E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 43
Capítulo quarenta e dois




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Naquele dia o casal não saiu de casa e levaram horas para sair da cama, o conforto dos lençóis e das cobertas era o suficiente para fazê-los esquecer que havia vida do lado de fora. Hermione ofereceu-se para preparar o café da manhã ou almoço, dissera que precisava de alguma atividade para voltar ao normal. Seu corpo ainda doía, principalmente quando a cicatriz parecia puxar a pele em volta.

Deixou então que Theodore continuasse deitado, vestiu uma camiseta regata e a calça de moletom num tom de cinza sem graça alguma.

— Volto já! — Inclinou-se sobre a cama para beijar Theo nos lábios, mas fora puxada.

Ria desconcertada.

— Não quero que vá. — Theodore a segurava sobre seu corpo e sorria da forma mais abobalhada que já havia feito, tão apaixonado.

— Alguém precisa cozinhar! — Impulsionou o corpo até tocar o chão com os pés. — Além do mais, estou faminta.

Theo sorriu novamente e observou-a deixar o quarto.

Ainda não era o momento para tocar no assunto “casamento”, mas queria o mais breve possível ter Hermione como sua esposa, um título que julgava ser o único que talvez pudesse expressar o quanto a amava.

Amava Hermione Granger!

Era engraçado pensar que passaram sete anos convivendo um com o outro, mesmo que minimamente e agora, depois de mais sete anos, estavam noivos. Talvez naquela época, se houvessem convivido mais não teria tido esse mesmo relacionamento de agora, o tempo fez com que amadurecessem para o que os aguardava.

O relógio marcava mais de uma hora da tarde, haviam realmente passado do horário, mas assim mesmo não pretendia levantar-se. Pensar e ficar com Hermione era a única maneira de lhe fazer esquecer, mesmo que momentaneamente, o que acontecia do lado de fora.

Seu pai receberia o beijo de um dementador e tentava, realmente tentava ficar feliz com isso. Mas era seu pai, por pior que fosse o criara desde criança, suprira a falta de uma mãe, ainda que precariamente. Aprendera a voar e a manejar uma varinha com ele.

Suspirou quando Hermione entrava no quarto novamente.

— Fiz café da manhã. Podemos almoçar na hora da janta! — Sorria olhando para a bandeja que equilibrava nas mãos.

— Ótima ideia! — Ajudou-a a posicionar a bandeja sobre a cama e aproveitou para disfarçar o devaneio. — Torradas, bolinhos e frutas...

Dois copos de suco e uma caneca grande entraram flutuando pelo quarto.

— E suco, mas tem café! — Pegou os copos e depois a caneca e depositou-os na bandeja.

Theodore inclinou-se e beijou-lhe o nariz, recebendo uma risada em resposta.

— Já disse que fica linda sorrindo assim? — Observava o canto dos olhos levantarem-se com os lábios animados.

— Hoje? Primeira vez. — Mordeu uma torrada, fingindo-se de desentendida.

Theodore tinha o costume de começar a elogiá-la até deixa-la mais vermelha que os cabelos de Gina, então adotou o método prático e eficiente de ocupar a boca com comida, ou apenas beijá-lo, esta última opção normalmente funcionava muito melhor.

Theo a observava com um sorriso insinuador nos lábios.

— Pensei que me beijaria...

— Assim que terminar o café, não quero virá-lo e queimar um de nós. — Explicou, tentando sorver o líquido quente pacientemente, mas queria tanto beijá-lo.

Ficou então, observando-a e mastigando um dos bolinhos de chocolate. Estava faminto, para surpresa própria. No momento em que terminava a primeira torrada uma coruja bateu três vezes com o bico contra a janela.

Levantou-se e agradeceu a ave pela carta com uma coçadinha de baixo do pescoço penoso. A coruja tentou bica-lo, mas falhou na tentativa e apenas bateu as asas para longe, irritada.

— O que é? — Hermione perguntou, ajeitara-se na beirada da cama.

