E de repente... escrita por Amanda
— Hermione, o que faz aqui? — Harry levantara a cabeça assim que a porta do escritório se abriu.
Sobre a escrivaninha bagunçada Hermione deixou os três copos plásticos de café e o saco de papel com alguns biscoitos. Largou-se com força na cadeira giratória e sorriu divertidamente para o amigo.
— Já que você e Rony vão ficar aqui até tarde, pensei em fazer companhia. O Ministério vai ficar vazio, de acordo com Kingsley.
Harry puxou outra cadeira, e sentou-se de frente para Hermione. Indicando que queria seguir com a conversa.
— E você trouxe café?
— E biscoitos de chocolate. Achei que poderiam estar com fome. — Sorriu. — Onde está o Rony?
— Ele foi buscar alguma coisa para comermos. Como sabe bem, Rony não conseguiria passar a noite aqui sem colocar algo no estomago!
E por um momento, as batidas dos dedos de Hermione contra a mesa era o único som que preenchia o lugar. Pareciam constrangidos de estar na presença um do outro, parecia também não haver assunto.
— Você foi cedo naquela noite, estava tudo bem?
Hermione sacudiu a cabeça em afirmativa, lembrando-se dos momentos agoniantes que passara no ano novo.
— Aquele lugar ainda me traz lembranças, não consegui ficar por muito tempo.
— É, sei disso. — Suspirou como se buscasse por lembranças. — Rony nunca compareceu as festas na mansão Malfoy. Acho que não consegue superar o que passamos lá.
A porta se abriu então, e Rony apareceu segurando duas sacolinhas brancas.
— O jantar chegou, Harry e... Hermione!
Abraçou a amiga com força, fazendo-a se levantar.
— Por favor me diga que vai passar a noite conosco. — Fechou os olhos esperando a resposta, implorava.
— Vou sim.
Rony jogou os braços por cima dos ombros de Hermione e Harry, abraçando-os.
— Juntos de novo, como é bom!
Riram e acomodaram-se nas cadeiras, ajeitando sobre a escrivaninha a comida. Harry dividia com Hermione seu jantar, que não passava de carne assada com batatas e tomatinhos.
Rony sacudia as mãos enquanto falava, e tentava manter a conversa com um pouco de comida ainda na boca. Como fazia quando criança, ou ainda, nos últimos anos em Hogwarts.
A madrugava já havia entrado, e o trio ainda conversava fervorosamente. Lembranças do passado, memórias e histórias que passaram separados, ou, durante o afastamento de Hermione.
As risadas se dissiparam aos poucos depois da última piada contada por Rony.
— Eu estava conversando com Kingsley antes de vir aqui. — Hermione começou com a fala mansa, a voz saía lentamente, como uma melodia. Era o momento perfeito. — Vou mudar de cargo, agora trabalho com vocês!
Harry ajeitou-se na cadeira.
— Trabalha conosco?
— Sou a nova...
Não pode seguir sua frase, um patrono invadiu a sala — exasperado. A águia batia as asas prateadas com força, e observava cada um dos três com precisão, como se fossem sua caça.
— Azkaban foi profanada, um prisioneiro desapareceu e a missão falhou. Feridos em campo!
A águia então fechou as asas longas e desapareceu gradativamente.
A mensagem havia sido clara, os homens enviados para a tal investigação haviam falhado e estavam feridos. Hermione foi a primeira a levantar-se e vestir o casaco, tal como o cachecol, Harry a seguiu e Rony levantou-se por último.
— Rony, passe as coordenadas para Malfoy, precisamos dele lá!
— Será um prazer acordá-lo.
Pela expressão que Harry fez, parecia não ter gostado da piadinha do amigo, mas seguiu para fora enquanto um cão se formava e ouvia atentamente o que Ronald dizia.
— Hermione, fique aqui. — Disse enquanto as grades do elevador se abriam lentamente. — Pode ser perigoso e não sabemos o que tem lá!
Segurava os ombros da amiga, tentando fixar o quão aquilo podia ser perigoso. Rony já estava ao seu lado.
— Acha mesmo que vou ficar aqui? Posso ajudar!
— Hermione sabe se cuidar, vamos logo! — A sensatez veio de Rony, emburrado no fundo do elevador. E quando as grades fecharam-se, murmurou: — Você não me manda ficar porque é perigoso.
Hermione sorriu presunçosa para Harry, como quem diz: eu disse!
O local da investigação era uma grande clareira, arbustos e árvores com troncos largos e velhos cercavam os aurores feridos e desfalecidos na terra. Draco já os esperava quando Harry desaparatou com Hermione.
— O que ela faz aqui, Potter?
— Ela veio por escolha própria. Como estão meus aurores?
