Sonho de um verão escrita por MLCarneiro


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitor!
Trago hoje essa one-shot que foi criada para um desafio do grupo de Facebook Madame Pince Ficlibrary. O tema do desafio era 'Verão', então tínhamos que fazer uma fanfic focada nisso.
Tentei passar as principais coisas boas verão, como ele anima as pessoas, como o ambiente fica bom nele, como tudo fica mais alegre. E também como ele pode fazer falta, e como uma rápida perspectiva de não se ter mais o verão pode ser angustiante.
Peço desculpas por antemão caso encontrem algum erro, alguma palavra faltando ou algo do tipo. Revisei o máximo que pude, dentro do tempo do desafio, mas sei que sempre ficam mais coisas a se revisar. E continuarei revisando mais depois, mas por hora tinha que postar a fic pelo prazo.

Enfim, espero que gostem do resultado! :)

PS: Ah, e para dar os créditos, uma das cenas foi inspiradas por essa fanart: http://goo.gl/uuTPFi Depois de vê-la eu tinha que colocar algo parecido na fic haha



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Sonho de um verão

— Você tem que ficar bem quietinho, Harry, sem se mexer, ‘tá bom? – sussurrei para meu filho, que devia estar com uns quatro anos, antes de olhar rapidamente por meu ombro para confirmar que Lily ainda estava cochilando à sombra do guarda-sol.

— ‘Tá bom! – ele balançou a cabeça com força, segurando para não começar a rir já naquele momento.

O sol já havia passado um bocado do ponto mais alto, mas a temperatura de Newquay ainda estava muito agradável. Aquela praia de Fistral, já nossa conhecida de outros verões e favorita, era muito tranquila e quase deserta, mesmo naquela estação. O mar ao fundo quase não trazia ondas e tinha uma parte bem rasa no início, então era um lugar perfeito para trazermos nossos filhos. Lily tinha adormecido enquanto lia alguma revista trouxa e eu tinha ficado cuidando do Harry.

Ok, eu já era um adulto, já era pai, então já deveria ser bastante responsável e maduro.

Mas que função seria maior para um pai do que ensinar o filho a dar boas risadas? Não consigo pensar em nenhuma agora.

Com cuidado, peguei a sacola de praia que havíamos trazido e procurei por alguns segundos até encontrar a capa. Chamei o Harry para que ele ficasse atrás da minha cadeira de praia e o envolvi com o tecido. Fiz um sinal com o dedo novamente para que ele ficasse em silêncio e então terminei de cobri-lo com a minha capa de invisibilidade. Lembrei-me de lançar um feitiço abafador de som no carrinho de bebê que estava logo ao lado de Lily e então calmamente sentei de volta em minha cadeira. Preparei a minha melhor cara de desesperado, forçando para guardar o riso para mais tarde.

— LIIILY!!! LILY, ACORDA!

— Ai meu... – ela deu um pulo em sua cadeira, olhando para os lados assustada – O quê...

— O Harry, Lily! – eu tinha me levantado e apertava meus cabelos, olhando para todos os lados, com a minha cara de desesperado – Deixei ele brincando na areia e cochilei por cinco minu...

— O QUÊ? – ela pulou da cadeira, realmente desesperada. Seus olhos pareciam ter triplicado de tamanho enquanto ela girava, olhando para todos os lados, sem avistar nosso filho – Como você...

— Eu não sei, Lily... – ela olhava em todas as direções, mas não tinha quase ninguém a nossa volta, estávamos numa área afastada, perto das rochas ao fim da praia – Num momento ele estava ali, então praticamente pisquei os olhos e não o via mais.

— JAMES! Como você... Como você pôde... – ela buscou sua varinha em sua bolsa, provavelmente já pensando em que feitiço poderia fazer para encontrar nosso filho.

— Eu não sei... – confesso que já estava ficando insustentável segurar o riso. E eu já estava começando a ficar com um tantinho de pena do desespero dela.

— O mar! – a boca dela se abriu em desespero, junto com os olhos – Ele pode ter ido para o mar, James!