Theodore conhecia aquela posição, era perfeita para momentos de tensão e uma escolha rápida se caso precisassem sair correndo. Hermione devia ter passado por aquele modo de sentar-se diversas vezes durante sua vida até ali, imaginava se a guerra a deixava sentar ou ficara de pé fugindo a todo o momento.

Leu brevemente a carta, um convite do Ministério.

— É sobre aquele baile em homenagem à guerra. — Deu de ombros e deixou escapar pelos lábios entreabertos: — Vou precisar de uma acompanhante...

— Bem, nesse caso terei que convidar alguém também!

Theodore olhou-a surpreso e em dois passos já estava abraçando-a pela cintura, tirou-a da cama e não deixou-a tocar o chão.

— Quero você do meu lado, quero que seja meu par. O que me diz? — Sorria.

— Duvido que recebamos outras propostas, não é? Aceito! — Tocou seus narizes que apenas roçavam um no outro, e assim beijou-o como havia prometido que faria.

Após o café da manhã às duas horas da tarde, deitaram-se e continuaram ali por um longo tempo.

— Nunca falou sobre como foi a guerra para vocês, aquela entrevista que saiu foi curta demais e só falava de como estavam quando chegaram em Hogwarts e disso eu me lembro muito bem. — Disse.

Hermione arqueou uma sobrancelha.

— Você lembra?

— Vocês chegaram com estilo, a Ordem da Fênix toda logo atrás. — A expressão era de alguém deslumbrado com a cena. — Vocês três pareciam detonados, literalmente!

— Eu sei, passamos muito tempo fugindo e quase morrendo. — Virou-se para fitar o teto. — Nos últimos meses eu não dormia, não conseguia mais. Não tinha certeza de quando teríamos que juntar acampamento e aparatar, quem seria o próximo a se ferir ou quando comeríamos novamente.

— E nós estávamos em Hogwarts com comida, cobertores e toda assistência que os Comensais permitissem. — Murmurou aborrecido. — Filhos de Comensais e a maioria dos Sonserinos tinham alguns privilégios. Alguns Grifinórios sofreram torturas, foi aterrorizante!

— Neville contou-nos, e eu não sei o que teria feito.

Theodore virou-se a passou o braço em volta da sua cintura, aproveitando para beijá-la na testa.

— Eu agradeço por não ter estado lá, Hermione!

As testas unidas significavam muita coisa, mas principalmente que sobreviveram à tudo aquilo de maneiras diferentes. Compreendiam a situação um do outro e compartilhar as memórias foi de certa forma um alívio que já não tinham há tempos.

O tempo continuava passando, lenta e gradativamente. Até que Theodore remexeu-se e sua respiração pesada não passou despercebida por Hermione que seguiu o olhar do noivo até o relógio na mesinha de cabeceira.

Cinco horas da tarde. O horário exato da execução de Nott.

— Eu queria odiá-lo, queria ficar feliz por ele receber o beijo e poder dizer que nunca me importei. — Falou, surpreendendo Hermione. — Mas não importa, não consigo deixar de me culpar. Eu podia tê-lo feito abandonar Voldemort e aquele vida horrível, devia ter tentado!

— Theo...

— É verdade, Hermione. — Acariciou-a no rosto, delicadamente. — Ele não me ouviria, e no fim, aconteceria o mesmo de agora. Mas eu me importo, sabe? É meu pai.

Hermione o abraçou com força, nunca o vira daquele jeito. O silêncio da casa fazia apenas com que os ponteiros do relógio ecoassem mais alto. A cada “tic” Theodore apertava-a mais contra seu corpo, como se não fosse o suficiente. E então, seu corpo convulsionou quase imperceptivelmente na primeira vez, mas os soluços ecoaram na segunda e as lágrimas vieram na terceira.


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Notas finais do capítulo

Hey, espero que gostem do capítulo. O que acharam dessa Theodore vulnerável??
Até logo



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