Um Último Verão escrita por Marylin C


Capítulo 1
One Last Summer


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês saquem as referências, hahahaha.Espero que gostem!



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Três meses antes

– Lily, Lily! – o garoto ruivo gritava no pé da escada para o dormitório feminino da Grifinória, uma carta nas mãos e sorriso quase maior que o rosto. – Lily, desce aqui!

– Já estou indo, Hugo! – a garota em questão gritou de volta, começando a descer as escadas com seu malão e sua vassoura. As férias de verão chegaram, mais um ano em Hogwarts havia acabado e todos voltariam para casa. – Temos que pegar o Expresso às onze, onde está sua mala? – ela perguntou, terminando de descer o último degrau e jogando a vassoura em um sofá próximo.

– Ah, eu acordei mais cedo para catar minhas coisas e já terminei. Guardei minhas coisas no Expresso bem mais cedo, fui lá no corujal por Tommy na gaiola e depois fui tomar café. Então uma arara vermelha chegou no Salão Principal e me entregou isso aqui. – ele disse empolgadíssimo, entregando a carta para a prima. Lily passou os olhos rapidamente pelo papel branco de carta. As palavras ‘aprovado’, ‘Brasil’ e ‘curso de 3 anos’ chamaram-lhe a atenção.

– Você... – ela começou, incerta. Hugo riu animado, esclarecendo:

– Lembra aquele programa com um Mestre de Poções no Brasil que eu tinha me inscrito e feito muita pesquisa durante o ano todo? Eu passei! Eu passei! Eles pedem que eu vá o mais rápido possível!

– Mas isso é um curso de três anos lá, Hugo! Você não vai ficar longe esse tempo todo, vai? – a ruiva falou, a perspectiva de passar tanto tempo sem aquele garoto ao seu redor aterrorizando-a por dentro.

– Bom, eu venho para cá no Natal... E nas férias. Lily, é uma oportunidade única! Você sabe que isso sempre foi meu sonho! – o garoto replicou, um pouco confuso pela reação da prima.

Sempre foi o sonho dele... A realidade atingiu a grifinória como um balaço em jogo de Quadribol. Desde pequeno ele falara que queria ser pesquisador, desbravar as florestas úmidas da Amazônia brasileira em busca de novas espécies de animais mágicos. Até aprendera Português por conta própria durante o terceiro ano, praticando com a garota que viria a ser a namorada de James Sirius, Mary, desde então. Herdara o intelecto de Hermione Weasley, afinal.

– Você está feliz por mim, não está? – Hugo perguntou hesitante. A garota deu-lhe um sorriso quase verdadeiro em que Hugo acreditou, ou fingiu acreditar. Talvez fosse melhor para ele não admitir que percebia o óbvio: ela não queria que ele fosse. Sorrindo, o garoto aceitara o abraço e a congratulação bastante falsa de Lily e começara a tagarelar sobre os pormenores da viagem, junto com alguns dos tópicos da pesquisa que faria e opiniões sobre o clima do Brasil.

– Thomas, o pai da Mary, falou que vai me ajudar a encontrar um apartamento... Lá é sempre ensolarado e quente, vai ser bem divertido... Estão estudando o perigo dos grindylows para a fauna amazônica e as propriedade de seu sangue... Os erklings de lá estão cada vez maiores...

A ruiva, que acompanhava o primo enquanto os dois se dirigiam para Hogsmeade e sentavam-se em sua cabine no Expresso de Hogwarts, perdera-se em pensamentos. Ele ia embora? Hugo Weasley, seu Hugo, iria embora? Aquela presença constante em sua vida sumiria? Aquele que a fazia rir mesmo quando tudo parecia desabar? Em todos os momentos felizes de sua vida, todos os verões divertidos na piscina da Mansão Potter, nas festas de aniversário, nos Natais, nas festas de Ano Novo, ele estivera lá. Os dois ainda eram sexto ano! Ela passaria todo o sétimo ano sentando-se sem ele durante as aulas? Como sobreviveria? Como seu coração suportaria três anos longe dele?