Então uma forte gargalhada irrompeu de trás de minha cadeira e eu também não consegui segurar mais. Lily parou por três segundos com uma cara de interrogação, mas logo que ela entendeu a cara se transformou em algo do tipo de “eu não acredito que você fez isso!”. Ela puxou minha cadeira do caminho, quase a jogando em cima de mim, e logo a cabeça de nosso filho apareceu suspensa no ar. Ele não parava de gargalhar. Nem eu.

— Haaarry! – Lily o abraçou com força, puxando o resto da capa e deixando aparecer o corpo gorducho com a sunga que ele vestia – Eu não acredito que você se juntou ao seu pai para fazer isso comigo! – ela parecia brava, mas a risada de Harry a contagiava, fazendo-a esboçar um riso. Ela o pegou no colo, beijando-o seguidas vezes e se virou para mim, que ainda estava rindo, principalmente da forma como Harry estava se divertindo com aquilo. – James! Como você... – mas ela não aguentou e soltou uma risada – Eu já deveria esperar que você fosse pregar essa peça eventualmente.

Eu me juntei aos dois e os abracei, beijando Lily e Harry, enquanto finalmente conseguia parar de rir. Harry ficou comentando como a mamãe estava assustada e como ele a enganou, e eu tive que zombar um pouco mais dela. Somente depois de dez minutos, durante os quais eu fiquei seriamente com medo dela sufocar nosso filho, de tanto que o apertava, ela o colocou de volta no chão. Agachei-me e batemos nossas mãos no alto, comemorando nossa primeira peça pregada em conjunto. Então ele voltou a se sentar com seus brinquedos, continuando sua construção de um estádio de quadribol de areia.

Levantei-me e fui ao encontro de uma Lily que olhava para nós com uma cara de brava, ainda que com um sorriso no canto do rosto. Como ela conseguia ficar ainda mais linda com aquela cara de bravinha? Tudo bem que aquela situação ajudava, aquele biquíni verde realçava a beleza de seu corpo, deixando sua pele alva brilhando com o sol. Aqueles cabelos vermelho-escuros que eu tanto adorava esvoaçavam com o leve vento que batia, teimando entrar na frente de seu rosto. Mas aquela expressão, sua testa enrugada e seus lábios contraídos, demonstrando que estava brava com alguma coisa que eu tinha feito, só aquilo já era o suficiente para me conquistar. E ela conseguia me conquistar todos os dias.

Ja-mes Char-lus Pot-ter!— ela frisou cada sílaba, quando eu me aproximei, dando um leve soco em meu peito a cada uma delas. Eu segurei seus braços e a trouxe para perto de mim, rindo e olhando em seus olhos – Eu juro que se você sumir com um de nossos filhos de novo...

Não deixei ela continuar a frase, a puxei para um beijo longo, que ela logo retribuiu, e depois continuei a beijando por todo seu rosto enquanto ela voltava a reclamar do susto que levou. Depois de alguns minutos, e muitos beijinhos, ela parou e permanecemos apenas abraçados, sentindo o calor daquele verão nos acolher. Ficamos observando Harry, que estava demasiadamente focado em sua missão de construir aquele estádio de areia. Era lindo ver a forma como Lily olhava para nosso filho.

Em seguida, ouvimos um “mama” vindo do carrinho de bebê que repousava embaixo do guarda-sol e fomos até ele ver o que nossa princesa queria. Ela havia acordado e provavelmente já estava com fome de novo, ficava esticando seus bracinhos rechonchudos para cima. Sorriu quando nos viu, fixando os olhos castanhos na mãe. Ela era o oposto de Harry, tinha puxado meus olhos, mas tinha os cabelos de Lily, de um tom vermelho-escuro. Era a coisa mais linda do mundo.

Com as poucas palavras que uma criança de dois anos já sabia falar, ela pediu para sair do carrinho e confirmou minhas suspeitas de que estava com fome, então Lily foi buscar algo em sua bolsa enquanto eu puxava nossa filha para meus braços e a beijava mil vezes. Ela adorava e ria muito quando eu fazia aquilo. Como era possível amar tanto uma coisinha tão pequena?

Lily voltou com um pote de frutas cortadas e pegou para seu colo a pequena Marlene. Ah, sim, este era o nome dela. Tinha sido muito rápido para decidirmos depois que tivemos essa ideia, parecia a coisa certa a fazer e ao menos a lembrança agora nos trazia um pouco de felicidade.

