E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 37
Capítulo trinta e seis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630273/chapter/37

— Não, nem pensar!

Theodore repetia aquilo há dez minutos.

Hermione fora cotada como a isca perfeita para capturar Nott, criaria uma armadilha e na teoria não correria perigo em momento algum. Mas Theodore não gostou do plano, discutiu fervorosamente com Harry e só não usou a varinha porque seria afastado do caso, sendo assim, não poderia proteger quem quer que fosse.

— Não temos outro plano, e Hermione é estrategista, vai conseguir pensar em alguma coisa que...

— Não me interessa, Potter! — Falou com agressividade. — Hermione não precisa fazer parte disso, não outra vez.

Harry levantou-se com vigor, arrastando a cadeira, produzindo um rangido ensurdecedor. Theodore o imitou, raivoso.

— Acha que não estou preocupado? Hermione é minha amiga, lutamos juntos e nunca quis que participasse disso, mas a escolha não é minha, Nott!

Quando chamado pelo sobrenome Thodore sentia-se como seu pai, e o modo que Harry pronunciara, com tanto raiva e força. Cuspiu a palavra.

— Hermione não vai participar disso. — Insistiu.

— Já chega! — Hermione levantou-se e se posicionou entre os dois, estavam com os ânimos à flor da pele. Não suportava mais. — Eu estou aqui, e tomarei minhas próprias decisões. Estamos entendidos?

Theodore e Harry ainda se olhavam, pareciam dragões soltando fumaça pelas narinas.

— Hermione, pense bem. — Theodore insistiu, não queria vê-la no meio do fogo cruzado.

— Farei isso, Theo. — Pontuou. — Vou me arrumar para o trabalho, vejo vocês no Ministério!

Hermione deu as costas para todos e deixou a cozinha profundamente incomodada com a falta de sensibilidade dos seus rapazes.

Olhava para seu reflexo no espelho, o cabelo preso com perfeição, sem nenhum fio solto. Arrumou a gola do casaco e observou sua varinha, repleta de detalhes entalhados, delicada e forte, nunca a abandonara, nem mesmo na guerra.

Suspirou.

Parecia estar vivendo em outra, não acreditava aquilo, mas sim, sua vida se tornara outra confusão. E agora, estava prestes a ser jogada em meio ao fogo e precisava ser rápida o suficiente para não se queimar!

Pegou a varinha e guardou-a no bolso interno do casaco. Não despediu-se de Theodore, nem sabia onde o rapaz estava, mas não o procuraria. Mais tarde e com calma conversaria com o namorado, se é que podia chama-lo assim, não haviam estipulado um título para aquele relacionamento. Não tinha necessidade para tal.

Passou a manhã inteira trabalhando na armadilha, precisava pensar nos mínimos detalhes, nada podia falhar. Sua segurança estava em jogo e não suportaria mais uma sessão de tortura. Somente o pensamento já lhe causava náuseas.

Na hora do almoço Rony lhe deixou um saquinho de papel com comida e um copo plástico com suco, costumavam almoçar juntos, mas nas atuais circunstâncias precisavam focar no trabalho a ser feito.

No fim da tarde, quando já estava exausta e ansiosa pelo fim do expediente pode ouvir curtas batidas na porta. Tateou com a ponta dos pés o piso do escritório, buscando os sapatos que tirara, falhou miseravelmente. Colocou então a cabeça em baixo da mesa e constatou que as botas estavam longe demais para alcançar, e as batidas não paravam.

— Entre! — Ajeitou-se na cadeira, tentando ao máximo parecer profissional para quem quer que fosse.

Theodore colocou a cabeça para dentro, aguardou poucos segundos e entrou, sentou-se na cadeira livre na frente de Hermione. Parecia querer falar alguma coisa e demorou a que conseguisse formular uma frase.

— Queria me desculpar por hoje cedo, mas tente entender o meu lado, Hermione. — As mão inquietas mexiam-se sem parar. — Meu pai é um assassino, comensal da morte procurado por incontáveis crimes. Ele matou os pais da garota que amo, e agora quer mata-lo para manter a linhagem da família, a qual eu não ligo, pura!

— Theo, eu...

— Só escute, ok? — Levantou-se e tocou os ombros de Hermione para que continuasse sentada.

Ansioso, caminhou um pouco enquanto bagunçava os cabelos tão negros quanto a própria noite. Hermione o encarava, ficaria quieta e ouviria tudo como pedido.

— Eu não ligo e na verdade acho que nunca liguei pra essa baboseira sobre sangues, não me importo com o que meu pai pensa sobre nós, Hermione. Nada do que ele disse importa. — Respirou fundo e continuou: — E eu não sei se reparou, mas não estamos num relacionamento... Pelo o menos não com o título apropriado. E quero que vejam e saibam que não interessa o que passamos, nada mudou.

— Theo, isso é...

Interrompeu-a. — Hermione Granger, quero decidir o que nós dois somos, mas preciso saber se está disposta a isso!

Hermione levantou-se, arrastando a meia sobre o carpete escuro.

