Inked skin needs sunscreem escrita por AliceDelacour


Capítulo 1
Capítulo Único - Inked skin needs sunscreem


Notas iniciais do capítulo

Oie, eu escrevi essa one-shot fofa em poucos dias. Hehehe. Pra variar, eu deixei tudo pra ultima hora e escrevi super correndo. Espero que vocês gostem de coração, viu? Hm, o que mais? Ah, sim. A one-shot foi escrita para o Desafio de Verão do grupo no facebook Madame Pince FicLibrary (link: https://www.facebook.com/groups/364080653778226/) e não podia ter mais de 5 mil palavras (eu chorei muito, minhas ideias simplesmente não foram feitas para 5 mil palavras) e por mais difícil que tenha sido, eu conclui essa fanfic com 3.863 palavras - ainda consegui ser sucinta, vocês viram? Divirtam-se! E passem na minha coletânea de drabbles, Emerald, onde a Lily é uma pureblood e o James e ela tem muitas desavenças entre eles hehehe. Beijinhos!



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CAPÍTULO ÚNICO – INKED SKIN NEEDS SUNSCREEM

Por: Alice Delacour

Primeira semana de férias – 2015. Manchester, Rua Queen Victoria.

O fato era que eu estava completamente apaixonado pela minha vizinha. E pela minha melhor amiga. E pela nadadora mais rápida do colégio de Hogwarts.

O lado bom? Elas eram todas a mesma pessoa.

O lado ruim? Essa mesma pessoa é inalcançável.

Talvez fosse mais fácil lidar com três garotas que lidar com Lily Evans – mas o coração não escolhe quem ama.

“Você vai ficar em casa?” Minha mãe pediu, abotoando seu terninho e se inclinando para pegar algo no armário dos biscoitos integrais. Da cozinha, nos fundos da casa, eu conseguia escutar o motor do carro de meu pai ligado já, só esperando por ela.

“Vou pra Lily.”

Ir pra Lily era para a minha mãe a mesma coisa que escutar um “vou ficar em casa”. Nossas casas ficavam muito próximas uma da outra, separadas apenas por um amontoado de árvores velhas e uma cerca feita de arbustos. Eu era acostumado a “ir pra Lily” desde pequeno, quando meus pais tinham reuniões de negócio longas e me deixavam com os vizinhos.

Foi mais ou menos assim que nós nos tornamos amigos. Eu era a criança praticamente abandonada pelos pais e ela era aquela que tinha que dividir seus brinquedos comigo. É. Um bom jeito de começar uma amizade.

E de se apaixonar.

A casa da família Evans era grande, com seus tijolos a mostra e janelas brancas. Um tempo atrás eu me lembro de Lily ter mencionado que a casa pertenceu aos seus avós paternos. Tirei os cabelos do rosto e levantei o braço para tocar a campainha, no entanto, nem consegui encostar no botão.

“James!” Lily abriu a porta e se jogou nos meus braços. “Eu ‘tava te esperando, vem!”

Caminhamos meio abraçados casa adentro, onde cumprimentei a Sra. Evans, que escrevia furiosamente no laptop e mal notou nossas risadas. Eu sabia que o Sr. Evans estava trabalhando e que a Petúnia – irmã mais velha da Lily – estava viajando com o namorado. Eu sabia de tudo isso, assim como eles sabiam que meus pais trabalhariam até tarde e eu provavelmente acabaria jantando aqui.

“Dois dias sem me ver e já sente essa saudade toda?” Reclamei, empurrando o corpo de Lily escada a cima.

“Cale a boca” A mão dela apertou os meus dedos e ela virou o rosto para me olhar. “eu preciso te contar uma coisa.”

Os olhos dela brilhavam. Sentei-me na cama de Lily e esperei ela me contar o que queria. As paredes eram tomadas de porta-retratos com fotos nossas – e de nossos amigos. Essa era uma das coisas que eu mais gostava no quarto de Lily, era todo colorido e cheio de lembranças.

“Me lembra de te mandar a nossa foto do ultimo dia de aula.” Comentei, vendo ela amarrar os cabelos ruivos em um nó e se arrastar para o meu lado na cama.

“Depois vamos à sua casa e eu pego.” Ela sorriu.

