E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 40
Capítulo trinta e nove




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Theodore estava batucando sua pena contra a mesa, não queria preencher aqueles relatórios e muito menos analisar a papelada na sua frente, estava preocupado com Hermione. Devia tê-la acompanhado.

Sentia o arrepio subindo pelas suas costas. Alguma coisa estava errada, e teve a confirmação quando o galeão esquentou no bolso da sua calça. Segurou-o com dificuldade e demorou até que conseguisse focar a mensagem.

— Potter! — Gritou, já apanhando o casaco pendurado no encosto da cadeira.

 

Nott caminhava de um lado para o outro, Hermione não reconheceu de imediato o cômodo em que estavam, até que as cortinas sacolejaram com a brisa. Era a sala da mansão Nott, a mesma que visitara com Theodore há poucos dias. Lembrava-se do quadro da mãe de Theo, jogado e cheio de poeira.

— Devia apender a conversar sem arrastar os outros para suas armadilhas! — Argumentou, tentando se manter tranquila. Não podia vacilar na frente de Nott, mostraria fraqueza e naquele momento era a última coisa que devia fazer.

— Farei isso quando a senhorita aprender a obedecer minhas ordens. — Entoou como alguém da nobreza faria, cheio de pompa. — Não quero meu filho, meu sangue misturado ao seu.

— Seu filho faz escolhas, toma decisões e não precisa da sua opinião. — Ressaltou, tocando de leve a barriga.

O movimento não passou despercebido por Nott, que apenas sorriu.

— Senhorita Granger, não a culpo, você não tem como saber. — Andou em direção à janela, as mãos unidas nas costas. — Quando se tem um filho, às vezes temos que tomar decisões por eles. Queremos protege-los de tudo e todos, qualquer coisa parece ameaça-lo, e quando se tem uma família como a minha. A qual vem de uma longa linhagem de sangues puros... Preciso manter a honra intacta.

Parou por um momento, somente pelo prazer de ver a expressão assustada de Hermione.

— Sei que no fundo está conseguindo me compreender. — Sorriu abertamente, e parecia ainda mais monstruoso do que nunca. — Vi como toca seu ventre, quer proteger seu filho, não é? Por isso está tentando se manter calma, não queria que eu percebesse.

Hermione abriu a boca e fechou-a repetidamente. O que faria? Devia ter esperado por reforço, estava sendo impulsiva novamente e agora precisava de um milagre para sair a salvo dali.

— Acontece senhorita Granger, que você não terá que aprender sobre como é cuidar de uma família. — Disse Nott, agora com mais seriedade. — Meu sangue não será misturado ao seu, sangue-ruim.

 

Theodore mantinha-se sob controle com dificuldade, já haviam revistado a ilha de cima a baixo e não encontraram nada. Se Hermione ao menos tivesse enviado o local exato, seria muito mais fácil, já a teriam encontrado.

— Potter, a mansão. Ele só pode estar lá! — Avisou, soando mais atrapalhado do que queria. — Precisamos ir agora, só Mérlin sabe o que pode acontecer com Hermione.

— Não podemos aparatar lá, Nott. — Disse com ferocidade, não estava conseguindo se concentrar com Theodore gritando ordens a todos os instantes. — Precisamos de um plano, se chegarmos sem nada ele pode aparatar para qualquer lugar e a perderemos. Pense com a cabeça por um instante!

 

Nott aproximava-se de Hermione com uma lentidão tortuosa, como se fosse dar o bote inesperadamente. Sua expressão continuava calma, não havia nervosismo ou qualquer outro traço de sadismo, apenas parecia passível demais.

Hermione apertou a varinha com um pouco mais de força, e depois de caminhar dois passos desequilibrou-se, estava presa. Suas pernas afundaram no assoalho transformara-se em um líquido grudento de uma hora para a outra.

— Vejo que se esqueceu desse feitiço. — Sorriu aproximando-se até o limite do piso sólido. — Há um ditado popular entre os trouxas, acredito que seja algo como: “errar é humano”. Mas creio eu que errar duas vezes seja estupidez, e a senhorita me surpreende.

— Você me surpreende, não sabe duelar de forma limpa. — Tentava manter-se firme mesmo enquanto escorregava ainda mais para o fundo como areia movediça. — Feitiços das trevas... Quanta coragem!

Algo pareceu incomodá-lo, um tique nervoso no olho direito, Hermione notou. A complacência, porém, voltou em poucos segundos.