– Lily, você não está feliz. – não foi uma pergunta, e sim uma constatação. Hugo parara de tagarelar e olhava para a garota que sentava-se à sua frente na última cabine do trem, os lábios torcidos de preocupação e olhar hesitante. Ele não poderia mais fingir.

– Quando você vai? – foi a pergunta dela. Não poderia fraquejar e nem dizer o que realmente sentia. Hugo sempre fora compassivo e altruísta; era capaz de desistir de seus sonhos por alguém de quem gostasse. Mesmo que ele não correspondesse os sentimentos que Lily acabara desenvolvendo durante todos aqueles anos de convicência, ele ficaria na Inglaterra e seria infeliz pelo resto da vida caso ela o pedisse.

– Eles falaram que me queriam lá o mais rápido possível. Então acho que vou no final dessa semana. Se estiver tudo bem para você, claro. – ele respondeu, os olhos azuis refletindo o brilho de animação se extinguindo. Lily tentou sorrir; o resultado foi uma careta e um choro estrangulado. Não conseguiu mais segurar as lágrimas.

– Hey, Lil... – Hugo apressou-se em abraçá-la, fazendo carinho em sua cabeça enquanto ela chorava em seu ombro.

– M-me desculpe... E-eu estou feliz por v-você, é só que... – ela murmurou, a voz anasalada e abafada pelo uniforme do primo.

– Ei, o que eu posso fazer para você parar de chorar? – ele perguntou, levantando o rosto dela para encarar suas orbes castanhas e limpando algumas de suas lágrimas com o polegar.

Pode ficar comigo, bem aqui.

Lily poderia ter dito isso, mas não o fez. Amava-o demais para fazer aquilo com ele.

– M-me dê um último verão. Vá no final do verão, perto de nós voltarmos para Hogwarts. Um último verão com você. – propôs, tentando afastar as lágrimas que insistiam em cair. Hugo sorriu minimamente, assentindo.

– Feito.

Presente

Hugo lia – ou tentava ler – um antigo livro de poesia em português. Drummond sempre fora um favorito do garoto, mas aquele livro específico estava fazendo-o olhar mais vezes que o normal para a janela do terceiro andar da Toca – onde, ele sabia, a dona do seu coração o observava. Se forçasse a vista, poderia ter um vislumbre dos cabelos ruivos que tanto adorava.

Amar se aprende amando, dizia o livro.

Fechou os olhos, sentindo a brisa de final de verão bagunçar seus cabelos. Na região Norte do Brasil chovia bastante, mas ainda era verão. Sempre seria. Os meses daquela estação que se passara não eram seus últimos em vida, mas por que sentia como se fossem?

Oh, era tudo culpa de Lily Luna Potter. Hugo sabia que ela queria que ele ficasse, mas se importava demais com os sentimentos dele para pedir. Garota altruísta. É, ele ficaria se ela pedisse. Nunca conseguira dizer não à Lily e, mesmo com seu futuro em jogo, ele nem pensaria duas vezes. Internamente, estava em conflito. Todas as fibras de seu corpo ansiavam pela sensação do verão eterno e das praias de areia do Brasil; seu coração, no entanto, queria passar todas as estações de sua vida na Inglaterra, com sua pequena ruiva.

Fechou o livro com frustração e jogou-o de qualquer jeito na grama perto de si. Então ouviu um estalido e o rosto sorridente de sua irmã mais velha apareceu alguns metros à frente dele, fora da cerca do jardim da Toca. Rose entrou pelo portão e dirigiu-se até o mais novo, a protuberância de sua barriga aparecendo por causa da blusa justa que usava.

– Huguinho! Vejo que cheguei cedo! – ela sentou-se ao seu lado, passando um braço pelos seus ombros.

– Onde está Scorpius? – ele perguntou, encostando a própria cabeça no ombro da irmã.

– Daqui a pouco chega. Teve que resolver um problema com a Administração da Suprema Corte dos Bruxos e ainda tem que tirar o pudim que tentou copiar da vovó Molly da geladeira para trazer para cá. Estar de licença do St Mungus me deixa com tempo de sobra para chegar cedo em eventos importantes de família. – riu. Hugo tocou-lhe a barriga afetuosamente, questionando em seguida:

– E o meu sobrinho, como vai?

