E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 20
Capítulo dezenove




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Hermione não enxergava o que acontecia, mas estava curiosa e preocupada, aquela voz parecia familiar, só não tinha certeza. Theo parecia animado e as risadas masculinas uniram-se perfeitamente, com a mesma sincronia.

O som da porta se fechando deixou-a alerta, conheceria o dono daquela voz e não sabia ao certo se queria conhece-lo, estava tão cansada e esperava ficar com Theo — tentando acalmar-se e esvaziar a cabeça.

Theo voltou com um rapaz alto, ombros largos e um sorriso de dar inveja. A pele era morena, o olhar penetrante e possuía a postura mais ereta que já vira. E Hermione o conhecia.

— Eu não sabia que estava acompanhado. — O rapaz comentou e até parecia constrangido, mas seu sorriso parecia transparecer orgulho. — E qual o nome da senhorita?

Theo sorriu e Hermione levantou-se, ruborizando ao notar que vestia apenas seu pijama.

— Blás, acho que se lembra da Hermione, não é?

Blásio Zabini tirou o sorriso do rosto e piscou algumas vezes.

— Claro, a sabe-tudo Granger. — Esticou a mão e Hermione apertou-a formalmente. — Está diferente, não a reconheci.

— Também não te reconheci. — Comentou divertida, o clima pareceu pesar repentinamente. — Como está?

— Um pouco cansado, a viagem foi longa. — Explicou e voltou-se para o amigo. — Soube que seu pai fugiu de Azkaban, já contatou você?

Theo mudou o olhar para Hermione, analisando-a. E Blásio notou.

— É, podemos dizer que sim. — Suspirou languidamente. — Hoje ele fez uma visita e Hermione vai ficar comigo por um tempo, até que tudo se acalme.

Ficou tudo silencioso, ninguém falava, e todos olhavam-se, aguardando algum som para seguir a conversa. Hermione sentia-se intrusa entre os dois.

— Eu estou cansada e... Bem, vou deixa-los a sós. — Blás assentiu, como se agradecesse silenciosamente e virou-se para observar a lareira.

Theo a questionou, queria saber se estava tudo bem.

— Sim, claro. Só estou um pouco cansada. — Recebeu um beijo na testa, carinhoso e protetor. — Boa noite, Zabini!

Blásio sacudiu a cabeça e assim como Theo ficou observando-a desaparecer pelas escadas e quando não conseguia mais vê-la, socou o ombro do amigo. Como faziam em Hogwarts, nada mudara.

— Por que não disse que estava com a Granger?

— Tudo aconteceu hoje, não tinha como avisar! — Jogou-se no sofá, a exaustão já tomara conta de seu corpo há muito, mas seguia firme, por Hermione. — Estávamos voltando do St. Mungos, e a casa dela estava aberta, meu pai. Preciso mantê-la segura, Blás.

— Por que seu pai está atrás dela?

Theo olhou para a escada e indicou o escritório com a cabeça, precisava manter tudo em segredo, mas podia confiar em Blás. Diferente de Draco que tinha uma relação mais íntima com Hermione e com certeza contaria sem pestanejar.

Assim que entraram no escritório, Theo certificou-se de fechar a porta e seguiu diretamente para as bebidas, talvez uísque lhe entorpecesse o suficiente para liberar a cabeça de determinados pensamentos.

— Agora me conte, o que há entre você e a sabe-tudo? — Pegou um copo e serviu-se.

— Estamos juntos. — Sorveu todo o líquido e tratou de servir-se novamente.

Blás parecia pensar sobre o assunto.

— Juntos. Não é bem a resposta que eu esperava! — Deu de ombros. — É sério que não há uma definição melhor do que essa?

— Não conversamos muito sobre o assunto. — Tentou explicar sem entrar muito no assunto “relacionamento”. — Faz pouco tempo que começamos e estamos sempre muito ocupados com trabalho e agora essa missão tem... Tem tomado todo o tempo.

— Seu pai, por que ele fugiu? — Blás trocou de assunto, pouco se importava com os relacionamentos do amigo, desde que este não ficasse choramingando depois. — E por que está atrás da sua namorada?

Theo revirou os olhos e serviu-se novamente.

— Ele viu uma fotografia minha com Hermione na festa de ano novo na Mansão Malfoy, no dia seguinte fugiu de Azkaban, precisava me dizer que não estava orgulhoso. — Virou o copo até não sobrar nenhuma gota, e bateu o vidro contra a mesa de madeira escura. — Ele não quer Hermione comigo, essa maldita história de sangues.

— Então, se você não deixa-la ele vai... Vai seguir atacando?