Harry então me chamou para ajuda-lo. A areia encantada estava acabando e uma das torres-norte do estádio começava a desmoronar. Sentei-me com ele e tratei de enfeitiçar mais um monte de areia para que pudéssemos salvar a construção. Fiquei alguns minutos ali até que Marlene, que tinha terminado de comer e nos observava, curiosa, pediu para ir brincar conosco e aprender a montar o castelo de areia. Harry a corrigiu, dizendo que era um estádio de areia, mas chamou a irmã para sentar com ele para que a ensinasse. Deixei os dois e voltei para minha cadeira ao lado de Lily, roubando um rápido beijo dela, e fiquei assistindo aos dois. Era incrível ver como Harry pacientemente ensinava a irmã a esculpir a areia, e nem ficava bravo quando ela destruía alguma coisa. Ele havia ficado muito feliz quando Marlene nasceu, e naquele momento ficava visível esse amor que tinha pela irmã.

Lily ainda estava sob o guarda-sol, mas eu preferia aproveitar o calor do sol sobre minha pele, não me cansava de ficar ali. Lembrei-me da minha capa, que havia ficado jogada atrás da minha cadeira depois que assustamos Lily, e então a peguei para guardar. Enquanto mexia em nossa sacola ouvi o meu nome vindo lá de dentro e soube o que seria aquilo. Olhei discretamente para Lily e ela parecia estar bastante entretida novamente com a revista trouxa que ela lia. Virei-me meio que de costas para ela e então me arrisquei a pegar o espelho lá de dentro. Como esperava, vi o rosto de Sirius do outro lado.

— Poxa, cara, finalmente! – Sirius parecia indignado no espelho – Achei que alguma coisa tivesse acontecido com vocês.

— Oi, Padfoot. – era sempre a mesma coisa.

— Quando vocês voltam, aliás? Já faz o quê, duas semanas que estão aí?

— Dois dias, Sirius. Mal entramos de férias.

— O quê? Não é possível, eu tenho certeza que...

— Oi, Sirius – Lily me pegou no pulo, tinha se agachado ao meu lado e estava com a cabeça por cima do meu ombro –, QUANTO tempo! – um sorriso irônico se juntava a sua voz. Ela me abraçou por trás e repousou o queixo em meu ombro.

— Oi, Lily. – Sirius acenou rapidamente, mas logo olhou para mim novamente – Viu, Prongs! Falei que já era tempo demais. Quando vocês voltam então? – ele ficou alternando o olhar incisivo entre nós dois.

— Em duas semanas. – Lily logo respondeu, emendando logo em seguida em resposta à cara que Sirius fez – Mas se você quer ser útil, traga logo seu traseiro para cá.

— Oi? Sério? Mesmo? – Sirius estava espantado e eu também, pois achei que ela queria que essas férias fossem um tempo para a família. Mas, pensando bem, Padfoot já era da família mesmo.

— Se não vier vai ficar toda hora nesse espelho mesmo. Aqui pelo menos podemos te colocar para cuidar das crianças enquanto aproveitamos o mar. – ela me deu um beijo na bochecha e eu realmente gostei da ideia.

Sirius também gostou bastante e não se importou nem um pouco das segundas intenções do convite, ele adorava cuidar das crianças, afinal. Não gostava tanto de verão e calor, isso é fato, mas praia era algo que ele não dispensava tão fácil. Demorou apenas alguns minutos para que ele aparatasse ali, já trajando suas roupas de banho. Nem teve muito tempo de nos cumprimentar, logo que ele chegou Harry e Marlene ficaram super animados e vieram o abraçar, não desgrudando mais. Logo pediram para que ele fizesse a ‘mágica do cachorro’ e Padfoot, como sempre, não conseguiu resistir aos pedidos de seus afilhados, o oficial e a que ele tratava como, mesmo sem ser oficialmente. Segundos depois estava sobre quatro patas, rolando na areia, e as crianças pulavam em cima dele, abraçando e fazendo carinho.

