E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 21
Capítulo vinte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630273/chapter/21

O sol fraco conseguiu depois de algum tempo passar pela fresta na cortina, e bateu contra o rosto de Hermione, a luz despertou-a gradativamente. Moveu-se minimamente e piscou até que seus olhos conseguissem focar, mas enquanto não o fazia, inalou o aroma amadeirado de seu companheiro, o qual segurava com firmeza sua cintura. Passou o dedo delicadamente pelo peito nu e livre de pelos do rapaz, e sorriu quando lembrou-se da noite passada.

— Posso dormir sem camisa? — Theodore perguntara sem jeito. Hermione havia mantido a palavra e o esperara acordada.

— Claro, sem problema. — Virou-se de costas e o aguardou. O colchão baixou com o peso e foi puxada para mais perto, sentia os braços gelados contra todo seu corpo e arrepiou-se instantaneamente. — Boa noite, Theo!

Agora, acordada, via suas pernas entrelaçadas como serpentes e usava-o como travesseiro enquanto circundava-o com um braço, outro dormente sob seu corpo formigava preguiçosamente. Afastou os fios negros da testa de Theodore e acariciou-o com delicadeza. Não conseguiria abandoná-lo, mas tampouco podia deixar sua avó. Tinha uma perigosa decisão a tomar.

Levantou-se com cuidado, tentando tirar aqueles pensamentos da cabeça, precisava espairecer. Prendeu o cabelo e dirigiu-se para a cozinha, estava faminta.

Abriu as cortinas para iluminar a casa, e buscou pelos armários ingredientes para o café da manhã. Podia, como bruxa, fazer tudo com magia, mas uma distração naquele momento era essencial. Precisava daquele momento sem a varinha.

Aprendera a cozinhar com sua mãe, todos os finais de semana preparavam o almoço juntas, e seu pai sempre elogiava. Cantarolava enquanto mexia a massa das panquecas e guinchou quando alguém pigarreou nas suas costas.

— Ele já te viu dançando assim? — Zabini estava sentando no banquinho de frente para a bancada. Chegara ali silenciosamente. — Porque fique sabendo, Granger, vai arrumar um marido se continuar.

E Hermione corou.

— Precisa de ajuda? — E antes que pudesse responder, Blásio se posicionou ao seu lado, afundando o dedo na massa. — Delicioso, mas falta alguma coisa. Deixe-me tentar!

Pegou a vasilha das mãos de Hermione e jogou alguns ingredientes sem se preocupar em ler os rótulos.

— Eu... Hã...

— Granger, achei que articulava melhor. — Sorriu e começou a moldar as panquecas na frigideira.

— É estranho estar com você aqui, nunca conversamos! — Tentou se explicar. — Você sumiu depois da guerra, não me lembro de te ver em nenhum lugar depois daquele dia.

— Digamos que eu fui conhecer o mundo. — Virou a panqueca com maestria. — Mantive contato, e apareci algumas poucas vezes. O suficiente para saber sobre sua amizade com Draco, mas nunca imaginei você namorando Theodore. Ele foi sempre o mais inteligente de nós, o mais humano também!

— Ele é maravilhoso. — Não conteve as palavras e sacudiu a cabeça, envergonhada por estar expondo os sentimentos para alguém que mal conhecia. Não notou a expressão que o rapaz usara.

— Escute aqui garota, se você não agarrá-lo eu farei isso! — Blásio colocara uma mão na cintura, enquanto sacudia a espátula com a outra e falava como uma velha.

Hermione gargalhava, sentindo um pouco mais à vontade, e Blás acabou rindo junto. Fora uma boa piada, tinha que admitir. Fazia isso em Hogwarts, imitava as namoradas ou mãe dos amigos. Sentia saudade daquela época, por mais complicada que tivesse sido.

— Mas é sério. O jeito que ele te olhou ontem... Eu nunca o vi assim! — Sentou-se ao lado de Hermione, já terminara com as panquecas. — Tome conta do Theo, Granger.

Assentiu sem jeito.

— Pode me chamar de Hermione. — Esticou a mão, como uma reapresentação.

— Blás.