– Vai bem. Se mexe bastante, parece um jogador de Quadribol. Scorp está encantado. – a futura mãe riu – Você vai estar aqui quando ele nascer, não vai? Está previsto para dezembro.

– Acho que sim. – Hugo disse. – Vocês já decidiram o nome?

– Não. Acho que vamos acabar fazendo um sorteio com a família. – Rose revirou os olhos – Mas e você? Tem certeza de que vai para o Brasil? É isso mesmo que quer?

– É o que eu sempre quis. – Hugo suspirou – Mas meu coração discorda. – olhou mais uma vez para a janela do terceiro andar.

– Eu entendo. Hugo, de sonhos destruídos nenhum amor dura mais que uma estação. Se você realmente a ama, o tempo não vai mudar nada. E vale o mesmo para ela. – Rose olhou para o livro no chão e continou, citando o poeta brasileiro em um português carregado de sotaque – “Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.”

– Você está usando meu autor predileto para me dar um conselho? – o garoto riu minimamente. Rose sorriu de lado, e o mais novo assumiu um tom sério. – Você acha que ela me ama?

– E você ainda tem dúvidas? Olha o jeito como ela te pediu um último verão! – exclamou a ruiva mais velha, levantando-se abruptamente. Humor de grávida. – Você vai lá em cima dizer à Lily o quanto a ama e perguntar se ela está disposta a te esperar. Agora.

– Mas, eu...

– AGORA, HUGO!

O mais novo suspirou novamente e levantou-se, andando como um garoto obediente até a porta da cozinha. Entrou no espaço natural de sua avó Molly para encontrar uma pequena Potter sentada sobre mesa, comendo um pedaço bastante grande de chocolate e usando fones de ouvido. Lily, sua Lily, chorava. Ela o olhou com tristeza, cantarolando as primeiras estrofes de uma de suas músicas favoritas: Summertime Sadness, Lana del Rey.

Kiss me hard before you go. – ela deu-lhe um sorriso quebrado, dirigindo a música para ele. – I just wanted you to know that baby, you are the best.

Por um momento, o coração de Hugo falou mais alto. Ele a abraçou com um som estrangulado de quem tenta conter o choro, tirando-lhe os fones de ouvido e olhando-a nos olhos.

– Lily, eu...

– ONDE ESTÁ O MEU PRIMO NERD FAVORITO?! – os gritos vindos da sala interromperam o que seria uma declaração de amor incrível. James Sirius Potter, como sempre, chegara no momento errado.

Lily voltou a dirigir-lhe aquele sorriso quebrado para depois gritar:

– A ROSE VAI COMER SEU FÍGADO SE OUVIR ISSO, JAMES!

– EU VOU COMER O FÍGADO DE QUEM? – ouviu-se outra voz feminina gritar do jardim.

– QUEM VAI COMER O FÍGADO DE QUEM? – outra voz, provavelmente a de Fred II, se juntou à gritaria.

Hugo quase riu da sua falta de sorte. Aquele havia sido o melhor verão de sua vida, mas ele acabara.

Três meses antes

– Meu garotinho! – Hermione Weasley gritou, correndo para abraçar o garoto ruivo que descia do trem com a prima, já mais calma. – Estou tããão orgulhosa de você, Huguinho! – abraçava-o fortemente, lágrimas de felicidade escorrendo por sua face alva.

– Mãe, está me sufocando. – Hugo reclamou em um tom estrangulado, fazendo Lily Luna rir um pouco. A mãe da garota abraçou-a, olhando preocupada para a filha e fazendo perguntas mudas com os olhos azuis. ‘Você está bem com isso, Lily?’

Não, mãe. Não estou.

– Maninha! – os dois irmãos mais velhos da garota apertaram-na em um abraço, fazendo-a rir e revirar os olhos.

– Jay, Al, não façam sanduíche da ruivinha! – uma moça de cabelos roxos disse, rindo. Mary Black puxou Lily do meio dos irmãos para abraçá-la, sussurrando em seu ouvido – Você contou para ele?

A mais nova só acenou negativamente com a cabeça, mordendo o lábio inferior. Foi abraçar seu pai, Harry Potter, enquanto Mary voltava-se para parabenizar o garoto ruivo.