Sentado assim, vendo-a sorrir e o sol da manhã deixar os fios do cabelo dela ainda mais vermelhos, meu estomago se embrulhava e meu corpo ficava todo tenso. E se eu deixasse transparecer que estava apaixonado por ela? E se eu a beijasse e ela me afastasse?

“-eu sei que você disse que queria fazer isso comigo, mas eu queria que fosse uma surpresa e-” Pisquei e me concentrei nas palavras que Lily vomitava. “Desculpe, Jamie, eu queria que fosse surpresa.”

“O que?” Tirei o cabelo do rosto e me inclinei para trás em sua cama bagunçada. “Lily... O que você fez?”

Ela riu, jogando a cabeça para trás e se levantando da cama.

“Vou te mostrar” Suas mãos caíram para a barra da blusa dela e ela se virou de costas para mim. Franzi a testa, confuso – o que diabos Lily Evans estava fazendo? “confesso que se você tivesse ido junto teria sido muito menos dolorido, mas é que-” O resto foi abafado pelo tecido da blusa, mas eu parei de prestar atenção.

No alto das costas dela, perto do pescoço, estava um desenho pra lá de especial para mim. Para nós.

“Lis...” Me ajeitei na cama, confuso se levantava para ver a tatuagem mais de perto ou se ficava ali. “Ah, Lis” Ela jogou a blusa na cama e ficou só com a parte de cima do biquíni estampado. Seus cabelos caíram do nó e se espalharam sobre seus ombros.

“Gostou?” O rosto dela estava apreensivo – como se ela esperasse que eu não gostasse, mas como não gostar?

“Muito” Estiquei-me para puxar ela para perto. “só não gostei que você foi sozinha.”

Ela riu, se virando para me abraçar e bagunçar o meu cabelo.

“Eu queria que fosse surpresa” Lily se afastou, empurrando seus cabelos para trás e torcendo os fios. “passei semanas tentando desenhar algo, mas precisava ser isso.”

Com certeza.

Passamos o resto do dia deitados de bruços em sua cama, conversando sobre os planos para as férias e os trabalhos de verão. E volta e meia meus olhos corriam para a tatuagem ainda coberta de plástico em suas costas.

Desenhado em preto, as linhas eram sóbrias e levemente sombreadas. Algumas vezes Lily me pegou olhando para a tatuagem dela, e tudo o que ela fez fora sorrir e me mostrar fotos aleatórias do ano letivo que ela tinha no celular.

E eu estava cada vez mais apaixonado.

Segunda semana de férias – 2015. Manchester, Rua Queen Victoria.

“-e eu e seu pai vamos ter que ficar em Londres hoje, Jamie, mas graças a Deus é a ultima semana e então estaremos livres” Minha mãe tagarelava no celular. “então porque você não convida a Lily para passar o dia com você e os garotos aí na piscina?

‘Tá” Murmurei, procurando por qualquer short de banho limpo. “vou encomendar pizza, posso?”

Pode” Ela se preparou para se despedir, mas voltou atrás. “ah, não se esqueça de levar uma sobremesa para a April hoje, essa mulher salva a sua vida.”

Rolei os olhos. Mamãe desligou e eu mandei uma mensagem para os garotos e Lily, os chamando para vir aqui. Em questão de meia hora, eu já estava deitado no sol enquanto Sirius e Remus tentavam derrubar um ao outro na piscina e Peter ligava para a pizzaria.

Pus meus óculos de sol e fechei os olhos, decidido a dormir. Eu e os garotos éramos amigos desde o primeiro ano que entramos em Hogwarts, quando nenhum deles conhecia uma alma viva no colégio e a minha única amizade era Lily Evans – que insistia em ficar longe de mim porque “garotos são ugh”. Então eu tive que arrumar outros melhores amigos e eles serviram na época.

Meus pensamentos foram dispersos quando a única pessoa que faltava chegou – e se jogou em cima de mim.

Oie” Lily tirou meus óculos e pôs nela.

“Oi” Sentei-me, empurrando o corpo dela para a espreguiçadeira. “como vai a tatuagem?”

“Coça” Ela reclamou. “você não disse que coçava.”

Ri alto, pegando meus óculos de volta. Os dedos dela apertaram meu braço e traçaram o desenho colorido que eu tinha ali.

“Desculpe.” Seus olhos brilharam para mim antes de ela começar a abrir a bolsa que carregava e me entregar um frasco de protetor solar.

