na porta.

—O que... – ele perguntou, antes deles tirarem as capas – Igualzinho a seus pais... Entrem. O que estão fazendo aqui? Já passou o horário de recolher.

—A gente queria fazer uma pergunta, sobre os cavalos que puxam as carruagens – falou Rose – Ou melhor, os cavalos que só Evanna vê.

—Os Testrálios? Vocês deveriam aprender sobre eles no quarto ano, se entrarem para o curso de trato das criaturas – ele falou, sorrindo – Mas, me diga Evanna. Você já viu alguém... Morrer?

—Meu avô – ela falou cabisbaixa.

—Ai está apenas quem já viu alguém morrer poder ver os trestrá...

Um grito cortante o atrapalhou, um grito de menina, e Albus sabia bem quem era a menina. O professor abriu porta e olhou para floresta.

—Vocês viram alguém ir para a floresta enquanto vinham para cá? – perguntou ele, apavorado encarando as crianças – Falem!

—Calisto Malfoy, achamos que ela foi para a floresta – falou Rose, rapidamente – Não sabemos o porquê, mas a gente a viu entrar na floresta.

—Esperem aqui – pediu ele, pegando um lampião e saindo para dentro da floresta. Os três se encararam e depois saíram correndo atrás dele – O que vocês... Como eu disse iguais aos pais. Se apressem.

...................

 

Calisto não havia se apavorado com os insetos estranhos, nem com os barulhos estranhos, nem com os cheiros estranhos da floresta. Nem se assustou quando um galho rasgou sua pele, ou quando finalmente viu um dos cavalos negros feitos de sombra. De algum modo na verdade aquilo era reconfortante, por que mesmo entre a escuridão ela tinha certeza de que não estava sozinha. Ela odiava ficar sozinha. O que a assustou foi à forma humana parada no meio da campina onde os cavalos estavam afinal um ser humano era a última coisa que ela esperava encontrar na floresta.

E então ela gritou. Gritou com todas as suas forças. Até que Carter Longbotton se virou, confuso e apavorado para ela.

—Você me assustou – ele falou, um minuto depois de sair do transe de choque.

—Eu assustei você? – ela arfou, chocada – Céus, o que você está fazendo na floresta a essa hora da noite? Eu fiquei apavorada, e se eu tivesse te matado?

Ela ergueu a varinha na mão, balançando no ar descuidadamente.

—Posso perguntar a mesma coisa – ele riu, acariciando um dos cavalos de sombras. – O que está fazendo aqui?

—Estava curiosa... Não tive a chance de vê-los – deu os ombros, enquanto um cavalo cheirava seu braço com um pouco de sangue seco.

—Verdade – Carter assentiu, lembrando-se da chegada dos gêmeos.

— São magníficos – ela arfou, quando um segundo se aproximava dela.

—É, eles são – concordou Carter – Só não os aborreça, eles podem não ser tão incríveis assim.

Calisto se sentiu tentada a perguntar por que Carter estava ali. Ela sempre teve curiosidade de ver os testrálios, desde a morte do avô. De alguma forma, vê-los dava uma sensação de realidade que raras vezes ela tinha desde o acontecimento mesmo depois de tantos anos. Tinha dias que ela ainda ficava encolhida, depois de ter pesadelos, esperando que ele entrasse pela porta e a colocasse para dormir, lhe explicasse o por que dos pesadelos de forma vaga e lhe desse algo par pensar no dia seguinte.

—O que está acontecendo aqui? – perguntou Hagrid, adentrando a colina com os outros três atrás – Carter Longbotton, quantas vezes eu vou ter que falar para não vir até aqui? Essa campina trás coisas ruins. Coisas ruins aconteceram aqui! – ele se virou para Calisto – E você Srta. Malfoy acho que sabe que o regulamento da escola proíbe os alunos de saírem das salas comunais e dos quartos após a hora de dormir.

—E o que eles fazem aqui? – perguntou Calisto, apontando para Albus, Evanna e Rose.

—Outros infratores – o professor deu os ombros – Não vou delatar nenhum dos cinco para a diretora, mas primeiro me expliquem o porquê do grito que acabamos de ouvir.

—Carter me assustou – acusou Calisto, apontando para o garoto.

—É verdade, eu a assustei – ele assentiu, surpreendendo-a.