Theodore entrou na cozinha no meio de um longo bocejo, vestia apenas uma calça de moletom e parecia confortável naquela situação. Cumprimentou Blásio com um aceno da cabeça e abraçou Hermione por trás, beijando-a na bochecha.

— Bom dia. — Disse graciosamente ao reparar em Blásio observando-os.

— Sobre o que estavam conversando?

Blásio sorriu e pediu para Hermione não responder com apenas um sinal.

— Sobre ex-namorados. Sabia que a senhorita sabe-tudo aqui já teve mais franceses na sua vida do que a carruagem da Beauxbatons?

Theo engasgou-se e tossiu incomodado, enquanto Hermione tentava acalmá-lo e Blás gargalhava sem pudor algum.

— Não exagere, Blás.

Theo que tossia, conseguiu parar e encarou Hermione com curiosidade. Na noite anterior se tratavam somente pelos sobrenomes e com formalidade, agora, brincavam juntos e chamavam-se por apelidos. Perguntava-se o que havia perdido.

— Estávamos preparando o café da manhã. — Comentou divertidamente, enquanto posicionava as xícaras para o café na bancada. — Está com fome?

— Depois de ontem, poso dizer que estou faminto.

Blásio que servia-se parou por um momento e olhou-os. Hermione já cortava uma panqueca e Theo estava absorto demais nos movimentos da mulher para perceber o duplo sentido naquela frase. Comentou então:

— Como devo interpretar essa frase? — Os homens olharam-se e trocaram sorrisinhos maliciosos, os quais deixaram Hermione desconcertada. Harry e Rony não comentavam coisas desse tipo, mas Blás já insinuara a mesma situação em menos de uma hora.

— A lareira é ligada a rede de flu? — Hermione questionou depois de algum tempo em silêncio.

— Não. Precisa aparatar. Vai sair? — Theo contorceu o rosto, não parecia uma boa ideia.

— Vou visitar Harry e Rony, eles saem hoje do hospital. — Bebericou o café. — Depois vou ao Ministério, vou seguir com as investigações e tenho algumas coisas para organizar.

— Eu não posso ir com você!

— Não preciso que vá comigo, serei rápida e até o fim da tarde estarei de volta. — Assegurou. — O Blás pode fazer o almoço, não pode?

O rapaz negro assentiu.

— Posso sim. — Limpou a garganta e concluiu: — Minha avó dizia que se conquista um homem pelo estômago!

Hermione riu da careta de Theo e esticou-se para selar seus lábios rapidamente.

Depois de se arrumar, despediu-se de Blás atirado no sofá e caminhou com Theo até o lado de fora. A neve estava alta e cobria todas as árvores ao redor da casa, principalmente aquelas que formavam um túnel até a porta. Uma belíssima paisagem. Diferente da antiga casa dos Nott, sombria e sem vida.

— O feitiço terminava aqui. — Disse, apontando para uma rocha grande e escura. — Vai tomar cuidado?

Theodore sabia que Hermione era uma mulher forte, podia se defender caso precisasse, mas preocupava-se. Seu pai estava à solta e já havia feito uma ameaça, a invasão fora apenas mais um aviso, preferia não pensar no próximo. Abraçou-a antes de receber uma resposta, e afundou o rosto no cachecol vermelho e dourado vibrante sobre o blusão de lã.

— Mande um patrono se acontecer alguma coisa! — Pediu, deixando-a sair de seus braços.

— Um patrono...? Tenho algo melhor. — Abriu a bolsa e procurou no fundo o objeto pequeno e dourado. Entregou-lhe um galeão. — Usávamos isso no quinto ano para marcar as reuniões da Armada de Dumbledore, você toca a moeda com a varinha e a mensagem aparece para mim. Precisa ser curta, mas funciona!

— Você é brilhante.

Guardou a moeda no bolso e puxou-a para perto de seu corpo, selando seus lábios com avidez enquanto afundava os dedos pelo cabelo ondulado e sedoso de Hermione. Separaram-se em meio a um sorriso divertido.

— Volto antes do jantar!

Hermione aparatou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá! Então, me desculpem pelo capítulo curto e sem muito... Sentido. Queria apresentar o Blás da maneira mais divertida possível, e achei que assim ficaria melhor. Espero que tenham gostado. Até o próximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E de repente..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.