— Esquece-se senhorita, que suas ofensas não me interessam. — A voz de Nott tremeu, como se segurasse a raiva. — Mas já que é nascida trouxa, vou lutar da mesma forma que seus semelhantes o fariam.

Hermione imaginou-se socando-o com toda a força que seus punhos pudessem aguentar, bem no meio do rosto. Mas antes que sua imaginação mostrasse as cenas restantes, Nott prendeu-lhe a atenção na adaga que carregava. Parecida com aquela que matara Dobby há alguns anos.

— Quem é o covarde, Granger? — Num suspiro lançou o objeto cortante contra e Hermione, e se tivesse mirado não teria tido tanta precisão.

Hermione perdeu um gemido baixo que escapou pelos seus lábios, foi curto, mas tão doloroso quanto a pressão no seu abdômen. Baixou a cabeça o suficiente para ver a mancha de sangue ensopando suas vestes com velocidade, arrastando o rastro do sangue sem precisão alguma.

— Vou deixa-la sozinha por um momento, acho que escutei algo lá fora! — E simples assim, deixou-a na sala.

E realmente havia ouvido.

A equipe de aurors havia aparatado na propriedade da mansão Nott, o plano já estava em ação. Um grupo daria a volta pelos fundos, enquanto Harry e Theodore entrariam pela frente.

Com as varinhas preparadas, Harry e Theodore entraram na casa com passos cuidadosos e lentos. Não queriam ser pegos de surpresa, colocariam a missão em risco se fosse o caso e não seria bom.

Theodore entrou na frente, afinal das contas, a casa era sua. Mas parou assim que viu seu pai, de costas para a porta em todo a sua pompa. A coluna ereta como sempre, os ombros rígidos não caiam por nada.

 — Onde está Hermione? — Apontava a varinha para Nott, Harry entrou logo atrás, com a varinha também em mãos.

— Sua namorada desapareceu, Theodore. — Disse sem se dar ao trabalho de olhar para o filho. — A propósito, seus aurors estão inconscientes nos fundos. Deveria ensiná-los sobre o quão fundamental o silêncio é durante um ataque, senhor Potter.

— Onde está Hermione? — Harry repetiu entredentes.

Nott finalmente virou-se, sorrindo.

— A senhorita Granger estava aqui há poucos minutos, não sei para onde possa ter ido!

Harry olhou para fora por cima do ombro, a casa estava vazia e não havia pegadas e muito menos rastros.

— Se ela não passou por vocês, significa que está dentro da casa e provavelmente ferida. Tivemos uma discussão, nada com que devam se preocupar! — Concluiu com um sorrisinho. — Quem vai ficar comigo aqui?

— Eu vou procura-la. — Harry já estava prestes a sair, mas Theodore o parou.

— Da última vez deixei que fizesse isso eu me arrependi, vou busca-la. — Já sabia onde poda encontra-la. — Mas antes...

Theodore movimentou a varinha com velocidade, o raio que lançou cruzou o ar deixando fagulhas por onde passou, Nott não teve tempo de sequer pensar em segurar a varinha, foi atingido no peito e atravessou a janela já inconsciente.

— Vá! — Harry disse enquanto corria para fora da mansão, dessa vez Nott não escaparia.

Theodore subiu as escadas pulando dois degraus a cada passo e assim que chegou ao corredor estreito apressou-se até seu quarto. A porta estava fechada, trancada. Com força, jogou seu corpo contra a madeira, uma, duas vezes até que a porta cedeu e abriu com um rangido familiar.

— Hermione?

Um arquejo foi tudo que recebeu como resposta.

Hermione estava escorada na cômoda, sentada desajeitadamente, segurava a varinha com o restante da força que lhe restava. O rosto marcado por lágrimas e a mão libre pressionava o a roupa ensanguentada.

— T-Theo... — Estava fraca demais para completar a frase.

Não teve tempo sequer para ver a luz do fim do dia, entrou na inconsciência assim que Theodore tocou-a e não se esqueceria da expressão com que lhe olhara. Alívio e preocupação.

No fundo de sua cabeça palavras soltas flutuavam.

“Vai ficar tudo bem, estou aqui.”


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas!! Estou impressionada com os comentários, de verdade! Ah, comecei uma nova história... Quem quiser dar uma olhadinha...
https://fanfiction.com.br/historia/675715/Lembre-se/
Até breve



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