E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 13
Capítulo doze




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Hermione suspirou pela décima terceira vez naquela manhã. O escritório fechado começava a lhe dar náuseas e a janela falsa com trovões e chuva não ajudavam em nada, muito pelo contrário, deixavam o pouco ânimo que tinha afundar cada vez mais.

Harry e Rony tinham sorte, saiam para investigações e ficavam com toda a ação. Hermione debatia incansavelmente com sua consciência. Sempre imaginou-se exercendo um cargo dentro do Ministério, algo longe de duelos e planos, mas agora o que mais queria era estar empunhando a varinha e perseguindo alguém com os amigos. Aqueles papeis eram tão entediantes.

Suspirou languidamente e empurrou os arquivos para o canto da mesa, empilhou as pastas coloridas e esticou o corpo sobre a madeira, deixando o queixo tocar o material duro e frio. Assim, cansada do trabalho que exerceu em casa por sete anos, parou para espairecer e observar a pequena nuvem de fumaça que saía da xícara de café.

Seus olhos começaram a piscar cada vez mais lentamente, a visão embaralhava-se com a fumacinha branca e de repente estava batalhando com Comensais da Morte. Encapuzados, moviam-se com destreza e velocidade.

Empurrou o corpo para fora da cadeira e sacou a varinha, apontando-a para os homens trajados em preto. Saltou sobre a mesa e estuporou um deles, o qual na verdade era um vaso de muito mau gosto. Lançou-se na cadeira e conseguiu girá-la para a lateral, apontando novamente para um comensal, este era a lata de lixo em formato de pé de trasgo.

Bombarda! — Gritou e papel picado começou a flutuar pela sala.

A porta se abriu e Hermione se tornou uma estátua, segurava a varinha e estava de joelhos sobre a cadeira, o escritório parecia uma zona de guerra.

— Está tudo bem?

— Eu estava... — Hermione levantou-se e ajeitou o vestido, tentava se recompor, mas foi pega no flagra enquanto lutava com a lixeira. — Eu...

— Isso parece entediante, eu também explodiria a sala se estivesse no seu lugar.

Nott aproximou-se e sentou de frente para Hermione, que acomodou-se na cadeira novamente. Fingindo que nada havia acontecido.

— Precisa de alguma coisa?

Hermione sacudiu a varinha e limpou a sala rapidamente, fazendo com que todo o estrago desaparecesse e as bolinhas de papel voltassem para a lixeira.

— Um pouco de ação seria interessante.

Viu então o homem gargalhar como nunca imaginou, o modo que movia-se era no mínimo encantador, e seus olhos brilhavam de um jeito diferente.

— Que bom que divirto você. — Sorriu lateralmente. — Como estão as coisas no departamento de aurores?

— Não tem muito o que fazer por lá, as investigações começam no fim da tarde. — Explicou. — O que me lembra, já leu o profeta diário de hoje?

— Ainda não tive a chance.

Nott levantou-se e Hermione fez o mesmo, esticando a mão enquanto mantinha a expressão séria no rosto.

— Sei que tem um exemplar dentro do casaco, quero ler!

— Tudo bem, deixei-me pegá-lo! — E quando Hermione baixou a guarda Nott correu para a porta, mas não foi o bastante. — Como?

— Quando se passa algum tempo com os Weasley você aprende algumas coisas. Trancar a porta foi uma delas! — Disse, contornando a mesa vagarosamente. Parou então bem na frente do rapaz, e esticou a mão. — Você sabe que uma hora ou outra eu vou ler.

Com um sorriso presunçoso nos lábios, Nott esticou os braços na altura dos ombros e separou as pernas alguns centímetros.

— Sinta-se livre para pegá-lo.

Hermione pensou por um momento, mas a curiosidade lhe venceu e aproximou-se o bastante para buscar o jornal nos bolsos externos. Mas ele não facilitaria. Começou a abrir então agilmente os botões do casaco e só conseguia pensar em terminar logo com aquilo.

— Não seria engraçado se alguém entrasse agora? — Hermione não o respondeu, e seguiu com os botões. Preferia não pensar no que aconteceria.

Buscou então nos bolsos interno, tomando cuidado para não exagerar nas passadas de mão no corpo de Nott, mas era inútil, e enquanto mais lentamente buscava mais odiava-se por estar caindo naquele truque.

— Onde você...?

— Está procurando nos lugares errados. — Ainda sorria e os braços continuavam esticados. — Eu gosto de abraços, sabia?

Hermione então colou seu corpo ao de Nott e passou os braços por suas costas, tateando no escuro, sentindo seu perfume tocar-lhe a pele. Trocavam calor humano e não sentia-se mais tão desconfortável, até que tocou no papel e puxou-o da prisão que era o cinto do rapaz.