“Me ajude”

Abri as pernas para que Lily sentasse entre elas e eu conseguisse passar o protetor direitinho.

Meus dedos se arrastaram sobre a pele tatuada. Eu ainda lembrava quando Lily havia desenhado milhares de cervos para mim. Na época eu fiquei perguntando para ela o porquê de um cervo – e ela apenas sorria para mim e dizia “combina com você”.

Espalhei o creme por todas as costas dela, me dedicando principalmente a área recém-tatuada.

“Sabe que eu ainda tenho aquele desenho de você, raposinha?” Falei, enquanto puxava o biquíni dela para passar protetor na região. “Acho que vou tatuar. O que acha?”

“Brilhante” Lily virou o rosto para mim. “está pronto?”

“Prontíssimo.”

E então ela se inclinou para beijar meu rosto e retirou os shorts jeans antes de sair correndo e pular na piscina junto com Sirius e Remus. Minha melhor amiga era simplesmente demais – e eu não me via em um mundo sem ela.

“Vinte minutos e a pizza chega!” Peter gritou, correndo e se jogando na piscina.

Pete!” Escutei os gritos de Lily. “Você espirrou água para todo lado!”

Larguei os óculos de sol e o celular na espreguiçadeira.

“Que corpinho, James!” Sirius assoviou, escorado na borda da piscina. “Gostoso!”

Pegável!” Lily acompanhou os gritos de Sirius.

Meu coração acelerou um pouco e eu ri para esconder o vermelhão em minhas orelhas. Não havia nenhuma possibilidade de eu não ser afetado por Lily Evans. Pulei para a piscina e abracei a ruiva que fazia meu estomago se revirar em borboletas.

Eu tinha dezesseis e estava apaixonado.

Que babaca.

Terceira semana de férias – 2015. Londres, Picadilly Circus.

“Que horas mesmo que ficamos de encontrar com seus pais?”

“Um pouco antes do chá” Virei o rosto para olhar para Lily.

Andávamos com calma pela área da praça. Estava terrivelmente quente e abafado para um dia de verão em Londres – e eu suspeitava de que iria chover.

“Brilhante, você quer ver alguma coisa?” O braço dela serpenteou pela minha cintura e seus dedos apertaram a pele do meu quadril. “Eu sei que chegaram novos mangás na loja da galeria! Quer ver se tem a edição de colecionador de Cardcaptor Sakura?”

“Você já tem todas as edições de colecionador de CCS, Lis.” Reclamei, a puxando para perto e a apertando contra a minha t-shirt.

Ela murmurou algumas palavras abafadas enquanto se contorcia para longe de mim. E enquanto via os cabelos ruivos dela se bagunçarem, meu coração batia mais acelerado e eu ria de felicidade.

“Vamos para um café, então.” Ri alto no tom de voz emburrado dela.

Olhei ela empurrar os cabelos em um nó, me afastando dela alguns passos para frente.

“Vem, raposinha” Chamei. “quem chegar por último paga o lanche!”

Seus gritos de indignação me acompanharam nos vários metros que corremos esbarrando nos turistas.

“Não vale James!” Ela gritava, segurando o celular e os óculos de sol. “Jamie! Volta aqui!”

Acabamos, por fim, quase caindo um em cima do outro quando eu tive que parar de correr e Lily derrapou até tropeçar em mim.

“Eu ganhei” Murmurei para ela, empurrando-a para dentro do café pequeno na Picadilly Circus. “vou comer de graça até explodir.”

“Cale a boca” As mãos dela procuraram pelas minhas costelas. “antes que eu te derrube aqui mesmo e te faça passar vergonha.”

Contorci-me longe dos dedos dela que tentavam fazer cócegas em mim. As mesas do café estavam cheias de turistas e adolescentes como nós que aproveitavam as férias de verão. Lily me largou para ir ao banheiro, dizendo para eu encontrar alguma mesa livre.

Observei ela sumir no corredor dos banheiros e então me pus a procurar por lugares vagos.

Com os garotos viajando com suas famílias, eu me vi ainda mais próximo de Lily este verão. Corremos, fomos ao cinema e madrugamos praticamente todas as madrugadas das férias. Juntos. Eu estava apaixonado, não tinha mais o que negar. O problema era que eu tinha medo de mostrar – o pavor da rejeição corria pelas minhas veias.

