E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 12
Capítulo onze




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O costumeiro “click” da aparatação se fez presente, e os pés de Hermione tocaram o chão com mais força do que o esperado, mas Nott percebeu o que acontecia e segurou-a com firmeza. Hermione levantou o olhar para poder enxerga-lo melhor e sorriu quando seus olhos se encontraram. Nott retribuiu o sorriso e ajeitou o braço de Hermione sobre o seu, começando a caminhada até a mansão.

Os portões da mansão Malfoy eram altos e de ferro puro, o brasão da família esculpido no centro.

Hermione já começava a sentir-se pressionada, mas quando chegou na estradinha que ligava os portões à porta da Mansão obrigou-se a controlar tanto a respiração quanto seus batimentos cardíacos para que Nott não percebesse. Precisava também manter o sorriso no rosto, havia alguns representantes do Profeta Diário e sabia que algumas fotos da festa seriam publicadas no jornal.

— Hermione Granger, aqui! — Um rapaz com uma grande câmera e óculos de lentes grossas abanava. — Posso fazer algumas perguntas?

O casal se aproximou do jovem e Hermione assentiu.

— Ah, claro. Certo! — O rapaz parecia confuso, tirou um bloco e uma pena de repetição rápida do bolso e iniciou: — A sua volta é definitiva?

— Não, vou ficar até fevereiro.

— Certo. Quanto tempo... Não é isso. — Sacudiu a cabeça, lia as perguntas escritas na palma da sua mão. — Tem algo que possa fazer você mudar de ideia?

Nott virou o rosto para olhá-la, esperando tão ansiosamente por uma resposta quanto o bruxo com a câmera.

— Talvez, mas no momento não tenho uma resposta concreta. — Explicou e assim que o rapaz agradeceu esquivou-se puxando seu acompanhante com delicadeza em direção às portas.

Sempre que podia evitava as mídias, tinha certo receio desde os tempos de Hogwarts, quando recebeu até mesmo ameaças depois de ser exposta erroneamente por Rita Skeeter.

Antes de entrarem na mansão iluminada, Nott movimentou-se rápida e precisamente, girou Hermione e puxou-a pela cintura de maneira que a prendia em si — contra seu corpo. Sorrindo abobalhada, nem sequer notou o fotografo posicionado bem na sua frente, mas assustou-se com o flash disparado na sua direção.

— Agora vamos, estou ansioso por uma dança.

Hermione não podia deixar de rir, havia algo em Nott que lhe deixava extremamente à vontade. Não aceitaria sair com ninguém da mesma forma que aceitou sair com Nott, havia algo diferente nele, o humor mais sério — talvez.

A mansão Malfoy, como era bastante perceptível, estava completamente diferente. Mais iluminada e clara, não parecia tão sombria quanto já fora um dia, mas mesmo com todas as pessoas dançando e passando de um lado para o outro conversando e bebendo Hermione não sentia-se em segurança. Longe disso.

— Vocês vieram... — Draco aproximou-se do casal com uma taça na mão. Sua expressão era de tédio e surpresa. — Juntos!

— Digamos que Nott me venceu pela insistência.

Draco abriu um sorriso lateral, compreendeu perfeitamente a situação de ambos os lados.

— E eu já lhe disse para me chamar de Theo ou Theodore, como preferir! — O homem virou-se para Hermione, também com um sorriso nos lábios.

— Não me disse não, e eu prefiro Nott.

Draco continuava com o sorriso lateral nos lábios, os dois estavam a vontade demais e Nott parecia diferente na presença de Hermione, como se tentasse agradá-la ou fazê-la rir, tinha certeza disso.

— Preciso procurar Astória, aproveitem! — E Draco desviou para fora.

Nott de repente pulou para frente de Hermione, cortando sua visão.

— Você comentou com Potter que viria comigo?

— Não, eu acho que não lembrei desse detalhe.

E arqueando a sobrancelha, Nott concluiu:

— Por isso ele está nos olhando daquele jeito.