— Ano Novo na Mansão Malfoy, página doze. — Leu e começou a folear, e como se tivesse percebido tudo, fixou o olhar irritado em Nott. — Onde está a página doze?

Com passos lentos em direção a garota, tirou do bolso da calça a página dobrada em quatro pedaços e lhe entregou.

— Devo agradecer por não ter me feito pegar a página no seu bolso?

— Na verdade, eu não seria tão gentil assim.

Hermione corou e sentou-se para ler.

— Poderia almoçar comigo, não acha? Não estarei aqui durante a noite, e talvez eu nem volte, essas missões são complicadas... Perigosas!

— Tudo bem, podemos almoçar!

Nott aproximou-se bruscamente e lhe beijou a bochecha como uma criança animada e saiu pela porta.

Quando o silencio tomou seu lugar na sala, Hermione começou a leitura que de inicio parecia bastante entediante, até que sua foto ao lado de Nott apareceu, sorriam um para o outro de um jeito íntimo, caloroso demais. Ver seus corpos colados lhe proporcionou a sensação estranha na barriga que não sentia fazia alguns anos, e tentou controlar aquele pequeno “incomodo”. Rolou os olhos de volta para a fotografia e buscou as letrinhas miúdas que acompanhavam-na.

“Hermione Granger, heroína da segunda Guerra Bruxa está de volta e ao que parece muito bem acompanhada. Contudo, a senhorita Granger passou o curto período em que permaneceu na festa com os amigos Harry Potter e Draco Malfoy, o qual já foi clicado outras vezes com a garota.”

— Rita Skeeter, é claro! — O nome da jornalista estava bem escrito abaixo da nota sobre a festa.

Como prometido, Hermione almoçou com Nott, que insistiu em ir num restaurante trouxa. Dizia que tinha muito que descobrir ainda, e que os melhores restaurantes estavam em primeiro lugar na lista.

Dividiam o maior prato de macarrão do restaurante, intercalando as garfadas entre a conversa que mantinham animadamente.

— Posso saber para onde vão essa noite?

— Vamos averiguar uma denuncia. Coisa boba. — Disse, mordendo uma almondega. — Potter e Weasley vão ficar no quartel general para ter certeza de que nada nos acontecerá durante a investigação.

— Imagino que sim. — Enrolava o macarrão sem ânimo algum no garfo, deixando-o escapar diversas vezes. — Talvez eu passe a noite com eles, preciso perguntar algumas coisas.

— Não vou questionar! — E Hermione agradeceu mentalmente. — Leu o artigo?

— Li e achei ridículo!

— Eu sei, nem citaram meu nome. — Reclamou fingindo indignação. Mas no fim, riu com Hermione. — Mas uma coisa valeu a pena.

— O que, exatamente? — Queria saber. — Li aquilo algumas vezes e não consegui ver nada de relevante.

— Estou falando da foto. — Explicou, enquanto observava outra almondega presa na ponta do garfo. — Aquele garoto com a câmera tem um grande futuro. Ele conseguiu captar o momento!

Hermione sentiu seu estômago revirar-se, e agora não existia mais uma almondega para separá-los. Nott buscava seu olhar, tentando compreender se podia avançar ou hesitar naquele momento, mas decidiu arriscar.

— Havia sentimento naquela fotografia, e acho que você também sabe disso.

Hermione levantou o rosto e descobriu que a proximidade agora era grande demais. O tal incomodo na barriga revirou-se e impulsionou-a a tocar o rosto de Nott com suavidade, sua mão sentiu a pele quente e os fios do cabelo negro. Os olhos começaram a se fechar como uma pesada cortina, seus narizes tocaram-se como um navio que se choca contra rochas submersas e seus lábios enfim sentiram a delicadeza e maciez um do outro.

O toque durou pouquíssimos segundos, mas foi o suficiente para que Hermione compreendesse o que se passava em seu estomago.

— Estou querendo fazer isso desde que te vi rolando na neve! — Nott riu, e Hermione, ainda que estivesse surpresa, acompanhou-o. — Eu tenho que ir, preciso me preparar para aquela missão.

Hermione assentiu e ajeitou-se no banco estofado.

— Tome cuidado! — Pediu, enquanto o via vestir o casaco pesado.

— Assim vou achar que está preocupada comigo.

Hermione sacudiu a cabeça, enquanto mantinha o sorriso no rosto e o viu sair do restaurante. Admirou-o por mais um segundo antes de vê-lo abanar pela janela e desaparecer na multidão.

Havia beijado Theodore Nott, e agora precisava tirar o sorriso abobalhado do rosto.


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Notas finais do capítulo

Enfim o beijo.
O que acharam?? Contem-me!



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