– E então o aluno superou a mestra. – falou em português para Hugo, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha. Este riu, respondendo um simples ‘obrigado por tudo’ que fez a garota sorrir com orgulho.

– O resto da família está todo lá na Toca, esperando vocês para uma festa ao estilo Weasley. – Rose comentou para o irmão, um braço passado pelos seus ombros.

– Tio Harry, Lily pode passar o verão lá em casa? – o ruivo mais novo perguntou ao Eleito, que assentiu depois de trocar algumas palavras inaudíveis com a filha mais nova.

Presente

Oh, como Lily odiara o irmão naquele momento. Ela ficaria a noite toda curiosa para saber o que Hugo diria daquela clara revelação que fizera, cantando Summertime Sadness para ele. Talvez nem tivesse tempo de abordar o assunto com ele, justamente quando todos iriam querer um pouco da atenção do ruivo. Ele estava indo embora, afinal.

Ele não conseguira parar quieto para falar com ela desde então. Após os primos mais velhos, o resto dos adultos começou a chegar e com eles os agregados. Teddy, que oficialmente se juntara à família quando casou com Victoire há uns quatro anos. Mary e seu irmão, que já eram família antes, mas a garota começou a namorar James Sirius no quarto ano de Lily em Hogwarts. Scorpius, que se desculpou pelo atraso com um sorriso amarelado e uma corrida até a cozinha para guardar o pudim que levava. É, o Malfoy era um excelente cozinheiro. Compensava a falta de habilidade de Rose na cozinha, fato que agregara a opinião geral de que os dois eram perfeitos um para o outro. Claro, até três meses atrás não fora assim.

Lily ainda lembrava-se da crise que seu tio Rony tivera ao saber que Rose estava grávida e, pior ainda, do Malfoy. Ela teria rido bastante se isso não tivesse quase acabado com o emocional de sua prima e melhor amiga. Recordou-se do olhar decepcionado de tia Hermione para a garota, mas depois surpreendeu-se com o abraço acolhedor que ela a dera. Toda a família ficara chocada com a notícia, mas se recuperaram o suficiente para animar-se com a perspectiva do casamento que ocorrera naquele verão mesmo. O que foi uma sorte, pois Scorpius já tinha pedido a ruiva em casamento algum tempo antes da gravidez e a imprensa não percebeu muito a pressa com que toda a cerimônia foi organizada.

Viu Rose sentar-se ao seu lado no sofá, suspirando cansada enquanto lia um pergaminho em suas mãos.

– Nomes de bebê. Sugestões da família. – disse em tom de explicação – Não acatarei nada que o sr. Malfoy ou que Astoria disserem, olhe os nomes deles! – a futura mãe fez a mais nova rir um pouco, tirando-a de sua nostalgia e tristeza.

– Você se lembra do dia em que disse para tio Rony que estava grávida? – Lily perguntou e Rose riu.

– Mérlin, eu pensei que ele poderia matar o Scorpius ali mesmo! E você sabia que o Sr. Malfoy teve uma reação parecida quando ele, a Mary e o Al foram lá contar para ele?

– Jura? – a Potter estranhou – Pensei que os pais dos caras sempre ficavam mais calmos.

– É, mas o Sr. Malfoy é meio grilado com a educação, hábitos e atitudes do Scorp. Ele me contou que só faltou ele explodir de raiva. – a mais velha riu mais – Esse foi o pior e o melhor verão de todos, não concorda?

Lily concordava, principalmente porque observara Hugo tentando fugir da conversa que sua mãe mantinha com a madrasta de Mary sobre as vantagens e desvantagens de estudar fora e vir em sua direção.

Dois meses atrás

Hugo, sentado na primeira fileira das cadeiras brancas que estavam destinadas aos convidados do exuberante casamento que fora meticulosa e rapidamente planejado pelas mulheres da família Weasley-Potter, tentava afrouxar a gravata do terno bruxo que usava. Ao seu lado, Lily olhava desejosamente para o mar, adoravelmente usando um vestido verde e flores brancas em seus cabelos ruivos. Já havia jogado as sandálias para um canto da cadeira, e mexia os pés contra a areia da praia.