Lily mandou eles tomarem cuidado, mas quase não prestavam mais atenção em nós. Peguei sua mão e a puxei para irmos para o mar, abraçados. Alguém que passasse por ali poderia estranhar um casal deixando os filhos aos cuidados de um cachorro, mas eles estavam perfeitamente seguros. Entramos no mar praguejando pelo quanto ele estava gelado, mas logo corri e mergulhei de uma vez, tentando igualar a temperatura do meu corpo. Mesmo no verão inglês aquela água era sempre bem gelada. Lily estava receosa, apenas com as pernas molhadas ainda, então tratei de jogar um pouco d’água nela para que mergulhasse também. Ela o fez, rindo e reclamando, mas logo emergiu de volta bem à minha frente, seus cabelos molhados caindo pelas costas e seu rosto brilhando com as gotinhas do mar. Sorri quando ela enlaçou meu pescoço e grudou seu corpo quente em mim. Percebi que ela parecia misteriosa, como se quisesse me contar algo. Mordeu o lábio, fixando aqueles olhos esmeralda nos meus. Por Merlin! Por que ela fazia aquilo? Não era possível resistir. Puxei seu corpo para mais perto do meu e a beijei intensamente. Por mais que eu adorasse lembrá-la disso, não precisávamos de muita coisa para demonstrar o quanto nos amávamos. Aqueles momentos, beijos como aquele, eram mais do que suficientes. Não havia nada melhor do que senti-la daquela forma em meus braços, sentir sua respiração, sua pele, seu gosto, seu coração batendo forte. E tudo isso conseguia ficar ainda melhor, intensificado pela água nos envolvendo, pelo movimento do mar, pelo sol de verão nos aquecendo. Achava que seria difícil eu ficar mais feliz naquelas férias do que já estava.

Depois de algum tempo nos beijando já estava ficando mais animado com aquela situação. Já estávamos numa área mais funda e Lily tinha envolvido suas pernas em minha cintura. Deixei de beijar sua boca e passei a dar vários beijos em seu pescoço, enquanto ela subia suas mãos em meus ombros e minha cabeça. Mas quando tentei descer mais meus beijos, ela segurou com força minha cabeça e meu ombro direito e me empurrou para baixo, dando risada e me segurando embaixo da água, tentando me afogar. Caramba, que sacana, justo agora? Lily tinha passado muito tempo comigo mesmo. Tentei me desvencilhar, mas estava numa posição desfavorável, então resolvi a agarrar pela cintura e puxá-la também para baixo d’água. Depois de alguns segundos consegui tirar suas pernas do chão e ela finalmente desceu. Mesmo debaixo d’água já não conseguia parar de rir de nosso momento de infantilidade. Nós dois disputávamos quem conseguiria segurar o outro, mas agora eu que estava por cima. Segurei-a pela barriga e fui mordê-la, brincando, mas então ela parou de fazer força e se desvencilhou de mim, então subimos para a superfície.

— Não, James... – ela tomava fôlego enquanto ainda ria bastante, e eu a acompanhava – Cuidado... – ela ainda respirava pesadamente e foi se reaproximando de mim, mas com um sorriso maroto surgindo em seus lábios. Ela realmente me olhava de uma forma diferente. Esperou alguns segundo e então completou. – Assim você vai machucar ‘o terceiro’.

Por alguns momentos eu fiquei com uma cara de interrogação, sem entender. Então Lily puxou minha mão e a colocou suavemente em sua barriga, olhando em meus olhos com um sorriso radiante.

Então eu entendi.

Não sei ao certo o que eu fiz primeiro, mas sei que a beijei de todas as formas possíveis, especialmente em sua barriga, puxei e a rodei em meu colo, a abracei, disse o quanto eu a amava... Eu não sabia o que fazer de tanta felicidade que me invadia naquele momento. Meu corpo parecia estar fervendo, meu peito parecia que ia explodir, o verão parecia que duraria para sempre. Queria que aquela sensação durasse para sempre. Eu estava muito enganado alguns momentos atrás, eu podia SIM ficar muito mais feliz do que já estava. Mesmo já sendo o terceiro, o sentimento era o mesmo, se não maior. Eu teria mais um filho com a mulher que eu amava.