Sentei em uma mesa livre e escorei o rosto em minha mão. Quando não estava com Lily, eu passava meu tempo conversando com um antigo amigo tatuador. O desenho do cervo nas costas da ruiva me deixou louco de vontade de marcar a minha pele com algo que lembrasse ela. Mesmo que não nos tornássemos algo além de amigos, ela ainda seria a minha amiga.

Havia um cabelo ruivo na minha t-shirt, que eu tirei e joguei no chão. Um marcador de mesa feito de vidro foi posto em cima da mesa em que eu estava e um adolescente sorridente segurava um bloquinho de pedidos.

“Boa tarde, o que seria?”

“Uma porção de fritas” Tirei os óculos e os pus ao lado do meu celular na mesa. “e duas cocas”.

O garoto piscou para mim e virou, saindo para atender as outras mesas. Distraído, passei os dedos sobre a região no meu braço em que eu planejava tatuar um sketch de Lily.

“Adivinha quem é” Mãos quentes cobriram meus olhos e a voz alegre da minha melhor amiga falou em meu ouvido. “ela é linda e a melhor pessoa do mundo.”

“James Potter?” Respondi, a puxando para frente.

“Se ele se identifica como ‘ela’, pode ser.” Seus lábios melecados de batom beijaram minha bochecha antes de ela ir para a cadeira em minha frente, jogando suas coisas da mesa.

Deus. Que garota impossível.

“O que pediu?” Torceu os cabelos em um nó e escorou as costas na cadeira.

Como alguém podia gostar de alguém tão petulante assim? Por Deus, se eu pudesse controlar o meu coração, eu preferiria me apaixonar por um vaso de plantas que por Lily Evans. Muito menos problemático para mim.

“Fritas e coca.”

Ela pegou o celular e se dedicou a jogar Magic Touch enquanto resmungava sobre uma viagem em família na próxima semana.

“-eu realmente não ‘to prestando atenção, Lis, mas com certeza deve ser um saco.” Murmurei, vendo seu nariz se enrugar e ela largar o celular com raiva na mesa. “Perdeu?”

“Sim” Seus cabelos se desprenderam do nó e caíram no rosto dela. “eu não quero ir pra Portugal.”

Olhei para a mesa, não querendo ver os lábios dela enrugados em um beicinho e seus olhos fechados em desanimo. Eu era um homem fraco. Fraco, tolo e apaixonado.

“É só uma semana, Lis.”

“Uma semana inteira só com a Petúnia e meus pais.”

As batatas fritas e as duas Coca-Cola foram postas em nossa mesa. O mesmo adolescente de antes me entregou o recibo de nossa comida e um guardanapo dobrado.

“As meninas da mesa ali na frente mandaram pra você.” O rapaz falou, pegando o marcador de mesa e saindo.

Antes que eu pudesse desdobrar o guardanapo, Lily pegou o papel de minhas mãos e se pôs a ler em voz alta.

Oi lindo” Ela começou, fazendo uma voz engraçada e sacodindo o braço livre. “te achamos muito gatinho, ligue pra nós” Largando o papel na mesa, ela se virou para ver as garotas sentadas duas mesas além da nossa. “Vocês não tem vergonha na cara, não?”

Cobri o rosto com as mãos. Conte com Lily Evans para armar escândalos em qualquer lugar possível.

“Lis, por favor” Arranquei o guardanapo delas.

“Vai querer salvar o número delas agora?” Sua voz era venenosa quando ela virou-se de volta para mim.

“Que viagem, claro que não!” Ri, amassando o papel e empurrando para um canto da mesa.

Lily rolou os olhos, pegando uma batata e a empurrando no pote de ketchup.

“Bom” Meu coração gostou mais do que deveria do tom de ciúmes na voz de Lily. Perigoso. “agora me prometa que vai ligar todos os dias que eu estiver em Portugal.”

Joguei-me para trás na cadeira, rindo igual um idiota e adorando a voz de desesperada de Lily Evans.

E eu respirei fundo e me inclinei para perto dela, meu estomago se revirando em borboletas. Era a hora. Eu iria contar para ela que estava apaixonado.

“Lis” Chamei.

“Sim?” Ela tinha duas batatas-fritas na mão e algumas na boca, melecada de ketchup.