— Ele disse que vai mata-la, não quer ver o nome da família sujo por uma nascida trouxa. — Blásio soube somente pela voz do amigo que ele não estava bem. — Não temos pistas do paradeiro dele, investigaram minha antiga casa e Hermione acabou no St. Mungos, não posso continuar assim. Preciso fazer alguma coisa!

— E se você terminasse com ela...

Theo apertou o copo com força e lançou-o contra a parede no exato momento em que o vidro quebrou em milhares de pedaços. O ruído do copo na parede foi estridente, assim como grito no andar de cima. Blás virou-se para a porta, mas o amigo já tinha saído correndo.

— O que está acontecendo? — Gritou enquanto subia as escadas logo atrás.

Theodore abriu a porta do quarto com força e quase arrancou-a das dobradiças, segurava a varinha como se estivesse duelando e seus músculos estavam tensionados. Hermione estava sentada na cama, segurava a cabeça com as mãos e soluçava compulsivamente, enquanto a cortina sacudia com força, e o vento entrava sem piedade. Theo parou ao lado da garota e abraçou-a lateralmente, observava com precisão cada canto do quarto e gritou a ordem para Blásio que não sabia o que fazer:

— Olhe os fundos da casa!

— Zabini, n-não pre-precisa. — Soluçou enquanto tentava controlar as lágrimas. — Não t-tem nada, f-foi só um pesadelo!

Blásio olhou para Theodore, buscando uma resposta, e com um aceno saiu do quarto, deixando-os a sós.

Hermione ainda soluçava e tremia junto ao corpo do rapaz, as lágrimas não paravam de descer e controla-las não estava sendo fácil. A marca em seu braço ardia como no dia em que foi traçada, afastou-se para observar e apavorou-se com a tonalidade de seu pulso. Chorou ainda mais e Theo tomou-a nos braços e a levou até o banheiro, precisava aliviar a ardência e acalmar Hermione.

— Theo...

— Ei, calma. — Pediu, enquanto afundava o pulso marcado na água fria. — Vai passar, meu... Vai passar!

Hermione apertava o rosto contra o peito de Theo, e agora controlava melhor os soluços tal como as lágrimas. Mas tremia como uma criança assustada, e não era capaz de olhar para seu pulso, a marca era assustadora e o breu de sua mente parecia mais convidativo.

— Acordei vocês?

— Você subiu faz menos de meia hora, estávamos conversando quando você gritou. — Disse, e não entendia como era possível a dimensão de tempo parecer tão longa para a garota, quando na verdade poucos minutos se passaram. — E não se preocupe com isso, estou aqui.

Hermione enfim abriu os olhos e tentou focar no homem que a segurava.

— Você sempre está, não é!? — E deixou-se sorrir minimamente.

— Como está seu braço? — Hermione respondeu sacudindo a cabeça.

Theo fechou a torneira, e parou com o fluxo da água.

— Vou ficar com você até que durma. — E antes que ouvisse alguma objeção, concluiu: — Faço questão!

O rapaz ajeitou-a na cama com tanta delicadeza que parecia temer quebra-la a qualquer segundo, como se fosse do mais delicado material. Sentou-se e tentou acomodá-la em seu peito, para que dormisse.

— Por que estamos no seu quarto? — Perguntou evitando encará-lo, estava perfeitamente bem ali.

— Aqui vou ter certeza de que está segura, eu fico com a poltrona, só durma agora.

Hermione aconchegou-se ainda mais.

— Podemos dividir a cama, não vejo problema.

Por dentro Theo sorria, animado. Daria um jeito de pular para a cama, mesmo que fosse com travesseiros separando-os.

— Zabini deve estar querendo conversar, vou ficar bem. — Disse tranquilamente, contendo o tremor do corpo. — Não vou sair daqui!

— Tem certeza? Posso ficar aqui...

Hermione inclinou-se e beijou-o com urgência, segurando-lhe o rosto entre as mãos pequenas e delicadas. E Theo não demorou-se em acompanhar a movimentação apressada e repentina.

— Prometo tentar esperar acordada!

Theo riu maliciosamente, mas disfarçou com perfeição. Concordou derrotado, sabendo que não haveria discussão sobre o assunto, acariciou sua bochecha e levantou-se da cama, já sentindo o frio fora das cobertas.

Blásio aguardava do lado de fora, sorria, e a sobrancelha arqueada insinuava milhares de possibilidades, mas Theodore apenas o ignorou, precisava beber um pouquinho mais.


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Notas finais do capítulo

Parabéns para todos que acertaram: Blásio Zabini está de volta.
O que estão achando? O que será que Theo está escondendo??
Até sexta-feira!!



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