Precisava contar para todo o mundo aquela novidade, todos precisavam ver como eu estava feliz. Depois de muito beijar minha esposa, a puxei de volta para a praia, tínhamos que contar a Sirius também. Quando voltamos, ele estava de volta na forma de humano, e já tinham terminado de construir o estádio de quadribol. Agora ele entretinha as crianças soltando fios de água por sua varinha, aproveitando para refresca-los. Voltava abraçado a Lily, com um sorriso que não sei como cabia em meu rosto.

— Padfoot! Temos uma novidade – olhei pra Lily ao meu lado, que sorria como eu, e a puxei para minha frente, passando a abraça-la por trás –, adivinhe.

Sirius nos olhou confuso, sem entender, mas logo Lily puxou minha mão para a barriga dela, como tinha feito antes. Então, aquele movimento somado às caras e sorrisos que tínhamos também o fez entender. Seus olhos se arregalaram num misto de surpresa e alegria.

— O quê? Teremos mais um? – ele veio de encontro a nós, abrindo um sorriso, e se abaixou rápido à frente de Lily, também segurando sua barriga por cima de nossas mãos. Logo se levantou e nos abraçou. – Mas, Prongs, Lily... É muita responsabilidade. Como faremos isso? Não consigo nem cuidar de dois direito!

Rimos bastante e Sirius continuou a tagarelar, alternando entre nos parabenizar e nos repreender pela responsabilidade que aquilo seria. Fomos em seguida contar para as crianças. Harry ficou muito feliz e animado com a ideia de ter mais um irmão ou irmã e foi abraçar a mãe, fazendo carinho em sua barriga, mas Marlene não pareceu entender muito o que aquilo significava. Mas logo o interesse deles mudou e quiseram nos mostrar a construção que tinham terminado com a ajuda do tio Padfoot.

Depois de um tempo Sirius foi chamado de volta para a missão de ajudar na construção de uma vassoura de areia, e então voltei a sentar com Lily nas cadeiras de praia. Fiquei observando um pouco a paisagem daquele lugar. Era tudo muito incrível, não sei como podíamos passar tanto tempo do ano longe dali. Ok, fora do verão não seria a mesma coisa, nem de perto, mas ainda assim era uma pena. Aliás, por que o verão precisava ser tão pequeno? Por que não durava quase o ano todo? Podíamos nos mudar para os trópicos, talvez, aproveitar as vantagens desta estação durante o dia a dia de nossas vidas. Sugeriria isso para Lily em algum momento. Agora só queria aproveitar todas aquelas sensações dentro de mim, a alegria de estar de férias com minha família, a felicidade de ser pai novamente e a tranquilidade de aproveitar essas pequenas coisas boas da vida.

— Essas férias estão maravilhosas, não é? Nós merecíamos. – Lily comentou, virando o rosto para a minha direção e tapando o sol com uma das mãos – Eu amo esta praia, este verão, fica tudo perfeito.

— Estava pensando justamente nisso. É tudo maravilhoso aqui, a vida parece tão simples.

— Promete que viremos todo verão para cá? – ela se empertigou na cadeira, virando-se para mim – Este lugar é maravilhoso.

— Prometo. – respondi, me virando para ela também.

— Não, promete não. Jure solenemente.

Aproximei-me mais dela, coloquei uma mecha de seu cabelo que caía pelo rosto para trás de sua orelha e segurei seu rosto com uma de minhas mãos.

— Eu. Juro. Solenemente. – dizia, beijando-a a cada palavra – Que. Viremos. Todo. Verão. Para. Cá. – ela abriu um grande sorriso e tocamos nossas testas – Até ficarmos bem velhinhos, e então o Harry, a Marlene e o Terceiro vão nos trazer também, todo verão.

Beijamo-nos novamente e ficamos olhando os olhos um do outros por alguns momentos. Tinha certeza de que mesmo quando fossemos tão velhinhos como estava falando, ainda amaria aquela mulher da mesma forma. Talvez até mais, se fosse possível.

Voltamos a nos recostar em nossas cadeiras de praia e ficamos observando Sirius e as crianças. Ele realmente tinha jeito com elas, e elas o adoravam. Busquei a mão de Lily ao meu lado e entrelaçamos nossos dedos, num movimento simples, mas que eu amava fazer. Não sei bem o que aconteceu em seguida, pareceu que eu adormeci naquela posição, porém não me lembrava nem de ter fechado os olhos. Só sei que, sem mais nem menos, Lily estava em ajoelhada ao meu lado e beijava meu rosto, pedido para eu acordar. Acordar? Como assim?