O vento de verão soprava, despenteando todas as cabeças femininas que se agitavam em conversas e muitos olhares para o lado da praia em que todos esperavam que a noiva aparatasse. Scorpius, em pé no palquinho bem à frente, parecia quase derretendo de nervosismo. Ao seu lado, os padrinhos James Sirius e Albus Severus faziam piadas com as madrinhas Mary Black e Joy Longbottom para tentar acalmar o amigo. Mais atrás, o juiz bruxo conversava tranquilamente com um Draco Malfoy sério, uma Astoria mal cabendo em si de felicidade e uma Hermione Weasley calma e sorridente.

Hugo olhou para as pessoas que compunham os convidados, mal se atendo à decoração florida e alegre feita para a ocasião. Em sua maioria parentes, alguns ex-colegas de Scorpius e Rose em Hogwarts, amigos dos pais de ambos. Então ateu-se à visão ao seu lado: Lily Luna Potter iluminada pelo entardecer de verão em uma ilha do Mediterrâneo.

Os tons de seus cabelos ruivos, a pele sombreada e levemente maquiada, os olhos refletindo a beleza do céu alaranjado do final da tarde. Perfeita.

– Eu já disse que você está linda? – perguntou, sorrindo de lado para a prima. Lily revirou os olhos, um sorriso prazeroso em seus lábios.

– Duas vezes só hoje. Mas eu aceito mesmo assim. – riu com a contradição da frase – Onde será que está Rose? O mar está me chamando.

Hugo riu.

– Ela deve estar chegando. Acalme-se.

Foi quando a música tradicional de casamento começou a tocar. Todos se levantaram e olharam para trás. Havia o nada por alguns segundos, até que com um estalo a noiva e Ronald Weasley apareceram.

Lily revirou os olhos para a música, mas sorriu maravilhada com o vestido leve e lindo da prima.

– Eu vou entrar ao ritmo de Here Comes The Sun quando eu me casar, já disse. – sussurrou, e o coração de Hugo anotou a informação com prazer. Sorriu para a irmã e para o pai, que parecia constipado enquanto levava a filha ao altar. Rose piscou para os dois e sorriu de lado, segurando o buquê de rosas brancas com mais firmeza e finalmente encontrando o olhar de Scorpius.

Oh, a cerimônia não foi tão importante assim. Hugo na maior parte dela devaneou sobre o quanto de verão restava com sua Lily e as férias na piscina dos Potter que o aguardava.

– Pode beijar a noiva. – e com isso, metade da tortura terminara. A maior parte das mulheres do lugar estava em lágrimas, até mesmo Lily. O ruivo ao seu lado ofereceu-lhe um lenço, que ela aceitou com uma risadinha.

– Que clichê. – murmurou para si mesmo, observando Scorpius e Rose se desgrudarem. Então sua irmã cochichou no ouvido do agora marido, que assentiu e usou a varinha para amplificar a própria voz:

– Convidamos todos vocês para nos acompanhar em um mergulho de mar.

Com isso, Lily se levantou de um salto e puxou o primo pela mão.

– Vamos, Hugo! – ela sorria como uma criança, correndo contra o vento até a água. Scorpius e Rose, junto com James Sirius e Mary, também correram atrás dos dois. Os seis fizeram guerra de água por um tempo, saltando e molhando as vestes uns dos outros. A maioria dos convidados juntou-se à eles, o DJ colocando uma música animada que pôde ser ouvida por toda a extensão da praia.

Hugo ria, pulando ondas junto com Lily e molhando seu cabelo ruivo. Por um momento, esqueceu-se que deveria começar a desapegar-se dela. Iria embora, afinal. Mas...

– Você não fez isso, Lily Luna Potter! – ele gritou, quando a garota passou-lhe uma rasteira que o fez cair de cara na água. A ruiva riu junto com os outros. O grifinório então esfregou os olhos para tirar a água salgada e então ergueu-se de um salto – Sua vez, Potter!

Derrubou-a de costas na água, rindo malignamente enquanto também caía. Os dois rolaram por algum tempo pela praia, o resto dos convidados rindo de suas loucuras.