— Namorados? — Perguntou com um sorriso leve nos lábios.

Theodore abraçou-a pela cintura, colando suas barrigas.

— Noivos?

Hermione soltou-o por um momento, não sabia o que pensar sobre isso. Inesperado!

— Eu... Você está falando sério? — Perguntou, apoiando-se nos braços de Theo.

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida! — Comentou divertidamente. — O que me diz?

Hermione começou a rir.

— Sim, claro!

Aliviado pela resposta positiva, apertou-a e juntou seus lábios carinhosamente. Não sabia onde guardar tanta felicidade, abraçou-a até tirar seus pés do chão e rodopiou. Entre o beijo abriram sorrisos, os mais sinceros que podiam exibir naquele momento, e descobriram que nem tudo estava perdido.

— Precisamos comemorar! — Disse Hermione enquanto enrolava um dedo no cabelo do rapaz.

Hesitou com a proposta. Sorriu fraco e acariciou o queixo de Hermione.

— Não podemos arriscar, meu a...

A porta se abriu e Harry passou por ela.

— Desculpa, não quis atrapalhar. — Ajeitou os óculos. — Vou deixar isso aqui, dê uma olhada quando puder. Boa noite!

Hermione assentiu sorrindo e aceno para o amigo.

— Theo, não vai acontecer nada. Vamos logo, estou faminta! — Não esperou resposta, abaixou-se para procurar os sapatos e em poucos segundos já estava pronta para sair.

Algo dizia a Theo que não era uma boa ideia, e aquele pressentimento o seguiu até o restaurante. Por Hermione, e somente por ela tentou relaxar e esquecer-se dos perigos que corriam expostos ali.

Aproveitaram cada segundo sentados no interior do restaurante, trocando carícias, beijos e garfadas da deliciosa comida italiana. Eram um casal típico e amoroso na noite fria de Londres, comemorando o inicio de um futuro não muito distante.

— Eu queria te contar uma coisa importante, Theo. — Disse de repente, tocando-o gentilmente. — Nos últimos dias eu...

De forma inocente seu olhar pousou na janela larga que cobria a frente do restaurante e deixou a frase solta, sem conseguir articular o restante. Nott estava do lado de fora, no meio de trouxas que passavam de um lado para o outro, encarava-os friamente. De longe pode ver o sorriso ameaçador, a varinha girava nos seus dedos como se fosse um graveto.

— Hermione, o que foi? — Virou-se rapidamente, buscando o que a garota tanto olhava. Sobressaltou-se. — Droga!

Levantou-se num pulo, tirou uma bola de dinheiro amassado e jogou sobre a mesa, correndo para fora. Hermione o imitou, demorando-se um pouco mais para conseguir vestir o casaco apropriadamente, assim que pôde, correu para fora.

Mas era inútil, Nott havia desaparecido no meio de uma multidão que descera do ônibus. Theodore girava no mesmo lugar, tentava encontrar seu pai, segurava ameaçadoramente a varinha como se fosse estuporar qualquer um a qualquer momento. Hermione aproximou-se, haviam o perdido de vista.

— Que droga, Hermione! — Extravasou, atraindo a atenção de alguns turistas que liam um mapa ali ao lado. — Eu disse que seria perigoso. Será que poderia me escutar da próxima vez?

Theodore estava perturbado com tudo aquilo e Hermione o encarava, assustada.

Estavam parados no meio da rua, afastados por pelo o menos dois metros de distância, apreensivos e Theodore irritado o suficiente para gritar com Hermione repetidamente. As pessoas ao redor olhavam, mas seguiam seu caminho sem interromper a discussão.

— Não aconteceu nada, ninguém se machucou. Por que está gritando comigo? — Elevou a voz, mesmo não querendo.

— Você não entende, não é!? — Parou, posicionando as mãos na cintura para enfatizar a seriedade da situação. — Isso significa que ele está atrás de nós, sabe cada passo que damos. Ele pode nos atacar a qualquer momento!

— E você espera que eu me esconda? — Baixou a voz, não queria discutir e sentia-se idiota por estar o fazendo no meio da rua. Deixou os braços caírem ao lado de seu corpo, derrotada. — Eu queria apenas comemorar como uma pessoa normal...

Passou as mãos no rosto, a luva de algodão roçou sua pele com suavidade.

Theodore a olhou e compreendeu que tudo aquilo fora desnecessário, além do mais não foram atacados, não tinha razão aparente para estar tendo aquela conversa. Já suspeitava da perseguição, mas estava tomando todas as precauções possíveis para que nada de ruim acontecesse e não queria preocupar Hermione, portanto, guardara para si.

Em dois passos puxou Hermione para si, apertando-a num abraço protetor.

— Desculpe por isso. — Sussurrou. Sentia-se um canalha. — Parece que consigo ser um completo idiota duas vezes no mesmo dia!

Hermione sorriu contra o peito de Theodore.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, espero que tenham gostado. Noivos...? O que será que a Hermione queria contar pro Theo!?
Comentem! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E de repente..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.