— James... Vem, levante-se – ela foi à direção da minha orelha esquerda e a mordiscou de leve, sussurrando em seguida –, acorde. Se não vou começar a te atacar.

—----

Então rapidamente aquela praia sumiu e eu comecei a abrir os olhos, sem ainda entender o que estava acontecendo. Estava tendo um sonho antes? Não via muita coisa ainda, sem o foco de meus óculos, mas percebi que Lily estava sim ajoelhada ao meu lado, mas com muito mais roupa do que aquele biquíni verde. Definitivamente era um sonho. Não pude deixar de me decepcionar um pouco.

— James, por favor... Deixe de ser dorminhoco, vamos. – aquela montanha de cabelos ruivos escuros veio novamente me beijar, umedecendo meus lábios secos – Vamos, sei que você quase não dormiu esta noite, mas já se passaram três horas agora.

Resmunguei alguma coisa e me virei, fechando os olhos e me protegendo da claridade, torcendo para que conseguisse voltar àquela praia.

Jaaames! Vamos, você já dormiu a tarde toda. – ela cruelmente puxou minhas cobertas, me deixando encolhido, apenas de cuecas, sentindo um frio totalmente contrastante ao clima daquele sonho – Preciso que você fique com o Harry enquanto eu preparo o jantar. Ou não quer que eu faça aquela torta de abóbora?

Finalmente desisti, vendo que não conseguiria voltar para aquele sonho. E a torta de abóbora realmente chamou minha atenção.

— Eei, você me tirou do melhor sonho que tive nos últimos tempos. – falei em um muxoxo, puxando-a para cima de mim, tentando me cobrir do vento que entrava pela porta – Era tão real.

— Ah é, e como era? – ela sorria enquanto se ajeitava em cima de meu peito. Não sabia o que era melhor, aquele sorriso ou aqueles olhos que sempre brilhavam quando estavam fixados em mim.

— Estávamos de férias, naquela praia em Newquay. Era um lindo verão, quente, ensolarado. A guerra já tinha acabado, claro. Estava tão bom. – parecia um tanto desanimado, pensando em tudo que passávamos – Você parecia tão feliz. – Lily apenas aumentou seu sorriso, enquanto afagava meus cabelos – Ah, e nós tínhamos um filha, sabia? Dois anos mais nova que o Harry. Era ruiva como você, tinha meus olhos. Marlene. – um grande nó se formou em minha garganta quando disse o nome. Não fazia nem um mês que tínhamos a perdido.

Lily subiu o corpo e beijou meus lábios profundamente.

— Por mim está decidido, o nome. E que iremos novamente para esta praia, assim que essa guerra acabar. – ela me beijou mais uma vez e então se levantou e ficou sentada sobre minhas pernas.

— E tinha mais, quer saber? Você estava esperando mais um, o terceiro. – abri um sorriso – Tinha acabado de me contar. Era o melhor verão que eu já tinha passado.

— O quê? – Lily riu, se fazendo de assustada, mas rindo – Você está doido! Três?! Vamos com calma. Por enquanto acho que só mais uma Marlene está bom.

— Devíamos começar a fazê-la agora, sabia? – disse, com um sorriso maroto se abrindo em minha face.

— Oi?

— Ela era dois anos mais nova que o Harry, no sonho. – fui me levantando e puxando sua cintura para mais perto da minha – E hoje faz dois anos daquele Halloween, em que o Harry provavelmente foi feito. Então, para o sonho se concretizar, sabe, podíamos começar agora. – comecei a beijar seu pescoço, enquanto minhas mãos já começavam a passear por suas costas.

— Ai, não... Não, para, James. Sossega. – ela se desvencilhou do meu abraço e se levantou de vez – Vamos comemorar este Halloween, mas vai ser mais tarde. – fiz uma cara triste, mas não a convenci – Agora vou fazer aquela torta antes que não dê tempo de comermos hoje. Vem, o Harry já deve estar acordando. Do jeito que aquele garoto está, daqui a pouco ele vai aparecer aqui voando na sua mini vassoura. Levante-se agora, vai.