– Ganhei. – Lily deu-lhe língua quando ficou por cima dele, os dois completamente sujos de areia já na parte mais seca. A garota então, em um momento de fraqueza, roubou-lhe um selinho e levantou-se correndo, a areia presa em seus cabelos soltando-se com o vento. Hugo congelou no lugar por meros segundos, até levantar-se e perseguir mais uma vez a sua ruiva.

Eles ainda tinham dois meses de verão, afinal.

Presente

O ruivo finalmente chegou, sentando-se entre Lily e Rose no sofá.

– E então, minhas ruivas favoritas? Sobre o quê conversam? – perguntou descontraído. A mais velha deu um sorriso enigmático para o irmão e levantou-se.

– Desculpe, tenho que anotar as sugestões de tio Bill e tia Fleur. Até mais. – e saiu apressadamente para os jardins, onde sabia que o casal conversava com os filhos debaixo da árvore.

– E então? Que nome você sugeriu? – ele perguntou, sorrindo sem mostrar os dentes.

– Rubeus... Em homenagem ao velho amigo do meu pai. – Lily respondeu. O garoto riu, jogando levemente a cabeça para trás enquanto chacoalhava os ombros.

– Ninguém se chama Rubeus.

– O Hagrid se chamava Rubeus, caso não se lembre. Desculpe se minhas escolhas não lhe agradam. – falou emburrada. Desviou o olhar rapidamente antes de sorrir discretamente; mesmo com raiva ou tristeza nunca haveria algo que lhe tirasse um sorriso como a risada de seu primo.

– Desculpe, não precisa me tratar como se eu estivesse lhe lançando as três maldições imperdoáveis. – ele replicou, de repente na defensiva.

– Já te disseram que você está muito dramático hoje? E isso está lhe tornando insuportável...

– Não, todos me adoram. Você que está chata.

– Talvez esse seja o jeito como reajo a despedidas. – a ruiva replicou desafiadoramente, permitindo-se um leve tremor de lábios. Oh, não. Ela não choraria novamente.

O ruivo parou de rir no mesmo momento; não esperava que ela viesse a admitir tal coisa. Em seus mais profundos pensamentos ele apenas desejava que aquela conversa boba continuasse por toda noite e eles caíssem no sono no sofá enquanto jogavam uma partida de xadrez bruxo, e então seu tio Harry o acordaria e ele iria embora sorrateiramente durante a madrugada. Seria mais fácil. Indolor. Tiraria de seus ombros a culpa por ir embora. A culpa que vinha sentindo desde do momento que mostrara a carta a sua amada.

– Lily, eu... – suspirou profundamente, olhando em volta para ter certeza de que os dois não seriam interrompidos mais uma vez – Me desculpe por ir embora.

– É o seu sonho. Não tenho nada a ver com isso. – ela respondeu, o olhar levemente magoado. Não havia ninguém que fosse mais transparente para ele que aquela garota.

– Meu sonho? – Hugo mordeu o lábio inferior e então sorriu tristemente – Meu sonho não estaria completo sem você nele.

Lily ergueu uma sobrancelha, um sorriso torto de repente tomando conta de seu rosto.

– Você realmente citou ‘A Princesa e o Sapo’ para se declarar para mim?

Ele coçou a cabeça, sorrindo amareladamente.

– Seu filme da Disney favorito, não?

– ‘Tá, mas o que você vai fazer? Você precisa ir, Hugo. – a ruiva disse, lágrimas em seus olhos – Eu não me perdoaria se você desistisse de tudo o que sempre sonhou por minha causa.

– Então vem comigo, Lily. Por favor. – e foi feito o pedido desesperado do grifinório ruivo. As lágrimas da garota finalmente escaparam, e ela soluçou. Negou com a cabeça.

– V-você sabe que eu não posso...

– Então... Me espera até o próximo verão. – pediu, os olhos também úmidos. Lily então respirou fundo e sorriu, quebrando a pouca distância que separava seus lábios e o beijando.

– Isso eu posso fazer. – murmurou contra a boca do primo, que sorriu antes de perder-se entre as madeixas ruivas daquela que roubara seu coração. Pouco ligava para as pessoas que os observavam, algumas até aplaudindo, desde que aquele momento nunca acabasse.


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Notas finais do capítulo

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