Ri de nervoso.

“Eu-” E como o covarde estúpido que eu sou, desisti. “-me passe um guardanapo?”

Covarde.

Quarta semana de férias – 2015. Manchester, Edgar Bones Tattos.

“É esse então?” Edgar deslizou pelo piso de linóleo em uma banqueta de rodinhas. “Posso colocar na sua pele?”

Estendi meu braço sobre o apoio da cadeira em que eu estava sentado, mostrando o lugar em que eu queria a tatuagem.

“Vai firme” Ele riu, fixando o papel com as marcações no meu braço e então deslizando pela sala enquanto recolhia os materiais que ele iria precisar para a tatuagem.

No meu antebraço, começava a ser marcado algo que me acompanharia para vida – assim como eu esperava que a inspiração do desenho fizesse.

Sirius achou ridículo eu tatuar algo que me lembrasse de Lily. Na verdade, as palavras certas que ele havia usado tinham sido “tatuar isso é quase como tatuar ‘Lily Evans’ e isso é ridículo, Prongs.”.

Bem.

Eu não achava ridículo. E fiz questão de deixar claro para Sirius, mesmo que ele tenha me zoado e não acreditado em nenhuma bobagem que eu falei.

“Mas conta aí” A voz de Edgar me puxou para o momento atual. “tem alguma inspiração a tatto ou é só porque achou legal?”

“Ah” Ri, para em seguida morder minha língua quando a agulha com tinta perfurou minha pele. “é pruma ‘mina.”

Edgar riu, limpando a tinta preta do meu braço.

“James, James” Seu tom era repreensivo. “quantas vezes eu já te falei pra não fazer essas coisas? Aí depois ‘cês acabam o namoro e ‘ fica com isso no braço.”

Parecia que Sirius e Edgar haviam tido uma conversinha.

“Mas é que ela é minha melhor amiga” Resmunguei entre dentes, tatuar o antebraço parecia doer mais do que qualquer outra região. “nós nem namoramos.”

“Hm” Edgar não pareceu muito convencido.

“É sério” Eu já sabia que não iria conseguir convencer ele de que valia a pena tatuar o desenho no braço. “eu conheço ela desde que eu era bebê, e mesmo que nós não tenhamos nada, sei lá, ela ainda vai continuar sendo importante pra mim.”

Edgar ficou ponderando minhas palavras enquanto tatuava minha pele. Ficamos em silencio por vários minutos até ele se afastar, limpar minha pele e me olhar.

“E se ela virar uma assassina? Ou uma ladra internacional? Daí? O que ‘cê vai fazer?”

“Daí eu vou continuar com a tatuagem no braço, porque ela vai me lembrar dessa parte da minha vida.” Ele riu e balançou a cabeça.

“‘ é ridículo” Eu ri junto com Edgar. “e está de joelhos por essa ‘mina.”

“Eu sei.”

Fechei os olhos e escorei minha cabeça no encosto da cadeira. Depois de tentar me declarar para Lily na semana passada – e falhar vergonhosamente – eu tinha passado duas noites em claro decidindo qual seria a melhor forma de mostrar a ela que ela é importante para mim também.

O desenho que eu já pensava em tatuar fazia semanas foi o que me impulsionou na ideia maluca que eu tive enquanto jogava Magic Touch de madrugada. Eu iria me declarar para Lily Evans. E eu iria me declarar assim que ela voltasse de Portugal.

E eu iria precisar da tatuagem para fazer isso.

“Outch” Reclamei de dor, tencionando o braço. “essa doeu!”

“Isso é pra você largar de viajar e prestar atenção em mim” Edgar afundou a agulha na tinta. “qual’é, eu ‘tava aqui de boas conversando contigo e ‘ aí pensando na ‘mina.”

Abri a boca para me defender, mas Edgar não queria saber. Empurrando os cabelos ruivos dele para longe do rosto, se pos a terminar o meu desenho.

“A pomada você já sabe onde comprar” Continuou tagarelando o assunto de antes – assunto este que eu estava ignorando. “e é só ficar com o plástico por cima pra não manchar nenhuma roupa.”

Meu celular vibrou e Edgar me lançou um olhar tenebroso quando eu peguei o aparelho do bolso e vi que era uma mensagem de Lily.

“É da tua ‘mina?”