Hermione seguiu o dedo do companheiro que indicava o meio da multidão e encontrou o olhar de Harry que lhe interrogava impiedosamente por baixo dos óculos. Sorriu e com Nott ao seu lado, andou até o amigo, teria muito o que explicar.

— Eu disse que azul era a sua cor! — Gina abraçou Hermione e sorriu para Nott, cumprimentando-o com um balançar de cabeça.

— Não sabia que viria acompanhada. — Harry sussurrou para Hermione quando a abraçou. Esticou a mão para Nott formalmente, e este, seguiu o roteiro. — Você está bem?

Hermione assentiu com a cabeça, sabia exatamente do que Harry falava. As lembranças daquele lugar não eram boas e podiam ser torturantes se as deixasse passear livremente pela sua cabeça. E por isso, buscava o máximo controlar suas emoções e deixar a cabeça livre, mas seu rosto pálido demonstra o trabalho duro que era.

— Vamos dançar? — Pediu para Nott, precisava ocupar-se com qualquer outra coisa.

Galante, Nott guiou-a até perto dos casais que giravam em sua dança própria e enlaçou sua cintura com firmeza e delicadeza, Hermione apoiou a mão no ombro do homem e com a outra segurou-lhe a mão. E então, começaram a dança lenta e valseada.

Tudo ia perfeitamente bem, já ocupara sua mente com outros pensamentos até que encontrou com o olhar o lugar exato onde fora torturada e então, o muro que bloqueava as lembranças daquele fatídico dia foi derrubado e perdeu o controle da respiração.

— Hermione? — Nott parou de se movimentar assim que percebeu através de seus corpos colados a aceleração nos batimentos de Hermione.

— Eu só preciso de uma bebida, estou bem.

Enquanto Nott buscava as bebidas afastou-se e juntou-se à Harry que conversava com alguns bruxos, não prestava atenção na conversa e nem queria entender do que falavam, precisava apenas de um tempo para reerguer o bloqueio. Mas as risadas altas lhe lembravam cada vez mais da tortura e fechou os olhos com força.

Sua voz não saiu quando foi puxada com força pelo braço para o meio dos casais novamente, e demorou a notar que havia uma mão em sua cintura, mantendo-a em pé.

— Respire fundo. — Mesmo com os olhos fechados tinha certeza de quem a mantinha ali era Draco. Além de reconhecê-lo pela voz, a postura rígida lhe desmascarava.

— Não consigo. — Apertou o ombro de Draco com força, tanta que o rapaz puxou-a para mais perto, sem perder-se na dança que disfarçava o momento.

— Pense no dia em que me contou que iria para a França. — Pediu com a voz baixa e calma, valseando de um lado para o outro. — Lembra que fomos para Londres trouxa e você me levou para comer bolo?

Hermione assentiu.

— Lembra também do que me disse? De como se sentia? — Concordou novamente, jamais se esqueceria de como conseguiu compartilhar facilmente os sentimentos com Draco.

— Nunca o vi tão sentimental quanto naquele dia. — Abriu os olhos para olhá-lo.

Foi a vez de Draco suspirar aliviado.

— Agora me conte, o que há entre você e o Theodore?

Hermione olhou por cima do ombro de Draco quando completaram um giro e pode ver Nott com duas taças na mão, observando a dança.

— Não é como se houvesse um “nós”, ele me convidou e eu aceitei, nada além disso!

Draco girou-a e voltou a enlaça-la pela cintura, seguindo a dança.

— Se não há nada entre vocês, deixe isso claro, Theo costuma ser bastante insistente.

A música terminou e Nott começou a aproximar-se de Hermione que ainda conversava com Draco, mas foi na primeira nota do violino que a viu mudar de expressão e a cor sumir do seu rosto.

Os violinistas entraram com força na melodia, e o som agudo, ecoou com força, como os gritos que soltara naquele dia.

Nott apressou o passo e soltou as taças em uma bandeja qualquer para chegar mais rápido.

— O que...?

— Leve-a para fora, agora!

Nott abraçou a cintura de Hermione e levou-a para longe enquanto Narcisa Malfoy elevava a voz, chamando a atenção dos convidados à pedido de Draco. A voz da anfitriã foi se tornando cada vez mais baixo a medida que se afastavam do salão.