— Feridos, mutilados. Magia negra! — Draco olhou para Hermione de esguelha. — Não podia tê-la deixado vir, isso é demais.
— Você sabe como ela é teimosa. Não tive escolha!
— Será que os dois idiotas podem calar a boca? Estou aqui, posso responder por mim. — Ralhou com a voz alta. — Harry, estão faltando dois!
— Dois? Como sabe quantos vieram? — O bruxo começou a tocar as vestes, buscando o pergaminho com a lista de aurores enviados para a missão. — Quando você...?
— Quem? — Foi Rony quem perguntou, aproximando-se dos três.
Hermione segurava o pergaminho, mas foi Draco quem respondeu:
— Ethan McLee e Nott!
Harry rapidamente exigiu equipes de busca, mas um sonoro guincho de Hermione e a varinha apontada para algumas árvores lhe silenciaram. Os aurores chamados por Rony também apontavam as varinhas, e esperavam o primeiro sinal de perigo para atacar.
— Guardem as varinhas, são eles!
Nott mancava, e estava evidentemente ferido, mas ainda assim carregava o companheiro inconsciente nas costas. Quando teve certeza que estava fora de perigo, os joelhos fraquejaram e deixou-se cair, aurores correram em sua direção e tiraram Ethan McLee de seus ombros, arrastando-o para junto dos feridos.
— Hermione! — Draco chamou-a e lhe lançou um frasco com líquido transparente. — Sabe o que fazer.
Com um movimento simples de confirmação, Hermione correu para Nott.
— O que está fazendo aqui? — Tossiu enquanto tentava manter a voz firme.
— Você disse que tomaria cuidado!
Hermione sentou-se sobre as folhas úmidas em decomposição e apoiou a mão no peito de Nott, fazendo-o deitar e esticar as pernas. Abraçava-o, até que deixou a folhagem caída fazer esse papel.
— Onde está machucado?
— Eu estou bem. — Resmungou.
Hermione ignorou-o e abriu o uniforme escuro, rasgando por último a camiseta já perfurada por algum ataque que sofrera.
— Que droga, Hermione!
Olhou-o irritada.
— Teve a chance de me dizer onde estava ferido. — Mudou o olhar para o ferimento, abriu o frasco e pingou algumas gotas no corte. — Podia cooperar um pouco, não acha?
Rasgou uma faixa da camiseta suja de sangue e enrolou-a na perna de Nott, apertando-a com força, estancando o sangue e certificando-se de que não pioraria. O rapaz gemeu roucamente, e socou o chão para extravasar a dor.
— Mais algum lugar que eu deva olhar? — Perguntou agora com mais calma, afastando o cabelo negro da testa de Nott.
— Quero que Draco faça meus curativos.
Hermione que já puxava o retalho da camiseta para cima novamente parou, não sabia se tinha ouvido corretamente. Mas teve a confirmação somente pela expressão de Nott, apoiado nos cotovelos.
— Está brincando? — Ignorando-o, seguiu examinando os locais que via algum vestígio estranho. — Você ainda está sangrando.
E tinha razão, suas mãos tinham sangue e não sabia de onde vinha. Mas precisa contê-lo rapidamente. Tratou de tocá-lo novamente, buscando com os dedos algum corte que deixara passar despercebido.
— Hermione, estou falando sério! — Ele então lhe segurou o pulso e fitou-a com determinação. E severamente, concluiu: — Chame o Draco.
Com o orgulho ferido, Hermione levantou-se e deu as costas à Nott sem hesitar, respeitaria sua vontade. Falou com Draco, mexendo os braços bruscamente durante a curta conversa, afastou-se e parou diante de outro auror ferido.
— O que está fazendo? — Draco perguntou para o amigo.
— Fui atingido nas costas.
— E daí? Ela não lhe rejeitaria por isso. — Esperou que Nott tirasse as camadas que cobriam suas costas para só então começar a limpar o ferimento. — Quando disse a ela que não o magoasse, não pensei que teria que pedir o mesmo à você!
Nott bufou e buscou Hermione com o olhar. Ela fechava com a varinha um corte maior que trinta centímetros, e não parecia abalada com aquilo tudo.
— Ela está muito chateada?
— Hermione é forte, orgulhosa, e você a feriu. — Respondeu. — Trate de desculpar-se imediatamente se quiser continuar com esse "romancezinho".
Draco jogou as peças de roupa para o amigo e seguiu até Hermione, precisava ajuda-la com todos os feridos.
— Obrigado.
Hermione assentiu e seguiu para o próximo auror, assim como Draco, tinha muito trabalho a fazer.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Um curtinho, com algumas dúvidas...
Até logo!