“Como-”

“Só cale a boca e responda ela.”

E como o bobo apaixonado que eu era, desbloqueei o celular e respondi as mensagens dramáticas de Lily.

Quinta semana de férias – 2015. Manchester, Rua Queen Victoria.

Quando escutei o barulho do carro dos pais de Lily estacionando na entrada da garagem da casa deles, peguei uma camisa qualquer do armário e sai correndo de casa.

“James?” Lily largou a mochila no caminho de pedras que levava até a entrada. “‘Tava me esperando?”

“Lis, oi” Puxei a manga da camisa, cobrindo uma marca da tatuagem em meu braço. “Sra. Evans, posso falar com a Lily?”

A mãe de Lily tirou a cabeça de dentro do carro, onde ela se esticava para pegar as malas.

“Claro, James.”

Nervoso, puxei Lily para minha casa. Era madrugada, provavelmente uma ou duas da manhã, e fazia um pouco de frio na rua.

“O que foi?” A empurrei para sentar na minha cama. Ela trouxe as pernas desnudas para cima, se acomodando na minha cama.

“Lis” Murmurei. “o negócio é o seguinte” Comecei a desabotoar minha camisa. “eu não sei como ou quando isso aconteceu” Eu estava tão nervoso que fiquei vários segundos no mesmo botão. “pode ter sido no primário” Ela tinha as sobrancelhas apertadas e os olhos confusos.

E – pelo amor de Deus – eu provavelmente estaria com a mesma cara se isso acontecesse comigo.

“-ou talvez tenha sido quando você decidiu que odiava garotos” Continuei tagarelando. “mas o negócio é que eu sei toda a sua árvore genealógica de cor, sei quem você beijou no freshmore, sei que você odeia anchovas e eu sei que eu estou apaixonado por você.”

Nesse ponto, eu estava com toda a camisa aberta e Lily não tinha piscado nenhuma vez.

“E eu tatuei isso pra você.”

Mostrei o braço. E nenhuma reação. Ficamos em um momento de constrangimento. Eu, de pé, sem camisa, e ela, sentada, sem piscar.

“Eh” Abaixei-me para pegar minha camisa. “tudo bem, então.”

Lily então mostrou sinal de vida, soltando um barulho que eu não sei se se parece mais com um miado de gato ou um uivo de lobo.

“Seu idiota” Pisquei, super confuso. “porque nunca disse nada?”

Larguei a camisa no encosto da cadeira e passei a mão pelos cabelos. Pois bem. Eu era muito medroso para falar alguma coisa. Caminhei para perto de Lily, ainda confuso.

“Medo, talvez?” Os olhos verdes dela rolaram, indignados. “Eu não sei, Lis.” Sentei-me do lado dela na cama. “Você é uma garota difícil.”

Ela me empurrou com uma das mãos.

“Deixa eu ver isso” Suas mãos seguraram meu braço, analisando o desenho marcado em preto. “uma raposa.”

“Uma raposinha” Murmurei, sentindo minhas orelhas esquentarem de vergonha. “queria te ter gravado na minha pele igual você me tem.”

Seus dentes morderam o seu lábio inferior.

“Sabe” Lily levantou os olhos para o meu rosto. “que eu esperei meses pra escutar você dizer isso?”

“Desculpe.”

“Não, não” Ela levou os dedos, que antes traçavam a raposa desenhada em meu braço, para a minha boca. “não se desculpe.”

Ficamos nos olhando por algum tempo, meu estomago se contorcendo em agonia. Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo. Ela baixou o braço, apoiando ele sobre os meus. Eu tremia e não era de frio, porque – infernos – era verão.

“Eu vou te beijar agora, ok?” Segurei seu rosto com uma das mãos, os meus dedos se enrolando nos fios ruivos do cabelo dela.

“Ok”

E foi o melhor beijo da minha vida.

Lily acabou dormindo lá em casa essa noite. E na próxima noite também. E na próxima. E na próxima. Acabamos indo juntos para o colégio no primeiro dia de aula – e Sirius só faltou enfartar quando me viu abrindo a porta do carro para Lily Evans.

A vida era boa.

Principalmente quando se está apaixonado pela sua melhor amiga – e ela também está apaixonada por você.


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Notas finais do capítulo

Acho que era isso migxxxxxxxxxxxxssssssLots of love,Alice.