— P-para onde está me levando? — Hermione perguntou, sua voz estava fraca e baixa.

— Para o jardim. — Respondeu enquanto abria uma porta alta de madeira com ornamentos em ferro. — Precisa de ar.

Quando o vento gélido entrou e soprou em seus rostos, Hermione soltou-se e em passos curtos caminhou até conseguir afundar os pés na neve. Agachou-se e encheu a mão com os pequenos flocos e posicionou a bola de gelo no pulso, pressionando com força, sem se importar com a vermelhidão que sua pele apresentava.

Nott se abaixou do seu lado, sem dizer uma palavra. Como se esperasse o tempo certo para receber as devidas explicações. E Hermione, sentia-se na obrigação de dá-las. Buscou a varinha entre as camadas do vestido e puxou-a para fora, com um floreio simples a cicatriz em seu pulso começou a aparecer gradativamente, até que a palavra estivesse completamente à mostra. Vermelha e pulsante, como no dia em que foi feita.

— Durante a guerra fomos capturados e nos trouxeram para cá. Bellatriz encontrou a espada de Godric Gryffindor na minha bolsa e achou que tivéssemos invadido seu cofre, mandou Harry e Rony para as celas no porão e me manteve naquele salão. — Contou pacientemente, os olhos fechados. — Ela me perguntava como e eu respondia que não sabia, eu não estava mentindo, mas ela não acreditou. Fui torturada por alguns minutos, e quando eu já não tinha mais forças para lutar ela marcou isso.

Levantou o braço para que Nott pudesse ver a marca. Sangue-ruim.

— Quando se passa por uma guerra algumas coisas acontecem com você, mudanças. — Respirou e levantou o rosto, a lua brilhava acima da sua cabeça. — E há coisas que eu ainda não consegui superar, e estar aqui, foi como se eu estivesse vivendo tudo de novo. Realmente tentei, mas não estou pronta.

— Não deveria tê-la forçado a vir, eu conhecia um pedaço da história e deveria ter imaginado. — Nott pegou o braço de Hermione e analisou a marca, passou os dedos delicadamente por cima da pele em relevo.

— A culpa não é sua, eu aceitei vir. — Sentiu o vento frio avermelhar suas bochechas. — Acabei estragando a noite.

Nott levantou-se e esticou a mão para ajuda-la a levantar, Hermione parou então na sua frente.

— Sejamos francos, aquilo estava uma droga!

— Devo concordar com você, meu caro amigo. — Draco passou pela porta. — Como está, Hermione?

— Muito melhor.

Draco assentiu e baixou a cabeça, tinha as mãos enterradas nos bolsos da calça.

— Disse ao Potter que você tinha voltado para casa, sei que não vai querer comemorar o ano novo aqui. — Usou o costumeiro sarcasmo. — Vocês conseguem aparatar daqui, retirei o feitiço por alguns minutos.

— Obrigada. — Hermione foi até Draco e abraçou-o apertado.

Nott aproximou-se e apertou a mão do amigo e seguiu para o lado de Hermione, guiando-a com a mão até aparatarem.

Caminhavam lado a lado pela rua que levava a casa de Hermione.

— Sabe o que acabei de me lembrar?

Hermione virou-se para Nott que havia parado de caminhar.

— O quê? — Quis saber, um sorriso curioso brincava em seus lábios.

Aproximou-se lentamente de Hermione, passou a mão por sua cintura e segurou-lhe a direita. E sorrindo, respondeu:

— Não terminamos a dança.

— E pretende fazer isso aqui?

E no meio da rua, Nott iniciou uma dança sem coreografia definida, apenas mexia-se de um lado para o outro com Hermione. Valseavam tranquilos quando fogos de artificio invadiram o céu. Coloridos e vibrantes como tinha de ser.

— Feliz ano novo, Hermione!

— Feliz ano novo, Theo.


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Notas finais do capítulo

Então... O que acharam??
Críticas, por favor!
Até breve



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