—Tudo bem, vamos embora logo. Não gosto desse lugar – o professor falou, e enquanto saiam Calisto tropeçou. Era impressão dela ou o cavalo havia mesmo colocado a pata na frente dela?

Ela começou a se levantar quando algo fincou na sua mão, ela estendeu a mão na luz da lua. Era uma pedra bonita, com um símbolo estranho dentro. Ela guardou no bolso. Eles saíram da floresta, aliviados, mas em seguida isso passou.

—Diretora McGonagall – falou Hagrid, os cinco olharam para a diretora parada a alguns metros, com um Scorpius irritado atrás dela.

—Temos muitos infratores hoje – suspirou ela – Os cinco, venham comigo. Está dispensado Hagrid. Os cinco a seguiram e Scorpius para dentro da escola, onde a diretora analisou lentamente um por um – Então, Sr. Malfoy, começamos por você – falou diretora, se a dirigindo Scorpius – Por que estava for da cama tão tarde?

—Eu estava na biblioteca diretora, e peguei no sono – ele se justificou- Eu tinha ido pegar um livro para ler, e acabei me distraído.

—Certo – ela assentiu, se voltando para os outro cinco – Me pergunto por que um aluno da HufflePuff, uma Ravenclaw, uma Gryffindor e Dois Slytherins faziam na floresta proibida, ainda por cima depois da hora de dormir. Um grupo bastante improvável, o que estavam aprontando?

Todos desviram os olhos para lados contrários. Sem saber os motivos dos outros, e até certo ponto sem saberem os próprios motivos.

—Certo – ela respirou fundo – Carter, entenda, agora que é um aluno da escola você deve seguir as regras como todos os outros. Isso significa entender que a floresta proibida, é proibida.

—Srta. Rose acredito que o resto de vocês não acompanhava o Sr. Longbotton, estou certa? – a menina concordou rapidamente. Todos desviaram os olhos, frustrados. Se alguém fosse dar com a língua nos dentes, seria Rose– E que estavam acompanhados do professor Hagrid – outra concordância – Então, conte-me o que aconteceu.

E ela contou tão rápido que quase não dava para se acompanhar suas palavras –... E então, o professor ouviu a Calisto gritar e saiu correndo, e nós fomos atrás dele – Rose acabou de explicar depois de alguns minutos.

—A Srta. Malfoy não estava com vocês? – perguntou a diretora, como se já esperasse isso – Tem algo para nos contar, Calisto?

—Eu me perdi – Todos olharam para ela, descrentes, enquanto ela piscava os olhos de forma inocente – Não estava me sentindo muito bem, precisava de ar e...

.

—Eu a encontrei e levei-a comigo – falou Carter, rapidamente – Calisto me viu saindo da escola, e como eu não consegui tirar ela do meu pé, eu levei ela comigo. Eu a perdi de vista e ela levou um tombo – ele apontou para a perna levemente roxa da menina – Esse foi o grito que eles ouviram.

—Vamos fingir que eu acredito em vocês, pois já está tarde e preciso manda-los para a cama. Então, vamos definir seus castigos – Minerva falou, calmamente, olhando para os seus – Inclusive, Sr. Malfoy, você também receberá uma punição, isso irá lhe incentivar a não repetir esse tipo de descuido.

—Sim senhora – Scorpius falou.

—Amanhã à noite, os três irão acompanhar o professor Hagrid na floresta, ele vai recolher alguns matérias que serão utilizados na aula de poções do sétimo ano – falou a diretora, seriamente – Estamos entendidos?

—Sim senhora, diretora – todos falaram menos Calisto, que olhou de forma confusa para o próprio ombro.

—Alguma objeção Srta. Malfoy? – a diretora, e todos a encararam, quase implorando com os olhos que não falasse nenhuma besteira.

—Não, nenhuma – Calisto sorriu – A floresta parece ótimo.

—Perfeito, então todos para seus quartos – a diretora ordenou, e enquanto os seus se afastavam, cinco deles fingiram não ouvir Calisto murmurou sozinha.

—É claro que nossa detenção por estar na floresta com o professor Hagrid... É ir para a floresta com o professor Hagrid - a loira estava entre rir e grunhir, antes de se afastar rapidamente dos outros em direção ao salão da Slytherin.


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