Sem me dar mais chances, ela jogou as cobertas em mim e saiu do quarto. Levantei-me, finalmente, e coloquei minhas vestes antes de ir até o quarto de Harry. Lily estava certa, ele já tinha acordado e estava tentando passar por cima da grade de seu berço, mas seu pijama azul ficara preso em uma das quinas. Nem parecia que aquele garoto tinha um ano e meio. O peguei no colo antes que ele caísse e o abracei, beijando sua testa enquanto ele me chamava de ‘papá’. Ri quando me lembrei da peça que pregamos juntos em sua mãe, no sonho. Ainda teríamos muitas aventuras boas em verões como aquele, ah como teríamos. Tinha muito a ensiná-lo ainda. O levei para a sala, onde nos sentamos no chão, e eu comecei a entretê-lo.

Quase uma hora depois, estava soltando uma fumaça colorida com minha varinha, Harry não parava de rir enquanto tentava pegar fumaça e trazê-la para si com suas pequenas mãos. Lily apareceu na sala, já tinha colocado a torta no forno, e então pediu que eu entregasse nosso filho a ela, para que pudesse dá-lo de comer. Levantei-me, junto com Harry, que reclamava pela fumaça ter sumido, e o entreguei a Lily, dando um rápido beijo em seus lábios.

Joguei a varinha no sofá e me espreguicei, bocejando. Lembrei-me novamente do sonho que tivera há pouco, da tranquilidade que sentia, como tudo era simples. Como era bom algo tão simples como aproveitar o sol ao lado de minha família. Torci para que aquela guerra acabasse logo e eu pudesse aproveitar muitos verões como aquele ao lado de Lily e Harry. Quem sabe ao lado de uma pequena Marlene, também. Quem sabe até mais.

Mas o estouro que ouvi logo em seguida me trouxe uma dura certeza.

Não poderia.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim.
Obrigado por terem lido!
Sim, eu sei que foi maldade terminar assim, fazer toda aquela ambientação feliz e alegre, e depois trazer tudo por água abaixo, deixando só a saudade de um verão que poderia ter sido, mas não foi. Mas eu tive essa ideia desde o início. Quis explicitar com isso mais ainda o quanto foi terrível a morte deles dois, tudo que eles deixaram de aproveitar no futuro, tudo que o Harry deixou de ter: pais ensinando de tudo para ele, irmãos, vários verões em família... Imagino que tudo isso eram coisas que James e Lily queriam ter para eles e para o filho, mas que acabaram não podendo ter, graças ao triste fim deles.
Ok, eu poderia ter parado só no sonho e ter feito uma fic totalmente Realidade Alternativa e alegre, mas não era a minha intenção, quis trazer um pouco dessa angustia e raiva que dá do fim dos dois, que eu tenho e que imagino que vocês também tenham. Mas não fui além na fic porque não era o foco dela, deixar subentendido o que estava para acontecer já era suficiente.
James poderia ter tido os melhores verões do mundo ao lado de sua família no futuro, mas teve que ficar apenas com aquele sonho.

Aliás, tenho que dizer que achei um grande desafio escrever a minha primeira Jily em tão pouco tempo, pois comecei a ler mais sobre eles há pouco, e também porque fiz a fic em primeira pessoa, coisa que não tenho tanta experiência ou facilidade, mas para mim essa one-shot tinha que ser em primeira pessoa, ficaria muito estranho em terceira. Mas gostei muito de fazer uma Jily e gostei do resultado, espero que venham outras. Espero que tenha ficado bom, principalmente para os fãs mais ferrenhos de Jily que já leem muito sobre eles, espero que tenha retratado bem esses personagens que são tão queridos. :)

Ficarei bastante feliz se eu tiver conseguido passar a vocês um pouco de alegria por observar os momentos bons em família, e de angústia por ver esses momentos, e as perspectivas de tê-los no futuro, fugirem em um instante.

Então gostaria que vocês me dissessem o que acharam, se gostaram, se não gostaram, o que mais gostaram, se acharam boa a ideia do plot, se consegui mostrar bem o verão na fic, se os personagens estavam bem adaptados, enfim, comentem tudo que vocês acharem desta one e ficarem muito feliz com cada comentário :)

Obrigado!