E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 38
Capítulo trinta e sete




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— Ele estava do lado de fora do restaurante, Harry. — Dizia Hermione com tranquilidade. — Quando saímos ele já havia sumido. Foi muito rápido!

Harry anuiu, estava sério como nas épocas mais turbulentas de Hogwarts.

— Vocês precisam de proteção? — Perguntou, contraindo os dedos.

— Não é necessário, Harry. — Hermione respondeu pacientemente, não estava preocupada. — Ficaremos bem!

— Certo.

Foi tudo o que disse.

Hermione saiu com Theodore para revistar as propriedades da família Nott, uma missão de campo era sempre perigosa, portanto, levaram mais dois aurors.

O primeiro ponto da investigação foi a casa na ilha, para onde Hermione fora levada após ser sequestrada. Olharam cada canto, examinaram o porão e até mesmo os armários na cozinha, mas não encontraram nada. As teias de aranha e a poeira deixavam claro que ninguém havia estado ali há algum tempo.

— Tudo bem? — Theodore aproximou-se de Hermione que corria um dedo pela cadeira solitária no meio da sala.

— Sim, claro! — Respondeu com firmeza e chamou os outros aurors para seguir com a investigação. — Aqui está limpo. Vamos!

Theodore sempre gostou do modo que Hermione tomava as decisões, sem hesitar e autoritária. Havia um poder tão grande nela, uma força inexplicável, e soube disso no dia em que a viu esforçar-se ao máximo na mansão Malfoy para não estragar a noite de ninguém. Resistiu até o limite, e ficou envergonhada quando conseguiu voltar a si.

Hermione passara por uma guerra quando deveria estar sorrindo com os amigos e estuporando Sonserinos metidos, mas não o fez. O Profeta Diário fizera um exemplar somente com as declarações dos bruxos que lutaram, Hermione recebera uma página inteira, mas havia pouco conteúdo. Sempre muito reservada. Mas as poucas palavras mostravam-na como uma bruxa forte. Perdera os pais, amigos e agora, depois de tanto tempo longe, a avó.

Admirava-a.

Estar na casa em que cresceu era estranho, principalmente quando não nutria lembranças felizes naquele lugar. Sacudiu a cabeça e seguiu o grupo liderado por Hermione que desfez todos os tipos de feitiços que podia, se houvessem outros, seria arte das trevas.

Entraram cuidadosamente, e ouvindo as ordens da garota, dividiram-se.

Theodore subiu as escadas velhas que rangeram a cada passo seu, o corredor frio e vazio lhe causou arrepios que não sentia desde a infância. Respirou fundo, buscando coragem, armou-se com a varinha e entrou em cada uma das portas. Dobrou no corredor e seguiu até o seu antigo quarto, não tinha certeza de que queria entrar ali, suspirou novamente.

— Não é como se ele fosse lhe bater novamente. — Disse a si mesmo.

Tocou a maçaneta fria e girou-a num “clique” mais alto do que esperava. A porta rangeu nas dobradiças e pegou-se imaginando quando foi a última vez que alguém entrou ali. O chão empoeirado deixou suas pegadas marcadas como digitais, provando sua presença.

O quarto continuava o mesmo, parecia ter parado no tempo. A cama de solteiro grudada numa parede repleta de bandeirolas de Sonserina e times de Quadribol à direita, bagunçada como sempre. A cômoda com as gavetas abertas e quase vazias do outro lado, sendo iluminada pela claraboia. A vassoura que insistira tanto em comprar pendurada na parede, perfeitamente alinhada aos pôsteres de bruxas famosas.

Nada havia mudado.

— Theo? — Hermione batera na porta e não passara dali. Não sentia-se confortável invadindo o espaço do noivo. — Tudo bem?

Thoedore virou-se e esticou o braço, chamando-a para mais perto. Abraçou-a assim que pôde tocá-la, e delicadamente beijou-lhe o topo da cabeça.

— Nunca imaginei seu quarto desse jeito. — Disse baixinho, para que só ele pudesse ouvir.

— Por quê?

Hermione ajeitou-se em seus braços.

— É tão vazio, frio. E você é... Não sei explicar. — Deu de ombros.

Theodore lembrava-se do momento em que esvaziara o quarto. Conseguia ver com nitidez as marcas do malão que escondia de baixo da cama. Já havia decidido antes de guerra, guardara todos os nuques, sicles e galeões que conseguia, mas então Voldemort aconteceu e seu pai foi para Azkaban. Nunca se sentiu tão livre quando naquele dia.

A sua ideia de adolescente rebelde não aconteceu como queria, não teve a chance de descer as escadas da casa arrastando o malão com todas a suas coisas e discutir com o pai, gritando que estava indo para outro lugar e que ele não o controlava mais. E talvez devesse ter dito isso em algum momento desses sete anos.

— Não venho aqui desde o fim da guerra, peguei minhas coisas e saí desse lugar. Não pensei duas vezes no que estava fazendo. — Explicou. — Mas era meu quarto, afinal.

Hermione observou os pôsteres das bruxas e riu.

— Definitivamente era o quarto de um garoto.

Theodore riu também, nem lembrava-se daquelas fotografias.

— Eu não tinha ideia de como seria minha vida, e também nunca imaginei que seria tão boa! — Aproximou-a de seu peito e baixou a cabeça o suficiente para beijá-la lentamente. — Você é a primeira garota que trouxe aqui.

— Devo me sentir lisonjeada? — Sorriu quando Theo assentiu veementemente.

O momento descontraído foi aniquilado quando um dos aurors parou na porta e chamou Hermione:

— Tudo limpo, podemos ir?

Hermione anuiu e completou:

— Liberados!

O casal voltou para casa pouco antes do sol se pôr. Hermione queria apenas se jogar no sofá e dormir, seu corpo estava dolorido e seus ombros pesados, mas precisava ocupar a cabeça. Assim que deixou o casaco de lado foi direto para a cozinha, onde arregaçou as mangas e começou a preparar o jantar.

Picava uma pimenta tão vermelho quanto sangue quando Theodore, vestindo apenas sua calça de moletom — seu pijama — entrou na cozinha e abraçou-a por trás. Inalando o aroma doce do perfume misturado ao suor, beijou-a na nuca, apertando seus braços ao redor da cintura de Hermione.

— Você podia ir para a sala e descansar, eu termino de preparar o jantar. — Ofereceu gentilmente, mesmo quando sua vontade era de se deitar e dormir o resto da noite.

— Theo, eu posso...

Hermione levantou o olhar e pela janela pôde ver quem menos queria, atrás de uma árvore Nott os observava, seu olhar penetrante e psicótico parecia capaz de atravessar o vidro e lhe petrificar. O medo de repente calou-a, não estava nem com sua varinha ali, mas numa piscada, ele havia sumido. E não havia mais nada. Não havia sinal nenhum de que ele estivera ali.

— Tudo bem? — Theodore perguntou preocupado.

— Sim, claro. — Respondeu. Não havia necessidade de contar que vira Nott, talvez fosse apenas uma alucinação.

Estava cansada, apenas isso.


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que gostem desse capítulo.
O que estão esperando para os próximos?? Nott realmente apareceu ou foi coisa da cabeça de Hermione!?
Ah, parabéns à vocês que acertaram o "assunto sério" do capítulo anterior!
Até logo



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